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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um conto “fiquitiço” de 13 anos de solidão.


Ou... De lembranças sujas do colégio.

(Nota: Contado por um casal no Bar do Chopp Grátis, num dia em que a seleção do Brasil perdeu para a Alemanha por 7x1 e se ouviram as mesmas vaias que se vinham repetindo amiúde nas ruas e nos estádios e que agora foram substituídas por tremendos panelaços. Este texto é um resumo)



Vandita não era bonita na verdadeira acepção da palavra, mas não era feia. Tinha um leve buço, é verdade, coisa herdada de sua família originária da Macedônia, e um rosto meio para o grandalhão que acompanhava as proporções do resto do corpo. Sabia perfeitamente que quando a convidavam para festas no colégio, o faziam para que as outras meninas pudessem ter com quem comparar a sua beleza. Elas eram mais disputadas pelo universo masculino. Ela compensava isso com a sua fé nos caminhos que traçara para o futuro. Teria seu futuro independentemente da beleza. Não queria seria notada pelos homens. Queria notar os homens e escolher os que desejasse. Não nascera para dona de casa. Também não nascera para ser doutora ou prêmio Nobel. Para ela, havia muitos modos de ser feliz, e a falta de instrução, educação, podia ser compensada com algo que lhe desse mais independência e lhe permitisse sobrepor-se a essa classe média instruída, esnobe, segura nos passos e no olhar altivo, com cara de quem sabe tudo. Ela sabia que eles sabiam quase tudo, mas sobreviveria bem mesmo sem saber nada. Seus pais comunistas vieram para o Brasil onde fizeram modesta fortuna. Falavam maravilhas do comunismo, mas gostavam de ter dinheiro. Ela achava que dinheiro não era necessário ganhar: Bastava que os outros o compartissem com ela, pouco ou muito, de acordo com a sua camaradagem. Tinha certeza que havia sempre gente com bom coração neste mundo, disposta a dividir e muitos mais idiotas que queriam mostrar seu bom coração, muitas vezes por um falso orgulho de mostrar que podem ajudar estando, portanto, por cima como a nata no leite. Pelo menos naquela oportunidade. Com muito jeito se poderia conseguir tudo: Documentos falsos, diplomas falsos, para ter o que todos à sua volta tinham, mas, tal como os cleptomaníacos, o teria fazendo esforço, sim, mas sem os procedimentos longos, cansativos, como por exemplo estudar, trabalhar. Mesmo no trabalho, os outros trabalhariam para ela. E foi assim que foi fazendo amizades onde poderia encontrar o que tanto buscava: A árvore da vida, que, em se abanando com força, tudo que se queira cai: Marido, amante, dinheiro, aventura. Adorava aventuras, fazer o papel de “intrusa vencedora”, a “coração valente feminina”. E completamente sem escrúpulos. De modo geral sua vida se baseava em alguns princípios fundamentais, tais como ser independente, diferente, ter sempre razão por desistência de opositores da arena de discussões, nunca levar adiante discussões em que perderia fatalmente, não dar importância a discussões perdidas, fingir-se de morta para depois dar o troco, fazer com prazer o que os outros detestam: Aborto, fumar maconha, mandar – interiormente - os padres pra puta que os pariu, mas beijar-lhes a mão se fosse conveniente. Podia facilmente tornar-se um capacho de alguma outra pessoa se vislumbrasse que depois poderia tirar partido dessa situação. Representava na vida como ator de famosa peça de teatro. E copiou de alguns filmes a que tinha assistido aquele olhar superior que transforma um inútil num prêmio Nobel, técnica apreendida da juventude de então com a qual convivia na alta sociedade brasileira no tempo do uísque com guaraná. Deve ter sido na Universidade Cândido Mendes que a polícia do Estado, em pleno regime militar, fez um corredor polonês na saída de estudantes “revolucionários” que protestavam contra a censura e a liberdade. Queriam democracia. Algumas estudantes tiveram o fígado rompido, algumas perderam a virgindade, muitos machucados, é o que diziam e foi o que ela disse a todos sem sequer ter estado lá. Não há uma única foto dela mostrando que tenha participado em algo contra o regime militar nessas manifestações corriqueiras de rua, universidades, instituições, mas, no entanto, a todos disse que participara. Uma coisa era certa. A aulas ela não ia. Pensavam alternativamente que estaria participando de reuniões, em grupos de “baderna”, ou no trabalho para sobreviver. Ela realmente não tinha queda pelos estudos. Eram completamente desnecessários, e os diplomas apenas serviam para dar “status” para engravatados “black-tie”. Ganhou fama nesse meio e um dia foi abordada para fazer parte de um movimento revolucionário. Era uma aventura que a poderia levar muito longe se a célula do movimento a que se afiliara fizesse um bom trabalho e o movimento assumisse o poder. Aquele povo pobre, campestre ou trabalhador das cidades, bucólico e sem instrução, se bem dirigido poderia formar um exército. Quem sabe, até países do leste europeu pudessem ajudar no movimento. Cuba certamente. Mais tarde se regozijaria de ver como entrava dinheiro desses países para ajudarem na causa. Uma boa parte era gasta em diversão pelo grupo. Vandita faria qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo, para viver sem ter que ir todo dia para o escritório, preparar almoço para o marido, costurar um par de meias. Seu corpo se bem arrumado, tanto poderia parecer o de uma mulher bem apessoada ou de um guerrilheiro feroz. Era uma aventura viver num completo disfarce, saber que os outros pensavam que ela era uma coisa e era na realidade o oposto completo . Disfarçar-se, passar desapercebida, ser perseguida por todas as forças militares e mesmo assim se dar ao luxo de ir tomar uma cerveja no Amarelinho, em pleno centro da cidade, dirigindo uma moto. Era tarada por motos. O que a deixava mais feliz era quando algum rapaz da classe média a convidava para sair no carro dele, crente que no meio do passeio transaria com ela. Naquele tempo não havia motéis. Só havia um prédio meio moderno ali na Barra da Tijuca que alugava quartos para transar. Ficava no final da ponte no sentido de quem ia pela Niemeyer, mas não havia ponte por aquela época. A viagem até a Barra