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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O naufrágio do “Santa Maria da Rosa”



O naufrágio do “Santa Maria da Rosa”


Esclarecimento

Não há criança que não se fascine com um modelo de uma nau ou caravela, daquelas que a partir de 1432 começaram a navegar ao longo da costa africana, cada vez mais para sul. São velas, cordames, mastros, roldanas, madeira, que levavam a aventura para mares que jamais se tinham navegado. Muitas naus e caravelas foram construídas das quais não se lembram os nomes, e são as que sofreram naufrágio as mais conhecidas porque deixaram “saudades”. As saudades é que escrevem livros. Neste texto, conta-se a história da “Santa Maria da Rosa”, uma fragata, vulgarmente conhecida como Santa Rosa construída em 1715, naufragada em 6 de setembro de 1726. Os dados foram pesquisados conforme links e a ambientação e hipóteses aqui aventadas levam as "pinceladas" deste autor.

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Pelo ano de 1715

No ano de 1715 apareceu o primeiro jornal oficial português, o “Gazeta de Lisboa”.

Tal como hoje, publicava notícias, anúncios mas nada de política porque reinava D. João V, 24º rei de Portugal, sem oposição. Em destaque o acompanhamento da construção naval para garantir a navegação das frotas mercantes portuguesas em mares infestados de piratas, e garantir o território e as colônias. Nessa época, Inglaterra e França disputavam os mares e dividiam o mundo entre si. Havia que ter cuidado não só com as nações, como com a pirataria cujo período áureo se iniciara em 1690 e se estenderia até 1730. Nesse período havia entre 1.000 e 2.000 piratas em sua maioria britânicos, infestando os mares. Mais de 2.400 naus e caravelas foram atacadas e capturadas. Ao pirata Bartholomew Roberts se atribuem 400 dessas baixas.

Atuavam principalmente no Atlântico sul em demanda dos galeões espanhóis que vinham de Cartagena de Índias na atual Colômbia, e dos portugueses do Brasil. Holandeses também atacavam as naus e comboios portugueses. O comandante de uma delas, a “Nossa Senhora do Rosário”, em 1648 vendo-se perdido em combate com a nau “Utrecht”, holandesa, esperou que os holandeses iniciassem a abordagem para por fogo no paiol. As duas naus foram para o fundo. Dos 700 homens a bordo da “N.S. Rosário”, sete foram recolhidos no dia seguinte. Não se esperava igual sorte para a fragata S.M. da Rosa que, na Ribeira das Naus em Lisboa, estava acabando de ser construída. Era um portento dos mares com seus 56 metros de comprimento, 1.100 toneladas, três mastros, armada com 70 canhões. Mas voltemos no tempo e vamos até a Ribeira das Naus...


A Ribeira das Naus e a partida da Nossa Senhora da Rosa





A Ribeira das Naus não é uma Ribeira. É um cais à beira do rio Tejo onde se construíam galeões e caravelas que percorriam os mares. O que nos chama a atenção é a imponência da fragata: Um portento dos mares com seus 56 metros de comprimento, 1.100 toneladas, três mastros, armada com 70 canhões, elevando-se, já com as velas enroladas, sobre o nível do cais. Depois eram os cheiros do cais. Suores curtidos de semanas e meses sem banho, misturados a cravo e canela que chegavam do Brasil, sacas de café, azeites, limões e laranjas para evitar o escorbuto, sardinhas salgadas em barricas, charque, vinhos e aguardentes que vazavam de um ou outro barril mal manuseado, a vozearia dos mestres e capatazes apressados, as imprecações, o cadenciado marchar dos destacamentos de fuzileiros experientes que chegavam com jovens arrebanhados á força, nas ruas de Lisboa, arrancados de suas famílias, para servir na marinha. Muitos pais somente saberiam que tinham sido engajados depois que a nau partisse. Muitos pais os empurravam para as ruas, nessa época, para que fossem escolhidos e pudessem ter uma vida digna. O balir de cabras e ovelhas embarcadas para garantir o leite dos oficiais, cheiro de bacalhau, de couro das fardas, o chiar de vergas com o vento, o trote de mulas e burros de carga. E a vozearia marcando o ritmo da pressa.
O mesmo cais a veria partir para a batalha do Cabo de Matapã (atualmente cabo Tenaro na Grécia)  em Abril de 1717. Ela fez parte da frota portuguesa de sete embarcações enviada pelo rei D. João V para, em conjunto com Malta, Veneza e outros estados, defender os interesses da Igreja católica contra os turcos que a ameaçavam. Veria ainda esta nau chegar e partir muitas vezes, agora protegendo os comboios anuais que iam para o Brasil com carregamentos da metrópole e voltavam carregados de couros, açúcar vendido a peso de ouro, fumo, ouro em pó, ouro em lingotes e pedras preciosas. Um bom carregamento poderia dar como paga a cada marinheiro, o equivalente a 36 anos de trabalho. A comida a bordo era sempre racionada e não raro os oficiais vendiam aos tripulantes, em mercado negro, a preciosa comida que lhes rendia um faturamento extra. Quem não podia ou pensava em economizar, caçava ratos e baratas na imundície que eram as naus daquela época, com água racionada usada apenas para cozinhar e beber. Poderiam levar mais água, mas havia que dar espaço para carga. A vida dos tripulantes era grátis. A carga, não.     

Sempre que partia, uma multidão no cais entre lágrimas, soluços, acenava com seus lenços brancos como numa última despedida recheada de esperança numa volta proveitosa. Viram as velas diminuir lentamente, na medida em que a nau se afastava levada pelo vento, rumo ao estuário do Tejo demandando o alto mar. Mas conheciam os números. Dos que partiam, em média só pouco mais da metade voltava. Em 1726, só três voltaram da Santa Maria da Rosa. A fragata, essa não. Levava a bordo além da tripulação de marinheiros, uma força de fuzileiros para defesa e ataque no abalroamento por nau inimiga ou para abalroá-la.

A volta - Partida do cais do Rio de Janeiro – Praça Mauá.

No dia 20 de março de 1726, o capitão Bartholomeu Freire comandando a NS Rosa, e a fragata NS da Nazaré partem para Salvador comboiando 18 naus mercantes numa viagem que duraria dois meses e quatro dias. Ficaram em Salvador mais dois meses e meio em operações de carga e descarga, e nesse ínterim, outras 37 embarcações se foram juntando à frota aguardando a partida na segurança das duas naus de guerra.  No dia 24 de Agosto de 1726 a frota partiu carregando cerca de 27 mil rolos de tabaco, 13 caixas de açúcar, 20 mil couros, milhares de cocos e um grande número de arcas e baús de jacarandá. Nestes baús e arcas, cerca de 10 toneladas de moedas de ouro, além de ouro em pó e barras alem de diamantes e pedras semipreciosas, divididas entre as duas embarcações de guerra, cabendo à Santa Rosa 6,5 toneladas que faziam parte do quinto da Coroa Portuguesa. As moedas de ouro, de 22 quilates, eram cunhadas no Brasil e marcadas com “M” se cunhadas em Minas Gerais, “R” no Rio de Janeiro, “B” na Bahia. No paiol da Santa Rosa, mais de 200 barris de pólvora para municiar os 70 canhões.

