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quarta-feira, 29 de maio de 2013

RecaPiTulando... O PT ....


RecaPiTulando...
 Dilma em interrogatório no DOPS

Ainda que fora de ordem, a desordem governamental e a da listagem a seguir, há que fazer um balanço da gangorra guilhotinante em que se transformou o partido dos larápios que já foi um dia o digno partido dos trabalhadores. É o que se vê nos jornais, nas ruas, na net:

  1. Brasil (entenda-se sempre o PT de Lula e Dilma) perdoa dívida aos países africanos – 1 bilhão e oitocentos milhões de Reais – Claro que todos nós somos muito bonzinhos e temos pena de cidadãos desprotegidos do capitalismo, mas aqui no Brasil há tantos milhões, que, a bem da verdade, se não se permitissem loucos no governo, estes teriam preferência para a aplicação de 1 bilhão e oitocentos milhões de Reais em seu desenvolvimento para poderem enfrentar o mercado de trabalho, ter assistência médica decente sem ideologias políticas, mais segurança, e também redes de água potável, coleta e tratamento de esgotos, etc... Os petistas devem estar felizes. São todos ricos e têm tudo. Ou não, dona Dirma ???? Claro que não, Dona Dirma.. Todos sabemos que esse perdão é um “investimento” da iniciativa privada com dinheiros públicos, para que ganhem projetos, investimentos e obras nos países perdoados. Não é, dona Dirma ???? [1] O que a Polícia Federal tem que investigar é se a senhora dona Dilma, o Lula, ou a cúpula dos aliados no governo está ou não sendo beneficiada “p-a-r-t-i-c-u-l-a-r-m-e-n-t-e” com isso...
  2. Brasil (entenda-se sempre o PT de Lula e Dilma), perdoa cem milhões de reais à Bolívia[2]... Esse perdão foi do Lula...O raciocínio é o mesmo do item anterior e para o perdão da dívida cubana.
  3. Brasil (entenda-se sempre o PT de Lula e Dilma) agem sobre a Petrobrás, da mesma forma que sobre a Vale do Rio Doce... E em todas as empresas com participação mista do governo e da iniciativa privada. O caso da Petrobrás é triste: Em Pasadena[3], nos EUA, envolveu-se na compra de uma refinaria e perdeu nada mais nada menos do que dois bilhões e quatrocentos milhões de reais; o que nos coloca na situação de sermos bonzinhos (perdoamos dívidas) e burros para negócios; Evo Morales da Bolívia, incitado pelo já falecido Chavez da Venezuela e de quem Lula e Dilma são muito amigos, tomou as instalações da Petrobrás[4] no grito; Com tantos poços em perspectiva em território nacional, a Petrobrás investe fora das fronteiras[5] onde tomam instalações, lhe passam a perna, como se a Petrobrás estivesse interessada no prejuízo que dá lucro, mas não sabemos ainda a quem dá lucros, e nos faz pensar em depósitos fenomenais em contas particulares como “agrado” pelas perdas ou perdões de dívidas, assunto para a Polícia Federal...; Com tantas perdas e para dar lucro, a Petrobrás aumenta o preço da gasolina, um absurdo lulesco, petista, de filho que desperdiça a fortuna do pai e do país[6], causam consternação na população, inflam os preços dos produtos que dependem do petróleo;
  4. Sobre o mensalão que Lula nunca admitiu existir, já todo o Brasil sabe que existiu. Houve indiciamentos, julgamentos e condenações. Os condenados estão livres, atuam em suas funções anteriores ao julgamento. A sensação para o brasileiro comum é que não há justiça. O supremo juiz que com tanto empenho conduziu os julgamentos, foi uma indicação de Lula. Os julgados, ex-colaboradores de Lula. Pode chegar-se a diversas conclusões: 1- Lula usou o juiz supremo para liquidar com seus ex-colaboradores, 2- O Juiz julgou com isenção em suas funções, indo contra a vontade “natural” de Lula, que seria a de absolver os seus ex-colaboradores, 3 – Como o mensalão se destinava (ou ainda se destina) a comprar votos de senadores, então Lula sabia direta ou indiretamente do esquema embora negue veementemente, 4- Os senadores que participaram do mensalão como receptores de valores devem também ser julgados por traição à Pátria, assim como os já condenados, visto que o fator “traição à pátria” não foi considerado no julgamento, e deveria.
  5. Ninguém consegue viver com quatro reais (ou dois dólares) por dia. O Banco Mundial estabelece este valor para definir o patamar abaixo do qual se considera um ser humano como pobre. Usando este fator, Lula, Dilma, o PT em geral, afirmam que, através da Bolsa-família tiraram cerca de cinqüenta milhões de brasileiros da pobreza. Estes “pobres” continuam pobres, e com quatro reais ninguém deixa de ser pobre e dificilmente se agüenta vivo ainda mais num país como o Brasil com altos índices de inflação. Como política social o bolsa-família é uma desgraça porque embora não resolva os problemas financeiros de um ser humano, os alivia ao ponto frear a necessidade de trabalhar, uma vez que são “vitalícias”. Não há controle sobre os gastos do bolsa-família que deveriam ser usados como um sistema de “cartão de crédito”. Assim se saberia se o dinheiro foi ou não usado em drogas ou para pagar prestação de automóvel.
  6. Dona Dilma costuma fazer “pequenas” mas custosas demonstrações de riqueza [7] com o dinheiro público. Certa vez foi ao Vaticano com farta comitiva, hospedando-se em hotel de luxo e gastando milhões de reais. De uma pirua deslumbrada com a riqueza do marido até se pode esperar uma coisa dessas. Não de uma presidente do Brasil. Haja catástrofes ou não, Dona Dirma está sempre se ausentando, até para visitar velhos amigos que lhe pagaram seus custos de guerrilha quando era mais nova e ainda tinha ideais. Ainda mais quando se sabe que comunista não costuma ter religião.
  7. A esquerda intelectual largou o PT, tem raiva do PT, despreza o PT. Enquanto era solidária, tivemos um PT respeitável embora se duvidasse de seus métodos. Foi um período de espera e avaliação. Quando o PT passou a incluir incompetentes guerrilheiros – não guerrilheiros vitoriosos, mas perdedores – em suas fileiras, o PT afundou, foi para o abismo do inferno. Hoje é um partido execrável, que usa métodos de moral e de ética no mínimo duvidáveis, certamente execráveis para sobreviver. Formou alianças com quem segue o mesmo desvio de comportamento e chama a isso de “base aliada”, impregnando tais partidos do mesmo mal. Nossa política está doente.
  8. As obras do PAC não andam. A presidente tomou o controle de tais obras e controle de custos. Os empreiteiros pedem e ela dá. É refém das empreiteiras. Isso não está de acordo com a capacidade que deveria ter como presidente e muito menos com a capacidade que se espera de quem é formado em economia. Os conhecimentos que Dilma demonstra ter de economia são mais parecidos com os de uma comum dona de casa habituada a fazer compras na feira com o dinheiro do marido rico.
  9. Marcada pela repressão da ditadura, Dilma mantem-se fiel aos idealismos comunistas já fora de moda e de uso. Só existe atualmente um país comunista e mesmo assim em transição: Cuba. Todos os outros abandonaram o comunismo. A posição retrógrada da presidente faz-nos meditar sobre sua saúde mental ou sobre sua clarividência do momento político atual. Ao que parece temos uma presidente do século passado governando o Brasil de hoje e do futuro, e que para cúmulo costuma usar uma bandeira do Brasil, ainda que de modo discreto, pintada de vermelho. Dona Dilma deve estar sonhando acordada.
  10. Tendo havido um vazamento de informação sobre o fim do bolsa-família, Dilma de dedo em riste afirmou que daria instruções à Polícia Federal para punir os culpados do boato. Mais tarde se soube que o vazamento partiu da própria Caixa Econômica federal. Como não vai punir ninguém, dona Dilma? Justiça é justiça. Se houver que punir que se puna, nem que seja a senhora.  Mas PT é assim: Duas palavras, duas injustiças. Se não é, que se expliquem, porque parece e é notório.
  11. Há muito mais.. Há muito mais, mas por agora chega que já estamos enjoados.  
 Dilma como nova rica gastando sem dó nem piedade
Rui Rodrigues

terça-feira, 28 de maio de 2013

Rumos da política portuguesa.



