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segunda-feira, 10 de junho de 2019

O Mistério das botas do comandante

Da série : Mistérios sem esperança de solução 

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O Comandante morreu e deixou entre outras coisas um belo par de botas brilhantes por fora, cheiro de usadas por dentro. Não constavam do testamento. O comandante fora-se de repente largando neste mundo a mulher, uma filha, um filho que ele pensava que era dele e não era, uma amante que todos conheciam mas não sabiam que era sua amante, e um filho que todos sabiam que era dessa mulher que todos conheciam, e era, mas que também era filho do comandante, e isso ninguém sabia embora algo sutil pairasse no ar sem saberem o que era. Se fosse confessado, todo mundo levantaria a cabeça, reviraria os olhos, daria um tapa na testa e diria com a certeza de um Arquimedes:

- Eureca, coa breca, bem que eu desconfiava!!!!

A viúva olhou para as botas e não viu serventia naquilo, muito menos para lembranças do cheiro que ainda pairava no interior, logo agora que estava livre dele e podia levar a vida na flauta sem ter que dar explicações. Finalmente ia soltar a bacorinha, deixá-la engolir linguiça à vontade. A filha mal olhou para as botas brilhantes por fora e usadas por dentro. Eram muito grandes, fora de moda e sem lugar onde guardá-las. Logo se descobriu que todos tinham motivos para não querer o par de botas que, diga-se de passagem eram brilhantes por fora e usadas por dentro, porque para cúmulo do desinteresse, o comandante não morrera em batalha nem tinha sido torturado em ditaduras.
Resolveram doar o par de botas a um mendigo que costumava se ajeitar sob a marquise de uma loja dois prédios abaixo para a direita. Isto foi numa quinta-feira faz dois anos. Na sexta-feira seguinte sábado e domingo viram o mendigo sempre de porre, mas descalço como sempre, sem as botas. Ainda lhe perguntaram pelas botas, mas ele sorria e respondia com um sorriso simpático que não sabia de botas algumas, mas que se tivessem um par do tamanho dos pés dele, que pudessem doar, que aceitaria de bom grado. A partir da segunda-feira seguinte nunca mais ninguém se lembrou ou falou das botas do comandante durante dois anos. Voltaram a lembrar-se quando viram anúncios de moda com botas no cardápio. Então levantaram a hipótese de uma certa fortuna- que o comandante deveria ter por obrigação, visto que não gastava tudo o que ganhava. Especulou-se que deveria ser uma fortuna bem gorda, que deveria estar num cofre em Banco na Suíça, talvez diamantes, e que a chave do cofre junto com a senha deveria estar no tacão da bota...

Mas onde andariam as tais botas?

O mendigo desaparecera. Ou morrera ou andava pela cidade em outro bairro, irreconhecível, quem sabe rico... As cidades guardam histórias que só se contam ao vento em caminhadas matinais pelas ruas e praças da cidade, principalmente em dias de nevoeiro. Nossa visão nos parece sempre cristalina e que enxergamos tudo muito nítido, mas a verdade se esconde na bruma.
Aquela bruma que nos tolda o pensamento, não a visão.

Rui Rodrigues  

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Sobre isto, aqueles e aquilo


1- Momento nietzscheano à luz da cloaca das galinhas


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Vocês, meus contemporâneos da fuzarca, construíram este mundo caricatura enquanto eu trabalhava e não encontro um responsável a quem atribuir medalha.

Só agora, que descanso do trabalho percebo que construíram uma caricatura que nem vocês apreciam.

Mas mesmo assim ainda não conseguiram estragá-lo. As galinhas ainda põem ovos com claras e gemas. A água é que anda meio pestilenta, o ar sufocante e áspero!

Enquanto trabalhava duro...

2- O Hotel-Motel da baixaria - Filme do ano, sinopse:


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Jogador de futebol com síndrome de eterno adolescente idiotizado por jogos de vídeo-game, se envolve com modelo sádica-saldo-negativada num Hotel da Romântica Paris e ela com advogado extorquidor, cria o maior sururu, porque há suspeitas fundamentadas de estupro, pancadaria, práticas sado-masoquistas e extorsão. As cenas no Hotel vão parar nas redes sociais, todos ganham notoriedade e muitos cliques likes e seguidores, e o jogador, num amistoso, desconcentrou-se pensando no rolo geral, pisou mal e torceu o tornozelo, saindo da seleção canarinho...