da Tijuca se fazia pelo Alto da Boavista. Vandita fazia-se de menina difícil, mas aos poucos ia permitindo uma mão aqui, outra lá, mas não em seus órgãos genitais a princípio. Então de repente, permitia, mas interrompia-lhe os movimentos. O desejo do rapaz aumentava até quase a loucura. Fazia-o sentir que a qualquer momento transariam, mas enquanto ele fechava os olhos quando a beijava, enternecido, amoroso, entregando-se ao desejo, ela os mantinha abertos, com um leve sorriso no rosto. Para ele, o sorriso dela era de picardia, de conivência, de condescendência e companheirismo, mas ela sabia que não. O que ela sentia era um prazer antecipado pela frustração que o rapaz sentiria um pouco mais tarde, ao final do passeio. Durante o jantar num restaurante que havia no começo da subida para o Alto da Boavista, do outro lado da rua onde havia uma capela, falavam de muita coisa relacionada com música, cantores, festivais da canção, movimentos estudantis nas ruas de Paris, Jean Paul Sartre, cujos livros ela jamais lera. Nem do Neruda. Nunca lera ou leria algum livro. Para ela os livros eram uma babaquice melosa, fosse qual fosse o conteúdo, totalmente incompreensível para ela. Nesses momentos, quando ela percebia que o rapaz tinha simpatia pela esquerda, até poderia transar como transou algumas vezes. Porém, se ele se mostrasse de direita, ela prosseguia em seu plano de se divertir e finalmente gozar com a cara dele. Esse rapaz conseguiu que ela fosse até a porta do prédio de três andares na Barra que alugava quartos. Ficaram no carro uns instantes se beijando, acariciando-se. No fundo o rapaz em si não lhe interessava, mas ela estava a fim de ir o mais longe que pudesse sem se entregar. Seu prazer maior seria não se entregar para o mauricinho, ou Teddy Boy como se chamava na época aos mauricinhos. Acariciou e chupou-lhe o membro, parando antes que ele gozasse. O rapaz convidou-a então para saírem do carro e subirem para um quarto. Ela disse que não, que não podia porque já era tarde, se tinha perdido no tempo e teria que voltar antes que seu pai, com quem ela vivia e que trabalhava de noite, chegasse em casa. Ele entrou em delírio. Tentou convencê-la a subir. Então, ela sacou de uma 9mm, encostou-a na cabeça dele e disse-lhe que a levasse até o mais próximo ponto de ônibus. Antes de chegarem ao ponto, ela baixou a arma e encostou o cano nas costelas dele. Já no ponto ainda vazio àquela hora da madrugada, ordenou que ele saísse do carro e abalou a toda a velocidade no caminho de volta. Havia um sorriso de pura felicidade quando ela chegou à célula terrorista. Ninguém lhe perguntou onde andara, o que fizera, nem ela contou. O seu prazer, o seu poder, eram coisas absolutamente pessoais, segredos íntimos. Era dessas mulheres das quais ninguém sabe a vida que realmente leva. Ri para dentro, normalmente em banheiros, ou em quartos onde esteja sozinha. É capaz de aguardar o final do dia até que finalmente possa rever os acontecimentos e dar sonoras gargalhadas. Os sorrisos e risos que dava, para quem compartilhava sua vida, eram repetições de lembranças antigas de seus tempos de criancinha. Agora, já mais madura não havia qualquer traço emotivo em sua expressão corporal, embora pudesse haver indícios. Aprendera a representar. Seu ídolo era Che Guevara. Fez uns dois ou três abortos por transar apenas pela vontade de transar, porque nesses momentos nunca estava prevenida com preservativos. Achava que ao natural era muito melhor, pele com pele, sentir o jorro penetrar-lhe as entranhas e depois lhe escorrer pelas pernas. Era como se também tivesse gozado. Um dia, depois de transar com um companheiro com quem costumava fazer sexo para se distrair, limpou apenas as pernas e saiu de moto pela noite. Largou-a na Praça Saens Peña na Tijuca e esperou no meio fio. Apareceu um Teddy Boy que a convidou para entrar no carro. Ela entrou e disse que queria dar uma rapidinha antes que seu noivo chegasse. Foram para uma rua ali perto, escura, um beco, e disse-lhe que queria que ele a chupasse. Na esperança de prêmio maior, o Teddy Boy deu-lhe todo o prazer que imaginava estar lhe dando e mais um adicional que ele não sabia, mas ela sim: Indiretamente ele estava chupando o gozo de um camarada de esquerda da célula onde ela se escondia. Então lhe disse que tinham demorado muito, seu namorado era muito desconfiado, perigoso, e que ficava para outro dia. Deu-lhe um telefone falso que o rapaz anotou com toda a esperança. Ela cheirava bem, era macia. Assaltou Bancos, fez seqüestros, mas nunca entrou na guerrilha do Araguaia. Dizem que sim, mas só fez algumas visitas para ficar a par dos acontecimentos, do que se passava por lá. Sabia manejar armas, deu alguns tiros, mas nunca matou ninguém nem feriu. Sua vida era uma negação. Nunca conseguiu atingir qualquer objetivo por si mesma, no que dependesse dela. Sua vida sempre fora de “faz de conta” em tudo. Vivia de aparências. No colégio alegava que trabalhava para viver e que por isso tinha que faltar às aulas. Colegas de escola - se casou com um deles mais por gratidão do que por qualquer outra coisa - davam-lhe cola, faziam-lhe as provas. Um ou dois apenas sabiam que ela pertencia a uma célula terrorista. Quando a filha nasceu arrependeu-se, mas era tarde. Tinha casado, e teve que dizer para o marido que seu filho nascera de sete meses. Não era dele. Com o fim do regime militar, a esquerda assumiu o poder. Convidaram-na para ser secretária em um ministério. Por total falta de capacidade por falta de estudos, os companheiros arranjaram-lhe um diploma de filosofia em Matemática. Não tinha a mínima idéia de como se resolvem equações matemáticas e nunca soube como usar uma régua de cálculo, mas mesmo para o simples posto de secretária lhe arranjaram uma auxiliar que fazia todo o trabalho. Um dia, um chefão influente, com uma filosofia de vida muito similar, que levara toda a sua vida apenas falando, fazendo palanques, passou pela repartição e convidou-a para jantar. Não foi apenas um jantar nem apenas uma vez que saíram, mas em um par de semanas ela já tinha sido nomeada e aprovada como... Ah... Esta estória é apenas sobre lembranças de colégio. Já deveria ter parado uns dois parágrafos atrás. Sinto muito!

