Primeiro vem a vontade de pintar para minha amada filha, e logo a seguir a escuridão. O que pintar nessa escuridão tão negra, em que nada se vê, nem a tela, nem o seu tamanho?
Então as lembranças vão surgindo desde a infância... Do que gostaria de ver pintado? Como adequar meu estilo, se é que tenho algum, à sua forma de interpretar? E se isso não for importante? E começa uma série de interrogatórios a mim mesmo que só param quando me respondo: Pronto! Já sei o que pintar. Vou me dedicar a isso... E então olho para a tela, a unica que tenho em casa atualmente...
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- A morte de Pancrácio.
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- Repositório de algumas frases minhas no face book.
- Um momento de reflexão (Ou a re-história dos três porquinhos)
- O futuro próximo... (... é o do próximo)
- Reflexão sobre o momento econômico atual: (Ou da contra-informação na política econômica- desculpem os neologismos)
terça-feira, 17 de março de 2015
domingo, 8 de março de 2015
Dilma Rousseff - Quatro questionamentos
1 - Dilma Desatualizada
Estava escrito nas estrelas que as forças Armadas estavam
certas no "golpe" de 1964...Mas fica minha homenagem às mulheres que
quiseram acabar com a censura e lutaram por melhor educação... Conseguimos
acabar com a censura, mas a educação está bem pior....
- A URSS - já não é comunista
- a China já não é comunista
- Cuba já não é comunista
- A Alemanha Oriental já não é comunista
- O Vietnam já não é comunista
- a China já não é comunista
- Cuba já não é comunista
- A Alemanha Oriental já não é comunista
- O Vietnam já não é comunista
Nenhum país do mundo ainda é comunista....
E nós temos uma madama de Rolex, brincos e colares caros,
querendo comunismo aqui no Brasil?
Ela parou no tempo!
O que lhe sobrou foi revanchismo, ódio pela classe média,
frustração, e uma sede incomensurável pelo poder...O povo e o Brasil, para ela,
são de menos importância... Nada nela é verdadeiro... Nem o seu "comunismo"
2- Métodos que dão fama ainda podem ser usados?
Será que se raptarem o embaixador da
Venezuela ou da Argentina podemos trocar sua liberdade mandando Dilma para a
Venezuela ou Argentina?
3- Porque deve renunciar, senhora Dilma Rousseff
Por favor, entenda porque deve renunciar, senhora Dilma
Rousseff..
Porque sua visão de mundo foi apreendida nos idos dos anos
60 e a senhora não mudou. Naquela época perdeu uma excelente oportunidade - a única
que teve - de mudar o mundo para o socialismo extremo, o comunismo.
A senhora parou no tempo, porque de lá para cá o comunismo
no mundo não subsistiu, acabou, e até Cuba agora se torna capitalista embora,
para não criar enorme problema interno, ainda mantenha a "áurea" de
comunista. URSS e China nem querem ouvir falar de comunismo outra vez. As
estátuas de Lênin, Marx, Stalin e Mao jazem no lixo. As duas Alemanhas já estão
unidas e o grupo Baden Meinhoff dissolveu-se num acordo de anistia.
O mundo mudou, mas a senhora não.
O Brasil acompanhou o mundo, o mundo evoluiu, mas a senhora
ainda está nos anos 60 e não sairá de lá até que seus órgãos cheguem à falência
múltipla, assim como os órgãos do Brasil e a Petrobrás, parecem ter o mesmo fim
com o seu governo.
Se renunciasse para o bem do Brasil, sua imagem ainda
poderia bruxulear nos livros da história por algumas décadas. Se continuar
insistindo, será reconhecida como "A INSANA"...
Depois
do Lula ter chamado à ação o exército do Stédile, o PT virou uma facção armada
e não um partido... O "partido" deveria ser cassado. Ainda mais que é
corrupto como nunca se viu neste país, embora a corrupção seja endêmica.. O PT
exagerou em tudo.
4- ACABOU A DEMOCRACIA, OU CASSA-SE O PT ?
® Rui Rodrigues
sábado, 7 de março de 2015
O POVO BRASILEIRO PRECISA DE UM PAÍS NOVO.
O POVO BRASILEIRO
PRECISA DE UM PAÍS NOVO.
Este está
completamente podre
Eu quero um papai Noel de bermudas, porque aqui o calor é muito grande
e ar condicionado custa caro. E você, o que quer? Não pense que quero apenas um
papai Noel de bermudas e não com aquelas roupas quentes de inverno europeu.
Somos uma nação com mais de 500 anos, soberana, que carece de uma integração
com o resto do mundo, não de um isolamento, e que já teve muito tempo para aprender o que quer.
Os EUA têm uma população de 330 milhões de habitantes e ocupam uma
área de cerca de 7 milhões de km2 e um
PIB de 20 trilhões de dólares. São uma potência mundial, a primeira há mais de
um século. Nosso país, o Brasil, tem uma população de cerca de 210 milhões,
ocupa uma área de cerca de 6 milhões de km2
e poderia ter um PIB proporcional de cerca de 14 trilhões de dólares,
mas não alcançamos nem os 5 trilhões, porque nunca tentamos copiar os processos
de governo americanos. Pelo contrário, sempre houve tendência a favor de
estados socialistas e comunistas que por sua vez já abandonaram tais filosofias
de governo.
Estamos andando para trás, para o passado, a caminho da ruína. Até os
pobres estão ficando mais pobres, a inflação voltou, a corrupção atinge índices
nunca detectados, e se “antigamente” não fomos muito eficientes, agora estamos
muito pior com o PT e o PMDB dominando o cenário da política “velha” nacional.