Deu barraco geral, tá todo mundo na polícia.

Ela dá uns tapas sonoros e ele como é óbvio se defende com os pés... E nem se transaram nem tiraram a roupitcha.

Em breve nos cinemas.


3- Ao Governo Federal, à Polícia Federal, IBGE, Tribunais de Contas, etc...


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Há um consenso de que cerca de 8% das arrecadações de impostos, ou das "receitas" nacionais estaduais e municipais sejam desviados por corrupção.

Não pode ser verdade. É muito mais, porque não considera superfaturamentos, obras cujo progresso físico destoa dos acumulados já pagos, cabides de emprego, pagamentos de aposentadorias indevidas, salários reclusão a bandidos, juros bancários por empréstimos para cobrir déficits orçamentários e obras paradas, "bolsas" de estudantes não qualificados principalmente no exterior, acúmulo de aposentadorias e "heranças" de aposentadorias, uso de serviços públicos por entidades que já têm ajudas de custos, obras que precisam ser refeitas, custos extras de transporte por estradas esburacadas, custos da máquina pública e CPIs para combater a corrupção ...

Tome-se como exemplo o caso "Sérgio Cabral" no Rio de Janeiro. Qual a porcentagem de impostos desviados ? Ou a farra dos "Genros" no RGS... Ou a administração (?????) Dilma Rousseff...

Todas as nossas instituições precisam ser devassadas, as contas postas a nu. Que se criem comissões apolíticas.



Rui Rodrigues

terça-feira, 4 de junho de 2019

City city Bangue-bangue city


A cidade vive em meio a tiroteios de bandos e gangues que disputam pontos de venda de drogas, tal é o consumo. O que mais se vende são drogas! Drogas de todos os tipos e em todo tipo de embalagens. Umas se cheiram, outras se fumam, outras se engolem, outras se injetam. É o mercado mais rico da cidade. Os tiroteios lembram muito as cidades do velho oeste americano, mas são realmente mais parecidos com as cidades bombardeadas da Síria com uma agravante: Parece que há franco-atiradores com o fim determinado de acertar crianças como se fosse um tipo pérfido de vingança. Sem contar com a guerra que envolve os milicianos, grupos de militares da ativa, da passiva, do presente e do passado.

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Na cidade se criou um mercado internacional muito rendoso para prefeitos e governadores: O tráfico fica milionário. Com o dinheiro as gangues compram votos para poderem eleger políticos que indicarão policiais compreensivos com a situação, que para mostrar serviço prendem 8, matam 2 e deixam 90 livres, e apreendem uma tonelada de drogas deixando passar 99 toneladas... A ambição pela disputa de "pontos" de venda, obriga ao tráfico de armas... E como os efetivos policiescos são reduzidos, os "drogados", os dependentes químicos" que são realmente os fregueses, os que pagam o consumo, aumentam os roubos e os assaltos a gente trabalhadora, a que produz dinheiro para ser roubada e alimentar o tráfico... As prisões se transformaram em quartéis generais onde os chefões podem comandar tudo sem serem incomodados...

O ciclo deste mercado é vicioso e viciado. O mercado que mais consome é o mercado das drogas que já abriu leque para roubo de cargas, roubo de transeuntes, roubo de Bancos. Os juros e o custo dos serviços bancários são tão altos que pagam os roubos e ainda dão lucro, porque o governo (1) deve aos Bancos. Paga-lhes a peso de ouro e ainda recebe uma parte.

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A cidade tem uma estátua do Cristo Redentor, tem mesquitas, terreiros de umbanda, igrejas cristãs,sinagogas, templos evangélicos e adventistas, reza-se muito mais para os mortos que para os vivos, mas não há movimento nem preces para acabar com o mercado. Pelo contrário, assaltam templos. Algumas vezes gente de outros templos.