Mas porquê 13 anos de solidão? (Detesto quando faço uma pergunta para que eu mesmo responda, porque podem pensar que o faço pra mostrar erudição que não tenho...). Sim... Porquê? Pelo simples fato de ter sido durante 13 anos, de militância nas células do terror que se habituou a não amar, a não ter amigos, a viver só, mesmo acompanhada de um mar de companheiros. 

Fim da estória fiquitiça.


® Rui Rodrigues.   

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A crise do “Oh”!



1.   Um Oh há 2.200 anos.

Já imaginaram a sensação de um grego dizer em praça pública: Eureka... Eureka... Eureka... Descobri que um corpo sólido jogado numa banheira transbordante transvaza uma quantidade de água exatamente igual ao seu volume. Isto dito assim de repente lá em Siracusa, há 2.200 anos atrás, no meio da rua, deve ter provocado gritos de “cruz, credo”, ou o raio que o valha, porque ninguém tinha pensado nisso nem sabia para que servia. Mas o que mais se ouviu foi “Oh!” bem exclamativo, mas no fundo com a mesma intenção de “cruz credo” e o significado interrogativo de “ Para que serve isso?”.Houve quem dissesse: - Olha... É o maluquinho do Arquimedes! E nem ganhou nenhum prêmio Nobel. Pergunte numa roda de quadradinho de oito se alguém sabe quem foi Arquimedes e o que descobriu. Mas sabem que podem mudar os seios e a bunda com implante de silicone, e que há produtos para deixar os músculos tão arretados que o mulherio vai chover mais que na horta do Venceslau, que também ninguém sabe quem é e até mora nas redondezas. Se alguém disser “Eu sei”, passa por ser alguém “que se acha” e quer aparecer no meio como sabichão. Nunca mais fará amigos no meio.

Mas mais “Oh”, foram aparecendo desde então. Não muitos, é verdade, mas foram aparecendo de vez em quando.

2.   Um Oh bem molhado há 700 anos.

Diziam que a Terra era redonda. Diziam. A maioria pelas ruas comentava:
- Ouvi dizer que a Terra é redonda, mas ninguém ainda provou... Só quero ver! Não vão provar nunca!
-Quem disse?
- Um tal de Nicolau Copérnico, dizem uns, Galileu Galilei, outros, Giordano Bruno outros ainda, mas os padres já os mandaram calar. São hereges!
(E note-se que ainda hoje há quem diga que nunca pisamos na Lua...).
Então, um belo dia veio a notícia para dirimir todas e quaisquer dúvidas. Outro maluco, este português, saiu com umas caravelas penduradas ao pescoço e deu a volta à Terra. Infelizmente morreu no caminho e foi um tal de Sebastião Del Cano que acabou chegando ao mesmo ponto de partida.
Pelas ruas, praças e campos do mundo, muita gente se benzeu e disse:
- E então as tartarugas que sustentam a terra pra onde foram? Não as encontraram? Vão ver... Comeram-nas para não morrerem de fome... Uma viagem tão longa assim... Mas muitos disseram: Oh!... Com a boca bem aberta. Mas no fundo todos penaram: Tá... E daí? A Terra é redonda, mas para que serve isso? E não faltou quem julgasse:
- A Terra sempre foi uma placa grossa sustentada por tartarugas. Se ficou redonda foi só agora. Amanhã as tartarugas voltam a sustentá-la. São uns hereges!

E começaram a aparecer uma porção de Oh, nos anos seguintes. Estava-se na Renascença e a ciência tinha pressa, e mesmo sendo hereges, foram sendo aceitos pelos padres. Alguns padres se transformaram em cientistas.

3.   Um Oh de 70 anos atrás.


Já há muitos séculos se dizia que a matéria, essa coisa dura onde pisamos, que trabalhamos para fazer objetos, desfeita à marretada iría chegar a um ponto que seria apenas pó. A partir daí não se poderia dividir mais. Era um átomo puro. Se fosse pó de vidro a menor partícula era um átomo de vidro, se fosse de sabão era um átomo de sabão... Quem disse isso foi um sujeito inteligentíssimo chamado Demócrito, mas ele não podia saber ainda que mais tarde descobririam uma nova ciência chamada Química. Isso que ele descobrira era apenas um grupo de moléculas de sabão, vidro ou de qualquer outro material, composto de vários átomos diferentes. Também disseram que ele era louquinho de atar. Nem lhe deram bola, ninguém fez “Oh”. Morreu sem a glória de um “oh”.

