A
natureza rege-se por leis. Não tem cérebro para escolher a quem matar com um
raio, casas que inundará, aviões que cairão. Não. Não tem cérebro. Se tivesse poderíamos
culpá-la, mas sabendo coexistir nela, como se fosse o ventre de uma mãe que
jamais nos irá parir, passa a ser confortável, agradável.
Além
dos contumazes e alegres papagaios que todos os dias passam ora a caminho de sua
praça de alimentação na APA do Pau Brasil, ora a caminho da ilha que tem o seu
nome e que fica a uns escassos três quilômetros da praia do Peró, passou um exército
estranho de nuvens baixas. Pareciam cavalos, bois, pássaros, aves, dinossauros,
carneiros de montão, adamastores, tão baixas que me parecia que lhes poderia
tocar com as mãos.
Mas
com mãe que não se pode dar conta que tem filhos no ventre, há que ter todo o
cuidado. Tinha pensado em sair para a mata verde, caminhar até a praia, mas
hoje também desisti. Raios vindos de nuvens baixas já enfrentei e quase fiquei
surdo do meu ouvido esquerdo, lá no Rio Grande do Sul, terra de gente buena, de
lindas prendas de saias rodadas, campos abertos entremeados de capões, ovelhas
guachas, bom vinho, bom churrasco e bom mate, tchê.
E
Deus deixou que a natureza se gerisse a si mesma, o que é de grande
reconhecimento à Sua Obra. Depois descansou e como o Universo é infinito e não
precisa gerir a natureza, não importa onde esteja. Temos que saber conviver no
ventre da mãe natureza. É muito linda nossa mãe, cheirosa, florida, carinhosa.
Basta estar atento. Ela não tem cérebro! Útero maltratado de mãe pode impedir o nascimento de filhos, pari-los com defeitos, matar a flora uterina. A vida ficaria quase impossível e certo dia de milhares de anos poderia parir vida completamente diferente.
®
Rui Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato por seus comentários.