O mercado é muito grande! Quem pode, sai, porque City city bang-bang city se transformou num pesadelo Kafkiano (2).

Rui Rodrigues

Obs. 1) O governo não é o de Bolsonaro que herdou essa merda dos governos anteriores que se diziam "socialistas". Os 3 poderes mostram todos os sintomas de estarem contaminados.

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Obs. 2) Escrevi o que me parece, baseado no leio vejo e ouço, sem compromisso com a verdade porque sou apenas um cidadão e não sou policial nem tenho agência internacional de investigações, mas sinto o respirar da cidade... O que me parece, parece também a todos os habitantes.

sábado, 1 de junho de 2019

Do nascimento ao Juízo Final

1 - O nascimento

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Vê se cai a ficha, ó respirante vivente...

Nunca vi recém nascido nascer às gargalhadas! Todos choram de se arrebentarem...

Sinal que "lá" era muito melhor... Acho que morrem sem nunca se habituarem a este lugar. Reclamam de tudo.

Atualmente dedicam-se a arranjar uma maneira de se mudarem daqui pra outros lugares... Até já começaram a destruir tudo, como rios, matas e oceanos.. Um dia vão respirar peidos em vez de oxigênio...
2- Fábula do aprendizado O estudante e a vaca

Neném precisa de leite, e pra ter sempre leite, precisa cuidar da vaca. A vaca precisa de pasto

Estudantes precisam estudar, e pra haver estudos é preciso cuidar das instituições. As instituições precisam de dinheiro.

Sem pasto neném não toma leite, sem dinheiro estudante não estuda. Nenhum se inventa: Nem pasto nem dinheiro...

Estudante tem obrigação de saber como se consegue dinheiro, Vaca não tem obrigação de saber como conseguir pasto.

Neném tanto pode ser estudante como ser vaca. 

3- Finalmente livres do juízo final

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É com alegria que informo que não haverá dia do Juízo Final.

Uma das coisas boas das religiões, é que elas forneceram aquela "cola", aquele "grude", que uniu os cidadãos e os manteve como "nação", os pilares das civilizações. Elas constituíram também os primeiros códigos de comportamento, as primeiras leis. O "Código de Hamurábi", escrito em forma cuneiforme em tabuinhas de argila na antiga Mesopotâmia são, na minha opinião, o primeiro grande passo para separar a lei aplicada aos civis de forma certa e inequívoca, das leis da religião que parecem aleatórias por atingirem tanto inocentes quanto prevaricadores. A partir daí, as Teocracias iniciaram o seu caminho para o ocaso, as leis dos humanos começaram a se sobrepor às dos deuses em todo o nosso planeta.

Incrivelmente podemos dizer que os iranianos vivem numa teocracia nos dias atuais. Ainda... (e querem ter bomba-atômica)

Coisa comum a todas as principais religiões é a existência de um ou mais paraísos para as boas gentes, e em todas a humanidade herdará a Terra. Nenhuma prevê a extinção humana como no cristianismo, ao que se seguiria o julgamento final, por não haver sobreviventes...

Mas aposto, e estou quase certo, que alguma patotinha de gente terá escapado para outros planetas que estarão sendo colonizados enquanto a Terra desaparece... E sendo assim, o dia do juízo Final nunca acontecerá, porque não morreremos todos ... Assim como o "Tribunal de Osíris", onde os antigos egípcios julgavam que seriam aplicadas as leis dos deuses, morto por morto na medida em que fossem morrendo...

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Portanto, acalmem-se... Só haveria dia do juízo final se morrêssemos todos e ninguém escapulisse para outros planetas. Por isso que temos que ter nosso próprio plano espacial... Pra sumirmos num raio de foguete...

Rui Rodrigues

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Obrigado Soldados, Dia D...!!!



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Veem esses soldados ingleses numa praia? Isso foi há 75 anos, bastantes morreram, muitos sobreviveram e alguns muito poucos ainda vivem...

Naquele dia, 6 de Junho de 1944, eu não era ainda nascido, os aliados se reuniram nas praias da Normandia e iniciaram a libertação da Europa. Libertaram-na de Hitler, e chamaram a este dia, o dia D...

