Fui jovem um dia, por uns pares de anos... E assim como acreditei na minha juventude, continuo acreditando na juventude destes tempos... Ela certamente encontrará o caminho para o renascimento dos contadores de histórias em livros, em salas de projeção de imagens, em aparelhos de televisão sem aquela conotação chata de "ensinar" comportamentos, de ensinar "coisas" a que se dedica gente chata que na maioria das vezes só tem vontades, e cujo diploma que tem é o da vida: Apenas entende o que pensa que entende. Normalmente fazem "novelas" e anúncios e propagandas.... "Exijo Respeito e Honestidade" não se vê "propagandear" por aí... Só a parte do respeito. A maioria dos heróis é contraventor da lei.
Vêem-se tantas lutas virtuais, psicológicas, reais, promocionais, sexuais, genéricas e concentradas ou voláteis, que fica difícil acreditar que, apesar de toda a força da juventude se vote a fazer filmes como por exemplo, apenas como exemplo. "Casablanca" ou "janela indiscreta", "O Falcão Maltês".
Não... Filmes destes nem passam na TV. Ofuscariam as novelas "comportamentais" de embalar demente que assim o povaréu se esquece dos problemas políticos do dia a dia.
O Monstro da Prisão
E tio Garotinho contou pro sobrinho Pezão uma historinha de nanar porque Pezão estava com dor no calo do mindinho esquerdo por causa de um sapato de couro alemão apertado... Ele estava sem sono por causa de umas granas que surrupiara, a consciência pesada... Não conseguia dormir. Nem os Paes conseguiam fazê-lo ninar... E começou a contar a história:
- Então vieram os monstros e me prenderam, me trancafiaram pela força mais uma vez. Na primeira esperneei dentro da ambulância, tive um faniquito e me soltaram... Mas desta vez eu dei uma de macho e me deixei levar...
- E como era a comida lá dentro ???
- Uma merdinha... Não tinha caviar, nem queijo suíço, nem vinho francês... As prisões são muito pobres. Não foram feitas para gente rica e importante... Nem interfone tem .. Houve gente que comprou o carcereiro e recebeu comida de fora, outros carregaram na cueca, mas no meu primeiro dia não tive tempo...
- E depois ???
- Depois veio um monstro enorrrrrrme, era louro, de um metro e setenta, quer dizer.... Era até bem baixinho... Que pegou um taco de basebol....
- Como que havia taco de basebol, tio Garotinho, se aqui nem se joga... Só americano que tem taco de basebol...
- Mas aquele tinha... E me bateu no joelho com o taco...
- Pôxa!... No joelho ??? Normalmente o pessoal bate com taco nas costas, no lombo, na cachola, nos ombros... Não seria um anão , titio Gagotinho ???
- Ah!... Tu tá me gozando... Num vô contar mais historinha de monstro em prisão...
Rui Rodrigues
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