A modernidade de Fernando Henrique Cardoso, um dos poucos socialistas lúcidos,
foi solapada por um petismo continental de revanchismo político, aproximação às
políticas de Fidel Castro que Cuba também abandonou.
Se queremos progredir como nação, dando ao povo o melhor que a nação
pode dar – e não para os políticos – temos que mudar nossa forma de gerenciar a
nação e não será com comunismos mortos nem com socialismos decadentes que
chegaremos lá.
Mas como mudar nossa nação, se são os políticos corruptos que estão no
governo comandando as forças armadas, criando muros de defesa, protegendo-se a
si mesmos para que ninguém os tire do poder?
O correto para confrontar políticos corretos, seria uma oposição forte
e povo não falta nem faltou para apoiá-la, mas sem oposição forte só resta que
o povo peça e exija das Forças Armadas que constitucionalmente os tirem do poder
e promovam novas eleições num prazo de 12 a 24 meses sob nova constituição que
reduza o poder dos políticos para que não voltemos a incorrer nos mesmos erros.
Uma constituição que não permita Atos Institucionais como o AI-5, ou MPs como
têm sido usadas pelo partido no governo, o PT.
Uma nova constituição tem que considerar que o voto de qualquer
político ou servidor público possa ser retirado e em decorrência da quantidade
de votos retirados por falta de confiança que possam ser retirados do poder ou
dos cargos, e que ministros sejam indicados por sufrágio universal e não indicados
pelo governo. Os três poderes devem ser soberanos. Ou como na Inglaterra com um
rei que não manda nada e um governo republicano que pode cair e ser substituído
com novas eleições se perder a confiança, ou como nos EUA, com leis rígidas que
são cumpridas.
Não podemos mais depender de caudilhos simpáticos, fotogênicos, que
nos imponham suas próprias ditaduras por 4, 8, 12, 16 anos “nomeando”
sucessores. O futuro nos espera e não queremos nada sombrio. Se não temos outras
alternativas copiemos os EUA. São um bom exemplo para qualquer brasileiro.
® Rui Rodrigues
sexta-feira, 6 de março de 2015
Rascunhos
Cargos públicos - juizes e ministros
O que precisa constar nas nossas leis é que os juízes do
supremo tribunal federal, assim como ministros, sejam eleitos da mesma forma
que se elegem presidentes, senadores, deputados, e governadores, para que sejam
eleitos por mérito e não para defenderem interesses de quem os indica. Os
interesses da nação devem prevalecer nas indicações. Quem faz isso é o povo. Não
pode ser delegado.
Por vezes me sinto como aqueles velhinhos italianos ou portugueses que
ficam no banco da praça olhando quem passa e soltando uns comentários pícaros
de vez em quando... É um mundo diferente, este nosso onde existem aqueles
políticos onde sempre aparece uma novidade que nos faz jogar novelos fora
porque lhes perdemos a ponta e pegamos outro novo para começar novo raciocínio...
E de novelos em novelos nunca a roupa fica pronta mesmo cada roca com seu fuso.
É preciso que os supervisores da lei não sejam nomeados por quem está no
governo, e que se possa deseleger quem perdeu a nossa confiança. Sem este
dispositivo de deseleger, sai ladrão entra outro, há sempre quem o governo
possa colocar em postos estratégicos para fazerem o que querem e não o que
queremos, nós, o povo.
Recomendação aos tecnicistas comunistas e socialistas
Lidar com a realidade dos números é difícil... Logo nos
primeiros anos de estudo, a matemática é normalmente o bicho-papão de muitos
alunos... Recomenda-se aos filósofos do socialismo e do comunismo que façam um
curso de engenharia que já traz embutido um excelente curso de economia e que
de passagem, nos poucos tempos vagos, façam um cursinho de direito...
Rapidamente se darão conta que só se
pode dividir o que se tem e que para se ter tem que haver capital. Então 90 por
cento dos alunos deixam de ser comunistas e socialistas e os outros 10% ficam
na dúvida, mas as notas não podem ter sido muito brilhantes.
A política e a lei na alvorada do galinheiro
Tenho seis galinhas e um galo num galinheiro de uns 30 metros
quadrados sem vista para o mar (o galinheiro) mas com muros altos por onde não se
pode atirar nada porque tem uma simples... REDE... Isso... Usando-se rede, tudo
o que atirarem cai na rede, mas nossos presidiários não sabem disso e não
providenciam (quem providencia nos presídios são os presidiários que mantêm a
carceragem atrás das grades). Mas dizia eu, eis que senão quando, ao entrar
hoje no galinheiro para ver se tinha ovos de casca
grossa que de ouro não é neste galinheiro, galinhas e galo saíram correndo
assarapantados, as galinhas cantaram de forma escalafobética (queriam viajar
de avião com passagens grátis) , o galo tentou impor uma voz grossa, e
perguntei o que estava havendo... O galo cantou Aqui qualquer um pode participar do conselho de
ética mesmo sendo indiciado pela justiça. Perguntei: Que justiça? O que
fizeram? E o galo ainda cantou mais alto: - Precisamos de dinheiro, recebemos,
mas fingimos que não sabemos de nada. A justiça é a que nos apóia. Se nos
pegarem, em breve outros nos substituirão e continuarás a ter ovos... Estão
muito caros não estão?
O galo ficou de castigo por
duas semanas, separado das galinhas!
