No futebol como no amor, a regra é ser feliz mesmo nas derrotas. Mas como?
Todo bom cigano tem que ter vários times de futebol por que viaja muito: Um em cada cidade que costuma visitar. Porquê? Por que o que ele gosta mesmo é de futebol. Depois vem o time. Da mesma forma, todo o caixeiro viajante tem uma mulher em cada cidade, e cada marinheiro uma em cada porto. Não sou cigano, não sou caixeiro viajante nem marinheiro, mas a vida profissional me empurrou para muitos estados do Brasil e do mundo.
Meu primeiro time foi o Sporting Clube de Portugal, por carinho e companheirismo a meu tio Miguel. Passei anos e anos e anos sendo Sporting, até que, cansado de ver sempre o mesmo rame-rame, sem que o time ganhasse um campeonato europeu e muito menos o título de campeão mundial, o abandonei sem choro nem vela, trocando-o pelo time que sempre deveria ter sido o da minha vida: O Futebol Clube do Porto. Não nasci em Lisboa, mas a cerca de 150 km do Porto. Então sou Porto, e tomando um gole de vinho do Porto comemorei todos os títulos desse grande time, principalmente os ganhos sobre o Sporting... Há que ser prático, objetivo e principalmente torcer pelos times de “nossa terra”.
Vim parar no Rio e comecei logo a “sotaquisar” minha pronuncia. Minha família queria que eu fosse Vasco da Gama, que também é uma desgraça ludopédica em campeonatos internacionais, igual ao Sporting, mas meu pai era Flamengo... Sou Flamengo até morrer, e confesso que tenho tido bastantes alegrias. Minha família toda é flamenguista, torcemos por um urubu da terra.
E fui dar com os costados em Porto Alegre. Puxa daqui, puxa dali, e resolvi ser Grêmio, até cheguei a churrasquear no Mosqueteiro, lá no estádio, embora não perdoasse um frango á piu-piu lá no Saci, o restaurante do estádio do Internacional. Bons tempos embora todos os tempos sejam bons. O Grêmio já me deu muitas alegrias e tem a torcida mais linda do Brasil.
Então fui viver em São Paulo por um bom tempo. Comecei a torcer pelo São Paulo, apesar do Pelé ter jogado no Santos, mas o Pelé já não estava no Santos. Bom... Tive re rever minhas preferências porque o time paulista que mais agradava era o peixe... Sou Santista. Torço pelo Santos.
E não é que por causa de uma crise de petróleo tive que viajar até Ipatinga? Ipatinga é Minas Gerais e fiquei por lá o tempo suficiente para ser do Cruzeiro. Por causa das estrelas parecidas com a da bandeira, por causa do azul da bandeira, por causa do “Libertas Quae sera tamen”. Já me deu muitas alegrias também.
Quando fui para Barranquilla, adotei o “Juniores de Barranquilla”, e quando fui para o Chile, o “Cobreloa” porque o projeto era de cobre.
O bom desta minha linha de pensamento é que há sempre jogo de futebol para ver e torcer por um time, mas há que ter cuidados. Temos que levar em consideração a tal da “precedência”.
Clausula de precedência
Minha terra Natal é uma pátria baseada na exportação de portugueses que juntam dinheiro e depositam em Bancos em Portugal. É um tipo de economia madrasta. Brasil até a chegada do PT não era assim. Então, a Pátria que me acolheu de braços amigos e abertos, e criou condições para que nela se vivesse sem se ter que emigrar é o Brasil. Sou sempre seleção Portuguesa desde que não jogue contra o Brasil. Num jogo entre Brasil e Portugal sou Brasil.
Nos jogos entre clubes, torço seguindo a ordem de precedência como segue:
- Flamengo
- Porto
- Grêmio
- Santos
- Cruzeiro
- Juniores de Barranquilla
- Cobreloa.
Mas se não sanarem a FIFA, o futebol morre sufocado por outros interesses. O futebol precisa ser mais honesto, eliminando-se tanto quanto possível todas as regras e mecanismos que lhe toldam a confiabilidade nos resultados. Por exemplo, se após o jogo se verificar que o gol não valeu, elimina-se o gol, tiram-se "pontos" da carteira profissional da arbitragem .
Agora em Cabo Frio sou Cabofriense, já passei em frente ao estádio mas nunca assisti uma partida de futebol lá... Um dia me animo!
® Rui Rodrigues