No entanto, aquela sementinha do tal do “átomo” começou a fazer sentido para muita gente, e Rutherford e Bhor conseguiram deixar todos os alquimistas na rua da amargura ao descobrirem as propriedades dos átomos, e isolar uma porção deles. A Química moderna começava a dar os primeiros passos, a perfumaria francesa a prosperar. Antes deles, o que a cerveja, o vinho e o Whisky continham era “espírito” porque deixavam nosso espírito mais alegre. A partir deles o que continha mesmo era álcool puro diluído. Então apareceu a cachaça. Mas Albert Einstein foi ainda mais longe. Muito longe. Descobriu que o átomo é energia pura, concentrada, unida por forças tão fortes que é impossível separar suas partes - os prótons nêutrons e elétrons - sem uso de forças imensas, incapazes de serem produzidas em laboratórios, oficinas, fábricas. Para separar esses átomos é necessário usar materiais que só por si já emitem partículas naturalmente, os materiais radioativos como o Urânio e o Plutônio.
Muitos se perguntaram para que serviria isso...

E um ‘Oh” dilacerante, como um urro de fera ferida, se escutou pelo mundo inteiro quando duas bombas nucleares foram detonadas no Japão há quase exatos 70 anos. Seria estupidez nossa estabelecer uma comissão da verdade para julgar os que mandaram os primeiros cientistas para uma fogueira por apenas falarem verdades que soaram como bombas, ou cientistas que fabricaram as bombas atômicas, ou até pelos que as lançaram.



A partir daí todos os dias temos novidades de nos fazerem dizer “Oh” e batermos palmas, mas estamos meio insensíveis para isso de tão habituados que estamos. Quem poderia imaginar que já se pode implantar uma cabeça no tronco de pessoa diferente, ou até da mesma, se a pessoa for degolada, que estamos quase prontos para irmos a Marte, que as doenças que atazanaram a vida da humanidade estão quase todas extintas, e que ainda não conseguimos decidir a questão do aborto, o uso de maconha, a eliminação das gangues das drogas, os roubos na administração pública, qual dos deuses é realmente o único neste planeta?



Estamos deveras insensíveis, e continuamos fazendo as mesmas perguntas. Oh, muitos Oh e palmas só para platéias educadas em programas de TV para dizerem que estão agradando, e mesmo assim em programas de calouros, ou de apresentadores de programas, os ídolos da sociedade amorfa e anônima. Somos uma Pátria Educadora de quê?

Mas no fundo há sempre um prazer oculto em todos nós que nos redime das amarguras... A certeza que passamos a perna nos marcianos. Vamos chegar na terra deles antes deles terem chegado aqui...

® Rui Rodrigues

  

terça-feira, 9 de junho de 2015

Crônica sobre o cinismo.



(No Bar do Chopp Grátis conta-se de tudo que acontece nesta vida, e mais virgula menos ponto e vírgula, se repassam as histórias entre uma bebida e outra. É pura diversão, mas muitas vezes se acaba vendo a vida como ela é. Pelo menos para alguns. Se é verdade ou não, teria que perguntar a quem contou, e quem contou nem sempre aparece e na maioria das vezes nem se sabe mais quem foi. A clientela é muito grande. Ah... As fotos! As fotos só servem para ilustração.)

Só se detesta gordura em pessoas irritantes, mas por outros motivos que não a gordura. A gordura só é pejorativa em pessoas irritantes, assim como magreza também o é, e até a forma como se fala, se veste, ou se conversa ou discute. Há pessoas irritantes. Algumas conseguem ser sempre irritantes só no olhar. Nem perfume francês salva.

A gorda do 609 morreu. Tinha sido cínica e dissimulada em toda a sua mais ou menos longa, mais ou menos curta vida.

Ela podia ter morado no 111, no 117, mas até os dígitos do numero do apartamento dela eram gordos. A vida toda tinha sido uma ode à gordura sem ser aquela que é doença. A dela era de gula mesmo. Digna de comparar com Wilza Carla em Saramandaia, e se fosse magra seria um palito dos quadrados.Suas feijoadas tinham que ser feitas com bastante banha de porco, ter consideráveis nacos de presunto com pouca carne e muita gordura, tudo na comida era gordurosa. Tinha três cachorros, todos gordos, o marido era gordo e banana, segundo ela que afirmava, sempre que tinha oportunidade, que ele concordava com tudo. Um dia quando o marido discutia com um sujeito, coisa rara por ser relativamente educado, gritou-lhe a gorda, com a boca gorda, cuspindo gafanhotos gordos: - Enfia-lhe a porrada!


De vez em quando fumava e não era tabaco. Debaixo da gordura havia músculos como aqueles dos lutadores japoneses de sumô. Nunca a vi de sunga, mas quando levava restos da feijoada para os vizinhos já lhe tinha cuspido no prato, misturado, e dado para os cachorros lamberem. Aquilo era uma tribufú gorda, nojenta, aquadradada, uma caveira, que só prestava para uma coisa: Correr atrás de meios, e conseguir - fosse como fosse - obter o que precisava ou nem precisava mas queria. Assim, mesmo trabalhando nos mais inferiores escalões do ministério da educação, já conseguiu ir a São Francisco, Miami, andar pelos “Estates”. Das que comprava granja e punha no nome do irmão, casa no nome do marido. Mas isso só foi possível depois que o PT assumiu o governo. Morava em zona nobre do Rio. Quando foi passar uma semana numa dessas estâncias de férias, notou que a porta de uma casa ao lado estava aberta e o dono tinha saído. Esquecera de fechar a porta. Não se fez de rogada e telefonou para uns amigos. Cobrou uma módica quantia de cada um e avisou que tinha uma casa para alugar. Quando o vizinho chegou teve que botar para fora da casa o amontoado de colchões de ar que lhe enchiam a sala e os quartos junto com os falsos hóspedes dos quais não tinha recebido nem centavo nem sequer conhecia.  