® Rui
Rodrigues
quarta-feira, 4 de março de 2015
Três dias no Rio
Programei
minha vida para não ficar preso a amanhãs. Não há nada que precise ser feito
exatamente amanhã, embora não haja muitas folgas por causa das datas de
compromissos inadiáveis. Apenas um por mês. Assim, em vez de sair amanhã, ficarei
até mais tarde escrevendo sobre lembranças, mas não quaisquer lembranças.
Refiro-me às que nos acompanham pela vida – e são essas as mais confiáveis –
porque não houve paixões envolvidas que sempre nos confundem os pensamentos e o
julgar sobre eles. Porque escrevo sobre isso? Talvez pela necessidade de
compartir imagens com quem ler, na esperança de ajudar a que abram seus
próprios baús e dele tirem as suas “fotos”. Relembrar tem a vantagem dos
cheiros e do sentir dos ventos da chuva e do sol que as fotos verdadeiras não
têm.
Dia
primeiro.
Até os
dezesseis anos não tinha visto nenhum cadáver pelas ruas de Lisboa. Minha avó
falecera e não me deixaram ver o cadáver. Cheguei a ver alguns em fotografias
de jornais e nuns panfletos que passavam pela população referentes às guerras
coloniais em África mostrando grávidas com a barriga aberta e os fetos ainda
pendentes do cordão umbilical, homens castrados, feridas mortais abertas,
órgãos de soldados pendurados, enfileirados em cercas de arame farpado, cidadãos
com cintos de corda de onde pendiam dedos cortados. As fotos impressionavam.
Tudo isso impressionava, mas não fazia parar a respiração. Então desembarquei
no Rio de Janeiro, de certa forma fugindo da guerra injusta, e ao olhar o
cristo redentor a esperança de um mundo melhor. Sem dúvida que foi um mundo
melhor. Não tenho a menor dúvida, mas quanto ao contato com a morte, passei a
vê-la com muita freqüência. Foi uma mudança forte que me fez repensar a vida e
torná-la mais precária, mais incerta. As imagens estavam disponíveis em jornais
a que chamavam “imprensa marrom” e dizia-se que se espremêssemos o jornal
sairia sangue. No fundo achei um exagero porque tudo à minha volta era de paz e
tranqüilidade. Andar a pé pela cidade era confortável, em cada prédio antigo um
monumento, os transportes eram um desfile de modas, todo mundo de terno e
gravata, as moças com vestidos voluptuosos que ao mostrarem as pernas até os
joelhos nos faziam sonhar com o que haveria deles para cima. E cheiravam bem.
Asseadas, perfumadas, bem vestidas sem deverem nada a parisienses e lisboetas.
Pelo contrário, eram muito mais atraentes, até na simpatia. Havia sempre um
sorriso que podia ser maroto, convidativo ou simplesmente um modo usual dos
lábios.
Um dia não
encontramos bonde para descermos até o centro da cidade. Tivemos informação de
um desastre que impedia a passagem de veículos. Quando chegamos perto da
Presidente Vargas vimos um bonde parado e a uns dois paços um sujeito com a
cabeça quebrada, irremediavelmente morto, o sangue enchendo as calhas de um dos
trilhos. É a cor pálida que impressiona. Ainda não o tinham coberto com jornais
nem colocado velas acesas do lado. Apanhamos ônibus na Presidente Vargas.
Depois disso mais um cadáver, passados dias. Era do irmão do dono do açougue
que ficava quase na esquina do quarteirão. Esse estava coberto de jornais e
tinha velas acesas do lado. Um sujeito com quem ele discutira tinha pulado o
balcão e o esfaqueou. Mesmo esfaqueado saiu para a rua para tentar alcançar o
assassino, mas caiu na calçada. E mais tarde ainda um bicheiro levou oito tiros
de 38 de um desafeto. Dizem que foi por causa de mulher ou de disputa de ponto.
Ele tinha um ponto de bicho na esquina da Alexandre Mackenzie com a Avenida
Marechal Floriano. Mas lá estava de terno branco, gravata vermelha e chapéu
panamá, encostado a uma loja de roupas bem na esquina, dando os últimos
suspiros.
Ouvi ainda a sirene da ambulância que chegava apressada. Meses depois
ele reapareceu no ponto. Passei a achar que a vida também é uma questão de
sorte, mas é bom não ficar envolvido em confusões e procurar sempre passar
desapercebido das multidões. E, sobretudo, ter muita sorte. A única vez que
quase desmaiei foi quando uma amiga da Federal Fluminense me convidou para
assistir a uma aula com um cadáver. Primeiro foi a cor pálida e o corpo aberto,
depois o cheiro de formol, o calor da sala, e quando me começou a faltar o ar
saí da sala para não passar vergonha. Devo ter perdido um bom casamento. Os
últimos que vi, mortos ao vivo, já tem uns 30 anos quando uma Kombi bateu de
frente com um muro a caminho das praias de Niterói. Tenho conseguido me manter
afastado.
Segundo
dia
Sentir o
variável amor pelo pai como naquele dia em me despedi dele, de minha meia-irmã
e de minha madrasta quando viajou para Portugal, amando-o por me deixar sozinho
em casa, mas alegre por me ver livre dele e dos outros dois. Já tinha combinado
com minha namorada que ela passaria uns dias lá em casa. Foi uma lua de mel
fantástica apesar dele me dizer: - Porta-te bem e não faças besteiras. Cuida da
bem da casa! Ele costumava franzir o cenho e as comissuras dos lábios
afrouxavam instantaneamente para baixo quando falava sério. Copiei-lhe o rito
sabe deus como, porque minha alegria quase saía pelos poros. Foi nesse dia que
até pensei em ser ator de teatro, mas desisti por gostar muito de ser quem sou
e como sou. Nesse dia o Brasil jogava pela Copa do Mundo de 1970 contra a
Itália e o jogo passava numa TV instalada no hall do aeroporto do Galeão, mas
passei batido. Quando o avião levantou vôo saí até uma pequena obra dos
estacionamentos da qual era responsável como estagiário, dei uma explicação
para o encarregado, passei mais uma meia hora abraçado com os relatórios e saí
voando para apanhar a namorada.