A fuga das Galinhas, a fuga da Nação
Rumos da política portuguesa.

Faz parte da vida o não sabermos como acabarão os nossos dias.

Vivemos num planeta bondoso onde a alienação nos permite viver o dia a dia sem a preocupação com o dia de amanhã. É-nos proibido adivinhar o futuro. Dele temos apenas algumas indicações que mesmo assim nos parecem sempre como apenas indicações, mas nenhuma certeza de que correrá nessa direção. Tanto é assim que, apesar de dizermos á boca pequena que a história se repete, nunca acreditamos nisso. Encolhemos os ombros e seguimos em frente. Alguns religiosos rezam ao seu deus, os ateus não precisam disso e o sabem bem: Numa nação de religiosos e ateus, todos são apanhados, quase sempre de surpresa, pelo futuro. Nem perdem tempo com as rezas, mas também não o aproveitam para construir o futuro.

Uma ida aos cafés, a reuniões de amigos, ouvindo pelas ruas, escuta-se muita coisa, como por exemplo:

- O Paulo Portas afinal está a ser igual aos outros. É mais do mesmo...
- E o Isaltino de Morais? Grande ladrão. Como roubou aquele gajo.
- Dizem que o bochechas não era flor que se cheirasse debaixo daquela capa de buldog dos bonzinhos... Parece que até esteve envolvido no caso Camarate...
- Não se consegue viver assim... Sem empregos vamos viver de quê? Este governo não muda nada? Estávamos tão bem e de repente... Zás! Estamos na rua da amargura.
- Olha lá... Mas os ricos continuam bem... Só aumentou o numero de pobres. Há gente com fome.
- E  troika? E a troika?... Eles que mandam e não nos perguntam nada. 
- Hoje eu escrevi umas e boas no facebook com críticas ao governo. Até fundei um grupo contra a corrupção... Como se adiantasse alguma coisa. Ninguém lê... 
- E o que é que o Cavaco está a fazer? Não faz nada. Não pode fazer nada. É uma cara e custosa figura decorativa. Se pelo menos falasse alguma coisa que prestasse..

(E são muitas as reclamações... Não têm fim. Já se reclamava de Salazar, antes dele, depois dele, e logo a seguir ao 25 de abril tudo pareceu ser uma primavera portuguesa. Então, de repente, em 2003 e 2004 vendeu-se ouro do tesouro nacional às toneladas. Disseram que era uma exigência de Bruxelas. Não era. A administração pública não administrava nada, os cabides de emprego não podiam ser despidos, havia compromissos. O melhor seria prorrogar a crise vendendo ouro e mantendo os cabides, os armários, os anéis. Os dedos ficariam para depois)

As perguntas e as afirmativas acima sempre recebem frases conclusivas e paralisantes:

- Sempre foi assim e será. É só mais uma crise.
- Isto logo passa, vais a ver...
- Olha que atrás de mim virá quem de mim bom fará...
- Então? As coisas são mesmo assim. Temos é que estar preparados.
- Olha... Manda quem pode e obedece quem tem juízo...
- E querem o quê? Que se mude tudo da noite para o dia?
- Não adianta!.  Eles não nos escutam e lá sabem o que fazem.
- Nas próximas eleições votem em outros.

(E há outras frases retumbantes, lapidares. A de que nas próximas eleições se vote em outros, é a mais castradora, a mais decepcionante e frustrante de todas: Seja qual for o candidato, ele faz parte de um sistema a que se obriga a acompanhar, apoiar, apadrinhar. É a oposição – quando a há – que aprova as contas da posição, que mais tarde será oposição e terá que aprovar também as contas de sua coadjuvante no governar. Nada muda, eternamente. Só os nomes dos políticos. Nossos avós podem atestar que sempre foi assim).

E passam-se os séculos nisto: Duas ou três revoluções em nossa história e, entra sistema sai sistema, continuamos num galinheiro onde todos fazem as suas necessidades políticas, com umas raposas de guarda e um galo apavoneado que se intitula de presidente do galinheiro mas não canta. O filme “a fuga das galinhas” é impressionante em sua semelhança com o nosso reino democraticamente constitucional. Enquanto isso olhamos para o galinheiro e vemos que nos roubam os ovos todos os santos e os diabólicos dias. A população do galinheiro diminui todos os anos, algumas galinhas e alguns frangos conseguem voar e pular a cerca. Chamam a isso emigrar. Eu chamo de um movimento de diáspora, porque uma empresa anônima, o governo, tomou conta de tudo, subverte a ordem com corrupção, troca uns por outros iguais, e obriga ao abandono da Pátria. Nenhum emigrante sairia se tivesse oportunidade de ficar. Não sai para arranjar emprego e não fica por que não tem emprego.

Com a crise do crescimento populacional, segundo a qual e pelas estatísticas seremos apenas cerca de sete milhões e meio em mais duas décadas, a crise se resolverá. Será um país que não encolheu a ser dividido por uma população 25% menor. Depois as coisas melhoram e alguns emigrados voltam por saudades, não por necessidade. Normalmente voltam bem de vida, com mais instrução e mais dinheiro no bolso, e serão obrigados a ouvir que são “portugueses de segunda”, ou “retornados”... O país é de quem fica, não de quem saiu, o que não nos torna mais patriotas nem mais sociais nem mais humanos. Alguns nem voltam. Querem é esquecer.

Mas para os que ficam, e para que não sejam obrigados no futuro a emigrar é necessário que se façam algumas mudanças.

A Democracia Participativa parece ser a única que pode discutir o sistema sem ser do sistema. Não há salvadores da Pátria dentro de um sistema de Democracia Representativa pelo simples fato de que os representantes não nos representam. Representam quem lhes paga as eleições, grupos de marketing que povoam os palácios.Com a Democracia representativa, seremos vistos sempre em Bruxelas e no mundo como fornecedores de mão de obra qualificada ou não, de trabalhadores assíduos e profícuos (mas isso é da índole e não uma dádiva política), e desperdiçadores de oportunidades em seu próprio país por corrupção generalizada.
Ou voamos ou continuaremos em galinheiro poluído dando os ovos a “pavoneantes e dissimulados governeiros” sem jamais mudarmos alguma coisa. Se pelo contrário tentarmos mudar, talvez possamos adivinhar o futuro de nossas vidas, que poderá ser exatamente como quisermos.  

Rui Rodrigues. 

PS - Podemos começar a mudar da seguinte forma:
Na Democracia Participativa, o governo se constitui dos órgãos que normalmente fazem parte de qualquer governo democrático do mundo. Cada povo poderá escolher qual o modelo que mais lhe convém, com os três poderes: Legislativo, Executivo e o judiciário. O sistema da democracia por voto direto pode ter quantos ministérios forem desejados pelos cidadãos.
Até aqui, valem os modelos democráticos tal como os conhecemos... o que muda?