No entanto, e nem é de pasmar, era de uma simpatia a toda a prova, e de lágrima e sorrisos fáceis. Coisa até de casal de cinema. Enganaria até o santo Papa, cuja santidade se discute atualmente. Pessoas do trambique são sempre muito simpáticas. Fazia de conta que o marido não olhava para as outras. Precisava dele para ficar mais gorda de bolsa. Se tudo ficasse no nome dela, iam desconfiar, e o Imposto de Renda agora cruza informações.

No velório, lá estava a gorda imóvel em opíparo e luxuoso caixão, rodeada de flores. Só aparecia o rosto que nada se parecia com uma, embora não se pudesse dizer que fosse horrível. Os cachorros não foram ao velório. Aliás, já tinham sido entregues à disposição de um canil especializado em doações. Só ela buscava nos canídeos a consolação para o mundo vazio de sentimentos em que vivia, entre uma tragada e outra que não era de tabaco. Só nessas horas o marido entoldado pela fumaça se atrevia a fechar os olhos, na escuridão, e a comer o que a terra agora iría comer também.


Na saída do velório o marido parou para falar com um vizinho de quem ela não gostava, mas que ele sabia ser um cara legal. Fora pra esse mesmo que ela tinha dito um dia: - Enfia-lhe a porrada, além de lhe ter invadido a casa e lhe colocado um degrau á porta por obra que fez para colocar um cano. Obra ilegal porque a calçada não lhe pertencia. Dizia-lhe esse vizinho:

- E então...Morreu né? São coisas da vida. Lá se foi... Ela nunca soube que aquele cachorro dela morreu dentro do porta-mala. Soube?
-Não, cara... Tá maluco? Se ela soubesse me matava. Foi melhor ter dito que morreu todo suado por causa de uma cobra que o mordeu. Ela nunca soube disso.
- E os outros, os novos?
- Já doei para uma instituição de caridade. Ninguém gostava deles. Muito barulhentos, agitados, cagavam em tudo que era lugar e eu que tinha que limpar com o papel higiênico. Andava sempre com um rolo.
- Ela era religiosa?
- Não... Só fazia despachos para se livrar de “mau olhado”.
-Mas vocês andavam recebendo um pessoal da Igreja Evangélica...
- É... Ela se uniu àquele pessoal da igreja para receber em dobro. Queria ser pastora.
- Você sabe... Quando soube da morte dela me deu uma vontade de chorar, que o amigo nem imagina...Mas disse para mim mesmo: Esta vida tem que ser de alegrias, e comecei a rir. Veja que nem estou chorando agora. Ela deve estar bem entregue por tudo de bem que fez em sua vida.
- Lá em casa todo mundo a suportava bem. Não era uma coisa assim de renegar, e cozinhava muito bem.
- E daquela vez que você bateu com o carro quando estava de porre e deu polícia?


- Nos livramos bem. Imagine que ela me arrumou uma identidade falsa de alta patente da polícia. Usávamos para dar carteiradas. Não é que a própria polícia acreditou que eu era um superior deles? Tenho cara, não tenho? Foram uns amigos policiais que conseguiram.  Tenho outras carteiras, mas agora vou jogar tudo fora. Estou ficando velho e careca, e a polícia não acredita na velha guarda.
- E as propriedades?
- Estamos vendendo tudo. As crianças estão independentes, e ela conseguiu-me aposentadoria no INSS onde ela tem grandes amigos. Aposentadoria bem gorda por sinal. Manter propriedades sai muito caro por causa dos impostos.
- Mas me diga...Como ela morreu?
- Bem... Ela sofria de pressão altíssima e de diabetes. De vez em quando pegava o carro e tinha que levá-la ao hospital. Da ultima vez que a levei, havia uma confusão na rua e uma das balas perdidas encontrou a bichinha. Foi um cara com quem ela tinha feito um trato e que nem pudemos denunciar. Coitada dela. Morreu ali mesmo, pedindo-me um ultimo beijo que nem dei para que ela não sufocasse.
- Vai viver sozinho agora que ela se foi?
- Que nada... Nunca deixei a regra três. Meus filhos sabem. Já está preparando as malas.
- É gordinha também?
- Que nada...Magra como um palito. O defeito desta é que gasta muito, mas para mim quem paga é o governo, graças à defunta e suas amizades. Tá tudo em casa. 


Mas a defunta tinha garganta e alma profundas. O que era dela, honesto ou não, só a fórceps lhe seria tirado. Nem que tivesse que chorar copiosamente no céu, ao lado de Jesus, lavando-lhe os pés com seus cabelos gordurentos.
Por isso que o anúncio de vende-se esta casa de três quartos cozinha e varanda, com garagem, ainda lá está, atrás do lavabo, ao lado da área de serviço, bem debaixo da janela da suíte. Sem previsíveis clientes. E nem foi paga totalmente.  

® Rui Rodrigues


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Operação “Leva-a-jato-Internacional”...


(Aqui no Bar do Chopp Grátis escuta-se de tudo, cada um conta uma história. Nem dá para acreditar. Normalmente fazem sentido, nada parece impossível, mas ninguém está disposto a comprovar. São histórias de bar... Vocês sabem como é. Não têm a mínima credibilidade. Ah... As fotos.. As fotos servem apenas para que se veja como é um aviãozão empresarial por dentro) e são meramente ilustrativas e educativas. Estamos em tempos de Pátria Educadora)


