O vinho, por exemplo... Antigamente os donos de vinhedos tinham muitos empregados. Havia vinho barato e vinho caro. Vendia-se muito. De olho nos lucros, os governos aumentaram os impostos. Os vinhos mais baratos, e os mais caros, ficaram mais caros. Então os produtores deixaram - mais que necessária e naturalmente- de empregar... Os custos foram reduzidos, mas os governos aumentaram as taxas de impostos sobre o vinho, porque os governos "têm" compromissos e não podem deixar de receber um certo "volume" de impostos. O resultado foi que os vinhos mais baratos, e os mais caros, ficaram mais caros. Nada fica "mais barato". Então os produtores passaram a utilizar a mão de obra alegre e feliz dos "turistas" passantes ou arribantes que surgem durante as vindimas, sem laços empregatícios, que ganham pouco no pagamento, mas que custam muito caro nas declarações ao fisco eonino, porque se o governo é esperto, o setor produtivo também não é trouxa. Mas o resultado disso é que o governo, para não baixar a arrecadação, aumenta a taxa de impostos sobre o vinho... E os vinhos mais baratos, e os mais caros, ficam mais caros. Certo dia, os do governo, impressionados com a capacidade de jogar ping-pongue com o setor produtivo, baica liminares, adendos, decretos, e proclama:
- O vinho é uma droga e vai ser sobretaxado, amarrado ao dólar!!!!
E os vinhos mais baratos, e os mais caros, ficaram mais caros.
Meu ex-cunhado, com quem reatei comedida amizade, por questões relacionadas com a perspectiva de tempo útil para zerar contas neste mundo, e a minha simpática ex-prima "alemoa" me mostraram fotos das fazendas da família desde o tempo em que se inventou a fotografia. Os empregados pareciam um "exército", abatiam-se bois, pleno emprego... Minha querida e amada ex-sogra, Suzana, chegou a ajudar na cozinha para 40 caubóis, seus empregados, que manejavam o gado... Quando conheci minha ex, o cunhado tinha apenas um empregado e hoje não tem nenhum. O filho que ajuda, e para piorar, quase que largou a criação de gado e arrenda terras para plantação de soja... O governo glutão que nada nos dá e tudo nos tira, vive de "papo para o ar" e de "papo de propaganda". O resultado foi que a carne mais barata, e as mais caras, ficaram mais caras, ano a ano...
Espero que tenham entendido estes processos da economia geral e nacional. A diferença entre "lá fora" e aqui, é que aqui a população aceita o inaceitável, e lá fora o pessoal se vira para manter tudo num patamar aceitável, nem que seja em pequenas revoluções citadinas e demonstrativas. A Catalunha quer independência, a Inglaterra sai da União Européia, e os black-blocks não vão aparecer no show da virada do ano no Rio de Janeiro, onde faltam remédios, médicos, hospitais, segurança, dinheiro para pagar salários de servidores públicos porque gastaram em corrupção nos jogos Olímpicos, da Copa e sempre... Mas Anita e os demais artistas do show de fogos na virada do ano, garantiram o cachê... Dirão que a Iniciativa privada pagou... Na Copa também...
E acontece o mesmo com Energia elétrica e os derivados de petróleo, em que o povo economiza e para garantir o volume da arrecadação, o governo aumenta os preços...
Rui Rodrigues