A tripulação dizia adeus ao Brasil, entre sorrisos e saudades das mulheres cheirosas que tomavam banho todos os dias, perfumadas, chiando tanto no falar como nas ruas do Chiado em Lisboa, que exatamente por isso tem este nome. Não veriam mulheres até chegarem a Lisboa, tantos meses depois. Por falta de mulheres, uns se divertiam com outros, afeminados, num regime espartano: Os comandantes sabiam disto, todos sabiam, mas quem fosse apanhado praticando o ato sofria punição.

O naufrágio


Logo no dia seguinte, 25 de agosto, a frota enfrentou uma forte tempestade em alto mar que durou alguns dias. Tão forte que o comboio se separa em duas partes. Uma, em torno da NS da Nazaré, que ruma a 6 léguas da costa tentando recuperar o rumo programado para a volta a Lisboa, e a outra acompanhando a NS da Rosa. No dia 6 de setembro, ao largo de Recife, depois das ave-marias, o que deve ter acontecido pouco depois das 18:00, na nau mercante “Vila Real”[1] que acompanhava a NS da Rosa, que carregara vinhos, azeite e peças de linho branco para o Brasil e agora carregava cocos, a tripulação estava em sua hora de descanso e recreio, recuperando-se do árduo trabalho a bordo e preparando-se para dormir nas incomodas redes amontoadas no convés e no tombadilho. Os grumetes, crianças entre os 7 e os 16 anos, aprendizes de marinheiro e que constituíam uma considerável parte da tripulação, dormia no convés. Foram os primeiros a ver uma grande explosão iluminando o anoitecer. O céu ficou iluminado. Podiam ver-se os rostos, as velas tingidas pelo alaranjado da explosão apesar da distância. Uma explosão dessas só poderia ser devida a pólvora, e a embarcação que carregava tamanha quantidade que provocasse uma explosão dessas somente poderia ser a NS da Rosa. Primeiro pensaram que se tratasse de ataque pirata e a ordem dos oficiais foi de reduzir o pano das velas e mandar a tripulação dos canhões para seus postos. Depois as ordens se alteraram porque não havia vela inimiga por perto. Com o mar ainda encapelado, rumaram para o local da explosão onde se viam os destroços. Chegando perto, botes foram lançados ao mar com dificuldade. Quando chegaram ao local, cerca de uma hora depois, já noite escura, não havia sinal da embarcação. Afundara quase que instantaneamente completamente desfeita. Corpos boiavam na água ondulando ao sabor.  Movimentos na água indicavam a presença de tubarões atraídos pelo sangue. Gritos chegaram de dois lugares. Sete homens agarravam-se aos escombros. Quatro estavam feridos. Recolhidos a bordo, contaram que houvera uma grande discussão entre o capitão Bartholomeu Freire de Araújo e o comandante dos fuzileiros. Nunca se soube ao certo sobre os motivos da discussão, nem quem desceu ao paiol para atear fogo à pólvora ou, por descuido, lançar chama ou faísca. Se foi discussão, e por causa dela alguém se suicidou assassinando todo o resto da tripulação, ou estava bêbado ou foi em desespero de causa, e pode entender-se se o desespero de causa estiver ligado aos lucros particulares ou á honra.

Dos sete sobreviventes somente três chegaram a Lisboa.

A “Gazeta de Lisboa” não publica o naufrágio

A partida e a rota das frotas mercantes eram sempre sigilosas. Com a França, a Inglaterra e a Holanda com piratas soltos no mar, enfraquecendo nações, minando-lhes os recursos, era conveniente o sigilo. Espiões eram mantidos nas principais cidades do Brasil, da Colômbia e do México para que os piratas pudessem ser avisados e isso tinha que ser feito com bastante antecedência. No caso da frota capitaneada pela NS da Rosa, havia um interesse maior: Ninguém poderia saber do naufrágio, porque o dinheiro e as riquezas que levava serviriam para o rei pagar os seus compromissos. Sem esse dinheiro teria que pedir emprestado a banqueiros e os juros subiriam astronomicamente. Era e é assim que ainda funciona o mercado. Outro motivo para o sigilo era a própria rota que, uma vez descoberta se tornaria vulnerável a futuro.

O valor total da carga em ouro, moedas, barras, pedras semipreciosas, está hoje avaliado em cerca de 2 bilhões de reais


A Gazeta de Lisboa só publicou o naufrágio no ano seguinte. Famílias das tropas e tripulantes angustiaram um longo e tenebroso ano. No Rio de Janeiro e Salvador, as namoradas esperaram em vão pela volta do NS da Rosa.

Rui Rodrigues


Leia mais em:

 





[1] Sem a relação das 55 embarcações que compunham a frota, adotei este nome fictício para dar uma visão da cena apreciada por alguém que estivesse fora da NS da Rosa. Talvez até existisse alguma embarcação com este nome. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ironia do desatino... Pra coçar é só começar!




Ironia do desatino... Pra coçar é só começar!

Os apologistas de que somos reféns de uma entidade que nos escreve um livro de nossos atos que somos obrigados a seguir, constituindo o nosso destino, só têm uma resposta para nossos problemas e fracassos, soluções e vitórias: Foi o destino! Uma ironia do destino...

Quando se vai bem na vida e de repente a casa cai, esses continuam dizendo que foi o destino, que não cometemos desatinos. A culpa toda foi do tal sujeito sem gênero que teria escrito o destino. Para o resto, a culpa foi mesmo de quem deixou a casa cair, tombar, transformar-se em ruínas. Podemos enumerar alguns casos em que se cometem desatinos que, geralmente, começam apenas como um coçar... E dizemos: Pra comer e coçar é só começar, ou pra trair e coçar é só começar... Normalmente ações ligadas a pessoas, mas, que de fato também acontecem em grupos, instituições. Portanto, talvez seja prudente pensar antes de começar a coçar, ou a comer, ou a trair.


Caso 1
Lurdinha desconfiava do marido. Depois do trabalho sempre ficava por lá um par de horas e chegava em casa cheirando a cerveja. Cheirava-lhe as roupas, procurava marcas de batom, mas nada!. Custava-lhe acreditar que o marido saísse para tomar cerveja e não se misturasse com as moças do escritório ou do bar. E não encontrar indícios de traição não significava nada. Ele podia tranqüilamente dar umas escapadas em horário de trabalho e não havia como vigiar. Não iria pôr detetive particular atrás dele. Um dia deu-se uma coçada. Saiu para tomar chá com umas amigas. Chegou tarde em casa. O marido entendeu. Afinal, ele também tomava as suas cervejas. Lurdinha continuou se coçando e saindo com as amigas, escutando histórias de maridos traidores e de amigas que já se coçavam há muito com os amantes. E que coçadas! Quando Alfredo mais novo do que ela apareceu com sua juventude num desses chás, ficou deslumbrada. Só uma saidinha ninguém saberia, um pequeno tropeço na vida quem não tem? E o marido dela? Também não sairia com outras mulheres? E se encontrou com Alfredinho – já o chamava de Alfredinho – não uma vez, mas sempre que podia. O marido começou a achar estranho o comportamento da mulher. Estava mais solta, mais condescendente, mais feliz, mas da parte dele nada mudara. Indagou-se se a mulher não estaria molhando biscoito alheio no seu chá... E foi num momento de reflexão, erguendo um copo de cerveja que reparou na Ritinha, a alegre lourinha da recepção que estava justamente a seu lado na roda de amigos, sorvendo o seu chope, e também meditabunda: Seu namorado a deixara, confessou-lhe ela. Mas ele nunca soubera que ela tinha namorado. Tinha mesmo? Mas isso não importava. Deu-se uma coçada na perna, depois na testa, e quando reparou estava sozinho com ela no bar, conversando. Os outros já tinham saído.  Na saída do Motel perguntou-se o que diria quando chegasse em casa. Não disse nada. A mulher dele não tinha chegado ainda do chá. Hoje estão separados e não sabe o que é feito nem de Lurdinha nem da Ritinha. A mulher já não tem tempo para tomar chá com as amigas. Trabalha duro como ele não sabe onde. Um dia passará por lá para bater um papo. E, definitivamente, nenhum dos dois sabe quem começou primeiro a se coçar, quem foi o primeiro a cometer o desatino...