 1.     Todos os membros são escolhidos por voto participativo dos cidadãos interessados. Poderão eleger através de voto em Bancos 24 horas de Votação e por Internet grátis ou celular evitando-se assim “arranjos políticos” entre partidos ou proteção de qualquer natureza.
 2.     Os votos podem ser retirados (deseleger – desaprovar), o que amplia a cidadania democrática a muito mais do que votar apenas de quatro em quatro anos.
  3.    As leis são propostas ao Senado por qualquer órgão ou cidadão, para que sejam previamente aprovadas ou negadas por voto popular. Se a população achar que algum político ou ocupante de cargo no governo não atende os seus interesses, retira-lhe o voto dado e ele sai imediatamente sem necessidade de impeachment, quando a quantidade de votos que permanecem for inferior ao mínimo necessário para ocupar o cargo.
   4.   Qualquer lei ou ato de governo devem ser submetidos a voto, o que inclui mas não se limita a: declaração de guerra; percentuais de aplicação de verbas publicas em educação, centros de pesquisa, infra estruturas, preservação do ambiente, saúde, segurança pública, transportes;  taxas de impostos,  e tudo o que normalmente se vota nos senados, câmaras, governos estaduais, prefeituras.
 5.    O processo de implantação da Democracia participativa começa com a aprovação popular, via NET, item por item, de uma Constituição que somente poderá ser alterada também por voto popular, impedindo a manipulação de interesses escusos de políticos. 
Cada nação crescerá e se desenvolverá segundo sua capacidade e vontade popular de progredir, segundo o que acha mais importante.

Ver mais detalhadamente em:

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os quatro cavaleiros do Petecalipse



 Cronos o rei apedeuta comendo os próprios filhos
O profeta vive só à beira de uma praia onde se alimenta do que consegue pescar.

É um pescador. Há muitos pescadores neste mundo, e não só de peixe. Os que não pescam peixes, não usam redes.Usam a palavra como uma rede que pesca ilusões, ambições, esperanças que povoam a mente humana desesperada com tantas provações, e nela ficam enredados, digerindo a palavra, enquanto os profetas se vão para outros lugares, pescar mais, cada vez mais, numa ânsia antropofágica de evangelizar ideais, virtualidades, seres que esqueçam a realidade e se dediquem ao virtual.

Este profeta não. É um observador que só usa a sua rede para pescar peixes. Olha os rios, os lagos, as montanhas, os mares, os céus e os seres que neles habitam. É com os seres que se preocupa, mas sabe que em sua terra os profetas não fazem milagres. Longe de drogas, mesmo assim tem visões. E é uma delas que impressiona.


A visão nas palavras do profeta.

Era um pôr do sol da cor do fogo. As nuvens estavam coloridas de tons rosa, os mais suaves, de tons laranja, do vermelho mais vivo e antes que a Terra completasse a sua volta escondendo o Sol, as nuvens se escureceram, o céu se tingiu de tons escuros e o mar se encapelou, revoltado. Ouvi um estrondo atrás de mim e voltei-me em sua direção.

Vi uma enorme estrela vermelha do tamanho do Sol, com um enorme 13 milhões 13000 e 13 gravado a fogo no centro, sobre os campos longínquos, já no lusco-fusco do declinar da luz. Embaixo, no solo, um exército de bandeiras verdes e amarelas jazia no chão, inerte, prostrado, derrotado, tanques queimados, aviões abatidos, uma sucata de brava gente. Emoldurado pela estrela, uma figura aterradora com carnes aparentes de defecações humanas, escorrediças, pestilentas, os olhos esbugalhados, ávidos, barriga enorme, que tal como Cronos, filho de urano, o Céu, e de Gaia, a Terra, comia os próprios filhos. Este cavaleiro não comia os próprios filhos, mas comia os amigos, os colaboradores, guindados por ele ao poder sobre as gentes trabalhadoras, produtivas. Quando o vi, imponente, convencido, vociferando discursos, senti que, embora o mundo não lhe pertencesse, o tomava para si por puro prazer de ter o mundo. E queria o céu e queria a Terra, e nada o impedia em seu caminho.  A cabeça era de defecações, o corpo de vísceras de amigos e colaboradores, carne moída, os pés de algodão.Vi-o acompanhado de mais três cavaleiros tão Petecalipses quanto ele mesmo, destruidores de tudo o que se construíra. E era este o primeiro dos quatro. Trazia na mão os símbolos que apoiava: Um ramo de papoulas sem pétalas, com os bulbos lavrados escorrendo seiva, moedas de ouro que tirava de um baú sem fim que carregava a tiracolo, onde se lia: “Tesouro Nacional”

E vi o segundo à sua direita, minha esquerda. Não era um cavaleiro. Era uma cavaleira que não tinha nenhum traço de algum dia ter dado um sorriso, odiando tudo, a vida, olhar autoritário desde nascença, sem amor a pai ou mãe, largada na vida, assim como a humana e paradisíaca Lilith, casada com Samael o anjo decaído, também esta não aceitava os homens como eram e os odiava, e odiava ainda mais as mulheres que os outros homens preferiam a ela. Tal como o primeiro cavaleiro esta segunda odiava a humanidade da terra onde nascera. Odiava quem produzia, porque ela não podia produzir, não podia governar: O que a movia era apenas a vontade de destruir, de perverter, de substituir a ordem que encontrou quando viu este mundo, pela desordem de sua mente sem sentido. Esta não procura riquezas, embora não as desperdice. Sua mente está voltada apenas para a desordem e tal como o primeiro cavaleiro mata para limpar o caminho, não faz amigos fora do caos. Trazia nas mãos uma clava cheia de espinhos de aço, seus pés enormes também de barro, o corpo redondo prenhe de vontades, a cabeça era uma enorme bola oca, os dentes terríveis e cortantes, os olhos flamejantes de ódio.  Numa das mãos uma bandeira verde e amarela com cores vermelhas, uma afronta ao reino.

E vi surgir o terceiro cavaleiro, este de mãos redondas e sem calos, o mentor do caos, aquele que sabe e indica o caminho para o caos. Tal como o segundo cavaleiro, odiava tudo e todos, uma infância preocupada com a destruição em seu reino, renegando os outros pequenos deuses e quem o pariu. Seu corpo era como o de uma rã, escorregadia e verde, o sorriso de hiena, o olhar matreiro e dissimulado como o de um hobbit, o torso curvado, figura encolhida, um rato com sorriso de hiena. Numa das mãos, uma pasta enorme de onde saiam papéis, anotações, assinaturas, contratos. Fazia contratos com almas alheias prometendo-lhes o céu e lhes dava o inferno, o opróbrio, o esquecimento, a prisão.  Seu rastro era de desperdícios, de projetos caóticos, também nunca trabalhou no seu reino. Nenhum desses três cavaleiros havia alguma vez trabalhado produtivamente em seu reino. E nem o quarto, a mão que fere, que mata, brandindo um facão do reino do nordeste, em longo braço de apoio aos três primeiros cavaleiros. Este um cavaleiro genuíno.

E lá estava ele, montado em seu cavalo negro como a noite, estropiando, levantando as patas da frente, ameaçadoras. Dava urros, ávido de sangue, tão amante do caos como os três primeiros e também nunca tinha trabalhado em seu reino. Vinham para mandar na Terra, poluir o continente, abraçar o mundo inteiro se possível. Este cavaleiro era o mais misterioso dos três, e em seu reino não se sabia que amizade o unira aos três primeiros. Uma figura sombria. Tenebrosa. Um matador. Trazia as mãos sujas de sangue, o cavalo coberto de membros decepados como se deles fosse feito.