A cama de casal de meu pai nunca tinha
balançado tanto. Tenho que agradecer ao colchão que era de molas e que ajudou
bastante. Acabo de olhar na Net e conferi o dia: 23 de junho, uma terça feira,
dia de sol no Rio e em minha alma. Eu, a namorada e todo o Brasil éramos
campeões mundiais por quatro a um. Não posso esquecer o colchão de molas
arfantes nem a possibilidade de termos perdido por sete a um. Isto jamais
passaria pela cabeça de alguém normal.
Terceiro
dia.
Foi uma
admiração no início. Costumava ir lá de vez em quando em finais de semana
levando as meninas para passear, nos tempos em que se parava o carro na praça
Saens Peña, se abria a porta e as meninas entravam para passear. Íamos ao
Cristo, almoçávamos, passávamos o dia juntos. São Conrado era o lugar mais
habitual quando tinha apenas um restaurante, uma capela e um lugar com barracas
de diversão. Nem uma casa mais, nem um prédio. Só vegetação marinha, areias e
praia, montanhas ao fundo. A voz de Nara Leão era meio de falsete, mas a bossa
nova e seus olhos límpidos ajudavam a compor o clima. João Gilberto, Tom Jobim,
Luis Gonzaga, Maysa para as noites de dor de cotovelo, e um sujeito hilário que
cantava “eu não sou cachorro não” nos faziam sentir no Rio ainda que
estivéssemos em Porto Alegre. Rio de Janeiro, mais que uma cidade, era um
sentimento nacional.
Todo o brasileiro se sentia carioca. Coisa melhor que
parar no Bracarense para tomar uns chopes e comer uns pastéis de bacalhau? Ou
no Caneco 70? Quem sabe no Garota de Ipanema ou no balcão da Pizzaria Guanabara
enquanto se esperava pelo frango assado na Pastelaria Rio-Lisboa... Bar do Luiz
no centro da cidade... Chegar em casa, tomar uma ducha e sentir, ao vestir a
camisa, que as costas estão um pouco ardidas do sol. Família, os filhos, semana
de trabalho que valia a pena, e fins de semana livres para se ir onde se
quisesse. E as crianças. Dar-lhes alegrias e responsabilidades, de preferência
alegria com responsabilidade e responsabilidade com alegria, como cozinhar
juntos e saborear os resultados. Tudo em meio a uma paisagem deslumbrante
compartilhada com amigos de norte a sul. E não era caro.
A economia progredia,
ninguém reclamava de preço de ônibus, que eram sempre modernizados, e que até
exportávamos para o exterior. Tempos em que técnicos e profissionais ganhavam
bem e políticos mais ou menos, embalados por canções que embalavam o coração,
sexo era conseqüência, não o objetivo. Ninguém assaltava caixas de banco. Só
assaltavam bancos e raptavam embaixadores, mas isso era a guerrilha estúpida
dos que se faziam rejeitar pela população para justificarem sua agressividade
contra a classe média e o conhecimento por mérito. A Santa Casa era uma casa santa, os hospitais
funcionavam a todo o vapor, não faltavam medicamentos. A Petrobrás era o
orgulho nacional. Governos faziam casas populares e até mudavam populações que
viviam em barracos para essas novas casas e não cobravam nada. O “terror”
daqueles “anos de chumbo” só incomodava terroristas. Pobres sempre os houve e
haverá. Há que cuidar deles na medida da riqueza do Rio de Janeiro e da nação.
Quanto mais ricos formos, de maior numero de desvalidos poderemos cuidar.
Imaginem o quarto dia...
Imaginem o quarto dia...
® Rui
Rodrigues
segunda-feira, 2 de março de 2015
Ensaio sobre a consciência no século XXI
Não, não é ficção. Antes
fosse porque teríamos a oportunidade de que a partir da ficção nos pudéssemos
prevenir para evitarmos um futuro sombrio, mas antes, muito antes de chegarmos
a este ponto, vários autores já escreveram ficções e pelo que parece não nos
prevenimos nem um pouco. Funcionaram como incentivos [1]. Se
buscarmos na ciência os motivos que nos trouxeram até este século, podemos
pensar nos antibióticos que nos prolongaram a vida, o saneamento básico, a
imprensa, a eletricidade, a genética, a pílula anticoncepcional, os
equipamentos eletrônicos, a televisão, a física quântica, a Internet e muitos
outros. Se buscarmos dentro de nós mesmos, o que nos trouxe foi uma enorme
vontade de viver, de lutar contra todas as adversidades e, sobretudo, de
buscarmos a independência da individualidade de cada um. Mas como convivermos
pacatamente com tanta diversidade de cada aspecto de nossa diversidade? Temos
além da individualidade que conviver com nacionalidades diferentes, gêneros,
religiões, religiões dissidentes, políticas filosofias e governos diferentes. Nesta
conjuntura é completamente impossível que algum governo consiga agradar a toda
a população. Surgem extremismos. Populações que cresceram mais do que os
recursos dentro das fronteiras podem suportar completam o quadro mundial da
pressão existencial.