Caso 2
O sujeito, que podemos chamar de Luiz Inácio, era um líder sindical. Negociava com patrões e empregados. No começo foi difícil, porque não havia acordos. As greves se sucediam. O governo estava irritado, os empregados também, os patrões nem se fala. Seu prestígio, o do Luiz Inácio, subiu. Os empregados o adoravam. Um dia, os patrões chamaram o Luiz. Propuseram que ele maneirasse. Luiz deu então a sua primeira coçada. Em troca de algumas maneiradas, receberia uma ajuda política rumo à fundação de um partido. Nada de benefícios pessoais. Era pelo partido. A partir daí, Luiz se coçou muito, porque as greves começaram a diminuir e, de repente, pararam ao fim de uns cinco anos. Os empresários não acreditaram nele de princípio. O que faria um partido dos trabalhadores com um dirigente que nunca tinha sido político tarimbado, conhecedor da administração pública, ainda mais feio como um sapo barbudo? E Luiz fundou o seu partido. Sua popularidade cresceu de forma incrível. Com a mesma lábia com que negociara as reivindicações laborais e defendera os empresários - ele é um grande negociante – ganhou fama e seu partido tomou proporções nacionais. Perdeu as primeiras eleições para um bom sujeito, político de carreira, e depois para um aventureiro estressado que o colocou em saia justa num confronto desses que se costumam proporcionar para os candidatos se destruírem uns aos outros. Fazendo figura de pobre, disse no ultimo confronto que seu radinho de pilha não funcionava porque faltava dinheiro para comprar as pilhas, sinal de baixos salários, e o aventureiro oponente, filho de boas famílias disse que sorte tinha o Luiz que tinha um radio, que ele nem radio tinha. E levou ao debate a filha e a ex-mulher para falarem mal do Luiz. Luiz perdeu as eleições, mas se elegeu em seguida. Finalmente já se podia coçar à vontade. Os empresários viam nele o sujeito que não entendia nada de nada, e que faria tudo o que queriam dele como pagamento pelos favores que lhe haviam feito: Elevá-lo ao mais alto escalão do governo. Alias, coisa fácil para eles. Já tinham feito isso com todos os presidentes inclusivamente com aquele que não tinha radinho de pilhas, que nem cumpriu o mandato porque roubava muito e sofreu “impeachment”. Eleito o Luiz Inácio, largou o governo com uma turma de antigos terroristas que entendiam muito de roubar dinheiro. Tinha sido o dinheiro dos empresários que o haviam elegido e não poderiam roubar dos empresários, até porque o tesoureiro daquele tal do radinho foi assassinado por causa do caixa gordo 2 que não parava de crescer já de olho nas “próximas eleições” que acabaram por não acontecer. Viajou muito com seus amigos empresários. Seu filho ganhou rios de dinheiro e comprou a mansão de um juiz que Luiz, em retribuição, nomeou juiz do supremo tribunal. Coçava-se, e viajava para vender os produtos dos empresários. Coçava-se muito e ficou rico. Seus amigos terroristas usavam dinheiro público para a próxima eleição e foi reeleito. Com altos índices de aceitação popular – o povo não sabia o que os terroristas roubavam nem como – chegou-se a indivíduos como um que nega o holocausto, outro que baixou o padrão no país de tal ordem que já não há pobres. Nem ricos!... Com os maiores índices de corrupção e violência do continente. O dinheiro entrava tão fácil com altos impostos que perdoou até dívidas externas de outros países. Como ele ficara rico, no meio de tanto dinheiro, esqueceu o povo que continuou na mesma penúria, não fez reforma alguma. Os senadores, deputados, vereadores, governadores, ao verem como Luiz Inácio se coçava tão bem, começaram a se coçar também... Foi contagiante a “coçadeira” e deram-se aumentos próprios. Ao largar o governo, indicou para presidente uma moça simpática – ela é simpática – que pertencera àquele grupo de terroristas que ajudaram o Luiz a “governar”. Claro que a coçação foi parar nos tribunais e quase todos foram condenados. Ela continua no governo mas ninguém sabe se ela já começou a se coçar... Mas há quem desconfie, só pelo andar da carruagem onde todos desfilavam sorrisos, frases de efeito, segurança nas palavras mais do que no trabalho...

Para começar desatinos e por ironia do desatino... Basta começar...

Rui Rodrigues

Conversando com a alma...




Conversando com a alma...

(Leia pausadamente, meditando sobre o assunto, parando para pensar...)


Eu escrevi isto, mas... Não estou aqui!  Só você, o que escrevi e sua consciência ou alma, ou chame do que entender que deve chamar àquele “eu” que é só seu e que ninguém mais conhece. Ninguém mais, exceto você!

Não importa se vai rir ou chorar, sorrir ou lamentar, mas como dizem que recordar é viver, então viva recordando até achar que o que já não merece ser recordado - porque foi resolvido - deve ser arquivado lá tão profundamente na alma que se desejar, um dia, lembrar-se, nem terá certeza se foi assim realmente.

Coisas boas por vezes se esquecem ou nem são lembradas nos detalhes. São as coisas desagradáveis que nos acompanham, como foto na carteira, para toda a vida. Por vezes temos receio de pensar sobre coisas desagradáveis, mas se não forem esmiuçadas, separando-se cada coisa de outras coisas, jamais encontraremos a solução para os nossos próprios problemas de avaliação do que fazemos, porque fazemos, porque aceitamos, porque não contestamos. Ou, por outro lado, porque exageramos em atitudes contrárias. Então...


...Pense em algo que não lhe agradou na infância – ou que muito desagradou - quando não temos ainda uma visão perfeita (e nunca a teremos) segura, que lhe permitisse avaliar a situação como “de fato” se passou. Vista agora, à luz da razão com mais conhecimento de causa, poderá entender melhor o que se passou. Com ou sem a sua conivência. Isto não fará com que goste mais ou menos das pessoas envolvidas, mas, quem sabe, encontrará explicações ou hipóteses em que até agora não tinha pensado. Afinal, podemos sempre associar outros acontecimentos a esses fatos. Acontecimentos anteriores ou posteriores que os suportem. Talvez não os justifiquem, mas o conhecimento da explicação pode ser a chave para desligar a memória dessas preocupações da “alma”.