Não havia nos arredores nada que se lhes opusesse. De todos os caídos a seus pés, nenhum deixara de ser enganado. Uns jaziam porque acreditaram em suas promessas e depois pereceram traídos; outros porque ficaram inertes e nada fizeram contra o seu avanço; outros ainda se lhe opuseram mas não passavam de meia dúzia. Os que ainda viviam e lhes faziam companhia, como grande exército, usavam drogas para se inebriar, outros contavam dinheiros, outros ainda tinham fé no que diziam. Trazia na mão um coração vertendo sangue e sua aparência era a de um compenetrado e inocente sacerdote inca.

Enfrentei-os e perguntei-lhes se sabiam sorrir. E me brindaram com os seus melhores sorrisos e me ofereceram todos os bens da Terra, como satanás, lúcifer, o chifrudo, tentando a Jesus no deserto, e lhes gritei que não. Mostrei-lhes o caminho para a salvação, e não me escutaram. Então os amaldiçoei por todo o mal que fizeram e ainda pretendem fazer, subvertendo a ordem em favor do caos, que só será visto e sentido quando os quatro cavaleiros iniciarem seu ultimo ataque á humanidade.
Mas então eu o vi despontar ao lado direito dos cavaleiros: O Messias da redenção deste reino. Usava uma capa preta do luto, tinha um olhar sério, feições de seriedade. Suas palavras eram a verdade. Atrás dele vinham outros como ele, nenhum indicado pelos quatros cavaleiros do petecalipse nem liam por sua cartilha ou seu livro vermelho de um Mao iniquo já aniquilado ou de um Stalin sanguinolento já esquecido. Um halo de luz brilhava no negrume da noite. Este não era um cavaleiro. Era um cavalheiro, não tinham distintivos, spenas portavam uma bandeira original e genuinamente verde e amarela como sempre foi. 
Os quatro cavaleiros do Petecalipse para terem poder têm que subverter as leis, criar o caos, trocar a bandeira como simbolo de sua vitória, porque sem isto sua vaidade pessoal, sua ambição, sua glória nunca serão completadas. O reino está em perigo.   

Rui Rodrigues



quarta-feira, 22 de maio de 2013

O extraterrestre de Catités






Os Etês de Catités – O filme
(Pura ficção, até porque Etês não existem[1] nem no dicionário).


No Bar do Chopp Grátis os clientes se levantaram das suas mesas, apanharam os seus copos de chopp e foram todos para uma mesa onde um sujeito contava uma história sobre extraterrestres. Nesse dia o Bar faturou alto em chopps. Esta foi a história digna de cordel (ou num país de alienados, que vem de Allien em inglês, que significa alienígena, ou  seja, extraterrestre. Em mais nenhum lugar do mundo aconteceriam fatos assim como narrados).


Cinco anos depois de nada.  

Ceará, perto de Pernambuco, dia quente, falta de água, família numerosa para alimentar, a mulher enchendo o saco, um resto de arrodz cozido numa panela amassada, o marido foi embora dizendo que ia trabalhar e não voltou mais. Nessa noite, a mulher ainda jovem ficou olhando as estrelas em Catités, rezando para que algo acontecesse que melhorasse sua vida. Pensou naquela penca de filhos. Rezou também para que o marido não a tivesse largado e não lhe tivesse deixado mais um filho no buxo. Era beberrão. Sabia o que fazer. Dos filhos escolheria um para ser doutor, e o resto trabalharia para alimentar a família. Não podia contar com o marido. Também não acreditava na prima que lhe dissera, na semana anterior, que um grande milagre aconteceria em sua vida: Ela estava grávida e a prima também ficaria grávida, e o filho seria um messias para a família. Ouvira isto como de um anjo que descera do céu numa enorme nave cheia de luzes piscando que só ela vira. O anjo a levou até a nave e lá haviam transado bastante. A noite toda. Depois a nave partiu como um foguete busca-pé fazendo até um barulho igual, e virou uma estrelinha que fica por cima da torre da Igreja Matriz. Era um sinal dos céus. O anjo lhe dissera que a prima teria também um filho. Mas como? Perguntou-se a mulher abandonada, se nenhum ET a tinha buscado nem vira nave nenhuma? Obteve rapidamente a resposta como se os anjos do céu a tivessem escutado. Um objeto voador identificado, porque não era nenhum urubu, nenhuma ave, nem avião nem helicóptero nem asa avoadeira, nem pára-quedas. Era uma nave extraterrestre igual á descrita pela prima. Só teve tempo de ir lá dentro, pegar um pano, molhar no resto da água de um poço seco dentro de um copo e lavar a perereca. Já sabia que o mais provável é que iria entrar no pau. Teve seu filho, mas o menino era o demônio, o capeta. Só parou de mamar aos cinco anos, não obedecia, passava os dias fazendo discursos hipotéticos como se fosse um presidente de república. E o apanhou tomando uns goles de cachaça da garrafa que ela guardava para o caso de uma necessidade. O menino acabou com a garrafa em dois dias.

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Dia do nada


Casado, cheio de filhos para alimentar, era muito, demais, para a sua capacidade de agüentar. Tinha que ir embora. Olhou para o céu, lá no fundo do quintal. O céu estava cheio de estrelas. Sua mulher tinha ido dormir na casa da prima porque tinham brigado outra vez. Olhou de novo para o céu. Cada estrela eram duas. Ou estava mal das vistas ou tinha bebido demais. Por isso nem ligou quando uma nave pousou no quintal, silenciosamente, e dois sujeitos esquisitos desceram. Caminharam na sua direção e o levaram para a nave. Teve então a certeza de que tinha bebido demais, adormecera e estava dormindo. Dentro da nave, duas enfermeiras igualmente esquisitas o manipularam numa espécie de maca. Adorou o sonho. Elas mexiam em seu berimbau de um jeito gostoso. O sonho estava realmente bom demais. No dia seguinte compraria mais uma garrafa de cachaça da mesma marca, no mesmo armazém sem pintura, velho pra danar, que tinha lá na esquina da rua. E tanto era sonho que se fosse realidade, como poderia entender o que as enfermeiras diziam? Ouviu perfeitamente quando uma disse para a outra:

- Cuidado para não esterilizar o batoque! – (não, pensou ele, jamais viraria uma estrela. Nem pensar). A outra respondeu:
- Até que era bom. Pelo que sei esse sujeito está cheio de filhos. Mas ainda tem que fazer mais um... (então ele entendeu. Se era um sonho que os anjos lhe enviavam, teria mais um filho, mas depois sumiria. Se eram os anjos que falavam, então Deus cuidaria dos filhos. Enfim, livre!).
No fim de semana seguinte, partiu para nunca mais voltar. A mulher ainda pensou que ele voltaria, mas sem muita certeza.

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Dez anos depois do dia do nada.