Nesse dia, dizem os sobreviventes, as praias desapareceram envoltas em névoa provocada por bombardeios aliados e alemães. Morreram para nos salvar. Altruístas - a maioria se alistou largando os pais, esposas, namoradas e filhos - altruístas para nos salvar da ditadura nazista, que era o "partido socialista dos trabalhadores alemães" chefiado por Hitler. O Partido Nazista se intitulava trabalhador e socialista, sim senhores, sim senhoras...

Por isso respeito O SOLDADO! O problema são sempre os políticos. São eles que sempre nos mandam para a guerra onde morremos, ou para a pobreza porque nos roubam, onde também morremos, ora de fome, ora por ignorância.

Obrigado, soldados aliados!

Ah!... Só ignorantes podem achar que o Partido Nazista era ou é de extrema direita.... Mas não é crime ou proibido ser ignorante... É deplorável ainda mais para professores e jornalistas.

Rui Rodrigues
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https://www.thetimes.co.uk/edition/news/d-day-veterans-normandy-landings-75th-anniversary-g0lfx6k6c

terça-feira, 28 de maio de 2019

Texto surpresa de mixórdias pra desembrulhar e...

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Depois do ralhatório emudeceu, fez e entregou o relatório, passou pelo oratório e ajoelhou-se num genuflexório almofadado e orou a um santo com espanto e espalhou seu pranto pensando no povo banto, aquietando-se por um momento  enquanto se satisfazia com azia sem saber o que fazia com aquela melancia que aparecia, se a esquecia ou se a comia. Foi até o aparador naquele dia de calor e de frente para o andor pensou num abanador para aliviar a dor enquanto tirava o pó com um espanador. Nunca ninguém lhe disse que podia beijar a Berenice nem a Alice, que adoravam comer ceviche sem que as visse o marajá de Peniche, preto de azeviche, que fumava haxixe no trapiche e deitava no beliche com a menina do boliche. Encheu-as de beijos e queijos, ávidos como de marujos aperreados por caramujos, e sentiu-lhes os molejos e os latejos dos corpos ávidos e impávidos nada comedidos e bem atrevidos que aproveitou em ímpetos rítmicos com seu falo desferidos. O problema maior era não haver dilema no teorema da Jurema que criava uma seriema em ecossistema de alfazema. Saiu dali, um pé lá outro aqui, comendo caqui que guardou na bolsa de cáqui, com saudades de arroz de pequi comido em floresta com sagui, colibri, sem nada de mimimi, sem peçonha que a qualquer um envergonha mesmo não nascido de cegonha com ou sem carantonha bisonha. Cansado que estava, danado, nada lisonjeado, pôs-se no mar a nado, alienado, resignado, abnegado, sentindo-se como exilado, execrado, atribulado , mas determinado. Sairia dali e chegaria lá, onde tem maná, mulher gostosa doida pra trair marajá, com olhar de cobra coral, bem amoral, até imoral no geral, o que faz bem e não mal, sem cobrar vintém nem de mim nem de ninguém, desde aqui até Belém, mulher de harém em Jerusalém.
Então ficamos assim, bom pra você e pra mim, se por desavença nos dão com um bujão atacamos com canhão, aos necessitados damos a mão, e se houver, melão com muita fé e esperança mas sem lambança como lembrança de encher a pança...

(Texto avacalhado, escrito emburrado enquanto comia melado todo lambuzado. Não sei que bicho me mordeu pra escrever uma indecência destas, mas se fizer sentido avise o cupido ) 

Rui Rodrigues

Morreu Gabriel Diniz e milhares de outros

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Somos muito interessantes...

Morre um famoso, fazemos um estardalhaço danado, todo mundo querendo mostrar que era do mesmo "grupo" dos apreciadores com palavras e atos, em comunhão...

Luto, é um processo de identificação grupal. .. Familiar... Social... Político... Cada um querendo mostrar mais intimidade, mais entropia, mais conhecimento, mais sentimento em suas lamentações como carpideiras médio-orientais, sempre pagas desde os tempos do dinar de Ciro, o Grande...