É praticamente impossível
esconder uns dos outros o que se passa pelo mundo. A propaganda, por melhor
engendrada que seja, não consegue convencer-nos do que querem que entendamos se
o que virmos for diferente do que apregoarem. Governos como os de Hitler e
Lênin não conseguiriam sobreviver nos dias de hoje, mas exerceriam uma tremenda
pressão sobre as populações na tentativa de subsistirem. No entanto existem governos ainda que, embora
por pouco tempo mais, conseguem sobreviver. São países de profunda
religiosidade em que a população coopera mantendo-se à margem das descobertas
tecnológicas, numa inocência colaborativa que chega a impressionar. No contexto
das nações não colaboram com o desenvolvimento nem consomem o que se produz.
Colocam-se elas mesmas à margem numa fronteira entre o céu e a terra, com
relógios internos que atrasam meio século a cada ano que passa nas demais
nações. A própria ignorância de nações onde se vive de forma diferente
contribui para essa retração no tempo capaz de desafiar os mais verídicos
conceitos da relatividade de Einstein. As nações são constituídas de
indivíduos. Quanto mais diversificadas em tudo mais fácil é a convivência
embora com problemas de menor monta. Quanto maior o grau de identidade dos
indivíduos de uma nação, mais fácil se torna converter um líder em ditador.
Estamos assistindo a este fenômeno no recém formado “Estado islâmico” no qual Abu Bakr Al-Baghdadi se fez instalar como chefe
supremo. Governa pelo terror usando como ferramenta o Corão do qual extrai
apenas as suras que lhe convém. Outras religiões fazem exatamente a mesma
coisa, embora de forma menos violenta e extremista.
Se olharmos
com mais atenção, ou sob outro ângulo, talvez possamos constatar que o mundo
nunca teve tanta profusão de “grupos” com perfil tão específico como nos tempos
iniciais deste século. Se desejarmos obter um marco, o mais sugestivo talvez
fosse o da “guerra entre os sexos” dos quais se originaram os mais extremistas
machistas e feministas. Depois apareceu a “guerra dos gêneros” com base no
homofobismo e embora não haja relação alguma aparente, surgiu a Al-Qaeda, o
“Occupy Wall Street”, Taliban, Al-Shabaab, o Estado Islâmico, o Boko-Haram, e movimentos
novos de independentismo como na Ucrânia, enquanto outros como o IRA e a ETA se
extinguiram. Em nível de nações surgiram novamente os caudilhos que se instalam
no governo em perfeitas ditaduras. Neste grupo de nações inclui-se a Rússia com
Putin que anexou a Criméia e tenta anexar a Ucrânia, Chávez na Venezuela que
projetou Maduro antes de sua morte, Lula que projetou Dilma Rousseff no Brasil,
Evo Morales na Bolívia e Cristina Kirshner na Argentina, todos estes se
perpetuando no governo de suas nações. Há muito a ONU parece fazer vista grossa
na fiscalização de eleições porque aparentemente o mal que se pode causar em
falsificar eleições ou comprar votos se limita às fronteiras destes países, e
quanto pior for a sua economia mais aviltados ficam os preços dos
produtos. A acreditar-se numa teoria da
conspiração seria da Banca Internacional com os caudilhos como marionetes
usando filosofias de esperança e fé vãs como o comunismo e o socialismo ao
extremo. Abstendo-nos de pensar em teorias de conspiração podemos entender o
momento atual de formação de grupos de nações e de indivíduos como fruto da
liberdade de pensamento e da preocupação maior de manter uma certa identidade
dentro das fronteiras, com forte fiscalização, tanto quanto possível, atuando como
muros de separação.
As
economias parecem correr à margem da política, mas não é verdade. Após a
globalização estão intrincadamente interdependentes umas das outras. Os
capitais “viajam” até pela net sem nunca saírem do lugar, ou desaparecendo após
uma senha e um “Enter” num computador. Banqueiros mundiais podem ser
considerados também como um grupo, ainda não terrorista, mas de certa forma
fazendo seus estragos nas economias individuais. Os juros bancários no Brasil
chegam a 200, 300 por cento ao ano. Companhias e empresas terceirizadas por
governos impõem suas próprias leis através de contratos mancomunadamente
redigidos com deficiências, pagamento de propinas. Governos, banqueiros e
empresas fizeram um casamento a três, proporcionam a perenidade de governantes
caudilhos à frente de suas nações. Pode parecer que este texto seja contra o
capitalismo, mas não o é em absoluto, mas contra o exagero. O exagero leva ao
afrouxamento das leis porque tudo se corrompe. Este afrouxamento se dá primeiro
nos mais altos escalões dos governos e ganha as ruas rapidamente. Ao ganhar as
ruas gera mais insatisfação e o surgimento de mais grupos extremistas. Uns para
roubarem, outros para modificar ou manter a política em seus estados. Além dos
cartéis de drogas que surgem pelo mundo, surgem também extremistas como os
“black blocks” surgiram no Brasil interferindo em manifestações pacíficas
contra o continuísmo de um partido político que arrasa a economia brasileira, o
PT, há 13 anos no poder com previsão para mais três.
Áreas de
tensão internacionais podem ser notadas no norte de África e África central
onde atuam o Estado Islâmico e o Boko-Haram; o Afeganistão e Paquistão com o Taliban; Afeganistão Paquistão Quênia Síria Índia e
Somália com a Al-Qaeda; Somália, Quênia e
Uganda com a Al-Shabaab; Iraque Líbia e Síria com o Estado Islâmico; Nigéria, Chade,
Níger e Camarões com o Boko Haram; Israel e o terrorismo emanado de países
árabes limítrofes; uma ilha no mar do Japão em disputa entre China e Japão; um
certo tipo de guerra fria entre a China Continental e Taiwan; Guerra civil na
Síria; uma latente guerra fria entre Paquistão e Índia pela posse de Cachemira;
a Colômbia ainda lida com o problema das FARC; A Chechênia ainda pretende se
separar da Rússia.