- Vai estudar, menino[2]. Teus irmãos matam-se de trabalhar para sustentar a casa... Teu pai nem dinheiro nos manda...
- Não precisa estudar mãe – disse o garoto com aquele olhar confiante de “tiro certo” - Olha o pai. Bom cidadão, trabalhador, cheio de filhos e sempre sem dinheiro. Me diz, mãe... Adianta trabalhar? Vai... Anda, diz... Se me convencer eu estudo e trabalho. Juro que trabalho. Só quero é o certificado de que estudei.
E como nesse dia estava com a “corda toda”, continuou:
- E tem mais, mãe... Odeio, odeio, odeio menino rico que não precisa nem trabalhar, odeio pobre porque não tem inteligência para sair do buraco e vive sempre na miséria. Te digo mais... Quando um dia eu for presidente, podendo estudar, não vou estudar nada. Odeio essa gente inteligente, cheia de diproma, que anda toda engravatada, com olhar superior cagando regra na cabeça da gente. Neste mundo só amo tu e meus irmãos. O pai bebe e perde a cabeça. Eu já experimentei ficar bebo e num acontece nada. Sou forte como um burro.  

O menino falava muito, falava pelos cotovelos. Parecia um sujeito instruído que sabia das coisas da vida e do mundo, mas todos sabiam que não. Só tinha presença. Aquilo era um enganador. Falso por fora e por dentro. Fugia da escola, e a mãe vivia numa sinuca com os demais filhos que sempre arranjavam uma forma de ajudar em casa. O pai das crianças havia sumido há dez anos atrás. Viera visitá-la uma vez e lhe deixara uns trocados.Disse que a vida estava muito difícil e demonstrou muito carinho com o filho mais novo, mas nem o viu, porque o garoto sempre dava um jeito de desaparecer. A mãe que entendia tudo. Quando acabou o primário, a duras penas e sem nenhuma convicção, ainda andou trabalhando nuns biscates mais por causa da mãe e dos irmãos. Por ele não trabalharia mesmo.

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Cinqüenta e cinco anos (mais ou menos) depois do dia do nada.

O garoto crescera. Apenas com o primário era agora doutor “honoris causa” em universidades da Europa, reconhecido como figura pública mundial, embora cercado por escândalos pavorosos que, a serem na Europa, já estaria preso há muito tempo. Primeiro uniu-se a antigos terroristas que tinham uma ideologia que poderia servir-lhe para subir ao poder. Depois, já no poder, a bandidos anteriormente condenados pela justiça. Quando fizeram um filme sobre a vida dele, e não se sabia ainda que participara como mentor ou receptador de planos que usaram e abusaram ilegalmente de verbas públicas, ainda tinha o apoio de intelectuais, mas depois dos escândalos abandonaram o garoto crescido que queria e realizou um sonho: Ser o maioral sem estudar, sem saber nada de nada a não ser representar e fazer o seu papel de forma fenomenal: O de um inculto que com um sorriso, um olhar de tranqüilidade tinha enganado sindicatos, comprado políticos, tudo com a ajuda de antigos terroristas agora condenados por corrupção. Com sua influência logrou que estes corruptos em vez de serem presos fossem reconduzidos com todas as honras ao senado ao qual pertenciam antes de serem condenados. Baseado numa premissa do Banco mundial que afirma que quem vive com dois dólares por dia não é pobre, distribuiu verbas públicas perenes por famílias e cestas básicas cujo valor somado não alcançam dois dólares por dia mas chegam perto. Com este artifício amoral e até imoral, convenceu todo o mundo que tinha tirado da pobreza cerca de quarenta milhões de cidadãos. Mas onde se vive com dois dólares por dia sem ser considerado pobre? E se for possível – que não é – como vivem?

Nunca  estudou, e disfarçadamente continua odiando ricos e pobres, tomando seus tragos. Casou com uma múmia muda e inerte, usou os cofres públicos e as dependências do palácio para fazer negócios particulares e enriqueceu também o filho. 


Rui Rodrigues




[1] Se por acaso alguém se sentir identificado com algum personagem, só perguntando aos ETÊS que andaram lá por Catités-CE. Se não acredita que Etês não existe nem no dicionário, procure e tente encontrar, prezado leitor(a).
[2] No Brasil existe um sujeito com o qual o ET de Catités pode até ser confundido, mas esse é o Lula e não este, e Lula não é nenhum ET. Não tem a inteligência nem o conhecimento atribuído a Etês, mas é muito esperto. Realmente um sujeito muito esperto. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Entendendo sua excelência o Senhor Ministro Barbosa


Entendendo sua excelência o Senhor Ministro Barbosa
(em relação às recentes declarações sobre Partidos de Mentirinha)


Isenção.

Só com isenção se pode julgar as declarações do Senhor Ministro Barbosa, ou como é conhecido carinhosamente nas redes sociais, o “Barbosão”.

Antes de tudo há que compreender que estudou arduamente as leis desde quando se tem conhecimento de que foram instituídas, há cerca de doze mil anos atrás, na Caldéia, na Suméria, na Grécia e em Roma, e todas as herdadas desde a colonização para chegar aonde chegou com todo o mérito. Há que lhe reconhecer o mérito, fortificado por uma infância que não foi fácil. Tem opinião, é persistente, determinado. Lula, também teve infância difícil, mas nunca estudou. Teve e tem oportunidade de o fazer, mas prefere não estudar. Acha que não necessita e se alia a condenados pela justiça. Lula é o reverso e o inverso da excelência do Ministro Barbosa, embora tenha a mesma determinação. Há muitos condenados pela justiça que também são muito determinados.

Barbosa é, além de Ministro, um ser humano, com direito a emitir a sua opinião pessoal, e a emitiu dizendo com suas palavras que o executivo era refém das determinações do palácio do planalto, isto é, não agia de forma independente em representação dos cidadãos, e que os partidos políticos eram de mentirinha.

Disse simplesmente a verdade que todos sabemos, e teve a coragem de a dizer, porque além de ser um ser humano, é também um cidadão e vê o que todos vemos com mais propriedade, porque está dentro do “sistema”. E o que vemos, dentre tantas outras coisas?

1.      No executivo - Congresso nacional.

Votam as próprias normas da casa, estabelecendo horários de trabalho de terça a quinta aviltando o operariado nacional que trabalha de segunda a sexta e ainda tem que fazer “bico” para ter mais do que um miserável salário mínimo, cuja presidente teve o prazer de cortar “centavos” para demonstrar uma falsa austeridade; Que aprovam os aumentos estupidificantes dos próprios salários, nababescos na essência, que indignam a cidadania, desmistificam a ponderabilidade e a honorabilidade de seus membros e os desacreditam perante a sociedade, desde o mais rico ao mais miserável dos brasileiros. Um senado onde se fazem acordos entre empresários, membros e partidos, todos sendo ouvidos menos aqueles a quem têm a obrigação de representar: O POVO!

É falso o congresso nacional e entrou numa rota da qual não se pode mais desviar sem passar pelo pedido de demissão incondicional de todos os seus membros. Nem a sociedade está disposta a pagar salários operacionais nem de aposentadoria de relapsos da causa pública. Só obrigados por um governo ditatorial, à margem da vontade dos cidadãos. Se tiverem dúvida, perguntem através de plebiscito.


2.      Os partidos de mentirinha.


A idade média da população brasileira ainda é jovem, mas no topo da curva há cidadãos de boa lembrança, beirando até os cem anos, que ainda se lembram das discussões em plenário sobre o que se vota por lá, no Senado. Todos aqueles senhores lá do senado, pertencem a Partidos Políticos e atualmente - exceto pelo sr. Deputado Roberto Gefferson – Já não se escutam denuncias internas sobre falcatruas, apropriações indébitas. Aprova-se tudo no Senado, todos os senhores membros estão de acordo, encobrem-se uns aos outros, não há OPOSIÇÃO. A população é refém das vontades particulares dos representantes dos partidos – não da população – deixando correr o desgoverno, sem fiscalizar. A população está farta da falta de “Quorum” dos representantes dos partidos políticos que, além de só trabalharem de terça a quinta, faltam às sessões para não aprovar um ou outro projeto, ou de alguma votação. Não há uma só prestação de contas do governo anterior rejeitado. Há evidente mancomunação no governo – não acórdãos ou acordos – que não representa a cidadania. Todos os erros, equívocos, tratos, conluios, formações de quadrilha, não são denunciadas pelos “nossos” (nossos soa hilário) representantes no senado, mas vem de fora, da mídia, de jornalistas, de um ou outro insatisfeito que denuncia, mesmo recebendo salários gordos, altíssimos, de 18 mil reais por mês para servir cafezinho no senado. 