Se pensar da mesma forma para suas próprias ações que não agradaram à sua “alma” nos últimos tempos, pode reforçar suas razões, dizendo que faria tudo igual novamente se tivesse essa oportunidade, que faria ligeiramente diferente, ou que agiria de forma completamente oposta. Nesta última hipótese, uma conversa com as pessoas envolvidas, talvez uma por uma, pode aliviar sentimentos, negativos, certamente, que lhe escurecem as ações e os dias, como se fosse uma nuvem pairando sobre você. Estas nuvens não dão boa chuva, bom orvalho. Quando sopradas, aliviam, deixam ver o brilho do sol, a vida passa do inverno para a primavera e o verão. O sono passa a ser mais tranqüilo, a almofada aconchegante.

Podemos sempre acordar pensando no que faremos durante o dia, mas certamente passaremos um dia muito melhor se pensar no que fará no dia seguinte, e o melhor momento para isso talvez seja exatamente antes de dormir, com a cabeça nesse travesseiro aconchegante, macio, cheiroso. Assim o dia seguinte decorrerá de forma pensada, programada, e teremos o sentimento de que seguimos a nossa vontade e somos capazes de fazer o que programamos:

Uma vitória a cada dia!

Ao pensar, eventualmente, que é tarde para alguma coisa, somos levados a pensar que pelo menos um amanhã ainda haverá. Certamente ainda haverá um amanhã... Dois... Bastantes...  Muitos amanhãs.  Há sempre tempo para tudo...


... Até para voltar ao começo desta página e voltar a ler, a pensar em mais uma “coisa” que lhe passou.

Desejo-lhe um bom dia, uma boa semana, um bom mês, bom ano, uma boa vida.

Rui Rodrigues

domingo, 21 de outubro de 2012

Panorama mundial - 2012.




Panorama mundial - 2012.

Sem preâmbulos, por desnecessários, resume-se que o crescimento da economia depende da confiança, e que a confiança atual é negativa. A confiança é uma força tremenda, que movimenta ou pára a economia e a tendência não é melhorar: É piorar, e isso acarreta crises políticas. O apagar do comunismo no mundo e a tendência neoliberal do capitalismo, auxiliado pela facilidade das comunicações através da NET provocaram a “primavera árabe” em busca da liberdade de expressão, saindo do jugo de velhos ditadores que se perpetuaram no governo. A humanidade busca alternativas á ditadura financeira imposta pelos Bancos para voltar a progredir

Síria –Turquia - Líbano
Mais de 31.000 mortos em guerra civil. As forças armadas de Bashar Al-Assad matam mulheres e crianças. Irã, Rússia e China apóiam o ditador sírio. Após provocações à bomba, Turquia responde com ataques armados ao regime sírio. Atacado o Líbano por forças sírias - que já foi recentemente ocupado pela Síria - fecha as fronteiras. Sem hipótese qualquer conflito mundial. Quando muito poderá haver instabilidade política nos países limítrofes com a Síria e/ou invasão desta por um ou mais países da região. Fraca componente devido à crise econômica mundial, forte componente de movimentos relacionados com o desejo de democracia na região.

Israel
País sempre atento às fronteiras e países limítrofes por ter consciência do perigo que corre. É uma questão de sobrevivência. Nos últimos tempos desenvolveu ainda mais o seu setor de inteligência e sabe reconhecer quais os perigos sem tomar iniciativa de ações bélicas injustificadas ou precipitadas. Atua no sentido de minimizar esses perigos ou anulá-los.

Irã
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad mantém e reitera declarações negando o holocausto como provocação ao mundo judeu. Há fortes suspeitas de que esteja acumulando material radioativo para construir bombas atômicas. Já declarou que Israel deveria ser varrida do mapa. É um perigo potencial para a paz da humanidade. O Irã corre o risco de, num futuro muito próximo, sofrer ação de comandos e ver suas instalações nucleares destruídas, ou confrontar-se com uma revolução interna influenciada pela “primavera árabe”. Não se afasta a hipótese de intervenção internacional. A dialética de provocação iraniana faz parte de uma demonstração interna de poder que realmente não tem. Isso é possível em países dominados por ditaduras que tentam vedar aos cidadãos o mundo fora de suas fronteiras. No mundo de hoje países assim, como o Irã, costumam ruir e cair na guerra civil, na medida em que o mundo exterior se desvela através das redes sociais.

União Européia
Portugal, Grécia, Espanha, Itália, sofreram o maior impacto da crise econômica de 2008 quer pelos altos índices de corrupção, quer por incapacidade de seus governantes. O povo continua saindo para as ruas porque as condições de vida se tornaram insuportáveis e pioram a cada dia. Em 20 de outubro o povo saiu novamente para as ruas de Londres, tal como recentemente na França, reclamando do arrocho financeiro dos governos. Não se pode imprensar o povo até onde se quer ou é “necessário” em função de contratos aceitos pelos governos com a CE ou a Banca Internacional. A história é pródiga em revoluções pelo sufoco e comoção causados por governos que não têm senso do que significa governar. Na Espanha cresce a vontade política de separação da Catalunha, do País Basco e da Galiza. Não há previsão para o final da crise que provavelmente não terminará antes de 2020 face à gravidade e ao rombo nos orçamentos públicos. A diminuição da qualidade e efetividade dos serviços públicos, em decorrência, aumentará os índices de violência a nível de governo e na vida dos cidadãos. Retomada da emigração como na década de 1920.

Ou os bancos negociam e até "esquecem" as dívidas, marcando um novo ponto zero - porque já ganharam muito - ou a Comunidade Economica Europeia se desmantela e a crise internacional atinge níveis de calamadidade incontrolável em todo o mundo. 

Rússia
A exemplo de outros governantes pelo mundo, Putin, o presidente russo atual conseguiu a fórmula para se perpetuar no poder. Opositores falam em fraude nas eleições. A forma truculenta como a Rússia tratou a Chechênia e a Geórgia demonstram que a Rússia quer demonstrar uma força tal que não necessita negociar. Apóia a Síria de Bashar Al-Assad e o Irã. Não faz parte da União Européia nem da Otan o que a coloca num lugar de isolamento que somente é rompido pelo comércio internacional. É um país forte com direito a veto na ONU. Será sempre uma incógnita para o ocidente. Não demonstra intenções de invadir o mercado internacional com manufaturados como a exemplo do Japão, Taiwan, China. Sua economia em crescimento, não competitiva – faz parte dos BRICS - impede o seu desenvolvimento maior, fato compreensível pelo passado político contrário ao capitalismo. Por suas dimensões continentais, disponibilidade de recursos e inventiva da população, poderia vir a tornar-se primeira economia mundial. Não o alcançará ainda neste século.

