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terça-feira, 28 de maio de 2013

Rumos da política portuguesa.



A fuga das Galinhas, a fuga da Nação
Rumos da política portuguesa.

Faz parte da vida o não sabermos como acabarão os nossos dias.

Vivemos num planeta bondoso onde a alienação nos permite viver o dia a dia sem a preocupação com o dia de amanhã. É-nos proibido adivinhar o futuro. Dele temos apenas algumas indicações que mesmo assim nos parecem sempre como apenas indicações, mas nenhuma certeza de que correrá nessa direção. Tanto é assim que, apesar de dizermos á boca pequena que a história se repete, nunca acreditamos nisso. Encolhemos os ombros e seguimos em frente. Alguns religiosos rezam ao seu deus, os ateus não precisam disso e o sabem bem: Numa nação de religiosos e ateus, todos são apanhados, quase sempre de surpresa, pelo futuro. Nem perdem tempo com as rezas, mas também não o aproveitam para construir o futuro.

Uma ida aos cafés, a reuniões de amigos, ouvindo pelas ruas, escuta-se muita coisa, como por exemplo:

- O Paulo Portas afinal está a ser igual aos outros. É mais do mesmo...
- E o Isaltino de Morais? Grande ladrão. Como roubou aquele gajo.
- Dizem que o bochechas não era flor que se cheirasse debaixo daquela capa de buldog dos bonzinhos... Parece que até esteve envolvido no caso Camarate...
- Não se consegue viver assim... Sem empregos vamos viver de quê? Este governo não muda nada? Estávamos tão bem e de repente... Zás! Estamos na rua da amargura.
- Olha lá... Mas os ricos continuam bem... Só aumentou o numero de pobres. Há gente com fome.
- E  troika? E a troika?... Eles que mandam e não nos perguntam nada. 
- Hoje eu escrevi umas e boas no facebook com críticas ao governo. Até fundei um grupo contra a corrupção... Como se adiantasse alguma coisa. Ninguém lê... 
- E o que é que o Cavaco está a fazer? Não faz nada. Não pode fazer nada. É uma cara e custosa figura decorativa. Se pelo menos falasse alguma coisa que prestasse..

(E são muitas as reclamações... Não têm fim. Já se reclamava de Salazar, antes dele, depois dele, e logo a seguir ao 25 de abril tudo pareceu ser uma primavera portuguesa. Então, de repente, em 2003 e 2004 vendeu-se ouro do tesouro nacional às toneladas. Disseram que era uma exigência de Bruxelas. Não era. A administração pública não administrava nada, os cabides de emprego não podiam ser despidos, havia compromissos. O melhor seria prorrogar a crise vendendo ouro e mantendo os cabides, os armários, os anéis. Os dedos ficariam para depois)

As perguntas e as afirmativas acima sempre recebem frases conclusivas e paralisantes:

- Sempre foi assim e será. É só mais uma crise.
- Isto logo passa, vais a ver...
- Olha que atrás de mim virá quem de mim bom fará...
- Então? As coisas são mesmo assim. Temos é que estar preparados.
- Olha... Manda quem pode e obedece quem tem juízo...
- E querem o quê? Que se mude tudo da noite para o dia?
- Não adianta!.  Eles não nos escutam e lá sabem o que fazem.
- Nas próximas eleições votem em outros.

(E há outras frases retumbantes, lapidares. A de que nas próximas eleições se vote em outros, é a mais castradora, a mais decepcionante e frustrante de todas: Seja qual for o candidato, ele faz parte de um sistema a que se obriga a acompanhar, apoiar, apadrinhar. É a oposição – quando a há – que aprova as contas da posição, que mais tarde será oposição e terá que aprovar também as contas de sua coadjuvante no governar. Nada muda, eternamente. Só os nomes dos políticos. Nossos avós podem atestar que sempre foi assim).

