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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Brincando com Deus ?





A noção da existência de uma entidade superior a qualquer coisa que se possa imaginar, poderosa, inigualável, responsável por tudo o que existe, está na origem das religiões. Muito mais do que isso, está no “íntimo” de todos nós, ou em sua maioria. Crer na existência de um Deus, não é uma invenção da humanidade. É um conceito intrínseco, baseado numa premissa muito simples: Se algo, como o Universo, existe, é porque algo ou alguém o fez, e não por acaso, porque é muita a perfeição, e as probabilidades de algo tão perfeito são mínimas, muito mais que nulas, abraçando  o impossível.

Por ignorarmos toda a potencialidade de Deus, imaginamo-lo de acordo com os conhecimentos que temos no momento. Na melhor das intenções, já “imaginamos” Deus como estátuas de granito ou mármore, aos quais demos nomes pomposos como Hermes, Afrodite, Zeus, Marte, Osíris, Horus, animais, entre eles o boi Apis. O Sol, estrela que nos ilumina, já foi considerado como um deus, quando ainda não se sabia que era uma estrela, nem que estrelas, planetas, galáxias, buracos negros existiame faziam parte de um Universo matemático, físico, químico, regido por leis que podem ser decifradas. Com o desenvolvimento da ciência, a noção de Deus foi ficando cada vez mais clara, mais definida. Deus é muito mais poderoso do que se imaginava. Mas a maioria de nós ainda não pode entender a sua genialidade, a sua grandeza, o seu poder. A nossa maioria é ignorante, nunca freqüentou uma universidade, e em toda a diversidade das universidades, a maioria não cursou as matérias com as quais Deus construiu os seus Universos, os universos do seu Reino. Deus não tem reinos. Tem apenas um Reino, constituído de um numero infinito de universos, porque tudo fez, e só a Ele pertence.

Não se pode crer numa fé em alguma coisa, inclusivamente em Deus, sem conhecimento. Fé por fé, podemos acreditar em qualquer coisa porque somos ignorantes. Temos que admitir nossa ignorância. Quando nos incentivam a ter fé em algum Deus ou profeta, precisamos ter a humildade de admitir que somos ignorantes em maior ou menor grau, e isso fica muito claro quando começamos a questionarmo-nos sobre o que é mais provável que “deus “ possa ser, desejar, querer. Deus não pode ficar eternamente desejando, nem por um milésimo de ínfimo segundo: Deus faz!


Por exemplo, podemos perguntar-nos porque razão não fala Deus conosco e precisa de intermediários, os sacerdotes, para que nos digam o que “deus” quer, deseja, exige. Como Deus, poderia facilmente portar um enorme megafone e dizer-nos, geração por geração, para que todos ouvíssemos o que quer, deseja, exige. Mas não o fez e não o faz, certamente jamais o fará. Alegam os sacerdotes que é necessário ter “inspiração divina” para ouvi-lo ou entende-lo, mas essa inspiração é duvidosa, porque esses mesmos sacerdotes levantaram nações inteiras em guerras religiosas, perseguiram, mataram, chamando de infiéis àqueles que tivessem outra religião diferente ou que mesmo não tivessem alguma religião. Sabemos que Deus não pode desejar uma coisa dessas. Seria o mesmo que admitir a existência de vários deuses, cada um para uma nação, cada um para uma religião, e que tais deuses estivessem brigando por poder entre si, usando como instrumentos a fraca e débil humanidade que Ele mesmo criara, tal como pai devasso promovendo a briga entre irmãos. Esses deuses não podem ser “Deus”, porque são confusos, pecam pela falta de atributos morais que permitam a definição de “deus”. São vingativos, belicosos, tomariam partido, seriam segregacionistas. Deus não pode ser uma coisa dessas!

Porque Deus não aparece então, para dizer o que quer, deseja ou exige?

Porque simplesmente não tem necessidade disso, e fez um Reino que se rege a si mesmo. O que Deus fez, não foi o homem, e muito menos de barro, nem a mulher a partir de uma costela do primeiro homem. O que Deus fez foi o tudo, que inclui o que conhecemos até agora, e o que ainda desconhecemos porque nossa ignorância ainda não foi consumida pela luz do conhecimento. Podemos chamar esse “tudo” de natureza, de Universos, de mundo. A natureza dos universos, e deste, e muito em particular, a natureza que existe neste planeta a que chamamos erroneamente de Terra. Deveria ser chamada de Água, Nitrogênio, ou de Carbono. O que Deus criou foi o tudo, a natureza, fruto das leis de formação de universos que imprimiu ao iniciar, num infinito tempo passado, a existência. As leis de Deus regem tudo. Não as leis impressas nos livros e que lemos nos templos, mas essas mesmas leis de formação dos universos, a Sua Obra. Tudo nos universos se rege por Suas Leis, independentemente de sermos nós, seres humanos, a espécie predominante neste planeta. Os dinossauros já predominaram no passado. Em outros planetas, outras espécies  regem, neste instante, o futuro da sua vida e do meio que as cercam. O crescimento populacional com o dom da inteligência, obriga à colonização de outros planetas, para povoar o universo, ou ao controle da natalidade para que a espécie não pereça no pó da história, porque o espaço dos planetas é limitado.

Deus fez universos que se regem a si mesmos, segundo as suas leis. Fez a vida que se adapta ao meio e evolui. Deus não tem nação preferida, espécie preferida, galáxia preferida, universo preferido. Tudo é Obra Sua. Muito menos tem religião preferida, Todas das antigas religiões já desapareceram, e as que existem ou evoluem ou se extinguem também. O que os Universos têm de sobra, é tempo, que a nós, seres humanos, nos falta em abundância. E não é infundadamente que tudo o que é vivo morre: sem a morte, todos os planetas habitáveis já estariam super povoados. Teriam a sua habitabilidade nos limites da aniquilação total.

Em termos de espécie, não podemos pensar em nós mesmos. Temos que pensar definitivamente em termos de humanidade, assegurando o futuro de filhos, netos, bisnetos, ou simplesmente assegurar, garantir que a espécie humana não se extinga por ação de algum louco ou por falta de objetivos ou ações em garantir que não pereçamos por algum meteoro que venha na direção de nosso querido planeta, ou de catástrofe natural por que não cuidamos do ambiente em que vivemos. Um ambiente limitado ao volume de nosso planta, incluindo a atmosfera, a estratosfera, o sistema solar e a própria galáxia.

Desde que nos transmitiram a noção de Deus, que alguns de nós brincam com seu nome, com as suas características e todos esses, sem exceção, usufruem de dádivas, óbolos, esmolas, doações, contribuições, benefícios e favores que lhes são oferecidos em nome de Deus. Seja deus o que quer que entendam como deus, mas certamente não Deus tal como realmente è, porque somos ainda ignorantes da totalidade de Deus.

O que importa para a humanidade é a convivência entre todos os seres, de modo a que todos os recursos sejam preservados e usados para o seu benefício. Guerras, corrupção, antagonismos, apenas contribuem para o fim da humanidade ou para as desgraças que já conhecemos muito bem. Não podemos continuar a pensar que o que se passa fora do nosso “habitat” ou do nosso meio de influências, não nos diz respeito, porque não nos afeta o viver. Tudo é uma questão de tempo para nós ou para a nossa sociedade particular.


Rui Rodrigues

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