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sábado, 24 de agosto de 2013

Iludida desilusão ou o amor e a razão num copo ?



Iludida desilusão  ou o amor e a razão num copo ?


Eram cerca das quatro da tarde, o tempo estava nublado e não iria só. Peguei minha mochila, uma garrafa de vinho, um queijo, pão, uma garrafa de água e no espaço que sobrou, a minha gata Sarkye, cabeça para fora da mochila para apreciar a paisagem. Ela é um animal sentimental e eu também. A diferença está no pelo dela que é muito mais bonito do que a minha pele. Não fosse a roupa que uso, eu nu seria muito mais impressionante do que ela que nem usa roupa, mas certamente menos natural do que ela que não conhece tecnologia e tem saber limitado. Depende de quem olha para quem, se eu para ela, se ela para mim. Um de nós estamos certos.

Fomos passear. Eu para meditar, ela para dormir e curtir um sol ao meu lado, com seu faro curto procurando algo que se mexesse e representasse perigo. Miaria e certamente eu não daria importância a menos que fosse um cachorro. As onças que aqui habitavam, outros animais muito mais parecidos comigo do que com ela, já as tinham exterminado há muito. Animais não destroem a natureza, mas os animais parecidos comigo destroem e muito. São mais animais que minha gata animal.

Ao pegar o copo e verter-lhe o vinho, me ocorreu a primeira indagação: Porque não nos acertamos – na verdade eu queria dizer porque é que eu não me acerto, mas isso não é característica apenas minha, ou seria prerrogativa? – com as mulheres por muito tempo. Fiquei pensando nisso enquanto olhava as ondas do mar. Eram ondas sucessivas umas atrás das outras, sempre num ritmo de sete, como se fosse uma menorá, Não de chamas do Eterno, mas de espumas semoventes encristadas em água. Água e espuma juntas, inseparáveis. Tinha ficado casado por 31 anos, e nem antes nem depois as mulheres duravam muito em minha vida. Muitas e várias explicações como dezenas de menorás ardentes me ocorreram, de reminiscências dos livros sagrados, do meu quotidiano, de livros de ontem de hoje e até de amanhã que abordaram, abordam e abordarão o mesmo tema. Porque não nos acertamos para toda a vida? E já ia no quarto copo, o pão pela metade, minha gata sem aviso de que ficaríamos até o sol se por e sem ração, sem reclamar. Parece que os animais entendem nossas necessidades e não reclamam, apenas se adaptam às circunstâncias.  Dei-lhe um pedaço de queijo em resposta a um seu miado, como se fosse um rato. Ratos gostam de queijo e Sarkye também, o que não faz dela um rato, assim como também não me faz a mim, mas nós somos muito simplistas e lineares. Somos capazes de identificar as pessoas por sua aparência sem nos aprofundarmos muito, ou o necessário, em nosso íntimo.  Vestiu como puta, é puta. Desmunhecou, é viado. É o poder do “conhecimento”, típico de quem não consegue reconhecer a diferença entre uma menorah e uma chanukiá [1], com mais dois braços que a menorá.

A garrafa estava chegando ao fim, o Sol poente era agora cor de salmão, misturado com tons de laranja e rosa. Havia muitas mulheres numa praia vazia sem ninguém. Eram quase todas as que passaram na minha vida, de algumas não me lembrava. Umas me chegaram sem saber o que queriam, outras sem saber o que podiam querer, outras nada queriam, outras ainda queriam querer mas não podiam. Algumas choravam, outras riam, santa diversidade dentro da diversidade da natureza que somos. Uma infinidade de sutilezas da vida, tão sutis que não costumamos enxergar o óbvio. Podemos ser simples ou complicados que a vida jamais será alguma coisa muito simples, e sempre acabamos por achar que são as mulheres ou nós mesmos que somos complicados. Mas não, simples é a vida que complicamos porque somos assim mesmo: Vida tentando aprender e apreender a vida, algo de que conhecemos muito pouco. A simplicidade das palavras de nada adianta para um animalzinho simpático carente e dependente como Sarkye que gosta de queijo como os ratos, e entre nós, os outros animais, quanto mais simples as palavras, mais perguntas costumam gerar. Não enxergamos o óbvio, o simples. Sempre pensamos que há algo de mais complicado do que a simplicidade que assim perde o seu interesse como mistério e ganha a importância de coisa complicada, elaborada, inteligente, mas é exatamente o contrario, porque a simplicidade é a sublimação do complicado.

