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domingo, 14 de abril de 2013

Coletânea 1 - Notícia fúnebre, Eiffel e os raios, Kabuki



Coletânea 1 - Notícia fúnebre, Eiffel e os raios, Kabuki 


  1. NOTÍCIA FÚNEBRE...

    Margareth Thatcher - a dama de ferro - oxidou e será diluída na próxima quarta feira de cinzas, quando será queimada até os ossos... (A quarta feira é de cinzas só porque será queimada, embora lá fora haja carnaval por parte dos assalariados ingleses que ela quis ferrar quando acabou com o salário mínimo e criou um imposto que sobrecarregava os pobres e aliviava os ricos). A polícia londrina já está de prontidão com foguetes iguais aos que Dilma comprou para a Copa do Mundo. Se necessário, atirarão sobre os protestantes - protestantes, vírgula, só os que protestam, mesmo que sejam cristãos. 

    O governo inglês gastará cerca de 30 milhões de libras para estorricar a defunta e desfilar com ela pelas ruas de Londres. Evidentemente, Cristina "la bella" Kirshner não foi convidada só porque ela é Argentina...

    A Rainha de Inglaterra, Margareth II, Xará da Thatcher, participará da queimação e do desfile, aproveitando para desfilar também um lindo terninho de primavera negro sem dúvida. 

    Não deixe de ver como o governo britânico gasta dinheiro em tempos de economia difícil, bem ao estilo da Thatcher, da rainha avó, da rainha mãe, da rainha filha e nos próximos tempos do rei neto. 




  1. Eiffel e os raios. 

    Quando cheguei a Paris já tinha rodado meio mundo, mas foi mais um momento bom de minha vida. Ir a Paris meio duro, na base do sanduíche, é perder meia viagem. Por sorte, quando fui lá pela primeira vez, dinheiro não faltava, e pude apreciar os sabores de uma cozinha muito parecida com a portuguesa, porém mais refinada pela fama dos chefs e pelo refinamento da cultura. Mas cultura é sempre, em qualquer lugar, uma prerrogativa restrita a uma menor parcela da população. Não é diferente em Paris, e essas qualidades não se encontraram em qualquer esquina. 

    Desembarquei no Charles De Gaulle, e quando me preparava para subir no ônibus, vi duas lindas francesinhas conversando animadamente. Os olhos de uma delas bateu nos meus, como numa batida de automóvel, com grande impacto e danos irreversíveis. Pela janela do ônibus seus olhos me procuraram enquanto se despedia da amiga. Nunca a tinha visto, nunca mais a vi, mas me recordo dela, num compartilhamento de vida de escassos minutos, talvez uns cinco, durante os quais não a vi por mais de um... Coisas que nenhum livro de filosofia ou daqueles alfarrábios que tentam nos explicar tudo sobre a vida consegue realmente explicar. 
    Tenho absoluta certeza que ela queria tanto quanto eu queria, e não pude deixar de lembrar cenas do filme "O ultimo tango em Paris". Mas eu era casado e estava acompanhado por minha então esposa. Detesto quando a vida nos mostra algo que desejamos e não podemos - ou não devemos - tomar. 

    Se for visitar Paris, prove de todos os pratos que puder, beba de todos os vinhos que puder, ande sempre a pé, de metrô, não saia do Centro de Paris e se sabe falar francês, converse com tantas pessoas quantas puder. Sempre com nariz tão empertigado quanto o dos franceses. Não são nem mais nem menos, e se lhe torrarem o saco, passe a falar inglês e veja a diferença no trato. 

    Se for visitar a torre Eiffel em dia de tempestade, nem precisa ter medo dos raios. O Eiffel construiu uma "gaiola de Faraday", a própria torre, que não permite que a eletricidade dos raios penetre no seu interior. 

    Boa estadia. 


  2. KABUKI



    A primeira vez que ouvi falar o nome "Japão" foi numa aula de geografia quando eu tinha uns nove anos de idade. Mostraram-me um mapa que não me dizia muita coisa, e umas fotografias a preto e branco num livro que passou de mão em mão pela turma de uns trinta. Foi paixão à primeira vista. Jamais tinha imaginado que houvessem seres humanos num lugar tão afastado, que se vestissem de forma tão diferente, com costumes tão diferentes. Tudo muito limpo, colorido, inconfundível, social.

    Quando viajei para o Brasil a bordo de um navio que demorou nove dias a atravessar o Atlântico, com toda a tecnologia moderna, é que me dei conta do tamanho do quilômetro e da milha, e tive noção da distância do Brasil e de Portugal para o Japão. Criança não tem muita noção de distâncias e "longe" vai quer tanto da esquina de casa quanto ao final do universo. 

    foi assim que, com todo o prazer, li "Xogum", uma pequeno calhamaço que conta a saga de samurais, de belas mulheres nipônicas, do contraste de culturas. Devorei página por página, entrei em todos os cômodos das casas forradas de papel, participei de cada batalha, deitei com todas as gueixas. 

    E quando pela primeira vez provei Sushi e Sashimi, lamentei não ter nascido no Japão. 

    A foto é de uma peça de teatro Kabuki. 

    (Onde andará aquele casal simpático, meus vizinhos japoneses que moravam no andar de cima, lá em Carcavelos?)

    Rui Rodrigues

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