Sua excelência o Sr. Ministro Barbosa, com toda a isenção, disse a verdade. Se pudesse, e se estiver disposto a candidatar-se, votaria nele para presidente. Ele sabe o que diz, tem instrução, é reto, ser humano, cidadão, e tem opinião.

Precisamos de gente instruída em nosso governo, que não venda nem compre votos. A sociedade brasileira está de “saco cheio” de ver elegerem-se os compradores de votos, que enchem seus sacos com dinheiro gordo arrecadado dos impostos escorchantes. Partidos políticos que representem as sociedades deste Brasil varonil de encantos mil, não podem ter em suas fileiras compradores de votos, votantes dos próprios salários, de seu horário de trabalho, que nada perguntam à sociedade sobre os atos que devem tomar, exercendo uma oligarquia de poder em conluio uns com os outros, excluindo os cidadãos.  

Rui Rodrigues

PS - Estamos realmente fartos de mais do mesmo.   

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Entrevista com a Lula [1] - Os arquivos secretos.


Entrevista com a Lula [1] - Os arquivos secretos.
(Ficção fundamentada nas aparências sem conotação de intenção de conotar, mas que até poderia ser verdade. Uma decorrência de “A entrevista com o Vampiro” que até deu em filme)


Militantes do MST, treinados em Cuba, fazem a guarda dos arquivos secretos de Lula. Todo mundo sabe disso. Agora mesmo também estão para chegar de lá 6.000 médicos militares treinados em leitura dinâmica do livro vermelho de Mao. Lula pensou de inicio que era um livro maometano. Tiveram que lhe explicar, com uso de desenhos específicos, que Mao tinha sido um líder comunista marchador – que marchou durante anos vagueando pela China – e no final, tal como Moisés que vagueou no deserto, chegou à terra comprometida, isto é, Pequim. Moisés chegou a Canaã. Lula, sem caminhar grande coisa, chegou ao planalto com um dedo a menos, aquele que se usa para folhear páginas de livros.

O agente “Zeta”, não é um agente. É uma agenta que nem a presidenta conhece porque esta também tem a bunda presa, em projetos de apoio financeiro ao presidenta Lula  quando ele era ainda presidento. Lula conhece Zeta mas não sabe que é uma agenta. É um elemento infiltrado há muitos anos pelo Zedirceu com medo que a Lula  o traísse como costuma fazer com todo o mundo. Ao contrário da Lula , ela sabe ler, escrever, fala inglês com sotaque do nordeste, espanhol de araque, que dá pro gasto, e sabe teclar nas redes sociais. Está milionária, e tem porte de periguete. Baquiana, caiu de amores por um sujeito jornalista que se faz passar por simpatizante do PT, do MST, de Cuba e arredores, o que inclui a Venezuela, que Lula sempre confunde com a vuvuzela porque as letras são muito parecidas.

Uma noite, quando o jornalista estava sentado no sofá com a Zeta na sua frente, ajoelhada fazendo um boquete, a Lula entrou na sala. Viu os dois e disse: Não sujem o tapete irando que o Ahmadinejad me deu. É uma relíquia do Papa deles, o .. o... Como é mesmo o nome do papa deles, Zeta?
- Aya,, choca-choca... tolá... choco-choco – Komeini...
- Isso mesmo... Auachockomeini. O tapete custa uma nota.
E a Lula se foi para o escritório dele, um quarto muito pequeno, com um sofá igual ao da sala e uma parafernália de instrumentos sexuais fabricados na China. Num canto, uma estátua de madeira do pai dele cheia de pregos. Era um encantamento vodu que aprendera com uns feiticeiros de Cuba, e que servia para exorcizar o fantasma do pai, um beberrão que batia na mãe do filho dele. Logo a mãe que o adorava, que o enchia de beijos, o protegia e dizia que um dia seria presidente. Numa das paredes, uma estante cheia de fitas de gravação. Lula costumava treinar seus discursos e desabafos e os gravava nessas fitas para que se precisasse, voltasse a ouvi-las. Para ele era mais fácil ouvir do que ler.