O pescador de bicicleta estava passando agora no sentido inverso sempre olhando o mar. Talvez levasse na bicicleta a sua tarrafa para a pesca da tainha, mas nunca o vi pescar. Na minha simplista forma de pensar, cri que era um “olheiro” dos outros pescadores que costumam visitar a praia, mas esses vêm com suas redes olhando as ondas para ver se há tainhas nadando ao longo das ondas, buscando o seu plâncton levantado pelo movimento dessas cristas espumosas. Lugar de tainha é no mar, nas redes uma opção descuidada. Somos também descuidados tal como as tainhas, mas não podemos reclamar: Somos tão animais quanto elas e há sempre redes em nossas vidas, tentando capturar-nos. O coração é cego, a razão vê demasiado, e nunca sabemos em que acreditar, se no coração ou na razão. Minha razão estava num copo de vinho ao sabor das ondas do mar enquanto mastigava um pedaço de queijo com pão, sem me preocupar com as redes do coração. Sempre acabamos por ficar imunes, com aquele olhar tranqüilo que caracteriza o olhar da Sarkye, a minha gata, que sabe perfeitamente o mundo em que vive, ela um simples animal, eu um animal complicado. Nós que não sabemos, somos outros animais imberbes se comparados com a gata. Alguns de nós raspamos os pelos do púbis, mas em que isso muda as nossas vidas, senão pelo estereotipo cultivado por uma sucessão de regras de beleza que surgem e desaparecem como ondas de uma menorá aquosa?

Mas porque razão sempre me vem uma comparação com a menorá divina? Porque o amor é uma deficiência coronária do coração que a razão sempre nega. Não há realmente aquilo a que chamamos amor. Há sim, uma solidariedade que nos aproxima de uns e nos afasta de outros, de acordo com o grau de solidariedade que encontramos em troca do que oferecemos. Algo parecido com um negócio cujo capital é a amizade, e lá se foi o suposto pescador empurrando sua bicicleta pelas areias leves da praia, quase sumindo no horizonte. Também ele, por solidariedade, percorria habitualmente aquele mesmo percurso. Se visse algo de interessante nas ondas, avisaria, e no dia seguinte a praia se encheria de pescadores com tarrafas, uns quatro ou cinco, que numa praia com sete quilômetros de extensão pareceria vazia, mas cheia de pescadores. É a relatividade do que sendo pouco parece muito, e sendo muito, parece pouco. Não é apenas o espaço tempo que se contrai ou expande, mas também o nosso entender do que somos seguindo as próprias regras que estabelecemos para a razão agindo sobre o coração. Sem regras não há censura válida, ainda que complacentemente, sobre o coração, e coração livre sem razão é como um pedaço de queijo e um copo de vinho jogados ao mar com ondas de menorá aquosa.Talvez em função de uma maior ou menor agitação dos neurônios provocada por uma garrafa de vinho, e pão com queijo. Uma alimentação corporal que sobe até cada neurônio, os agita, os faz trabalhar até produzir coisas tão simples como esta: Se Deus não existisse, teríamos que inventá-lo. E certamente o seria com o coração e a razão, num copo de vinho com pão, queijo, e vontade de perscrutar o mundo que nos cerca, envolve, como úteros quentes das mães que fazemos neste mundo.

© Rui Rodrigues   












[1] Chanukiá ou Chanuquiá (hebraico חנוכיה - hanukiah, pronunciado "ranuquiá") é um candelabro de nove braços, usado durante os oito dias do feriado judaico de chanukiá, também chamado de Festa das Luzes.Nesta celebração, os judeus de todo o mundo comemoram a libertação do templo de Jerusalém do domínio dos Gregos no século II a.C. sob a liderança dos Macabeus e o milagre do azeite que havia numa botija - que duraria um dia só - e que queimou no candelabro do Templo por oito dias. Este é o motivo dos nove braços da Chanukiá, sendo o braço do meio, mais proeminente, denominado Shamash (servente), pois a vela que é colocada neste braço é usada para acender as velas que são colocadas nos outros oito braços.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Democracia participativa para iniciantes



(Na foto, o povo fala pelo voto levantando a mão, tal como na democracia participativa de Sócrates. Hoje se pode fazer isso pelo voto através de uma rede social do governo, sendo o governo composto por meros funcionários públicos capacitados). 