Ricke Granoso Ourense Prateado acabou de ir à falência porque se meteu em negócios de petróleo e começou a enxugar Whisky como esponja aqui no Bar. Como a grana foi acabando – não conseguia mais dinheiro do bando – passou a tomar uísque. Agora enfrenta uma cachaça de cabeça erguida e solta umas histórias. A mulher dele que desfilava com coleira de cachorro com o nome dele, tarada também por uma grana, nunca apareceu no bar.  Rebolava que era uma maravilha. Foi o que o Ricke disse. Em sua casa agora há sempre um vaso com água com uma folha de Oliveira e sobre a mesa uma Bíblia Batista. Tudo isto quem contou foi Ambrósio Benevides Castro e Silva, um mendigo que fica em frente ao bar e que diz ter sido o motorista do Ricke na época em que se podia atropelar alguém sem ser incomodado: Bastava só dizer para o guarda: - Sabe quem é esse aí atrás? É o Ricke... E a guardarada fazia escolta até chegarem na garagem de casa. Ricke e Ambrósio já morreram “todos dois”. Foi o que contou o garçom Pereyra contratado lá da Boca em Buenos Ayres. O Pereyra também já morreu. O Ricke numa queda de helicóptero, o Ambrósio numa queda de um teco-teco, e o Pereyra com um teco que não se sabe quem deu nem de onde veio. Teria dito o Ricke:



“- Veja como se pode “lavar” sem trabalhar, e muito menos numa lavanderia. Antes, porém, há que se ter uma posição tal que permita viajar com empresários para uma porção de países... Presidente ou Ministro de qualquer coisa, por exemplo, que tem que ter obrigatoriamente um contador ou assessor a nada ligado, independente, que é quem faz as verificações contábeis dos “tratos”, para ver se pagaram ou não. Por exemplo, um personal training, uma enfermeira, um tradutor, um taquígrafo. Normalmente este tipo de indivíduo que tem a contabilidade passa desapercebido, como o do Al Capone... Aquele carrinho de criança descendo as escadas do Metrô... Suspense...Belo filme com replay todos os dias“

Contam muita coisa...

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Vamos começar a viagem [1]? Esta é para Cuba a bordo de um avião especial. Uma visita de cortesia a um comandante ancião com grande comitiva de empresários. Os empresários são convidados.

(O Presidente de Qualquer Coisa – PQC, sorridente, levanta-se e dirige-se para a primeira fila do avião de onde pode observar todos os empresários convidados, e dirige-se a eles através do microfone de bordo normalmente usado pelas aeromoças)
-PQC - Como vocês tudo devem se alembrar, alguns de vocês quiseram conversar comigo antes da viage, mas eu avisei que não podia falar, que estava muito ocupado e que falaríamos durante a viage. Ora isto foi por causa de segurança. Deixei para falar aqui, porque este avião é “da casa”, tudo seguro, e as parede não têm ouvido. É jogo franco. Vamos fazer negócios em Cuba, vocês vão fazer negócios em Cuba, e eu não quero nada de vocês. Só quero apoio para as campanha, o que acho muito justo. É uma troca. Fidel e o irmão dele confia em mim e vão confiar em vocês tudo. É pra ganharmo muita grana. Aeromoça... Por favor me traga um uísque escocês Burbon que é pra afinar a garganta!
- Aeromoça – Mas..Presidente...O Burbon...
- PQC - Pode trazer assim mesmo sem gelo que não tem probrema.
Empresário A – Já tínhamos conversado eu e meus colegas sobre contribuições de campanha, e resolvemos propor-lhe um total de 50% sobre o valor total de cada contrato quer de financiamento quer de serviços no Brasil, valor do documento principal. Sobre os Termos aditivos e correções de preço não, porque se destinam a corrigir discrepâncias. Estaria bem assim?
- PQC – É aceitável, mas temo que ter certos cuidado. Um deles é calar a boca do pessoal chave nas estatal. Têm que dar uns trocado para eles também. Uns dez por cento que eles mesmo divide entre eles lá, que eu nem quero saber quem recebe. É praxe. Eles sabe que eu sei, eu sei que eles sabe, mas fica tudo calado pra não dar zebra.
-Empresário B – E como faremos os depósitos dos 50% ? Em que conta?
- PQC – Vocês vão acompanhar tudo agora em Cuba pra ver como sifaz... Os cumpañero já providenciaro tudo. Maiz é mais ou meno assim: Quando chegarmos lá no Hotel seremos visitado por um pessoal do Banco Central de Cuba. Darão uma papelada pra vocês abri conta.  Cêis abre. Toda transação feita em Cuba só vale se voceis depositá uma parte primeiro em duas contas que não têm que sabê de quem são. É os cinqüenta por cento. Emitiu cheque em Cuba? Deposita os 50% do valô. Entendero tudo direitinho? Não confundam com os cinquenta porcento daqueles que corresponde a preços superfaturados que esse é do Partido. Depois vocês recupera tudo com os Taques, aquela coisa que se emite para alterar prazos, preços, qualidade, etc... Aí que vocês ganham o dóceis. 
- Empresário C – Então é igual como fazemos lá no Brasil...
- PQC – Não... Lá quem governa não é o irmão do Fidel, e lá quem vos dá o dinheiro para as obra tudo são as estatal da grana que são três e ceis sabe quais são milhó que eu . Lá, quando voceiz recebe a grana já deposita os 50% nais conta que cêis sabe e em algumas do exteriô onde ceis trabalha. Aqui em Cuba, quem tem parte da grana é o governo de Cuba. Aquela grana dos financiamento que vocês receberam no Brasil para as obras de Cuba, essa já foi dividida lá. Já recebemo tudo. Eles fica procurando conta nossa em paraíso fiscal de nome compricado, e nosso paraíso está em Cuba, no Brasil, na Rússia, Venezuela, Bolívia, na China... Nunca que eles vai descobrir uma coisa dessa.
- Empresário D – E no caso de o governo de um país não poder pagar a dívida quando se investe lá? Assim como na Bolívia, Venezuela, Argentina que é contra os abutres, e não querem pagar?
- PQC – Veja bem... Uma parte do financiamento é este que financiamos a vocês lá no Brasil. O resto é assunto do governo. Se algo der errado porque deu mesmo e perdemo a grana, ou porque queremos que dê por política internacional, lançamos o prejuízo nas contas de “perdas” e “lucros cessante”. Ninguém vai delarar guerra a Cuba, Bolívia, Argentina, Venezuela só porque eles num paga o que deve. O povo lá do Brasil é que não pode sabê senão vira um Zuê. Mas isso é trato de governo a governo.
- Empresário E – Mas vamos supor que descubram tudo isso. Vão nos prender...

