Claro que podemos ver o passado. O problema é ir até
lá.
Já ouvimos falar no
Telescópio Huble, levado até o espaço exterior ao nosso planeta para evitar o
problema de interferências, como ventos, chuvas, nuvens, etc. Ele foi
desenvolvido para perscrutar o Cosmos até onde suas características o
permitirem. Estabelecido numa órbita estacionária, ele assesta suas lentes para
a profundeza do nosso Universo. Um número incomensurável de novas galáxias for
descoberto. As mais próximas estão a alguns anos luz, as mais distantes a
milhões, bilhões de anos luz. Parecem-nos minúsculas, mas tal como as estrelas
que vemos a olho nu que também nos parecem minúsculas são enormes. Algumas bem
maiores do que as nossas. São as deficiências atuais em nossos meios de
visualizá-las que não permite vê-las em tamanho real, ou pelo menos uma
aproximação que nos permitisse ver mais detalhes, ampliar as imagens até um
grau satisfatório.
Para quem não está habituado
com as leis da Ótica pode pensar que é o telescópio que envia raios de luz para
iluminar essas galáxias. Se assim fosse jamais as veríamos, o céu que vemos
seria completamente escuro. É a luz delas que viajou até nós e o fez ao longo
de milhões, bilhões de anos. Essa luz é “daquele” tempo. Ela viaja – viaja
mesmo – a uma velocidade de cerca de 300.000 quilômetros por segundo. As
distâncias no espaço, de tão grandes, são medidas em “anos-luz”. Se quisermos
saber a quantos quilômetros corresponde cada ano luz, temos que multiplicar os
300.000 quilômetros percorridos num segundo e multiplicá-lo por tantos segundos
quantos tem um ano e depois pelo total de anos. São números que beiram o
“infinito” de tão grandes. Alfa de Centauro, por exemplo, está a cerca de 4
anos-luz. Então para sabermos a quantos quilômetros se encontra de nós, fazemos
a seguinte conta aproximada: 300.000 (km/s) x 60 segundos x 60 minutos x 24
horas x 365 dias x 4 (anos luz) = 37. 843.200.000.000 quilômetros. À velocidade
da luz, chegaríamos lá em apenas 4 anos, mas não se pode viajar a essa
velocidade. É proibido pelas leis do Universo. À velocidade de um trem europeu,
que viaja a 500 km/h, levaríamos 75.686.400.000 horas, ou 8.640.000 anos. Só
para termos uma idéia do tempo que levaria num foguete que viaja a cerca de
40.000 km/h, levaríamos 108.000 anos. O homo Sapiens existe há cerca de 160.000
anos apenas.
Muito bem... Agora voltemos
ao nosso Huble do qual estávamos falando e imaginemos um ainda mais eficiente
que permitisse maior ângulo de aproximação, de forma que pudéssemos ver os
planetas em detalhe, sua superfície, saber se são áridos como Marte e Lua ou
povoados com vida como a nossa querida e amada Terra. Mas façamos melhor ainda.
Deixemos esse novo Huble melhorado assestado 24 horas por dia sobre um planeta
remoto onde tivéssemos detectado vida. Acompanhemos o senhor “fulano” durante
alguns anos. Veremos como vive, o que faz, árvores sendo cortadas para
construírem estradas, as idas e vindas constantes do senhor fulano saindo de
casa pela manhã, indo para o trabalho, voltando para o seu lar, e até vir a
falecer. Para o senhor fulano, o mundo teria acabado naquele instante, mas isso
teria sido há milhões de anos de distância, e distância no espaço, significa
tempo. Significa também que esse planeta estará neste instante em que o
observamos, diferente, porque o que vemos está num passado muito longínquo, e
para nossos padrões e estágio de avanço tecnológico completamente inacessível.
Vemos o passado. Mas o fato é que para nós, o passado pode ser visível. Podemos
aprender com ele se conseguirmos observá-lo de forma adequada. Mas há mais um
detalhe de entre outros que vale a pena mencionar: Não veríamos nada em tamanho
“natural” do que hoje é, porque desde o Big-Bang que nosso universo infla em
função exponencial. Nós mesmos, nosso planeta, a Lua, o Sol, tudo o que vemos,
infla, porque é o espaço-tempo que impregna o Universo e tudo o que ele contém,
que infla. Não percebemos porque como tudo infla, as dimensões relativas se
mantêm a nossos “deficientes” olhos.
Temos então três certezas: A
primeira, que podemos ver o passado, preservado, porque sua luz chega até nós. A segunda, é
que não podemos ver o futuro porque não pode emitir luz em nossa direção (Nosso
espaço-tempo ainda não chegou lá), e a
terceira, é que alguém do futuro poderá ver um dia como éramos, o que fazíamos,
como tratamos nosso planeta.Nós não podemos "ver" o nosso passado agora.
E há um questionamento religioso: O futuro ainda não existe, o que é demasiado
óbvio. Estará Deus num futuro que ainda não existe, neste exato momento?
Mas tenho fortes suspeitas que passado, presente e futuro coexstem neste exato momento.
Mas tenho fortes suspeitas que passado, presente e futuro coexstem neste exato momento.
® Rui Rodrigues
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