No mesmo dia morreu também muita gente neste planeta. Em um par de meses quase ninguém mais se lembrará nem do falecido famoso nem de desconhecidos, nem dos dois pilotos...

Somos muito interessantes, mas depois de Édipo e de Freud, somos perfeitamente decifráveis até num trejeito de mão num esgar de rosto, um desvio de olhar, numa homenagem a mortos em que se reverencia o famoso e nem se fala dos dois pilotos...

Quem se lembra de Édipo e da Esfinge, dos famosos ou dos desconhecidos falecidos??? 

Temos uma esfinge como tempo que nos devora!

Somos muito desinteressantes, previsíveis e dissimulados...

Rui Rodrigues

domingo, 26 de maio de 2019

A grande trama do Panteon

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Na grande sala escura do Panteon reinava a escuridão. Na outra grande sala nem luz havia porque não tinha sido ainda inventada, mas deuses não precisam ser iluminados para existirem e pensarem, nem de membros pensantes, locomotivos ou reprodutores para pensarem, se locomoverem ou reproduzirem... Se tiver a oportunidade de ver um deus, como eu vi, verá que não verá nada. Absolutamente nada, porque existem e ninguém os vê. 

E isto é uma prova cabal de que existem e não podem ser vistos: A luz não reflete neles. Um me disse no Bar, num dia em que fechamos para limpeza geral e dedetização:

- Faz-me perguntas enquanto estou aqui. É um prêmio que nós do Panteão te damos por seres um felizardo da vida, grande mérito entre nós, porque bandidos não são felizes. Não gostamos de bandidos. Bandidos só roubam o que podem, jamais o que não têm, nem nunca poerão ter, como inteligência, por exemplo. Vamos... Pergunta!

- Como foi mesmo o Bigue-bangue?

- Nós, deuses, não somos deste Universo nem de nenhum outro. Nós criamos universos para propiciar vida. Criamos universos como quem faz um bolo. Quem faz o bolo não pode ser um ingrediente desse bolo nem de nenhum outro. E quantos menos planetas sem vida houver, menos probabilidades de as vidas se encontrarem r exterminarem umas às outras... Por isso que vós, da Terra, olhais ao redor e não encontram vida em nenhum outro planeta.

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(E ele foi "falando" sem emitir um único som:)

- Então  nos reunimos uma única vez na grande sala escura para fazermos os universos. Mas tivemos um pequeno problema. Seja o que for que seja absolutamente escuro, sem sons, aparentando ser o nada, não é o "nada". Nada é uma palavra que gente vivente que nada sabia inventou para definir o que nada sabia: O Nada! Mas nada não existe. Sempre aparecem amiúde partículas extremamente simples, ou se esperarmos uma eternidade poderemos ver aparecer objetos mais complexos.

(Eu estava entendendo perfeitamente o que ele dizia, mas procurava evidências de sua presença, mas nem um sopro de vento, uma brisa, um raio de luz... Nada. Nada de sinais que eu pudesse atribuir-lhe. E continuou:)

- Nós estávamos ali para fazer universos. Não temos hierarquia. Somos apenas deuses cheios de imensos poderes. Mas como disse, tivemos um pequeno problema. Na verdade, um segundo problema, porque o primeiro era a construção da grande sala escura onde criaríamos os universos. Ou o nada dessa sala éramos nós mesmos, ou então tínhamos criado essa sala e esse nada, mas esse nada já continha todas as leis de formação de universos com estrelas, galáxias, planetas, cometas, nebulosas, buracos negros... Soubemos disso quando pipocou o segundo problema...

