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domingo, 23 de fevereiro de 2014

REARRANJO NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL?

 REARRANJO NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL?

(Política é como a ciência e a ficção: Na ciência, quando nos chega um novo produto eletrônico, é por que nos “bastidores”, já anos se passaram de pesquisa e estudos; na ficção, os ovos são chocados e só mais tarde se sabe que são de dragão e já é tarde porque dragões crescem muito depressa; na política só sabemos que o mal está instalado quando tudo o que não presta se instalou a pouco e pouco, e a força das armas se impõe sobre as multidões, ou uma base como a de Pearl Harbor é atacada de forma inesperada e aparentemente sem motivo).  


O silêncio era total, e ficamos sabendo de repente, no decorrer de janeiro de 2014. O Brasil financiara a construção de um porto em Cuba, o porto de Mariel, e a presidente foi à sua inauguração. Parece incrível que nos dias de hoje, com tanta abertura política os cidadãos do Brasil não soubessem desse investimento do BNDES. A primeira impressão que é também a última, é que se o negócio fosse bom para a nação brasileira, uma aplicação financeira, teria havido divulgação desde o início. Como tudo decorreu em silêncio, não pode ter sido bom negócio, até porque há projetos importantíssimos no Brasil parados por falta de financiamento, de capital, de dinheiro.


Por estes dias, talvez em 21 de fevereiro, fiquei sabendo de um novo porto agora em construção na Venezuela, em Puerto La Cruz na província de Anzoátegui, financiado pela Rússia. Em 22 deste mesmo mês, o Congresso da Ucrânia demitiu o presidente, a pedido da população, porque teimava em afastar a nação da União Europeia e aproximá-la novamente da Rússia, como nos tempos da URSS. Sabemos que Putín já foi o chefe da antiga polícia secreta russa KGB, que nas ultimas eleições foi denunciado por ter sido eleito através de fraudes na votação ou na apuração de votos, e que distribuiu verbas publicas com amigos que fundaram as maiores empresas hoje ativas em seu território. A Rússia tem um porto na Síria, em conflito interno, entre duas forças: As do Rei Bashar Al Assad e os rebeldes, estes uma miscelânea de grupos não simpáticos a Israel e ao Ocidente. A Ucrânia deixou claro que não quer mais nada nem com a Rússia nem com o comunismo ao derrubar, também, a última estátua de Stálin.



Sabemos também que, nas duas últimas décadas, na América do Sul, o poder caiu em mãos de antigos guerrilheiros, como no caso do Uruguai e do Brasil, que na Bolívia o presidente é um antigo cocaleiro, na Argentina a viúva de Kirchner que era socialista, e que na Venezuela está no poder um motorista de caminhão indicado por um militar populista. Em particular, Cuba, que nunca se preparou para um sistema produtivo, vive da “compreensão” de países “amigos” que aplicam verbas em seu território. Exporta principalmente açúcar porque o consumo de charutos no mundo está diminuindo consideravelmente e há cerca de um ano atrás, tentava enviar para a Coréia do Sul, o único país no mundo que tem um regime realmente comunista, velhas cápsulas de mísseis. Não se sabe se para serem recarregados e voltarem a Cuba, se como sucata para o ditador Kim II que fuzilou a esposa, o tio e a família do tio por traição à pátria. Recentemente Chile, Peru, México e Colômbia formaram o Bloco Comercial do Pacífico, praticamente esquecendo o Mercosul que se transformou num bloco político [i].

No Brasil, a presidente doou milhões de dólares para presidentes reconhecidamente ditadores em África. Há um acordo de cooperação militar entre Brasil e China que ela também promoveu. O povo do Brasil não está gostando disso porque é um país em desenvolvimento (emergente) cuja economia vai muito mal, pleno de carências internas. O que levaria uma presidente a “velar” as distribuições de verbas até serem descobertas, providenciar este tipo de ajuda acima das necessidades de seus cidadãos? Só se for por um motivo muito maior.
Os serviços americanos de inteligência costumam estar sempre atentos, ainda mais a partir do 11 de setembro[ii] quando as torres gêmeas foram destruídas por ataques terroristas. Portanto, não seria de estranhar que em 2013 o mundo tivesse amanhecido com a maior história de espionagem – uma tática tradicional da humanidade desde que levantou dois membros do chão e os usou para produzir artefatos : Os EUA vinham espionando as redes sociais e até presidentes como Ângela Merkel da Alemanha. Os EUA espionaram amigos, inimigos e indiferentes. Coisa antiga do tempo do avião U-2 abatido quando em missão sobre a URSS na época da guerra fria. De lá para cá, o mundo tem toda a razão para desconfiar da nova Rússia. Um ex-comunista poderoso está no poder e está atento ao redor do globo terrestre. Quando os EUA invadiram o Iraque, acabaram com um promissor acordo entre a Rússia e Sadam Hussein para fornecimento e exploração de petróleo, infringindo um acordo internacional segundo o qual o petróleo produzido no Iraque serviria para fins comunitários.