Democracia participativa para iniciantes

Antes de tudo, limpe sua cabecinha... Esqueça os sistemas atuais de política representativa, onde os políticos têm uma força tremenda que lhes delegamos e da qual abusam em acordos, divisões de cargos políticos, distribuição de verbas, conluios, corrupção e acordos políticos que sofrem influência de grupos.

Mas não tema as mudanças, porque se for empresário, a única coisa que perderá será a possibilidade de usar o Estado em benefício próprio diferenciado. Em benefício próprio, até poderá, mas diferenciado, não. Se for um político tal como se conhecem ao redor do mundo, pode temer mudanças, porque com a democracia participativa, nova classe e tipo de políticos surgirão, sem força política alguma, porque serão simples funcionários públicos a serviço da nação. Não poderão decidir nada sem consulta à opinião popular através de uma Rede do Estado.  Os novos “políticos” não terão absolutamente nenhum privilégio. Estarão sob as mesmas leis de qualquer cidadão. Nem guerras poderão declarar, porque essa é uma decisão soberana dos cidadãos e não de governos, mas forças armadas existirão única e exclusivamente para a defesa da nação.

Numa rede social do governo – a Rede do Governo – são lançadas propostas todos os dias e votadas pelos cidadãos. Algumas em regime de emergência, outras com prazos mais dilatados. O voto é livre e tem o mesmo peso para todos os cidadãos. Na rede se discutem os temas em avaliação. Ninguém é obrigado a votar, mas para dar validade às votações é necessária uma quantidade mínima de votos. Os tempos de Internet serão dedicados em boa parte para resolver os interesses da população. 

Numa democracia participativa não há como comprar votos... Teriam que comprar toda a população do Brasil, a cada votação diária, e diariamente se votam dezenas, centenas de itens.. nem todo o dinheiro do mundo poderia comprar uma votação sequer.. 

Na Democracia Participativa não são necessários “representantes”. Cada cidadão se representa a si mesmo. Ideologias não interessam. O que interessa é o padrão de vida, o funcionamento da nação como uma sociedade produtiva, que cuida do ambiente, tem serviços básicos fundamentais atendidos, como redes de água potável sem impostos, transportes sem impostos, tratamento de esgotos sem impostos, rede de águas pluviais sem impostos, iluminação e energia sem impostos, educação e saúde públicas sem impostos. O imposto é único, aplicável sobre o lucro do serviço ou do bem material ou produto e será sempre estabelecido em função de um plano orçamentário onde conste toda a despesa para os próximos quatro anos. Após cada período de quatro anos o imposto é revisto em função das necessidades, e em anos mais benéficos para a economia poderá ser diminuído, mas sempre sem ultrapassar o teto máximo [1]de 20% para os assalariados e de 30% para as empresas.

Como o termo “político” perde o sentido atual – por completo – na Democracia Participativa, passaremos a tratá-los por funcionários públicos ou simplesmente funcionários. Podem ou não ser reeleitos em função da opinião popular, sempre por votação.  

Funcionários não podem lançar verbas de fundos nem do tesouro nacional para socorrer empresas porque estas devem ser competitivas e existir para produzir com qualidade. Empresário que não seja competitivo pode ter seus dias contados como dono de empresa, e se for uma sociedade anônima, seus sócios devem zelara para que assim seja. Dinheiro fácil dos cidadãos não existirá numa Democracia Participativa. Custa a ganhar e o governo tem dono: O povo!

Haverá um fundo para catástrofes naturais, épocas de crise, intocável, parte das reservas nacionais, destinadas a aliviar os danos causados. A educação será facultada a todas as crianças. Não haverá desculpas para que qualquer criança não tenha acesso ao ensino público, e a constituição fará parte do estudo como matéria própria, dada em conjunto com os princípios e os exemplos da moral e da ética. Os tempos do bom escoteiro devem voltar.

Funcionários públicos são eleitos por votação pública através da Rede do Governo. Olhos e sentidos atentos da população podem retirar os votos dados e atingido o mínimo necessário para permanecer no cargo, qualquer funcionário nessa situação o perderá. Se tiver contas a ajustar com a justiça o fará fora do cargo e se defenderá como cidadão comum que é.

