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domingo, 19 de abril de 2015

A maldição do tempo...





O paradoxo das viagens no tempo se traduz numa frase: Se as viagens ao passado fossem possíveis, poderíamos matar nossos pais antes de termos nascido. É usada na física e na cosmologia para demonstrar o que parece ser uma impossibilidade, um contra-senso. Alguns cientistas dizem que será possível viajar no tempo. Outros dizem que não e outros ainda dizem que o tempo não existe: É apenas uma convenção, um artifício para medir velocidades. Einstein provou que tempo e espaço são inseparáveis, e que quando um diminui o outro se “ajeita” e aumenta. Mas nunca se soube o que realmente é.

Segundo uma nova teoria em andamento e apreciação numa revista de ciência, a idéia de “universos paralelos” é altamente improvável. O que existem são “fatias” de tempo (até lembram os universos paralelos) que se dividem de forma infinitesimal em passado - desde o big-bang- e agora. O futuro vai sendo construído de forma infinitesimal numa sucessão infinitesimal e constante de “agoras”, o agora anterior passando a passado instantaneamente.    


Somos uma espécie viva que sonha. Outros animais também sonham, como cães e gatos, por exemplo, mas somos capazes de apostar que têm sonhos diferentes dos nossos. Refiro-me especialmente àqueles sonhos que costumamos ter quando estamos acordados. Sonhamos com a descoberta de um novo remédio, de uma fórmula mágica que nos faça emagrecer sem fazer exercícios físicos e sem parar de comer, e principalmente sonhamos em viajar no tempo. Fazer visitas ao passado para sabermos detalhes de alguns fatos, ou sabermos o que acontecerá no futuro. A maldição do tempo é muito mais do que esta impossibilidade – até agora – de nos movimentarmos no tempo, logo nós que já descobrimos automóveis, navios, aviões e foguetes para nos levarem mais rápido em nossas viagens no tempo. Viajando a pé demoraríamos uma eternidade e a alguns lugares nem chegaríamos durante toda a nossa vida. A maldição do tempo é que aparentemente nem o podemos controlar, fazer com que “corra” mais depressa ou mais devagar. O tempo nos mostra como somos impotentes e frágeis e o quanto dependemos dele para viver. Parece que estamos inexoravelmente confinados num cofre chamado tempo, embora possamos ir onde quisermos por mais difícil que pareça a viagem. E ninguém sabe o que é o tempo. Quer dizer... Não se sabia o que era, como era, nem onde estava “escondido” neste imenso universo. Então tentei descobrir.


Ao subir uma montanha, o tempo me acompanha. Quando desço ao vale de um rio, o tempo me acompanha. E quando vou para Norte, para Sul, Este, Oeste, ou vôo num avião em Ângulo de 45 graus, ou desço ou subo em qualquer ângulo em qualquer direção. Ou seja, a partir de um ponto qualquer do espaço o tempo “irradia” em todas as direções, mesmo que eu esteja parado. Irradia de qualquer ponto do universo em qualquer direção. Só há uma coisa que irradia dessa mesma forma em todo o Universo: A energia escura que o faz inflar a uma “certa” velocidade, velocidade esta conhecida como “constante de Huble” [1]. O tempo deve estar, então, associado de qualquer forma à energia escura. Parece uma maldição da qual não podemos escapar, por um lado, mas vendo a vida de forma positiva, não fosse o tempo não existiríamos!



E porque razões gostaríamos de voltar no tempo ou visitar o futuro?

Voltarmos ao passado, ainda que mais “distante” no tempo, seria excelente para historiadores, cosmólogos, biólogos e saudosistas das épocas do passado. Muitos de nós visitaríamos as casas de nossos pais, avós, e poderíamos até mudar o futuro, ou seja, o presente... Irmos ao futuro é o sonho de doentes incuráveis, caçadores de tesouros daqueles que gostariam de acertar em loterias. E sempre há quem creia que pode falar com os mortos. Será tudo isto possível?

Parece que não.

Podemos viajar até um lugar do espaço-tempo, nas zonas mais escuras do cosmos, onde a influência da gravidade é menor, e esperar uns tempos por lá. O tempo lá corre mais depressa, de modo que quando voltarmos, o resto do Universo estará ainda num tempo anterior, mas perderemos o mesmo tempo voltando e quando chegarmos estaremos no mesmo tempo deles. Poderíamos obter o mesmo efeito sem necessidade de viajarmos tão longe, expandindo o espaço-tempo por aqui, mas o efeito na volta seria o mesmo. Voltaríamos no tempo deles e ainda teríamos perdido o nosso tempo.

Também podemos ir até perto de um buraco negro e esperar lá, onde o tempo corre mais devagar... O resto do mundo estaria no futuro. E teríamos perdido o passado. Parece impossível estarmos no presente tendo ido ao futuro ou ao passado sem perdermos a “transição” do passado para o presente ou do futuro para o presente. Falar com os mortos que já ficaram estáticos num determinado momento é fisicamente impossível, mas cada um arranja sempre um jeito de fazer mágica. Até já conseguiram escamotear aviões e voltarem a reaparecer, com uma meia dúzia de gestos e muita musica de tchan-tchan-tchanchanchan.

A “maldição do tempo” só nos permite lembranças do passado, quer pela memória, quer por fotos, escritos e filmes, e, com a ajuda de um telescópio, ver o passado “dos outros” – corpos inanimados ou vivos em planetas - através dos raios de luz que tiveram de percorrer uma distância muito grande e só agora estão chegando por aqui. Ver o futuro, nem pensar, porque não há raios de luz chegando de lá.

Mas evidentemente, isto é tudo e apenas uma opinião. Tomara que esteja eu errado aqui na Terra, e tudo certo lá nos céus, que nem sabemos o que os “céus” querem, porque nada nos dizem. Temos que decifrar os céus e cada um os decifra como imagina. E são tantos os céus espalhados por este mundo, que fica difícil saber em qual acreditar. Nenhum parece ser único.No entanto se pudessemos comprimir suficientemente o espaço, ou estendê-lo no entorno de uma nave...Quem sabe?Ah..A Teoria a que me referi sobre o tempo é minha e aguardo apreciação da revista. 


® Rui Rodrigues    






[1] Constante de Huble = Ho = 74,3 ± 3% km/s Mpc-1 . Cada Megaparsec (Mpc) equivale a 3.086 x 1019 km.

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