China
Tal como a Rússia, um país continental, com recursos próprios, porém com duas fortíssimas vertentes diferenciadas: Um senso de competição econômica muito forte – faz parte dos BRICS - assim como forte ainda é a vertente comunista nas relações entre estado e cidadãos. Apóia também o Irã e a Síria. Tem direito a veto na ONU. Com baixos salários destrói as fábricas do mundo ocidental pela forte concorrência nos mercados. O que não destruiu no passado com o comunismo, destrói agora, usando as mesmas armas do ocidente: a competição. Com perfil idiossincrático marcado pela resignação, o povo chinês, mesmo sendo a primeira economia mundial, não alcançará o nível social da Europa nem dos EUA neste século e provavelmente nunca o alcançará. A paciência chinesa não tem pressa para este tipo de desenvolvimento que lhe poderá diminuir sensivelmente sua necessidade de competir no comércio internacional. A “nação” em primeiro, o que quer que seja que os governantes chineses entendam como nação.
Não se pode prever quanto tempo ainda a China suportará a existência da dissidente Taiwan, podendo acontecer os dois extremos: a união dos dois países de comum acordo, ou a manutenção da dissidência pacificamente, sendo improvável o uso da força. No caso da disputa de soberania sobre as ilhas Senkaku/Diaoyu , com o Japão, apesar das demonstrações de força, será pacífica.  


EUA
A crise econômica mundial de 2008 começou exatamente em três bancos, nos EUA por problemas ligados a crédito por deficiência de administração destes Bancos. Por interligação de créditos com Bancos europeus, a crise se espalhou para a Europa. Em vez de deixarem ir estes bancos à falência – teríamos uma crise – resolveram, os governos de ambos os continentes, abrir mão de fundos públicos para socorrer os bancos. A crise que até então não existia, passou a existir. O que se pretendia evitar aconteceu, e os governos ficaram sem os fundos públicos gerando desemprego, queda na qualidade dos serviços fundamentais como saúde, educação, segurança, transportes públicos. Ficará sempre a dúvida: Se os Bancos tivessem “inventado” uma falsa crise, o resultado teria sido este?
Em época de eleições, eleger Obama ou Romney não mudará nada nem nos EUA nem no mundo, exceto que se for Romney, os EUA ficarão mais propensos a ações bélicas fora de suas fronteiras.


Brasil
Lula fundou o partido dos trabalhadores – o PT – baseado em seu carisma como líder sindical. Por desconhecimento da “arte” de governar, associou-se a antigos guerrilheiros que lutaram conta a ditadura, por crer que o sindicalismo tinha mais a haver com a esquerda do que com a direita. Essa esquerda – que não tem experiência na ciência da economia – caminhou rapidamente no sentido de uma aproximação com Fidel Castro, Hugo Chávez, Cristina Kirshner, tentando fundar uma esquerda comunista unificada que se perpetue no poder, auferindo os benefícios de enriquecimento próprio, tirando proveito de sua posição. Membros do PT desviaram dinheiros públicos para traficar influência num senado corrupto liderado ou influenciado por José Sarney. Os fundos da nação, recolhidos em impostos aos trilhões é usado para comprar votos do povo através de benefícios como bolsa-família e não para o desenvolvimento do país, sem preocupação a futuro no caso da crise econômica em que poderá – o que é muito provável – não ter dinheiro suficiente para pagar esses benefícios. Nesse dia o PT acaba e o povo se revolta. Até lá os militantes no poder ficarão cada vez mais ricos e aparentemente influentes. Isto é possível num país com alto índice de analfabetismo, número maior ainda de analfabetos funcionais que pensam ser possível ter títulos por decreto. Um dos juízes da CPI do mensalão nem juiz é: foi indicado por um dos juizes que por sua vez foi indicado por Lula para o Supremo Tribunal Federal. O governo no Brasil transforma-se num grande arremedo não confiável por falta de representatividade cidadã, embora represente o partido: O PT. Faz parte dos BRICS, mas é o que menos cresce econômica e culturalmente.

Argentina
A auto-estima do povo argentino é consideravelmente alto em relação aos demais povos da América latina, talvez devido a uma inércia do passado em que o mundo considerava este belo país como a “Europa da América do Sul”. Sucessivos governos populistas, uma ditadura forte e implacável, a guerra das Falkland, a tendência esquerdista de Cristina Kirshner e a crise de 2008 empurraram a Argentina ladeira abaixo na economia. A falta de aplicação de recursos no desenvolvimento fará com que permaneça mais tempo em crise do que deveria. A presidente alimenta a incompatibilidade política com a Inglaterra como fator para desviar a atenção dos problemas internos.

Índia
Dois fatores sempre atuarão contra o desenvolvimento social na Índia: O sistema de castas e a superpopulação, por mais que este país se desenvolva, cresça economicamente. Com altos índices de corrupção, é impensável um desenvolvimento social que se compare ao europeu ou americano. Disputas religiosas e por poder contribuem para o cenário. País tradicionalmente pacífico em termos de política internacional.

África do Sul
Certamente os conflitos religiosos e étnicos continuarão a fazer vítimas, suportados por ditaduras em toda a África. A África do Sul continua sendo o país mais desenvolvido do continente e é um dos BRICS. Com uma industria bem desenvolvida, diamantes e ouro, a crise mundial pode ser auspiciosa para este país, gerando mais desenvolvimento. Conseguindo vencer o Apartheid, este país consolidou a sua democracia que he permite a paz necessária para o seu contínuo desenvolvimento.

A democracia participativa pode ser a resposta para todos os problemas ligados à credibilidade nos governos representativos e ditatoriais, associados à crise econômica mundial, às diferenças étnicas e religiosas, ao vácuo deixado pelo comunismo que proporcionou a ambição sem controle dos que assumem governos. Sobre democracia Participativa, ver em   http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

Rui Rodrigues










sábado, 20 de outubro de 2012

Viaje comigo até Ganimedes




Viaje comigo até Ganimedes

O mundo mudou muito desde 2012. Imensos arranha-céus povoam as maiores cidades do mundo, construídos nos arredores para preservar os centros históricos. São verdadeiras cidades. Há quem tenha nascido nesses prédios e nunca tenha saído deles, apesar de sua longa idade. Não crêem ser necessário. A população mundial diminuiu a níveis de 1900. Praticamente não há casamentos, e quem quer ter filhos recorre a bancos de óvulos ou de esperma, ou pares combinam entre si. O estado decide se o casal tem condições para criar e manter os filhos. É tanta a responsabilidade que a maioria esmagadora não os tem. Por isso a preservação de um nível  populacional que garante o funcionamento do planeta de forma auto-sustentável, e mantém excelente nível de equilíbrio social. Não há pobres, não há fome, todos têm o mínimo de satisfação e há paz no planeta. Há muito que não existem fronteiras nem nações. Todos vivemos sob uma única bandeira. As divisões administrativas do governo seguem delimitações geográficas de etnias e não das antigas fronteiras políticas. O estado não tem estruturas como se conheciam antigamente. Agora cada região administrativa do planeta, por votação popular instantânea decide sobre obras, infra-estruturas, serviços. O estado tem postos policiais dimensionados em lugares estratégicos e todos nos guiamos por um código de leis aprovado também por votação popular. A estrutura do estado reduziu-se a postos de polícia, centros de justiça e um código de leis. Vivemos numa democracia participativa.