Cada ministério terá sua verba pública para que seja administrada segundo o Orçamento do estado, do município ou da União. As porcentagens das verbas destinadas a cada ministério são função do orçamento aprovado para cada quatro anos. Nenhum contrato ultrapassará o limite dos quatro anos. Serão renovados em casos excepcionais[2], de forma a que não haja solução de continuidade e se atenda a renovação no livre comércio. A administração seguinte se obriga aos contratos ainda em vigor. 

Bancos, empresas, terão os seus direitos internacionais garantidos, e suas contas estritamente acompanhadas pelo governo de forma a evitar evasão de divisas, ou uso do capital para apoiar grupos terroristas, tráfico de drogas, compra de moral e de ética, formação de cartéis.

O ministério público e cada função exercida no governo terá à frente profissional graduado, com formação de acordo com o cargo e as funções de forma a obter uma administração de excelência. Participar do governo não é para quem quer, suportado por propaganda, mas para quem está mais capacitado. Nenhum funcionário público eleito para “presidente” poderá ser colocado em votação sem ter grau superior na sua formação acadêmica. Afinal seu cargo é meramente decorativo, representa a nação no exterior, e deve saber falar por si mesmo, conhecer profundamente a constituição, discutir os assuntos da política internacional que versam sempre sobre política, economia, direitos humanos, educação, desenvolvimento sustentável, ambiente e outros. Um torneiro mecânico ou um motorista de caminhão, por exemplo, e por mais que sejam pessoas respeitáveis, merecedoras de toda a nossa admiração, seria um desastre e teria que pedir ajuda a não se sabe quem que lhe pudesse preparar os discursos. Um risco enorme para a segurança, o bem estar, o desenvolvimento nacional. Poderiam por exemplo a pretexto de uma solidariedade internacional, dar ajuda a ditadores africanos, a ditadores da América do Sul, para pagar velhas contas particulares de solidariedade antiga. O povo não tem nada com isso. Seria problema deles.

A democracia participativa é uma democracia firme, absoluta, que pode corrigir seus próprios erros através de propostas emanadas de qualquer cidadão, através de voto pela Rede do Governo. Basta ficar atento diariamente ou sempre que possível a esta rede, analisar, discutir, ver o que os outros pensam sobre o assunto e votar.

© Rui Rodrigues

Há muito mais a dizer. Sobre o assunto recomendamos

2-     Como usar o seu voto na democracia participativa http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1290684408
3-     Esboço para alterações políticas no Brasil http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1292684298




[1]  Se assim for votado
[2] Por motivos de força maior

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Porque gosto do Nautilus?

Porque gosto do Nautilus?

Vive no mar, de cheiro de iodo, de marulhares que me lembram o útero de minha mãe onde vivi por nove meses gozando a vida de forma confortável e segura. Lembra-me a origem da vida como a minha, por ter sido na água que os primeiros seres vivos surgiram e neste caso, o nautilus é mais uma raiz da existência que conta uma história. Gosto de histórias vivas. Mas mais do que isso é um ser inteligente, propriedade que aprecio em tudo o que vejo, e mesmo o que aparentemente parece não ter inteligência, a tem. Pensando bem, pode notar-se que inteligência não é um fator preponderante para a vida, nem na vida, e que se pode viver muito bem sem se ser inteligente. Mas o Nautilus é inteligente, tanto ou mais do que o polvo, também um cefalópode, que é como classificamos essa ordem da natureza a que os dois pertencem, mas enquanto o polvo é todo “desarrumado”, o nautilus é detentor de uma “inteligência genética” matemática, geométrica, artística... E é belo.

De onde vem a beleza do Nautilus? Porque o achamos lindo?

Pela forma perfeitamente geométrica de seu corpo mesclado com uma parte amorfa com tentáculos, olhos enormes, um ar de “observador” inteligente e um sistema de propulsão a jato. Um animal que bóia, locomove-se a jato, mas que infelizmente só existe hoje no Oceano Índico. Feliz o povo hindu. E, além disso, atravessou períodos ou eras históricas, tendo habitado o planeta no tempo dos dinossauros e anteriores. Outra virtude sua é que é um sobrevivente tão famoso quanto o tubarão. Atravessou eras como o paleozóico, o jurássico médio e inferior, cretáceo...  Na Europa e no resto do mundo, sobraram apenas os fósseis.