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(O único sinal do deus que julguei perceber foi as "entonações" das frases dadas pelo ritmo das palavras. Julguei assim perceber que deus estava irritado por uma grande frustração. Disse-me:) 

- Ora imagine você, terráqueo dono de um Bar que vende Chopp Grátis mas é bom sujeito e tem uma sócia dona de uns peitos, um belo par de pernas, lábios, cintura, ancas, bunda, de fechar o comércio, mulher dessas de deixar qualquer deus tarado - perdoe-me o á parte, mas não pude me segurar - ora imagine você, dizia eu, que quando o primeiro de nós, deuses, ia abrir a boca, e me parece até que era o Aúra-Mazda dos babilônios, ou persas, cria do Zaratustra, quando de repente houve uma imensa explosão e os universos começaram a pipocar uns atrás dos outros, ao lado dos outros, por todos os lados... Uns implodiam, outros inflavam mais ou menos rápido. A sala escura já continha todas as leis para formação dos universos... Sentimo-nos frustados, sem importância. Afinal, os universos podiam formar-se sem nós, partindo de partículas extremamente simples que surgiam e surgem do "nada"...

(Eu estava embasbacado... Mas me enchi de coragem e perguntei:)

- Então... Porque existis vós, ó deuses do Panteão que habitais na grande sala da luz?

- Ah! Sim... Basta que penses numa "coisa", qualquer coisa, e contes aos outros da tua espécie sobre essa coisa, que ela ássa a existir, se os da tua espécie gostarem dessa coisa, ou falar sobre ela... E depois os da tua espécie se juntam em grupos, cada um gostando de suas "coisas", e brigam entre si, disputando lugares na hierarquia para ver quem tem o deus mais importante... E se um dia vos encontrardes com seres de outros planetas, vereis que eles, a quem chamais de extraterrestres, "possuem" outros deuses... Todos ausentes, que não refletem a luz, que não falam...

Malena, a minha sócia gostosa estava com suas mãos me acariciando onde mais gosto e me sussurrava no ouvido com seu sotaque bem argentino: - Estás pensando en mí , meo amor... Que te veo tan lonxe!...

Até hoje não sei que raio foi aquilo de ver um deus que me pareceu ser de verdade, se for verdade que tudo aquilo em que pensamos e os outros gostam se pode tornar numa realidade, pelo menos por algum tempo. Afinal, Apolo, Zeus, Osíris e Afrodite já morreram... 

Ninguém mais lhes reza.

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Malena, a minha sócia gostosa, argentina comunista da boca pra fora e capitalista da boca pra dentro, é a minha "deusa" atual. Ela transforma minha tristeza em prazer total sem precisar de drogas. 

Rui Rodrigues

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Pelo amor de... Alguém me surpreenda!


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Pelo amor de Deus ou de qualquer coisa boa, alguém que diga e prove, que o mundo é um cubo inflacionário, por exemplo, que este universo é uma miragem, que toda a vida eu fui o errado e os outros os certos, que o tempo é cíclico, que volta atrás e me permitirá renascer consciente de ver a justiça se abater sobre os prevaricadores... Algo que me sacuda a curiosidade e me faça mergulhar em estudos e pesquisa para também "descobrir" esse algo novo e surpreendente... Algo desconhecido e confiável. O que sabemos está velho, desgastado, quase ninguém conhece, dão tiros no escuro e reivindicam para si o acertar no alvo...

Não... Não me falem de amor, porque o amor é tonto. Tão tonto, que o representam como um garotinho de fraldas, inocente, iletrado e ignorante deste mundo. Chamam-lhe de "cupido".

Se não for por amor, que seja por favor, então...

Não ???

Parece que estamos no Renascimento da Idade das Trevas... Que nem foi das "trevas"... Afinal havia muitas fogueiras iluminando a noite com cheiro de churrasco de carne humana, e muita gente desenvolvendo pesquisas nas Universidades. A classe média pagava...

Eu amo a classe média desde que nasceu na Idade Média! Mas não aquelas odientas e asquerosas fogueiras com soturnos e ignorantes patrocinadores

Rui Rodrigues

terça-feira, 21 de maio de 2019

Liberais não deveriam se separar

Aqui no Bar do Shop Grátis, dos que nele trabalham ninguém é padre ou advogado mas temos compromissos com os segredos, e quando contamos algum o fazemos de modo a que não se cometa o menor deslize que possa levar à identificação dos envolvidos, gorar-lhes os objetivos, mas nem estes, ao se identificarem com os contos poderão alegar seja o que for.

Como o caso de hoje, um dia após a reinauguração deste bar, onde um casal liberal, de tantos milhões que os há ao redor do mundo, conversou sore "liberalismo" pensando que estavam falando de outras coisas...

