Somos
um lindo, belo, inteligente, empreendedor, progressista e rico País. Um país de
negros, construído com mão de obra escrava negra e índia durante séculos,
enquanto os senhores que tinham dinheiro – e, portanto, podiam empreender,
fundar empresas, possuir terras a perder de vista– se deliciavam com os
progressos da civilização ao poder da chibata, mandando seus filhos não
bastardos para estudar na Europa. Possuíam as terras com o mesmo fervor animal
com que possuíam as belas moças da senzala. Invariavelmente, estas carregavam
seus filhos bastardos e mulatos como podiam. A hipocrisia não reconhecia o
trabalhador negro como cidadão, os senhores das senzalas não reconheciam os
filhos bastardos, os políticos governavam para os senhores das senzalas. Definitivamente,
o governo não representava a sociedade e isso era tido como normal: Os brancos
dominavam.
O
tempo passou, e embora se constate que os governos – em geral - não representam
as populações, ainda que sob o nome de democracia representativa, assistimos à
continuação da hipocrisia como mola perversa da política, quer o governo seja
socialista, republicano, democrata ou tenha qualquer outro nome pomposo e
ilusório de forma de governo: o povo, a população, não está devidamente representada
nos governos.Temos uma população constituída por cerca de 53,8% de brancos, 45,3%
de pardos e negros, 0,5% de amarelos, com aproximadamente cinqüenta por cento
de homens e 50% de mulheres. Nosso Senado, nossas câmaras de vereadores e de
deputados não expressam esta realidade: a maioria é essencialmente de brancos, homens.
Como
sabemos vereadores, deputados e senadores, votam de acordo com as determinações
dos respectivos partidos políticos, mas como estes são constituídos
etnicamente? Além disso, quem representa então as etnias que constituem a nação
brasileira?
Precisamos
de menos hipocrisia para que nos possamos sentir representados, e fica a
pergunta: A quem ou o que representam esses senhores brancos no governo?
Rui Rodrigues
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