No palácio a maior correria. Como desviar dinheiro para a
Petrobrás, economizar 60 bilhões, voltar a desenvolver o Brasil, tantos
problemas...
A primeira coisa a cortar foram os problemas. A palaciana
foi para a TV de olhos esbugalhados, radiante como quem tivesse descoberto que
a Terra era redonda. Disse que a economia na sua máquina de governo não seria
tão grande que fosse enorme, nem tão pequena que chegasse a ser minúscula, o
que todo mundo entendeu que seria uma grande cagada.
Depois, já que estavam contra ela e não votavam o pacote de
maldades que ela mandou para aprovarem, tomou as suas medidas.
Cortou na saúde, na segurança, nos investimentos, na
educação, nos transportes, e tirou do panelão das bruxas, fervendo, um acordo
com a China, num negócio da China para os chineses. Tirou fotos com os dossiês
do contrato, um duma cor e outro de outra. Claro que depois das câmaras de TV terem sido desligadas os dossiês foram
discretamente trocados, porque as cores estavam trocadas e era para ser ao
contrário, assim como o dentifrício que depois de sair da pasta do tubo não entra mais .
Mas a palaciana é também palhaciana e precisa de muita grana
não se sabe nem para quê, porque suas contas são cercadas de sigilos. Antigamente
havia restrições para cheques passados em branco. Agora, com ela, esse problema
acabou. Dão-lhe dinheiro a rodos e ela lhes devolve uma parte. É dando que se
recebe, já dizia o mestre Collor, o espichado impichado.
Assim, feitas as contas, o dinheiro da China não entra, mas
entra uma entrada no balanço que diz que entrou, e o dinheiro vem de outro
lugar. Como não vem da China, para pagar, entra nas contas do déficit externo
que o povo paga. O povo paga tudo. Mas de onde virá o dinheiro? O jogo da
Megasena já passou de dois reais para três reais e meio. Não é porque os custos
tenham aumentado nem para aumentar o prêmio. É para cobrir rombos e tapar buracos que não são de estradas. É para dar sobra numa contabilidade
semelhante aquela que esburacou os balanços da Petrobrás. E jogando com o Banco
do Brasil, o BNDES, a Eletrobrás, a Petrobrás e todos os “Brás” e Ministérios e
outras fontes, que o dinheiro que sai, sai, mas não sai, entra uma parte,
desvia, e no balanço geral da nação se gastou todo o dinheiro público em nada
que não se vê, e ainda aumenta a dívida interna e a externa. JEZUIZ... MILAGRE !!!!
Complicado?
Complicado é o brasileiro pagar. Os que morrem não reclamam
nunca. Os desempregados vão competir com os Haitianos, africanos, sul
americanos no desemprego. Choraremos juntos. O que não falta é desemprego e as novas luxuosas
instalações do palácio do planalto são uma migalha, um pum, no bafo de dragão
que se aspira e respira nesta terra á beira mar encalhada. As empresas oferecem desempregos.
Ah... Mas nas próximas eleições não vai faltar dinheiro para
comprar votos, propaganda, senadores, deputados, vereadores, com muitas verbas
distribuídas para empresas que ficam com uma parte, devolvem a outra e não
fazem nada.Até a Petrobrás oferecerá dividendos aos seus acionistas, e,quem sabe, José Dirceu receberá uma parte em assessorias. Ele sabe onde estão os petrodólares.
E ninguém – dos que julgamos importantes – se incomoda. São
todos cegos, surdos e mudos. Ou se fazem de mortos, ou são tão vivos, tão mais
vivos que os viventes, que se julgam anjos, santos, deuses do Olimpio. Sentados à direita de Deus, tirando o lugar de JEZUIZ...MILAGRE!... Cadé o Suassuna?
Mas não temos problemas... Estamos morrendo às facadas, com
balas perdidas, e mortos não reclamam.
Nem se mexem. Vamos nos distraindo, exercendo toda a nossa
democracia aos trancos, barrancos e panelaços. Riam... Dizem...E os palhaços
riem... Sentem... E os palhaços sentam... Somos realmente muito democráticos.
Ou será que somos é outra coisa?
® Rui Rodrigues