Fui escolhido por uma empresa para supervisionar a construção de mais uma área de vida em Ganimedes, a maior “lua” de Júpiter. As áreas de vida são enormes bolhas de plexiglas contendo uma fabrica de oxigênio, uma central de energia, habitações, redes de aproveitamento de resíduos humanos, área de plantação, escritórios, enfim, cada bolha uma cidade auto-suficiente. Atualmente existem cerca de 300 bolhas em funcionamento pleno. O calor é mantido por usinas elétricas movidas a hidrogênio – usinas hidrogenelétricas - extraído dos oceanos de Ganimedes. O planeta tem o equivalente a 36 vezes a água que existe na Terra. Hidrogênio é também o combustível para veículos. A temperatura fora das bolhas beira o zero absoluto (-183 a -113 graus Celsius) e a “luz do dia” a que nos habituamos na terra é feita através de lâmpadas que são desligadas à noite. Em algumas bolhas de colonos que já nasceram em Ganimedes, não há iluminação para o dia nem para a noite. Eles evoluíram seus corpos para se adaptarem à escuridão: Suas retinas e cavidades orbitais aumentaram bastante e podem ver com um mínimo de iluminação, como os animais noturnos da terra. São simpáticos e bem humorados. Desejam a independência de Ganimedes, que lhes deve ser dada, sem lutas ou guerras nos próximos vinte anos. As bolhas são sempre construídas em cima de crateras de impacto de meteoros, seguindo a regra de que é menos provável que um meteoro caia no mesmo lugar onde um outro caiu. Por vezes não funciona, mas os sistemas de alarme avisam e todos descem para “bunkers” nos subterrâneos.


Partida para Ganimedes


Na base interplanetária do “Inferno” no Brasil, as partidas são comuns, todos os dias, como eram comuns os vôos aéreos nos anos 2.000 em aviões que agora fazem parte de museus. Eram cinco horas da manhã. Nossa nave nos levará até a base Lunar “Tranqüilidade” por economia de combustível. Naves pequenas saem da Terra cuja velocidade de escape é de 11,2 km/s. Da Lua, com velocidade de escape de 2,38 km/s, saem as naves pesadas.

Daqui até lá são cerca de 630 milhões de km. Chegarei em cerca de seis meses. O tempo passa rápido porque estamos sempre em comunicação com a Terra e temos NET, canais de TV, comunicações com a base, diversão e trabalho. Trabalhamos dez horas por dia no mínimo. Temos direito a um ou a uma acompanhante porque seis meses sem sexo, ninguém agüenta, apesar de tantos andróides tão parecidos com gente, que chegamos até a confundi-los com conhecidos. Minha acompanhante passou em todos os testes de avaliação comportamental e se diverte com tudo isto. Como tem aptidões, foi contratada e realiza o seu trabalho a bordo como segurança de um setor da nave e fará estudos biológicos em Ganimedes. Para ela é uma aventura. A roupa colada no corpo para que não se prenda a nenhuma peça da nave, acentua-lhe as belas curvas. Teria um filho com ela. Talvez um dia...

A viagem foi tranqüila. Em quatro horas chegamos à Lua. Descansamos nessa noite e no dia seguinte partimos na imensa nave que nos levaria para Ganimedes. Uma tripulação de 20 humanos, cinqüenta passageiros entre cientistas, técnicos, trabalhadores. Uma nave construída com o mínimo de ferro possível por causa da atração gravitacional, peso, efeitos de estática, oxidação.



Seis meses depois.  

Nossa chegada a Ganimedes foi surpreendente. Não nos cansamos de admirar Júpiter, imenso, gasoso, opaco, em tons desde o branco, passando pelo amarelo, vermelho, marrom e preto. As tempestades em sua atmosfera são impressionantes, fantásticas, poderosas. Sua atração gravitacional é usada para impulsionar nossas naves. A volta para a Lua se faz em cerca de 2/3 do tempo de ida. Vamos para lá em seis meses, voltamos em quatro.




A paisagem de Ganimedes por si só não impressiona. É um planeta escuro, extremamente frio e deserto sem muitas elevações. As maiores não passam de centenas de metros. Muitas crateras, boa parte escondida sob imensas bolhas brilhantes, iluminadas como se fosse dia na Terra. Lagos com peixes trazidos da Terra, planícies cultivadas com cereais e pomares. Cada bolha tem apenas uma meia dúzia de prédios que se destinam apenas a laboratórios e escritórios da administração. No aeroporto, externo às bolhas, um comitê de recepção e alfândega.

É sempre bom pisar em “terra”, mesmo que não seja no nosso planeta Terra, e que esta “terra” seja uma camada de gelo a menos 115 graus Celsius. Senti-me em casa, agradecido a Juice[1], uma nave da Agência Espacial Européia enviada na terceira década do século XXI para avaliar este planeta. Ficou em órbita por alguns anos até se espatifar contra o gelo frio. Lá estava, ali, bem perto, agora convertida em museu.


Rui Rodrigues


















sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Extraterrestres - A verdade[1] para iniciantes




Extraterrestres - A verdade[1] para iniciantes

Têm que existir!...

A vida aparece, surge, em qualquer planeta que possua as condições para acolhê-la e lhe permita evoluir, nascer, crescer, reproduzir-se, e morrer, porque nenhum planeta é tão grande ou que possa “inchar” para permitir uma biomassa infinita. Uns têm que dar lugar aos outros, alterando os genes para poderem “evoluir”...

... Mas estão tão longe, tão longe, que neste universo de 14,5 bilhões de anos não haveria tempo para percorrer a distância entre eles e nós, considerando que não se pode viajar à velocidade da luz, que o tunelamento quântico só é possível para partículas e não para grandes ou medias massas, que depois dos respectivos planetas esfriarem tinham que desenvolver a vida e uma civilização, e que teriam de evoluir ao ponto de fabricar máquinas, foguetes... Nossa civilização – que provavelmente começou ao mesmo tempo da dos extraterrestres – tem apenas 12.000 anos e a vida que nos originou apenas 4,5 milhões de anos... Basta fazer as contas, mesmo considerando foguetes fantásticos... Não houve tempo para um contato.

Mas se não tiveram tempo de chegar até nós, de onde vem a crença de que já os viram, foram abduzidos, apanhados e dissecados em Roswell[2], vêem discos voadores, naves espaciais, e existem tantos centros de discussão sobre o assunto? Eric Von Daniken[3] chegou a perguntar-se se os deuses eram astronautas! Seu livro foi muito vendido, um excelente negócio. Sobre Roswell devemos lembrar que existem pessoas com degeneração genética que apresentam características diferentes dos seres normais. Sempre houve quem disponibilizasse cadáveres dessas pessoas para “estudo”. 

Em criancinhas nos assustavam com o diabo, com o famoso “bicho papão”, nos adulavam com o Papai Noel, com os duendes endiabrados que eram ricos e tinham um caldeirão no inalcançável final do arco-íris, e para acalmar as noites de pesadelo que nos criavam, os anjos da guarda que zelavam por nossas vidas mesmo quando os exércitos invadiram cidades e mataram quase todos. Alguns por histeria coletiva, disseram que viram a virgem Maria - que só foi virgem até ser deflorada [4]– aparecer numa moita de urzes. A idéia cristã de um nascimento virgem é extraída de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma "alma" que dá à luz. A palavra "alma" sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como "virgem". Isto relaciona o nascimento de Jesus com a idéia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses. Outros esperam que o Rei D. Sebastião apareça numa manhã de nevoeiro.  Crença é crença... Quase impossível de desmistificar. Cada um de nós deve respeitar a opinião alheia, embora se possa provar que está equivocada porque os enganaram. Normalmente evangelizam seres desde criança, porque não sabem discernir e ficam “fiéis” para sempre, mesmo que não saibam – e normalmente não sabem – quais as razões. As pitonisas de Delfos, encharcadas de vapores de enxofre, drogadas por essas emanações, em êxtase, diziam que falavam com os deuses e os interpretavam. Elas viviam pouco, mas o santuário faturava alto e até Alexandre – o Macedônio se foi consultar lá, zombando do que os deuses “disseram”. Em Alexandria, uma estátua de bronze representando Zeus que dirigia uma biga, era movimentada por engrenagens hidráulicas e os crentes pensavam que Zeus subia aos céus, assim como o profeta Elias, e Jesus Cristo ressuscitou contrariando a própria lei de D’Us de que tudo o que nasce, morre, de morte definitiva e única. 