Acabado o boquete da Zeta, o jornalista, cujo nome deixaremos em segredo, até porque nem existe, é pura ficção, foi até o escritório da Lula e sem cerimônias, puxando o zíper das calças, sentou-se em frente ao caudilho e disparou:
- Vamos lá, Lula, que mola o moveu para chegar à presidência da república?
- Olha, companheiro, tive uma infância muito difícil. Meu pai, que foi até estivador, me ensinou varias coisas. Uma delas é que trabalhando não se fica rico. Sendo honesto também não. Ele teve duas famílias e era violento. Então com violência também não se chega a lugar nenhum. Ele não chegou e nenhum de meus 22 irmãos, incluindo os que morreram, conseguiram ser ricos. Então tracei o meu caminho: Botar os outros para trabalhar, mas para isso eu precisava de uma boa causa e de dinheiro. Ninguém resiste a dinheiro nem se importa de onde ele vem. A causa serviria para agregar os companheiros que não podiam receber dinheiro porque o dinheiro é curto. Não se pode comprar todo o mundo, não por moral, mas por falta de dinheiro.
- E que causa foi essa Lula?
- Veja bem, companheiro... Estávamos numa ditadura. A causa seria todo o mundo que estivesse contra a ditadura. Eram os comunistas, os socialistas, os que não foram beneficiados pela ditadura, os artistas que são sempre muito sensíveis, e os filósofos de esquerda, aqueles chatos que vêm com uma dialogologia que excluía a grana, e queriam uma igualdade que nunca ninguém na história deste planeta conseguiu. E sem a ajuda da classe dominante, isto é, dos apoiadores da ditadura, aqueles que tinham dinheiro, eu conseguiria alguma coisa. Então me uni aos empresários.
- E o pessoal que o apoiava no ABC? Não ficou prejudicado?
- Olhe, companheiro... Em política temos que aproveitar as forças da “conformação”. Operários, gente humilde, estão sempre conformados, habituados à pobreza. Era o que acontecia na minha família. Vem governo, sai governo e estão sempre pobres. Esses são gente minha, assim como quem acredita em milagres vai para as igrejas e templos e ainda pagam dízimos, para ver como são idiotas, que gastam apostando numa loteria do além, crentes de que não serão castigados pelo deus deles. Compram até lugar antecipado no céu. Gente dessa é boa para votar em mim...
- Entendi – disse o jornalista – Mas então, como que os operários o continuaram apoiando estando você com os empresários nas greves?
- Mas eles não percebiam isso. Levávamos as negociações até o limite, deixando o tempo passar. Logo os trabalhadores ficavam sem dinheiro e então eu chegava e propunha um acordo que era sempre “o melhor que eu podia conseguir”. Então eu começava a desanimá-los, dizendo que as coisas poderiam até ficar pior. Aí eles topavam e continuavam a apoiar-me. Estavam no limite deles, como quando um sujeito pega uma arma e faz reféns. Aí entra a polícia para negociar, levando o sujeito até a exaustão. Não tem cu que agüente, companheiro... Heheheh.
- faz sentido, Lula. E quando perdeu as eleições? Como fez para definitivamente ganhar?
- Essa pergunta foi muito boa – disse a Lula com um sorriso matreiro – Vou batê pa tu ma tu não pode batê pa tua patota. Ta?
- Pode deixar, Lula. Sou um túmulo – Disse o jornalista sorrindo.
- Ri não que vira túmulo mesmo... Heheheh.
O sobrolho da Lula fechou-se e fez uma ruga na testa. Não estava brincando. E continuou:
- O velho Brizola, o gaúcho de três facas, me chamava de sapo barbudo. Enganou-se. Eu era uma cobra barbuda que apanha se tiver que apanhar, que mente se tiver que mentir, que rouba se tiver que roubar, que mata se tiver que matar, desde que essas atitudes me levem, sem perigo, a atingir os alvos ou os escuros que quero atingir. Digo alvos ou escuros, porque sou politicamente correto. Sem essa de pensar só em alvos. Tenho que pensar em tudo. Assim, eles não sabiam, mas havia acordos meus com os empresários e os intelectuais de esquerda. Quando o Collor, o Fernandinho do pó (acho que ele continua cheirando mas deixa pra lá) me ganhou as eleições dizendo que nem tinha dinheiro para comprar um radinho, quando eu apelei dizendo que o meu estava estragado, e levou a minha ex-mulher, aquela traíra no debate, percebi que mesmo com dinheiro era necessário algo mais: Garantir que nas entrevistas fosse tudo combinado previamente e que as emissoras de televisão tinham que estar do meu lado: Assim fiz acordos com a Globo. Ainda hoje é a empresa mais beneficiada pelo governo. Recebe dinheiro público de tudo que é lado. Se ela gemer, nós vamos lá e resolvemos o problema. Do mesmo modo as agências de Ibope, aquelas que saem logo com uma estimativa a nosso favor e todo mundo vai atrás do boato... Não haveria como perder.
- É... Deu certo mesmo... E agora com as redes sociais com mais audiência do que a Globo e outras emissoras? – Perguntou o jornalista...
- Olha pra mim, companheiro... Olha bem... Acha que sou bobo? Heheheh... Já comprei senadores que votam em tudo que lhes pedirmos para votarem. Além disso, estamos aprovando leis de “cala a boca brutucu”, para impedir os opositores de falarem besteira nas redes sociais. O custo é que é muito grande...
- Como “custo’, Lula? Não sai tudo das verbas públicas e dos seus amigos empresários?
- Pois é... Sai sim, mas é um dinheiro que poderia ser usado de outras formas. Refiro-me aos custos de credibilidade com aquela parcela da população que não entende nada de nada: Os fiéis. Tive que me unir ao Maluf, ao Collor, e a todo o lixo político do país para poder ter uma forte base aliada. Ainda tive que colocar ministros que já foram para o olho da rua, para fazerem contratos públicos de telecomunicações, etc, de forma a ganharem tudo o que puderem enquanto a população puder agüentar: É deles que vem a grana para as campanhas, para financiar a boa vida dos que me apóiam. É dando que se recebe, já dizia o Collor. Aprendi com ele. E estou aprendendo muito com o Maluf, que já foi preso. Nós que o soltamos com nossa influência.
- E essa coisa da aproximação com Cuba, Venezuela, Irã, etc? Não há desgaste político com o Ocidente e a classe dominante do Brasil?
- Sempre há algum desgaste, mas o ocidente, os líderes de governo, sabem que eu sou do capital. Beneficio todo o capital. Veja, companheiro, o caso dos Bancos, os juros que cobram, sempre altos, a pretexto de controlar a inflação. Eu bato no povo dizendo que é para o bem dele, e acreditam... Hahahahahahahaaa... Claro que os juros poderiam ser mais baixos e ter o mesmo efeito, mas isso já me rendeu uma boa grana. A mim, só, não... A todo o partido e aos militantes e empresários mais chegados. Me admiro é como o Mantega continua no governo e ainda não o tiraram. Mas tiram um... E eu ponho outro. Todos os ministros gostam de um agrado e fazem qualquer coisa que a gente manda. Os benefícios são muitos. Olha o Eike Batista... Mas ele é bobo... Burrão bunda mole. Quer ir pela cabeça dele, que vá. É sempre assim, nós fazemos o homem e o homem pensa que se fez sozinho por sua capacidade. As ações dele estão lá em baixo.
- Creio que entendi... Mas qual o futuro do PT, e o seu em termos de política?
- Que política, cara pálida... Hehehehe... Não se trata de “política”. Trata-se de subversão dos valores para ficarmos sempre no poder. É orgulho de um operário filho de um bebum, de uma família pobre chegar onde cheguei e ficar lá no topo da pirâmide. Hoje não me falta nada e ainda tomo as minhas cachacinhas de vez em quando. Agora até como caviar, ando de avião, e tenho até uma coluna no Niuiorque taimz, que a Zeta vai escrever sempre pra mim com a ajuda do Zedirceu que é bom nisso pra caramba. Ela traduz o Zedirceu para o ingreiz, e me lê. Aí eu mudo umas coisinha e a coluna está feita. Ainda vamos catarquisar o Obama pro nosso lado. Ainda vou ver o Obama dando um abraço no irmão do Fidel, porque o Fidel está com um pé e meio já na cova. Estamu fazendo uma revolução como nunca se viu na história da humidade.
E arrematou... Está na hora de um traguinho... Estou cansado e o resto do papo fica para mais tarde. Vamu nessa? E a propósito... A secretária tem uma boca e tanto, não tem? Pode acreditar.. Com uma boca daquelas, comprou muito político e empresário para o nosso lado. Ela é incrível. Sabe? Houve um dia que fiquei em dúvida se ela ou a Dilma. Optei pela Dilma para ser a presidenta porque ela tem meia família e a Zeta é diferente. Está mais para folhinha de calendário do MST. Mas.. Não estranhou que a oposição está quieta e só é contra o PT em casos sem importância que não envolvem verbas consideráveis?
- Estranhei.. É verdade- Disse o repórter.
-É que chamei todos os líderes dos partidos e disse-lhes: Sabemos que lutamos todos aqui por verbas, e que há desvios em todos os partidos. Portanto a coisa é: Roubamos sozinhos e enfrentamos a oposição, ou roubamos juntos e ninguém reclama? E foi assim!

E nosso repórter jornalista voltou para o sofá para desopilar o fígado, dar uma relaxada com a Zeta... Por um momento chegou a pensar que estava em Pasárgada, que fica no Irã... Se fosse na janela, poderia até ver Ali Babá e os 40 amigos.
Rui Rodrigues.   












[1] Nota do contador de causos: O corretor ortográfico só permite o uso de “a Lula”. 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Marcilius Marcianus, o romano.



Marcilius Marcianus, o romano.




São muitas as ilusões deste mundo. Todos nós sabemos disto, do mais ao menos ser inteligente. E convenhamos que para nós mesmos admitimos que muito do que vemos e fazemos é pura ilusão. Porque nos iludimos? Simplesmente para ocuparmos o nosso tempo, ou termos uma “meta na vida”, uma ocupação mental, um esperança, e conseqüentemente, para ocuparmos o nosso tempo dando sentido ao “viver”. O trabalhador que chega em casa cansado física ou mentalmente, não tem muito tempo para filosofar. Só aos sábados e domingos, desde que não tenha problemas sérios para a semana seguinte, como, por exemplo, pagar faturas e contas de serviços públicos com dinheiro curto ou resolver problemas do trabalho para a semana seguinte.