E passam-se os séculos nisto: Duas ou três revoluções em nossa história e, entra sistema sai sistema, continuamos num galinheiro onde todos fazem as suas necessidades políticas, com umas raposas de guarda e um galo apavoneado que se intitula de presidente do galinheiro mas não canta. O filme “a fuga das galinhas” é impressionante em sua semelhança com o nosso reino democraticamente constitucional. Enquanto isso olhamos para o galinheiro e vemos que nos roubam os ovos todos os santos e os diabólicos dias. A população do galinheiro diminui todos os anos, algumas galinhas e alguns frangos conseguem voar e pular a cerca. Chamam a isso emigrar. Eu chamo de um movimento de diáspora, porque uma empresa anônima, o governo, tomou conta de tudo, subverte a ordem com corrupção, troca uns por outros iguais, e obriga ao abandono da Pátria. Nenhum emigrante sairia se tivesse oportunidade de ficar. Não sai para arranjar emprego e não fica por que não tem emprego.

Com a crise do crescimento populacional, segundo a qual e pelas estatísticas seremos apenas cerca de sete milhões e meio em mais duas décadas, a crise se resolverá. Será um país que não encolheu a ser dividido por uma população 25% menor. Depois as coisas melhoram e alguns emigrados voltam por saudades, não por necessidade. Normalmente voltam bem de vida, com mais instrução e mais dinheiro no bolso, e serão obrigados a ouvir que são “portugueses de segunda”, ou “retornados”... O país é de quem fica, não de quem saiu, o que não nos torna mais patriotas nem mais sociais nem mais humanos. Alguns nem voltam. Querem é esquecer.

Mas para os que ficam, e para que não sejam obrigados no futuro a emigrar é necessário que se façam algumas mudanças.

A Democracia Participativa parece ser a única que pode discutir o sistema sem ser do sistema. Não há salvadores da Pátria dentro de um sistema de Democracia Representativa pelo simples fato de que os representantes não nos representam. Representam quem lhes paga as eleições, grupos de marketing que povoam os palácios.Com a Democracia representativa, seremos vistos sempre em Bruxelas e no mundo como fornecedores de mão de obra qualificada ou não, de trabalhadores assíduos e profícuos (mas isso é da índole e não uma dádiva política), e desperdiçadores de oportunidades em seu próprio país por corrupção generalizada.
Ou voamos ou continuaremos em galinheiro poluído dando os ovos a “pavoneantes e dissimulados governeiros” sem jamais mudarmos alguma coisa. Se pelo contrário tentarmos mudar, talvez possamos adivinhar o futuro de nossas vidas, que poderá ser exatamente como quisermos.  

Rui Rodrigues. 

PS - Podemos começar a mudar da seguinte forma:
Na Democracia Participativa, o governo se constitui dos órgãos que normalmente fazem parte de qualquer governo democrático do mundo. Cada povo poderá escolher qual o modelo que mais lhe convém, com os três poderes: Legislativo, Executivo e o judiciário. O sistema da democracia por voto direto pode ter quantos ministérios forem desejados pelos cidadãos.
Até aqui, valem os modelos democráticos tal como os conhecemos... o que muda?

 1.     Todos os membros são escolhidos por voto participativo dos cidadãos interessados. Poderão eleger através de voto em Bancos 24 horas de Votação e por Internet grátis ou celular evitando-se assim “arranjos políticos” entre partidos ou proteção de qualquer natureza.
 2.     Os votos podem ser retirados (deseleger – desaprovar), o que amplia a cidadania democrática a muito mais do que votar apenas de quatro em quatro anos.
  3.    As leis são propostas ao Senado por qualquer órgão ou cidadão, para que sejam previamente aprovadas ou negadas por voto popular. Se a população achar que algum político ou ocupante de cargo no governo não atende os seus interesses, retira-lhe o voto dado e ele sai imediatamente sem necessidade de impeachment, quando a quantidade de votos que permanecem for inferior ao mínimo necessário para ocupar o cargo.
   4.   Qualquer lei ou ato de governo devem ser submetidos a voto, o que inclui mas não se limita a: declaração de guerra; percentuais de aplicação de verbas publicas em educação, centros de pesquisa, infra estruturas, preservação do ambiente, saúde, segurança pública, transportes;  taxas de impostos,  e tudo o que normalmente se vota nos senados, câmaras, governos estaduais, prefeituras.
 5.    O processo de implantação da Democracia participativa começa com a aprovação popular, via NET, item por item, de uma Constituição que somente poderá ser alterada também por voto popular, impedindo a manipulação de interesses escusos de políticos. 
Cada nação crescerá e se desenvolverá segundo sua capacidade e vontade popular de progredir, segundo o que acha mais importante.

Ver mais detalhadamente em:

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