A
Ordem é uma estrada e por ela vai um Bando...
... Entre
uma praia maravilhosa que se abre para mar bravio e indomável, e uma pradaria
suave e florida que se abre para densa floresta hostil. Não é muito larga. Pelo
contrário, só nos permite uma limitada liberdade, e por vezes é tão estreita
que se transforma numa linha onde somente passa a moral e a justiça.
Durante
doze mil anos religiosos se revezaram no comando da gerência da moralidade, da
justiça, da ordem, no sentido de tornar este mundo melhor a cada dia. Milhões,
bilhões, trilhões de famílias educaram seus filhos ensinando-lhes os bons
caminhos: Os do progresso, da Ordem, da fé, da bondade, do amor... Mas em algum
momento entre o nascer e o tomar ciência plena do mundo em que vivemos, muitos
de nós tomam um rumo de contestação como parte fundamental e necessária da
evolução, porém, se uns exageram em impor uma ordem modificada em tempo que não
é compreensível para a humanidade, outros contestam a própria ordem e desandam
para aquilo a que chamamos crime, perversão, os males do mundo. Porém, há que
ter em conta que a ordem, que inclui a moral, é independente do olhar do
observador. A moral não depende da visão de um contestador do lado do crime,
nem da visão de um contestador do lado do progresso. Ela é a estrada
perfeitamente identificada quer por quem venha do lado do mar, quer por quem
venha do lado da floresta. Mesmo até por quem venha dos céus, ou aflore dos
subterrâneos do mundo. Há uma consciência latente na humanidade e em cada uma
de suas células: O homem e a mulher. Homens e mulheres somente são diferentes
pela genitália. De resto, fígado não tem sexo, coração não tem sexo, rins não
têm sexo, cérebro e neurônios não tem sexo. Por isso não se pode atribuir os
males do mundo, ou os bens do mundo aos homens ou ás mulheres exclusivamente.
Nem aos que exibem uma cor de pele, uma bandeira de nacionalidade, uma opção
sexual. Parece que ainda não compreendemos que somos partes de um todo que deve
continuar vivo, ocupando um lugar perfeitamente definido neste mundo
aparentemente sem grandes demonstrações de inteligência. Para continuarmos
vivos, temos que ser muito e muito mais inteligentes do que temos demonstrado
ser até aqui, após esse longo caminho de 12.000 anos como civilização.
Assim,
para andarmos sempre na estrada, ou como diziam antigamente nossos ancestrais,
no caminho da retidão, os costumes podem e devem ser alterados para dar
liberdade à evolução, mas não devem subverter a ordem, como por exemplo, dar o
crime como legal e encarcerar a legalidade. Um assassino tem seus próprios motivos
pára assassinar, mas ver um destes no governo de uma nação seria um caminho
aberto para a desordem, um abandono da estrada para cairmos na floresta ou nos
afogarmos no mar. Estrada é estrada, não é nem floresta nem mar bravio. Um
assassino ou um ladrão no governo que usasse o convencimento popular através de
“diálogos” sendo o povo ignorante por relapso de outros governantes, pode usar
tanto as verdades quanto as mentiras, alegando que os meios servem aos fins. No
entanto, se um individuo dessa laia faz o diabo para se eleger, podemos
imaginar com quantos diabos fará um inferno para não largar o poder. E foi
assim que em terra de papagaios, de Santa Cruz, alguns indivíduos falando entre
si, resolveram oferecer verbas públicas a terceiros que não por acaso também
eram políticos para que votassem de acordo com suas diretrizes em certos
assuntos a serem votados no Senado e nas câmaras federais. Denunciados por um
deles, foram denunciados ao Ministério Público, investigados, julgados. Já na
época do julgamento se verificou que os ministros tinham sido indicados por
alguém muito poderoso que fazia parte de um dos partidos a que pertenciam
alguns dos julgados. Um deles tinha sido até presidente desse partido. Parece a
qualquer mortal, mesmo dos mais idiotas, que se trata de uma formação de
quadrilha. Eles foram presos mas com penas suaves, ou pelo menos apropriadas
pelo Supremo tribunal, mas já se notou que havia política misturada com
justiça. Alguns dos ministros disseram que não tinha havido formação de
quadrilha. Apareceu então uma nova figura na jurisdição: Os embargos
infringentes: Uma forma de questionar o julgamento dos ministros. E neste
interim novos ministros são adicionados ao Supremo, indicados pelo mesmo
partido do poderoso da nação, aproveitando que outros tinham atingido a idade
de aposentadoria. E ao julgar os embargos infringentes, foi aprovada moção
segundo a qual os réus já presos e condenados com penas definidas – e suaves –
o Supremo tribunal federal resolveu que não houve formação de quadrilha. Definitivamente
a justiça brasileira saiu da estrada da Ordem, e avançou para mar aberto. Se
fosse para a floresta, seria comida pelas feras. Prefere afogar-se no mar
bravio que não é de água. Este mar é de lama. Porque a partir de agora, e com
todo o “direito”, quadrilhas de bandidos não serão quadrilhas mesmo atuando em
conjunto e de forma mancomunada.
Que lei e
em qual país, a justiça é realmente justa, se os ministros são indicados por
governos e cada governo tem os seus ministros? Que justiça é realmente ilibada
neste mundo, se nem os governos são justos? É claro que esta característica não
tira os governos nem os seus ministros nem sua justiça da estrada da Ordem,
porque no geral, costumam percorrer a estrada da Ordem que dá estabilidade à
nação, confiança aos cidadãos. Andam nesses casos pelo acostamento da estrada
da Ordem e embora abalada a população segue seu caminho verso ao futuro com
Ordem e Progresso. Porém, quando quadrilhas deixam de serem quadrilhas numa
canetada com assinatura de um poderoso e seus ministros, fazendo o diabo, então
não há retorno para esta situação, porque até o mais imbecil deste Brasil
consegue entender que não se fez justiça, mas sim política. Política suja. E
certamente para proteger o chefe do bando.
Quadrilha,
bando, é tudo a mesma coisa e posto que não seja quadrilha, que seja bando
então... Eles foram condenados por “formação de bando”, se o assunto é o “politicamente
correto”. O perfil do senhor Barroso é avesso ao uso da palavra “quadrilha” e
certamente ele não é veado. Mãe só há uma e muitas vezes ela se engana e engana
o pai por amor ao filho. E decididamente, quando a política se intromete na lei
e na economia, a estrada desaparece, transforma-se numa trilha onde os transeuntes
são assaltados por meliantes provindos da floresta, imprensados que ficam entre
o mal e a lama: Ou se unem aos meliantes ou chafurdam na lama, mas já sabemos pelo resultado que temos agora duas quadrilhas, ou como prefere o ministro, dois bandos. Ele pertence a um deles e já conhecia o outro de longa data.
® Rui
Rodrigues