O que escutei e passo a contar pode revoltar os miolos, o coração, os intestinos ou o que quer que seja, dependendo de quem leia, mas foi o que ouvi. Tentei escrever da forma mais "suave" possível.


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O Bar estava cheio. O tilintar de vidros e bater de pratos juntamente com a vozearia era música que servindo de fundo ao pianista, criava um ambiente de liberação da mente. Num ambiente destes, de bons e movimentados bares, não há lugar para tristezas. Quem tem "mau beber" tem que enfrentar o doce e suave convite de Marli, sempre melodiosa e sorridente de olhar duro, acompanhada de 3 sarados lutadores de Muay-Thai que não sorriem nem pra fotografia. São os seguranças da casa. 

O casal sentara-se numa mesa perto de um dos cantos do Bar. Assim não ficavam rodeados de ouvintes por todos os lados. 

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Um velho cliente sentado numa mesa ao lado nos convidara para sua mesa. A mim e a Malena, minha sócia argentina que é comunista da boca pra fora, capitalista de boca pra dentro, e me convida prá cama dela sempre que fica com as pernas úmidas, bem lá em cima, onde as duas se juntam, mas não completamente, porque tem uma grutinha natural que leva qualquer "Hétero Sapiens" ao paraíso do criador, onde se pode comer de tudo. 

- Fora desse paraíso, comem-se apenas os traseiros de gatos como se fossem lebres, e muitas vezes fedendo de tão enfezados... 

Era isto que dizia o cara na minha frente, como se me tivesse escutado os pensamentos, conhecido assessor no mercado de bares. Discutia-se a "tendência" do bar, se deveria ser dedicado ao convívio geral ou dar ênfase para hétero ou homossexuais. Carlos Goldder, o expert, não considerava o mercado para homossexuais como mercado emergente, mas como mercado alternativo. Carlos dizia isso tentando me agradar por saber de minha preferência sexual: Mulheres! Todas nuazinhas, cheirosas, loucas pra transar comigo, trocar carinhos. E preferência uma ova... Mulheres são a minha única e exclusiva escolha sexual. Quanto às tendências do bar, pouco me lixando. O que importa é o faturamento dentro da legalidade. Há menos drogas em bares para "héteros", penso eu. Carlos diz que não. Malena ficou na dúvida.

Na mesa ao lado o casal esbelto beirava os 35 anos e abordava quase o mesmo assunto. Ela perguntava ao homem que viemos a saber era seu marido:

- E o que você fez com o John (nome fictício)quando ficou em nossa casa enquanto eu fui naquela conferência em Amsterdam ?
- Ele estava muito carente, coitado... 
- E ???
- Acabamos indo pra cama e transamos.
- Não na nossa cama, claro...
- Não! Foi no chão do banheiro  mesmo!
- Ah! Bom... De qualquer modo, vamos ficar sem transar por uma semana até não ficar uma única partícula de ânus dele no teu  prepúcio. Acho isso um nojo!
- Por isso não!... Fui eu que dei minha bundinha pra ele.

Não pude deixar de olhar para a mulher do cara na outra mesa. Aquele era um daqueles momentos da vida de alto impacto, único... Ela estava passada, sua mão encobria-lhe a boca num tremendo e enorme "Ó"... Que o marido fosse o macho numa relação homo afetiva ela até admitia embora achasse nojento, mas ele ser a menininha do outro, isso era demais. Fez menção de se levantar para ir embora. O marido segurou-a pela mão.
- Vamos conversar sobre o assunto... Preciso...

Ficaram ali conversando sem criar barraco, numa boa... Escutei muitas coisas. Em Amsterdam ela transara com homens e mulheres em "menáge". Já fizera isso com o marido mas só com mulheres e ele, que agora considerava como "ela". Do que ela gostava mesmo era de homem masculino, macho sim senhor, dos cabeludos. Os outros serviam para o dia a dia do conforto na vida. Para encontrar em casa e ter com quem dormir. Nenhum amante lhe trazia o conforto do marido. 