Da mesma forma, durante a guerra fria, e mesmo muito antes, foram lançados no mercado revistas em quadrinhos falando sobre o assunto que, convenhamos, é do máximo interesse, por nos dar a esperança de não sermos os únicos no universo e termos “irmãos” de vida espalhados pelo universo. Meche com nosso imaginário, com o lúdico. A concepção é válida, mas terem chegado até nós, não, como vimos no primeiro parágrafo. As viagens no tempo são também impossíveis[5]. Durante as duas primeiras guerras, era importante que as populações vigiassem os céus para detectar aviação inimiga. Nada melhor do que associar o nacionalismo à existência de extraterrestres para vigiar os céus, e os céus foram vigiados. Durante a guerra fria nada foi diferente. Centros de análise de informação separavam essas informações entre “visões” e realidades. As realidades eram a aviação do eixo.

Algumas pessoas sofrem de alucinações, e em atos inexplicáveis, vão para um lugar alto e se jogam no espaço. Esses comprovam imediatamente a impossibilidade. Morrem. Comprovar que os extraterrestres não tiveram tempo para chegar aqui, ao nosso planeta, exige observação e estudo e não é tão fácil de explicar, mas os crentes que esperem... 

Falaremos sobre isto nos próximos milhares de anos.  Não arrisquemos falar numa espera de milhões de anos, porque em milhões de anos já se pode explicar a possibilidade de viagens interplanetárias para além de nosso sistema solar, e a grande aposta é: Quem visitará quem pela primeira vez.

Rui Rodrigues

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cartas marcadas - Marlene Caminhoto Nassa



CARTAS MARCADAS


Marlene Caminhoto Nassa
Na escuridão do meu dia


Seguro fiapo de luz
Que possa


Nessa grande fossa
De alguma maneira


Me iluminar.


Só possuo a cruz do destino


Para nela me crucificar


E ela é tão fria


O quanto minha vida


É vazia




Nem mesmo o calor


Tão tênue desse verso


Fará algum reverso


Na nossa separação




Nas cartas marcadas


Desse destino tão perverso


Não haverá mais verso


Nosso jogo chegou ao fim




Eu sem você


E você sem mim...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O que é emigrar - Portugueses



O que é emigrar[i] - Portugueses
(não é fácil falar sobre isto, ainda mais quando a verdade dói, mas precisa ser dita)

Na minha terra cultiva-se a vinha, e ainda que nos tempos de hoje algumas religiões insistam na proibição de vinho, lembro-me sempre de Adão, Abraão, Salomão, Jesus, cultivando a vinha. Bebo sem nunca ter apanhado uma bebedeira a ponto de ficar nu diante dos filhos. E para falar em emigração portuguesa tenho que abrir uma garrafa e começar a sorvê-la gole por gole. É um assunto difícil de abordar porque se trata na verdade de uma diáspora por pátria madrasta, bem diferente da judia. A nossa sempre foi evitável. A judia não. A nossa se deve a desinteresse pátrio. A judia, a perseguições por povos estrangeiros. Mas tenho que me sentir como judeu português, porque 40% da população tem sangue judeu e meus sobrenomes de família não o podem nem querem negar. Sou duplamente emigrado por duas razões distintas.

Mas antes de falar sobre a emigração, devo esclarecer um assunto que demonstra  até que ponto a ignorância e as paixões religiosas podem provocar as minhas lamentações que choro nas ruínas do muro do templo. De ascensão judia, minha avó paterna chamava-se Maria de Jesus Pinto Nogueira, meu pai Gabriel Rodrigues Monteiro, e minha mãe, Maria Adelaide Nogueira. Ao darem-me o nome de Rui Alberto, o normal pelas leis portuguesas seria chamar-me Rui Alberto Nogueira Monteiro, mas á revelia de minha mãe, chamaram-me de Rui Alberto  Rodrigues Monteiro porque as famílias em certo ponto da convivência passaram a não se suportar. Todas as divergências na aldeia de Fornelos costumam ficar nas alcovas e no silêncio sem ser levadas a praça pública. Ninguém sabe de nada, mas as coisas acontecem. Quando eu tinha dez anos, para entrar no Liceu precisei de uma certidão de nascimento. O nome que nela constava era ainda mais indecente: Rui Alberto Monteiro Rodrigues. Agora, por erro proposital e não por coincidência, passei a não ser nem filho de meu pai, nem de minha mãe, mas de uma mulher chamada Monteiro e de um homem chamado Rodrigues. Em minha terra bebe-se regularmente – é terra de vinhos - mas não de forma irresponsável. Curiosamente, das famílias judias mais perseguidas na inquisição foram os Rodrigues os que mais sofreram com perdas de terras, de bens, de religião, de vida queimada em fogueiras que diziam ser santas.

A emigração portuguesa

Nós portugueses gostamos muito de fazer sexo. Somos amantes do sexo, e emigrados, não fazemos distinção entre raças, e quer seja índia, negra ou amarela, tanto homens quanto mulheres nunca fizeram qualquer distinção. O rei Salomão também não. Uniu-se á rainha de Sabá dando origem a grande prole. No entanto, sempre mantivemos uma população no entorno dos 11 milhões de habitantes há já alguns séculos. Não somos de ter muitos filhos por casal, a vida sempre foi difícil, e o excesso sempre foi empurrado para fora por falta de interesse dos governos em criar condições de vida para os filhos da pátria. Emigramos desde o século XVI e ainda mais a partir do final do século XIX, quando os portugueses emigraram em levas e começaram a mandar para a metrópole as fortunas que adquiriam fora das fronteiras, impossíveis de ganhar dentro delas. Como hoje, ainda. Para quem precisava emigrar ficava sempre um sentimento: Seria o emigrante um falhado na vida, que contrariamente aos demais não conseguia  sobreviver em sua própria pátria? Seria um incapaz? Mas depois de breve analise de suas capacidades e de sua vida, ficava a certeza de que sim, era capaz. O problema é que não havia oportunidades para todos. Não eram criadas oportunidades para todos. Os governos já dispunham de bastantes fundos mandados para o tesouro nacional como reservas para uma vida futura em sua pátria, consumindo o que ganhara fora dela. Os governos usaram esses fundos, sempre, e financiaram guerras, e compraram ouro como lastro e emprestaram e beneficiaram empresas portuguesas com esses fundos. As empresas, com tamanha facilidade de fundos do governo nunca precisaram ser eficientes. Nos últimos anos Portugal se manteve com dinheiro de emigrantes e do turismo. Meu bom pai disse-me uma frase que se usa muito entre emigrantes no Brasil: “Pátria é onde a gente se sente bem”. Abraçou o Brasil sem esquecer Portugal, eu tentei mas não consegui. Abracei o Brasil, tenho Portugal como mãe madrasta, amo os portugueses e ainda mais as portuguesas, exclusos de culpa porque não sabem[1], não conhecem: 40% ainda são tecnicamente analfabetos porque só sabem escrever o nome quando muito. Poucos sabem de história, ciências gerais ou exatas e destas muito menos.