Em muitos
lares neste momento há divergências como nunca houve na história da humanidade;
em muitas empresas se luta por postos e posição hierárquica no trabalho; pais e
filhos nunca foram tão dependentemente independentes; a ONU nunca foi tão pouco
chamada a intervir como nos últimos dez anos; as revistas em aeroportos
parecem-se agora mais com revistas de prisioneiros quando são admitidos em
prisões; rackers atuando oficialmente para os governos ou por conta própria
sabem tudo o que se passa e o que fazemos através de nossos computadores.
Pagamos nossa liberdade com o dinheiro de nosso trabalho sem sermos livres. Vivemos
em jaulas douradas por propagandas com shows de bandas, programas de televisão,
fogos de artifício, mobilização política, que nos desviam a atenção dos escândalos
políticos. Podemos perguntar-nos onde anda a nossa consciência política, e se
vale a pena tentar mudar alguma coisa. Fernando Pessoa disse que tudo vale a
pena se a alma não for pequena. Então deve valer a pena tentar mudar a
política, a religião, a economia, mas também se sabe que não são uma ou duas
andorinhas que fazem o Verão. Talvez um grupo de andorinhas possa fazê-lo, mas
já há tantos grupos que nada mudaram, que mais um não o faria. Verão! Verão que
o mundo, a humanidade escolhe seus caminhos sorrateiramente, dia a dia, semana
a semana, mês a mês, ano a ano, século a século e que é simultaneamente
imprevisível, modernizadora e conservadora, porque há aspectos que jamais
mudaram desde sua existência, como a riqueza e a pobreza e o aparecimento de
dissidências. Chegamos a pensar que se um dia estes problemas acabassem de vez
não teríamos razões importantes para continuarmos a viver. A consciência de
cada um tem um alcance muito limitado, mas a soma das consciências da
humanidade determinam o seu caminho para o amanhã.
® Rui
Rodrigues
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Ligo ou não ligo?
Creio que todos nós, os da
idade madura ou melhor idade, quem já viu um pouco bastante deste mundo meio
bastardo, meio legítimo, nos fazemos a mesma pergunta, ou já no-la fizemos no
passado: Ligo ou não ligo o foda-se?
Já comprei uma porção de canecas de alumínio – somos o país do alumínio – mas já joguei todas fora porque a “pega” sempre fica bamba porque o parafuso de ferro enferruja. Sabem esses relógios digitais de cozinha? Já comprei uns três nos últimos cinco anos porque param de funcionar. De funcionar não, mas o ponteiro não sai do lugar e “não vale a pena consertar”. Antigamente íamos à venda do Sr. Manuel e ele nos trocava na hora e nem tinha esse negócio de “garantia” e muito menos de “garantia adicional”. E as faltas de energia, de água, ou de sinal da net ligando para as empresas terceirizadas, e aquelas esperas infernais? E o Procon que nos preconiza a solução de todos os problemas? Até mais ou menos, mas antigamente gastávamos nosso tempo trabalhando. Agora gastamos nosso tempo reclamando de tudo e não é porque “queremos mais melhoras” como disse uma senhora louca que elegeram – só pode ser por engano – como presidente. Não, não! Reclamamos porque queremos apenas e tão somente o mínimo que nem isso temos. Basta pegar um trem ou um ônibus ou vermos quantas usinas de tratamento de esgoto existem, e se tivermos dúvidas basta olhar para a Lagoa Rodrigo de Freitas que só por si já é uma imensa Estação de Tratamento de Esgotos.
Então, olhamos para lá das fronteiras com a luneta da net e com os ouvidos e olhos ligados na TV e o que vemos?
Se ligarmos o foda-se não
vemos nada de importante. O que podem significar aqueles grupos de sujeitos
vestidos de negro cortando pescoços de gente como se fossem de galinhas ou de
perus de natal, queimando gente ainda viva, bem viva, com gasolina em gaiolas?
Afinal, isso é lá bem longe, na África, e são todos muçulmanos. Por isso, “que
se foda”. A Rússia invadiu a Ucrânia? E
daí? Não são todos russos? Os russos que se entendam porque aqui não é Rússia.
E a Venezuela sendo arrasada pelas idéias de um motorista de caminhão que
resolveu se apoderar do que é certo e do que é errado porque o Congresso do
país dele foi subvertido e comprado pelo antecessor que o indicou para
presidente? Já morreu muita gente, mas os venezuelanos que se entendam, não é?
Isto é perto sim, mas temos a tropa de selva da Amazônia supertreinada e nosso
governo não é bobo, nosso país é muito grande...
Com o foda-se ligado nunca há problema e mesmo que uma coisa não tenha nada a ver com a outra, foda-se! Está tudo desculpado e explicado. Uma boa desculpa já nos faz aceitar o desconforto de nossa comodidade e de nosso conforto. Mesmo quando depois do preço da gasolina subir de dois reais para quatro em dois meses, a tal presidente vem a público dizer: “Mas nós não aumentamos a gasolina”... Que bom que até a gasolina é burra e se aumenta a si mesma! Nossa... Como é bom ligar o “foda-se”... Ficamos logo mais inteligentes e entendemos tudo, apesar de muitos que não nos entendem dizerem que somos alienados.