(Deu para ver num dos televisores de bordo transmissão sobre um tal de mensalão de que muito se falava e sempre era negado. A aeromoça desligou o circuito toda serelepe, deixando mostrar a calcinha enquanto se esticava toda para alcançar o botão)  

- PQC- Cêis num confia em mim? Se vazar alguma coisa,  demitimos o
ministro e acaba o problema. Se não for bastante, arranjemo logo um outro escândalo ainda maior pra fazê a sociedade e os jornalista tudo esquecê desse. Mas se tudo der errado merrmo, merrmo, merrmo, vocêis inté pode ir em cana, mas não terão que devolver nem dez por cento dos desvio... Tamo com todos os juizes amigos para cuidá do caso. E se prendê é por uns mêis que num pode ser muito senão o izquema acaba porque mais ninguém qué participá. E num pode.
- Empresário F – Não há perigo de faltar dinheiro no meio dos fornecimentos ou obras?É que antigamente as obras custavam centenas de milhares, já passaram a milhões e agora estamos na faixa dos bilhões, e a inflação acumulada nem chegou a 30%. 
 - PQC- Sempre me fazem essa pergunta e respondo sempre do mesmo modo. Temo uma Lotérica que opera quase sem custo. Dá um lucro danado. Temos um Banco e uma Financeira. Os ministro são tudo nosso e manda nas três. Cumpañero... Se a grana não sai de um lado sai do outro. É só fazê repasse.  Os ministros se vira. A propósito, façam aí uma vaquinha bem gorda para a nossa simpática aeromoça que nos trata tão atenciosamente. Menos de mil é merreca, e ajuda a tápá os ouvido. 


 A Aeromoça que também era segurança, ouviu tudo. Queria uma parte também desse bolo milionário. Mas como? Lembrou-se então que tinha trabalhado para uma Mina cheia de Energia, que era secretária lá no Sul. E na saída do avião, acompanhou sua insolência, o  PQC, e disse-lhe ao ouvido.
 - PQC, se confia em mim, e se um dia encontrar com uma Mina cheia de Energia, lá no sul, lembre-se de falar com ela. Vai ser muito interessante para o senhor e para os negócios, Mas tem que tirar a Rosa Maria, porque essa é só trambiqueira e se borra em pouca tinta. Já a Mina cheia de Energia, com um banho de loja, ela pode até passar por presidente e tem uma grande qualidade. È fiel. Na cama não sei, mas se vocês se entenderem, vai ganhar uma alma gêmea, fiel. Falou mata... ela esfola logo.

® Rui Rodrigues 







[1] As outras viagens são iguais, algumas até permitem visitas oficiais a empresas como a FIFA.

A Parábola das dez Virgens




Em Mateus 25:1-13. Eis o que nos diz:


“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro! Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço”. 


(Para quem dá o que não tem aos que em nome de Deus o pedem, e no dia em que não derem, não conheçam a esses.

Vigiai e julgai: Que tão inteligentes sois vós que possais identificar os falsos profetas, apontar-lhes o dedo e dizerdes: É aquele! Pois que já estão entre vós e não os reconheceis).


® Rui Rodrigues

domingo, 7 de junho de 2015

Bom dia, boa tarde, boa noite...(ou ventos, triângulos e foot-ball)

Bom dia...Há quem não goste de vento.


 Vento da natureza, ar em movimento, troca de ares, brisas do mar sempre agitadas contra pacatos ventos terrestres, por vezes sufocantes.
Ventos agitam árvores e arbustos parados. São o seu “personal training” que limpa as impurezas da pele, isto é, das folhas, sacode parasitas indesejáveis que lhes sugam a seiva. O vento é sempre útil, não importa se desfaz penteados, arrasta areias, vira guarda-chuvas, levanta saias, e que bom que as levante. Arejam e mostram o que calças não deixam ver. A vida fica mais alegre e feliz com o vento.
Venta agora no Pontal do Peró, mas os melhores ventos são sempre os da História. Esses mudam tudo e renovam nossas vidas.
O que já foi derrubado por esses ventos já não serve para modelo, só para os arquivos de história.



Boa tarde... Querem ver como tudo é relativo? Querem?



Peguem uma bola enorme transparente, dessas de rolar ladeira abaixo com gente dentro. Desenhem um triangulo qualquer do lado de dentro e outro do lado de fora...
A soma dos ângulos do triangulo do lado de dentro é menor que 180 graus.
A soma dos ângulos do triangulo do lado de fora é maior que 180 graus.
Se desenharem o triangulo numa folha de papel (que é euclidiana) a soma será de 180 graus para qualquer triangulo.

O que isto quer dizer?

Que nosso governo está do lado de fora da bola, nós do lado de dentro, e que o certo é o que está na folha de papel... Falando de economia, claro, já que o governo pensa que é muito o que para nós é pouco. O que está na folha de papel é o que não muda nunca, qualquer triangulo que se desenhe.

Nosso Universo, dizem, não é uma bola que rola ladeira abaixo. É uma folha grossa de papel. Nenhuma lei muda nele nem sendo presidente do que quer que seja. E nunca há erros de contabilidade.  


Boa noite... Dois a zero sobre o México...