Essas ilusões consomem nosso tempo, despertam as nossas atenções, esvaem o nosso dinheiro, mas há sempre um envolvimento muito grande nessas ilusões: Uns buscam a fama, enquanto outros, concomitantemente, ganham dinheiro e outros o gastam chamando a essas ilusões de diversão. A fama, o prazer de ser o campeão, o melhor, não é atingido por todos, e por vezes se passa uma vida inteira tentando. O tempo passa, essa a distração, a meta. Outros aproveitam os gostos populares, sabendo que existe quem deseje a fama para sustentar o espetáculo, e investem dinheiro nas diversões, isto é, nas ilusões. Ficam ricos. O povo vive sempre oprimido, sempre viveu e provavelmente viverá com contas a pagar, dificuldades, leis, impostos, como se os governos existissem para “ganhar dinheiro” às custas do povo, um monstro, um dragão que precisa ser alimentado para que não nos destroce. Em troca, dão ao povo o mínimo de condições para que continue na ilusão de que “vale a pena” trabalhar, contribuir, porque em troca têm água potável, transportes públicos, eletricidade, serviços de saúde de emergência e meia dúzia de escolas públicas.


O circo romano é um exemplo, talvez o melhor, da simbiose e do diálogo entre empresários, governo, povo e famosos. Diálogo, sim, porque como explicar os circos romanos? Era o povo que os queria e por isso os empresários os construíram, ou foi o governo que os construiu com financiamentos dos empresários para o povo se distrair e gastar seu dinheiro, usando como protagonistas, que catalisavam as emoções, os que desejavam a fama?  Se olharmos para algo mais recente como o governo de Hitler, o povo alemão, os soldados, os empresários das grandes indústrias alemães durante a segunda guerra mundial, ficaremos na eterna dúvida: Será que o povo alemão gostava da guerra, do holocausto, ou apoiava para “apoiar” o governo, por adesão ou medo?  
A guerra é um circo neste contexto, e nos circos romanos havia guerras. Mas os circos romanos evoluíram muito, embora não no essencial, de forma que no mundo moderno os circos se deterioraram de sua forma e ação iniciais, mas mantiveram a intenção intacta: Distrair a atenção popular aproveitando-se para distraí-la dos aspectos fundamentais da política ditatorial.  Enquanto houvesse pão e circo – “pane et circencis” – o povo estaria tranqüilo, satisfeito com todos os demais atos de governo. Os empresários adoravam isso, e adoram, não porque participem diretamente dos lucros do circo, mas porque isso lhes permitia explorar os preços, construir com dinheiros públicos, ganhar os favores do senado e dos imperadores. Todos eram muito populares: Os empresários, os senadores, os imperadores e os “heróis” protagonistas dos espetáculos de circo. Havia circos em todos os territórios sob jurisdição romana, como não poderia deixar de ser. O império divertia-se e comia. O resto era o governo que providenciava através de ordens do senado. Com ou sem o conhecimento prévio do povo, não importava. Hoje as decisões do senado são transmitidas pelas televisões e pela net, e continuam decidindo sem perguntar nada ao povo. Nisto, o hábito, o costume, a prevaricação, continua. Não mudou absolutamente nada.

Mas o que era o Circo Romano?


Eram enormes edifícios - o de Roma comportava 50.000 lugares - destinados á “diversão”, assim se entendendo lutas mortais entre gladiadores de diversas regiões do planeta, assar em fogueiras os condenados pelos juizes, atirar cristãos aos leões para serem dilacerados, batalhas navais entre trirremes numa enorme piscina interna que faziam encher de água. Quando um gladiador perdia a batalha, o vencedor não tinha direito a matá-lo. Era necessária uma interação entre governo e povo, e para isso, perguntava-se se o perdedor deveria ser poupado ou sacrificado. Algumas vezes, para deixar patente o seu poder, mesmo o povo pedindo que o gladiador fosse poupado, o imperador o mandava matar. O vencedor então o executava do modo mais rápido. O sucessor do terrível circo romano foram os encantadores circos dos dias de hoje e que estão em extinção, e as deprimentes e já arcaicas corridas de touros, com morte, em países de origem espanhola que deveriam extingui-se. Há centenas de anos que em Portugal os toureiros estão proibidos de matar o touro. Portugueses e espanhóis são iberos, mas há sensíveis diferenças, umas para bem, outras para mal.
Havia também corridas de bigas, carroças de guerra puxadas por dois cavalos, embora para o efeito houvesse estádios específicos para estas corridas. Faziam-se apostas regulares, muita gente perdeu dinheiro como se pode imaginar. Estas corridas deram origem ao “turfe”, ou corridas de cavalos dos dias de hoje, com público cada vez menor.


Na entrada destas instalações, distribuía-se o pão grátis. Pão, do bom, tanto quanto se quisesse. Ninguém passava fome.

Hoje os governos continuam populares de certa forma, mas já temos dinheiro – alguns, para assistirmos a jogos de futebol, jogados em “arenas”, talvez porque os jogadores são caçados durante os espetáculos, quebram cabeças, sangram por cotoveladas, os árbitros marcam goles e pênaltis que não existiram, interagindo com a multidão, que na saída ou na entrada dos estádios, costumam matarem-se uns aos outros em verdadeiras batalhas de torcidas. E há os shows grátis, constantes, pagos por governos locais ou centrais, para distrair. Parece que “Shows e futebol” seja o termo mais adequado para traduzir para o presente o antigo “pão e circo” do tempo dos romanos, porque já não distribuem pão por ser muito caro. Mas agora temos mais uma entidade satisfeita e feliz com este estado de coisas: a FIFA, como empresária e que mantém as regras, agora leis, que permitem a polêmica, a dúvida, a injustiça, como “molho e condimento” do circo, isto é, das novas “arenas”. Arena, que deriva do romano, era exatamente o nome dado ao recinto coberto de areia para absorver o sangue dos gladiadores feridos, nos circos romanos. O nome “arena” para os novos estádios, é adequadíssimo. Uma volta ao passado.   

Ah!... Ia esquecendo. Quem foi Marcilius Marcianus, o tal e esquecido romano!




Não sei. Simplesmente não sei. Procurei por toda a Net, e nada de Marcilius Marcianus. A única coisa que podemos afirmar é que foi um auriga, isto é, o condutor de bigas, que ficou famoso por suas vitórias no circo romano de Mérida. Teve seus momentos de glória assim como alguns jogadores de futebol e artistas de shows do presente. Deve ter sido muito disputado para vestir as cores de empresários famosos. Hoje os governos, para serem populares, modificam as leis tentando modificar os costumes. Assim, presos, mesmo por assassinato têm salários maiores do que professores, senadores e deputados condenados pela justiça, mas ainda em liberdade são reempossados em seus cargos por um senado independente e soberano sob o qual pesa a condenação de alguns membros terem sido comprados por verbas mensais para dizerem sim e não, conforme os interesses, em votações do senado e das câmaras de deputados.

A fama de Marcilius Marcianus que ficou no esquecimento como se o tempo lavasse a memória, ficou gravada numa placa comemorativa no circo romano de Mérida, parte integrante da Lusitânia romana, que nos tempos modernos poderíamos traduzir por “Brasília romana”! Marcilius Marcianus é um herói desportista tal como os santos antigos... São santos mas já não fazem milagres porque ninguém lembra deles. 


Afinal, o que mudou?


Rui Rodrigues