No passado quando a população não estava satisfeita, ia para as ruas, os artistas saiam de mãos e braços dados, gritando slogans “subversivos” (são hoje os slogans “conversivos” já que é a subversão que assumiu o poder? A cultura melhorou? ), os trabalhadores faziam greves fenomenais, mas parece que a população ligou também o “foda-se”, e cada um de nós, em frente ao computador vendo e sabendo tudo o que se passa ou xeretando na TV passando canal atrás de canal, se julga um passarinho fora do ninho onde tudo vai mal mas a população reage como se tudo estivesse bem. Cada um de nós se sente mal apenas quando se esquece de ligar o tal botãozinho (do foda-se). O problema é que há quem não saiba que o botão existe e quem se esqueça onde fica para apertá-lo na hora agá.
Com o foda-se ligado nunca há problema e mesmo que uma coisa não tenha nada a ver com a outra, foda-se! Está tudo desculpado e explicado. Uma boa desculpa já nos faz aceitar o desconforto de nossa comodidade e de nosso conforto. Mesmo quando depois do preço da gasolina subir de dois reais para quatro em dois meses, a tal presidente vem a público dizer: “Mas nós não aumentamos a gasolina”... Que bom que até a gasolina é burra e se aumenta a si mesma! Nossa... Como é bom ligar o “foda-se”... Ficamos logo mais inteligentes e entendemos tudo, apesar de muitos que não nos entendem dizerem que somos alienados.
No passado quando a população não estava satisfeita, ia para as ruas, os artistas saiam de mãos e braços dados, gritando slogans “subversivos” (são hoje os slogans “conversivos” já que é a subversão que assumiu o poder? A cultura melhorou? ), os trabalhadores faziam greves fenomenais, mas parece que a população ligou também o “foda-se”, e cada um de nós, em frente ao computador vendo e sabendo tudo o que se passa ou xeretando na TV passando canal atrás de canal, se julga um passarinho fora do ninho onde tudo vai mal mas a população reage como se tudo estivesse bem. Cada um de nós se sente mal apenas quando se esquece de ligar o tal botãozinho (do foda-se). O problema é que há quem não saiba que o botão existe e quem se esqueça onde fica para apertá-lo na hora agá.
Não sei onde fica esse botão ou, melhor... Não quero saber. Creio que até uma borboleta que decide num determinado instante bater suas asas na direção oposta às demais que migram entre continentes, possa mudar o destino da humanidade, mas uma dessas não deveria fazer parte da teoria do Caos, e sim da teoria da Ordem. Não sou borboleta, mas bato minhas asas do conhecimento embora tenha consciência que não conheço nada. Só conheço uma tão pequena parte do todo que avaliá-lo seria temeridade. Também creio que se algum dia apertar o botão do foda-se o mundo muda, mas para pior.
® Rui Rodrigues
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Justiça justa não dá lucro
Justiça justa não dá lucro - Lei que se perde numa agonia da
moral e da ética...
Quando os governos são amorais, aéticos, e porque não dizer
rapinantes, as leis perdem o sentido porque não podem ser aplicadas em sua
interpretação original. Juízes indicados pelo poder com a conivência de
advogados e promotores torcem, retorcem e contorcem as leis, e as invertem,
revertem e controvertem.
É a apologia do interesse comunitário, entendendo-se como
comunitárias as comunas que como gulags servem de
um lado os grupos no poder e de outro enjeitam os desamparados populares. A
proteção do poder os faz legislar em proveito próprio através de aumentos
salariais, à revelia e ao bel-prazer. Como são os donos da verdade, julga-se o
que é mais urgente para os interesses e posterga-se o que não dá lucro. Justiça
justa não dá lucro.
Não existe uma lei dizendo: Mandem-se batalhões de choque
invadir todos os bairros da nação para a acabar com o tráfico, mas emitem-se
ordens para acabar com a greve dos caminhões que é mais que justa na essência,
mais justa que os juízes que a julgam injusta.
Há milhões e milhões de processos parados, mas já se buscam
motivos para se aplicar lei de mordaça nas redes sociais que serão julgadas -
se derem lucro mais que não seja político - por juízes de plantão,
provavelmente importados de Cuba, assim como o foram médicos com diplomas
falsos, contratados por um esclavagista a soldo do PT.
Depois reclamam que a população não aguenta mais este tipo
de justiça assalariada assaltante e preguiçosa.
Somos todos nós, o povo brasileiro, os juízes incontestes
deste deficiente governo do PT e de seu associado majoritário o PMDB
® Rui Rodrigues
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
A Eternidade é um zero.
Temos que
reconhecer que as religiões têm tornado este mundo mais social em nosso meio
humano no que pesem as guerras que esporadicamente provocaram. Sem elas a moral
e a ética não seriam tão apuradas, as leis seriam as dos mais fortes - tal como
de certo modo ainda são – porém muito mais violentas se é que existiriam leis.
Todas elas são conformativas. Os fiéis sentem-se na obrigação de serem “bons” e
se não amam o próximo, pelo menos o respeitam mais do que sem as leis de cada
religião. Muitas delas “oferecem” uma outra vida após a morte. Não deixa de ser
reconfortante. Tem funcionado. Porém o aparente laicismo das republicas tem-se
defrontado recentemente com movimentos que apareceram do “nada” invocando Maomé
e querendo impor uma moral rígida, usando métodos que parecem surgidos do
inferno, envergonhando o profeta: Invadem e destroem cidades, matam inocentes de
quaisquer idades incluindo crianças, queimando-os em gaiolas, degolando-os.