Vamos dormir com mais uma vitória do nosso Escrete nacional... Dois a zero sobre o México...
Não fosse o curso lá da Petrobrás de Ingrês e Éspanhôl para decifrar contratos como o de Pasadena, da Argentina, da Bolívia, não teria entendido o tal do "ôlê... Ôlê... que gritavam no estádio.
Era a torcida mexicana pau da vida com seu time que jogava mal para caramba...
Nossa torcida diria Ólé...Ólé .... Com as vogais bem abertas como corresponde a quem torce.
Assim não vamos lá... Fred continua sendo o velho Fred. Nem Fred nem cheira... Dunga é só um dos irmãozinhos do Zangado, Soneca, Atchim, Feliz... Todos à roda da Branca de Azul e Verde chamada na intimidade de CBF...

Tenham uma excelente semana...

® Rui Rodrigues


Encontre o seu Ponto G do prazer.


Para quem só sente prazer com muito dinheiro, tem que procurar ajuda num destes grupos: 

G7 - Composto de  Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido.
G-8 – É o G7 flutuante...Ora inclui a Rússia ora não. A Rússia é como um adolescente irrequieto, inconsequente e fanfarrão.
G10 – Representantes de bancos centrais de Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Países Baixo e Reino Unido Alemanha Ocidental e Suécia, Suíça Espanha e a Austrália
G13 – Esse é um grupo restrito a assuntos ligados a Marijuana, Canabis... Devemos ter algum líder por lá, mas é fora da lei. Da lei daqui.Temos mesmo? 
G-20- África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil,  Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália,  Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e os Países membros da União Européia  que são 28, dando um total de 47. O G20 é igual a G47... Uma zona !...


O ponto G do prazer é muito complicado. Há quem os tenha só na frente, outros atrás, e até por dinheiro ou necessidade, há quem os tenha nos ouvidos, nos peitos, pés, axilas, só em casa, em qualquer lugar... É outra zona !.

Hoje, domingo, e amanhã, dia 08 de junho de 2015, o G7 estará reunido, na Alemanha, para discutir os problemas da economia global, as sanções contra a Rússia, a crise na Ucrânia, a possibilidade da saída da Inglaterra e da Grécia da comunidade européia.
Agora vejam o nome da cidade que escolheram, se não foi uma escolha intencional política: Elmau... que traduzido do espanholês, uma mistura de alemão, espanhol e português, significa intencionalmente “O Mau”... Eles vão ser muito mausinhos, já que por aqui os "nossos representantes" são muito piores, são horríveis. Atocham-nos com areia principalmente quando pagamos energia elétrica, água, comunicações, estudos, bombeiros, IPVA, e no balcão dos Bancos é um estupro só. 



Como se vê, a economia brasileira que já foi a sexta, passou para a sétima, está agora entre as 47, que se reúnem a nível baixo de ministros de economia, em vez de estar representada no G7 ou G8, a nível de presidência... OOOoooops... Melhor que ela não vá... Melhor que ela não vá... Foi ela que acabou de arrebentar com a nossa economia. Quando não tiver dinheiro suficiente é capaz de nos mandar gozar enfiando-nos o dedo na poupança de todo mundo. Não temos economia. Temos Gastança!




Ah... O ponto G... Então... Como já dizia a Martha Suplicy, que gostava muito de Paris e de gastar as verbas do Ministério da Cultura financeira, é só procurar o ponto G e relaxar para gozar à vontade sem medo de sermos felizes... Duros, mas felizes. E nada de grupos. São ótimos para a economia ao dividir o quarto do Motel, mas a promiscuidade pode ser complicada. Ela toparia,quando se sente na plena juventude. É meio porra louca desde a infância, e detesta dinheiro na mão dos outros.  


® Rui Rodrigues  

Inauguração do Maracanã- 16 de junho de 1950

Do meu posto de observação – Vejo o Maracanã sendo inaugurado – provisoriamente - em 16 de junho de 1950. Notem-se as estruturas de escoramento nas arquibancadas superiores do estádio. A determinação de construir surgiu em 1947. O Brasil iría sediar a Copa do Mundo de 1950. Só ficou completamente terminado 15 anos depois da Copa.


Recebeu o nome de Mário Filho, um jornalista, por fazer campanhas para angariar fundos para a construção. 

Custou 240 mil cruzeiros para vermos como o Real não vale lá tanto assim como imaginamos, já que a adaptação do estádio, que consistiu principalmente numa lona de cobertura, custou cerca de 2 bilhões. Ou então roubavam menos por aquela época. Na construção,lá nos idos de 1950, o estádio consumiu 500.000 sacos de cimento, o suficiente para fazer fila dupla até o Corcovado.   


Na foto o presidente Dutra e Mendes de Morais subindo a rampa na inauguração provisória sem precisar dar pontapé de saída de péssimo mau gosto, principalmente quando é dado de forma desajeitada por quem não entende de nada e muito menos de futebol.

Note-se ainda que na época em que a maioria dos homens gostava de mulheres, não havia nenhuma no comitê de inauguração. Já agora, que o menos parece ser "mais" como se apregoa por aí, sobra mulher nos comitês mas... Deixa pra lá...


Notável ainda como nossa escrita evoluiu. Pode ver-se pelas palavras foot-ball, Jockey e Turf como mostra o jornal da época.  Naquela época éramos muito melhores que hoje na língua inglesa. Até quem matava aula para se dedicar à libertinagem sabia escrever foot-ball. Na Pátria Educadora de hoje - o que será que essa coisa é? - temos o maior índice de analfabetismo do mundo com pretensões a educadores. Quem educa não apregoa, quem deseduca tem que gastar em propaganda para dizer que educa. 

Pezinho pra frente.. Pezão pra trás... Pezinho pra trás.. Só pra trás...

Vamos comemorar a inauguração do velho “Maracangalha”. O novo não serve nem para o Flamengo jogar que vai sempre pra Brasília como quem vai pra Pasárgada, por ser amigo do Rei e nem se importar até de perder o apoio da torcida.



®Rui Rodrigues