Meu pai aprendeu a arte da alfaiataria. Seu pai, meu avô, tentara a aventura no Brasil, onde se associou a donos de bares e perdeu dinheiro. Voltou com uma “pleurisia líquida” que lhe foi consumindo os pulmões e as propriedades. Fora enganado pelos sócios do Brasil, e depois pelos médicos que lhe prometeram cura ainda sem a descoberta da penicilina que o salvaria. Quando a penicilina chegou a Portugal, meu avô estava morto e os dois filhos homens menores de idade trabalhavam nas minas de volfrâmio que era exportado para a Alemanha de Hitler. Essa exportação de volfrâmio rende a Portugal, ainda hoje, uma posição menos privilegiada entre os aliados ocidentais. Esse minério destinado à fabricação de tanques Panzer matou muitos dos que nos davam a mão. Outras políticas de aproximação com os aliados aliviaram essa situação, mas não anularam a impressão histórica de que “jogamos com um pau de dois bicos”, como medida esperta de quem não pode ser inteligente nem sensível. Nosso governo da oportunidade não foi inteligente por apostar no lado errado, e não foi sensível, porque Hitler era um predador de judeus, um apologista da predominância de raças, e portugueses não são da raça alemã.

Entre um copo e outro, durante um almoço, sentados no sofá, falando em particular com meu tio Ângelo, meu pai contava triste:

- Imagina que um dia pensei em montar uma alfaiataria e precisava comprar algumas coisas, dentre elas uma tesoura de alfaiate e um ferro de passar, daqueles a carvão. Falei com pessoas da família e amigos, mas não vais acreditar: Ninguém me emprestou dinheiro, uma porcaria, uma ninharia, para me ajudar.  Isso deu-me tanta tristeza que resolvi emigrar. O tio, irmão da tua avó, minha mãe, mandou-me uma “carta de chamada” do Brasil, e arrumou-me um quarto para passar uns dias. Em dois meses já tinha o meu apartamento que depois comprei. Em dois anos montei a minha loja, a “Alfaiataria Motta” e chamei o teu tio Ângelo para ser sócio. A família é muito importante na vida da gente, nossos reais e únicos amigos com quem se pode contar. E mesmo assim, tens que abrir o olho, meu filho.

Sábio pai, sábio tio que aprenderam de meus avós paternos a educação que lhes deram.  Gente que sobrevive, e vive, sem favores de ninguém, quando por vezes até um abraço ajuda. Ajudaram muita gente porque souberam o que era não terem ajuda.

Não enganaram brasileiros para ficarem bem de vida. Não fumaram, não beberam em demasia, só compraram carro por volta dos cinqüenta anos de idade, não andaram em círculos sociais para gastar e mostrar que tinham dinheiro, sem se escusarem de uma ou outra sem criar hábitos, economizaram e reaplicaram o dinheiro, e ao fim de um par de décadas, tinham sete lojas. O caixa era o bolso de tantos fregueses, e o dinheiro ia para o Banco no Brasil e para a Caixa Geral de Depósitos em Portugal. Trabalho honesto, gente honesta, bons frutos. Dos filhos não seguiu carreira universitária quem não quis. O mundo mudou e ninguém passa fome.

Outros portugueses chegaram ao Brasil. Muitos. Milhares. Centenas de milhar desde o final do século XIX até este século XXI portugueses são obrigados a emigrar por falta de “oportunidades”. Emigram em diáspora para todos os países do mundo. Uns dormiram em alcovas, amassaram o pão que o diabo amassou, e todos, de uma forma ou outra, se integraram à sociedade brasileira, à sociedade americana, à sociedade alemã, francesa, inglesa, do Liechtenstein, do Canadá, México, Venezuela, Andorra... São reconhecidos como trabalhadores e empreendedores honestos. Somos um dos países que mais mão de obra oferece ao mundo desenvolvido.  Nossos governos em Portugal teimam em não desenvolver o aprendizado, a educação, a técnica. Autênticos portugueses emigrantes quando voltam a Portugal, com dinheiro, fugindo de crises em países para onde emigraram e que mudaram a sua política como foi o caso da Venezuela, são chamados pejorativamente como “retornados” ou portugueses de “segunda categoria”. Portugueses emigrados não precisam da pátria madrasta e, muito menos, aqueles cujos filhos hoje participam de governos na França e em outros países. O que os move de volta à Pátria é a ilusão da saudade, do lugar onde nasceram, e cada vez mais se depositam os lucros em país para onde se emigrou e menos se manda para a metrópole. Ser amigo, governar, não é tapa nas costas, sorriso de crocodilo, palavras nada mais que palavras que, ditas a quem viajou, sofreu e vingou, não passam de palavras por mais que a ignorância lhes diga que convencem.

Os ventos da história que Salazar não deixava entrar em Portugal, enfunando velas de palavreado pueril e ignóbil de ditador (com aquela voz fina de fraco vingador de bullyng infantil) chegaram muito antes ao Brasil. Ouvi os ventos da história e compreendi meu pai e a minha pátria. Em dois anos meu linguajar era carioca, de acadêmico, formado já com “trinta anos de praia” no Rio, embora só tivesse 19.

Portugal é aquela minha pátria mãe que se casou com políticos corruptos dos quais não se vê livre, e da qual só preciso para matar saudades, seja em que lugar for, de norte a sul. Em particular minha terra e alguns amigos de infância que ficaram. Outros emigraram e não ouvi mais falar deles. Não os culpo por não se fazerem presentes.

Mas preciso entender se é a pátria madrasta ou a raça. Quando descobrir, decidirei se ainda tenho saudades. Vi no Brasil como na comunidade judia se ajudam uns aos outros e na qual tenho bastantes amigos. Chega a parecer que são eles os “cristãos”. Um deles foi meu padrinho de casamento. Alguns portugueses também. Mas nem todos. É necessária a união do povo português em torno dos interesses comuns. Hoje, com a crise de 2008, os filhos são novamente obrigados a emigrar porque, por comodismo e ilusórios benefícios próprios, deixamos que os governos se sucedam sucessivamente sem cessar, sem mudar o que é fundamental: Dar condições ao povo para sobreviver e viver em paz e com conforto. Se não fosse para isso, porque razão precisaríamos de governo? Bastaria uma central de polícia e um código de leis.

Rui Rodrigues

PS – Para novo tipo de governo, que não explore o povo português, consultar http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

   




[1] A NET é pródiga em informação sobre índices sobre qualquer assunto, incluindo corrupção, com o devido desconto por falsificação ou “acomodação” de dados pelo poder público. Digite o assunto, a palavra “índice” e terá todos.