A maioria
dos seguidores é composta de jovens de um mundo superpovoado que buscam alguma
“coisa”. O quê? Certamente que uns buscam o poder, outros uma nova moral,
outros aventura, mas num regime dominado por homens onde a mulher não tem a
mínima voz ativa. São como qualquer ser humano homem que não se quer impor
limites, ou como qualquer mulher para quem a liberdade não tem importância
desde que vivam alimentadas e protegidas por homens. È a volta dos antigos
califados, dos haréns. Mas o Universo em que vivemos tem limites e não são para
desprezar porque fazem parte das leis que nenhuma religião escreveu. As
verdadeiras leis nasceram com o despertar do Universo. Vejamos, porém, que
existe a possibilidade de nada disto ter a mínima importância. Nenhuma
importância mesmo, e esta veracidade não depende de se acreditar ou não. É
aquela verdade imutável que tanto se busca, a que não depende de
“interpretações”, embora difícil de entender porque exige um pouco mais do que
sentar em bancos de universidades.
A ciência
no fundo sempre buscou encontrar Deus. Saber como Ele fez o Universo, mas nos
defrontou com um enorme problema: Como o Universo existe há uma eternidade para
trás no tempo, para que seria necessário um Deus que tivesse feito um universo
que já existia antes dele surgir? E para que necessitaria surgir se tudo já
estava feito e nem nos aparece todos os dias para dizer: Eu existo! Esta
questão do tempo é muito importante para se poder entender o que pode ser Deus,
o que somos, a existência de “outra vida” para lá desta. Mas quer Deus exista
ou não, temos ainda outros problemas. Se não conseguirmos mandar um casal
fértil ou de outro modo fecundar óvulos femininos com espermatozóides em outro
planeta fora do sistema solar, estamos arriscados a perecer como espécie porque
o nosso Sol se transformará numa gigante vermelha que impossibilitará qualquer
tipo de vida. Mas, mesmo que isso não acontecesse, nossa Galáxia se fundirá com
a de Andrômeda com grandes possibilidades de extinção. E mesmo que isso não viesse
a acontecer, nosso planeta pode aniquilar, como já aniquilou por várias vezes,
98% das espécies, e sempre há os meteoros. Algum deles pode provocar o mesmo
resultado tal como aconteceu com os dinossauros. Em suma, se algum evento
destes acontecer – ou quando acontecer – não haverá memória neste planeta. Não
haverá memória! Nada, nem ninguém se lembrará sequer que um dia existimos, a
não ser uma eventual espécie que tentasse evoluir neste espaço de tempo que
ainda falta para o Sol se transformar numa gigante vermelha, fizesse escavações
e contasse nossa história tal como os arqueólogos e historiadores tentam
recontar a nossa própria. Essa espécie nos substituiria, mas teria todos os
demais problemas até que ficassem também sem memória viva.
Em suma,
surgimos a partir de um momento da história do Universo, este nosso, que por
sua vez surgiu em um momento da história de um grande universo muito maior que
tem uma história infinita no tempo, aparentemente sem um criador. E o futuro? O
meu? O seu? O da humanidade? O do Universo? Imaginemos uma linha infinita quer
para a direita quer para a esquerda. Marquemos um ponto A no surgimento deste Universo,
e longe, muito longe, o surgimento deste sistema solar habitável na Terra.
Marquemos um ponto B no surgimento da espécie humana, e logo adiante, em C, a
data de seu nascimento e em D a de sua morte. Marque em D o fim da humanidade.
Que importância pode ter para você ou para a humanidade toda a sua história?
Bom... Se pensarmos que existe um paraíso e sem questionarmos quais os
conceitos que presidem a escolha para sermos “escolhidos”, aceitando até que
todos o sejamos, que dizer quando este nosso Universo se transformar num lugar
tão gélido que nada possa nele existir embora ele, o universo, continue
existindo? Sim, porque nosso universo começou com bilhões e bilhões de graus e
hoje a temperatura média é de meros 2,4 graus aproximadamente sempre
diminuindo. O céu, o paraíso, não ficariam neste universo inerte, parado,
gélido, inóspito... Onde ficaria, para que pudéssemos, lá, ter nossa memória?
A memória
funciona através de circuitos de informação que podem ou não ser elétricos.
Seja como for, e em qualquer hipótese, precisam de energia, mas não há energia
num universo inerte, parado, gélido, inóspito. Estamos numa armadilha. Então
tudo estará perdido? Não... Tudo, o que quer que “tudo” possa significar, pode
continuar tal como está que não mudará nada. As religiões continuarão a
amenizar a vida difícil, que o é para todos, neste planeta. Sem elas, não
importa que Deus adorem, ou mesmo nenhum, provavelmente já nos teríamos
canibalizado sem remorsos talvez na disputa de uma bandeira, de um símbolo, de
um pedaço de carne de qualquer animal comestível, e o segredo de nossa
longevidade reside no fato de sermos sociais. Quanto mais sociais mais durável
será a humanidade. Precisamos de todos sem exceção porque cada um tem sua
função nesta vida, da limpeza ao apoio, da religiosidade e da falta dela para
que alguém pelo menos se questione sobre o “tudo”, e da ciência sem a qual nem
poderíamos ler estas linhas tortas.
Mas se
repararmos bem, para cada um de nós e para o próprio universo haver ou não um
começo, uma eternidade é como se nossa existência ficasse reduzida de infinito
a zero, porque a memória se acaba por falta de energia, quer seja de nós
mesmos, do sistema solar, do planeta ou do universo. Este não acabará, mas será
gélido, inerte, inóspito sem a mínima energia.
Não dizem
que o espírito ou a alma é uma espécie de energia? Aproveite esta vida. É única
coisa que temos certa porque nos parece muito real. Mas há quem diga que não.
® Rui
Rodrigues
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