Amantes traziam prazer e aventura, sempre ávidos por sexo, por não transarem todos os dias. 

Senti que ali estava acabando um relacionamento. Para mim, tudo o que os outros façam não é da minha conta desde que não afetem a minha casa e meus negócios, eu, minha família e minha nação. Não julgo ninguém. Mas o que me impressionou foi a última pergunta dela antes de se levantarem da mesa e irem embora:

- Só me diz uma coisa, que estou muito curiosa...
- Pergunta!
- Você lavou a sua bundinha antes dele te ...
- Não!!!
- Foi assim suja mesmo ???
- Não!... Ele foi muito gentil e me deu um clister morno. Fez uma lavagem.

Saíram e foram embora. Só me dei conta depois que o amigo que me convidara para a sua mesa e minha sócia também tinham parado de conversar e só escutavam como eu...

Realmente, neste mundo moderno se pratica tudo o que antes se reprovava... Mas antes do "antes", era moda nos impérios romano e grego... Não creio que os egípcios tivessem tido um antes desses dos romanos e gregos. 

Aqui pra nós, depois de tudo o que passaram, achamos os três, Carlos, Malena e eu, que por causa de uma "lavagem" foi muito pouco para se separarem. Eram um casal muito esbelto, perfumado, bem vestido e... Moderno. Sobretudo moderno!      

Rui Rodrigues

domingo, 19 de maio de 2019

O Bar do Chopp Grátis reabriu


Antigamente no Rio de Janeiro era costume chamar um padre da paróquia para a inauguração de lojas comerciais, regadas a canapés salgadinhos e bebidas. Como todo mundo se dizia cristão, era um modo de chamar os fiéis a consumir por "identificação cultural-religiosa"...





Numa época em que se idolatra o politicamente correto, religião não se identifica com bebidas. Por isso não convidamos o padre para a inauguração. Nem meninas vestidas de coelhinho, mostrando quase tudo, um pompom no bumbum com muito borogodó e nhéco-nhéco. Não... Para sermos modernos só convidamos homossexuais, transsexuais, drag queens, travestis desmunhecantes e rebolantes, paneleiros portugueses, lésbicas, sapatões, normalmente aceitos pelas sociedades emergentes como politicamente corretos e perseguidos por homofóbicos, misóginos e outros adjetivados.

- Foi um desbunde!

Foi o que disseram as loucas quando a gaiola se fechou no final da festa. Em bares vende-se bebidas para quem bebe e isso que interessa. Temos um pianista à moda do velho oeste que toca baixinho sem querer aparecer. Minha gerente - e sócia - é uma argentina socialista da boca pra fora e capitalista da boca pra dentro, hétero-sexualizada por todo o corpo desde adolescente, tarada por dinheiro, jóias, perfumes, carros e festas de "ráisoçaiti" cada vez mas raras. De vez em quando me olha interessada e me devora como gata assanhada. Tem a decência de não meter vales no caixa.

Nem em mim.

Nossa clientela é um nicho ecológico de gente diferenciada que passa por aqui para se divertir, tomar todas ou só algumas. Temos as portas abertas para todos incluindo pobres, mas estes não frequentam por falta de dinheiro. Em compensação está cheio de gente comunista - que se diz... - da zona sul do Rio e dos Jardins, Morumbi, zonas nobres de S. Paulo... A maioria são "comunistas" gaúchos, boa parte gente do governo estadual e federal viajando "a trabalho". Gostam muito também de ir para Paris. De Paris a Zurich chegam rapidinho nos trens supersônicos. Depois ganham uma bela aposentadoria "limpa" sem despesas...

São esses que nos trazem estórias e causos picantes ou ardentes de envolvimentos em tramas, maracutaias, transas e traições, molecadas, heterofobias, homofobias e todos esses temas modernamente ancestrais que polvilham o nosso imaginário e trazem os sonhos para a realidade do dia a dia... Mas sonhos se evaporam ora ao final do sono, ora quando se tornam realidade.

Desculpem a foto, que foi por engano... De outra inauguração de outro bar, de outros proprietários. Nada a haver, foi a primeira foto boa que encontrei...


Rui Rodrigues