O que está acontecendo no mundo? Como se dividem as forças? O que estão aprontando os “chefes de governo” sem que saibamos?
A voo de águia, sem muitas considerações, e face à conjuntura política mundial, parece-me o seguinte:

1 – A Rússia e a China têm interesses comerciais – puramente comerciais – ao redor do globo. Sua capacidade negocial de argumentação vai desde o estudo e propostas financeiras a “aproximações” de filosofia política: Na Síria a pretexto de defender os interesses do rei Assad; na Venezuela para cooperar como o Bolivarismo Chavista; no Brasil, Uruguai, Argentina e Bolívia, para acabar com a miséria, unir estes países num grupo denominado UNASUL com interesses em outros grupos com outras denominações. Digamos que há núcleos de nações sob influência destes dois países agindo em separado, de forma não mancomunada.

2- Os países da UNASUL aos quais Cuba se alia, têm pelo menos dois fatores em comum: Alto grau de pobreza e analfabetismo político endêmico; incapacidade de lidar com a economia altamente competitiva internacional, por sua ojeriza histórica ao capital e às ciências necessárias para lidar com ele. Dilma Rousseff se diz economista, mas há sérias dúvidas de como conseguiu se formar. Não parece ter sido por mérito. É assessorada por um ministro, Mantega, que por mais que possa entender de economia, se vê entre a espada e a parede: Ou atende os devaneios da presidente e do partido a que pertence - o PT e seus outros aliados - ou toma conta da economia da nação. Digamos que neste bloco se propaga a igualdade social para conseguir votos usando mesmo verbas públicas, mas que a situação de pobreza, de falta de educação, de segurança, de saúde pública, portos e transportes, só pioraram. O resto da América latina, com exceção do Bloco do Pacífico, continuará da mesma forma de antes: Sem expressão, com os mesmos problemas de sempre.

3- A União Europeia continua dividida: A Inglaterra e a Noruega não adotaram o Euro como moeda, a Alemanha e a França têm mais interesses comuns do que o resto da Europa do mercado, a parte latina de nações enfrenta sérios problemas por corrupção, os países nórdicos e a Alemanha têm o melhor padrão de vida dentre todos eles.

4 – África continua sendo África e nada mudou a não ser a África do Sul despontando como país emergente. Sempre foi o país mais desenvolvido desde os tempos coloniais. A primavera árabe ainda não viu flores que possam dar frutos

5- O Oriente Médio, embora aparentemente mais calmo, está sempre em guerra latente. Uma paz fria, agora assombrada pela possibilidade nuclear do Irã.

6- O restante da Ásia, dominado por China, Rússia e Japão, tem a Índia como país emergente com características inusitadas que a tornam sui generis: A divisão social em castas, as disputas religiosas, o antagonismo com o Paquistão. Ambas as potências dominam a energia nuclear e possuem mísseis nucleares de longo alcance.

7- EUA e Canadá têm um pé na Europa com três aliados tradicionais: O Reino Unido, Turquia e Portugal. O presidente Obama parece ter dado uma ligeira guinada à esquerda através do programa social de saúde conhecido como “Obamacare”, e uma revolução nos costumes ao apoiar a ideia de desarmar a população. Obama não invadiu a Síria do rei ditador, e se aproximou do Irã sem contudo abandonar seu aliado Israel.

Apesar do mundo agora dividido em “Blocos comerciais” há sempre nações em suas fronteiras que estão desprotegidas de acordos. Nas próprias fronteiras se travam lutas de influências, como no caso do Paraguai que estava na zona de influencia da UNASUL e dela saiu, e a Ucrânia que esteve a ponto de voltar para a influência da neo-URSS. A Turquia ainda não faz parte da União Europeia, pede para entrar com o apoio e a recomendação dos EUA. A China enfrenta o Japão pela posse de um pequeno arquipélago no mar da China. Com presidentes populistas e a corrupção nos países da América Latina, principalmente nos da UNASUL, com políticas sociais baseadas numa economia política, tendem a atrasar-se cada vez mais, a convulsões sociais, a desperdícios de energia no sentido de as tornar nações sustentáveis política e economicamente. 

Se perguntassem se há risco de uma terceira guerra mundial, diríamos que é tão pequeno que podemos desprezar essa hipótese, mas recomendaria que pequenos grupos de inteligência apartados e secretos, cuidassem desse assunto. Guerras isoladas continuarão mundo afora, quer bélicas quer comerciais.

E se perguntassem o que mudou em relação aos tempos em que romanos, gregos, assírios e egípcios dividiam o mundo entre si, diríamos que temos agora muito mais conhecimento científico, mas que nada de essencial mudou. Somente somos mais medrosos pela existência de bombas atômicas e nucleares, de armas químicas que podem destruir nações inteiras. As diferenças sociais continuarão eternamente.

Se finalmente perguntassem que sistema político melhor representaria os cidadãos e poderia garantir a paz no mundo, diminuindo as diferenças sociais, então teremos que recomendar a Democracia Total, Completa, Verdadeira [iii]


® Rui Rodrigues 











[i] Um tremendo erro geocomercial, certamente induzido pelo Brasil de Lula, Dilma e Mantega.
[ii] A partir daí, em 2002, o mundo começou a virar do avesso e em 2008 veio a crise econômica mundial e ainda estamos nela. Certamente todos os países do mundo remanejaram o uso de suas verbas, de seu capital de giro.  

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