O corpo do Nautilus é uma espiral logarítmica, não um simples cubo, ou uma forma geométrica simples. É uma espiral logarítmica, elaborada, de razão áurea [1], ou proporção áurea[2], número de ouro, número Phi, seção áurea, razão de Phidias, divina proporção, a mesma proporção que foi usada na construção do Parthenon na Grécia, por Miguel Ângelo em suas estátuas, por artistas em pinturas e em dimensões de telas. O nautilus é um animal matemática e inteligentemente artístico, de cores belas, vida pacata, contemplativa.

Como o numero áureo é extraído da seqüência de Fibonacci (lembra do filme ou do livro [3]de Dan Brown, “O código Da Vinci?”), representa uma constante de crescimento.   
E nosso corpo apresenta essas proporções com maior ou menor aproximação. A nossa beleza pessoal é comandada geneticamente, decerto por algum gene artista, amante da beleza.

© Rui Rodrigues







[2] Valor de phi= 1,618...
[3] Assista o filme “O código Da Vinci”, grátis, dublado, em http://www.filmesyoutube.net/2012/10/assistir-o-codigo-da-vinci-dublado.html

domingo, 18 de agosto de 2013

O “deus tutelar”



O “deus tutelar”
(e seus efeitos sociais nos povos e no relacionamento entre nações)


Hominídeos e “Homo”, na escala de evolução humana, sempre foram seres sociais. Não se sentem bem vivendo isolados de suas sociedades que acabaram por construir com base em hábitos passados de geração em geração, identificação visual genética, sentimos de proteção coletiva, dentre outros fatores. Flores encontradas em túmulos pré-históricos dão-nos uma leve noção de que em algum momento, por essa época, se acreditava numa vida pelo menos “diferente” no pós-morte, senão, porque razões enterrariam o morto com flores? Tumbas posteriores já possuíam, além de flores, objetos de uso quotidiano do falecido. Quando mais tarde se fez definitiva a noção de um Deus senão criador, pelo menos protetor, surgiram religiões por todo o planeta habitado. As primeiras noções de divindade eram proporcionais ao desenvolvimento mental de nossos ancestrais, e por não entenderem ainda pelo menos razoavelmente o mundo em que viviam, eles imaginaram um panteão de deuses, um para cada “preocupação” que tinham, e surgiram os deuses da guerra, da saúde, das colheitas, da caça, e outros.

É natural pensar-se que deuses protetores de feridos e doentes não tivessem tanta força como os que, por exemplo, cuidavam da agricultura ou da guerra. Os deuses que aparentemente provocavam mais estragos eram os deuses da guerra, num período histórico em que as lutas pela posse das terras era fundamental para que sociedades de indivíduos pudessem ter mais território e portanto comportar maior numero de indivíduos. Estas lutas eram terríveis, com alto numero de baixas e podiam aniquilar civilizações. Por isso mesmo, o deus tutelar, isto é, o deus que presidia o panteão de deuses era sempre um deus guerreiro, dono e guia dos exércitos [1].  Havia um orgulho de cada nação em seu deus tutelar, e nem por sombras esse deus era dividido entre elas. Cada uma tinha o seu, o que julgavam mais forte, mais poderoso, o céu era o limite, mas o conhecimento do céu (universo) era limitado. Assim como havia guerras no planeta, julgavam haver guerras também nos céus. Seus deuses tutelares justificavam e apoiavam as atitudes terrenas de seus líderes, mesmo que contra a vontade popular. Era como se os deuses fossem imaginados não como entidades próprias, mas como “fetiches” – sempre à disposição - para atender as necessidades humanas de cada povo, ou melhor, de seus líderes[2].

As lutas por territórios no sentido de angariar mais espaço para crescimento populacional, parece ter terminado em 1945 quando Hitler foi derrotado, mas de certa forma continuamos a conquistar “territórios”, agora com características comerciais.  A luta é a mesma, mata igualmente por seus efeitos indiretos, mas tem uma aparência mais “humana”, seja o que for que o termo humano queira significar, porque na medida em que a economia de qualquer país diminui sua eficiência, aumenta o numero de pobres, os serviços sociais perdem a eficiência, doenças tornam-se mais poderosas e se disseminam mais rapidamente, muita gente morre em conseqüência sem sequer fazer parte dos noticiários dos jornais. São mortes surdas. Para sobreviverem internamente às nações como governo, e, portanto com as regalias inerentes, os que governam costumam mentir e esquivar-se de perguntas inconvenientes.
 Deusa Abutre - egípcia - notar semelhança da arca
Deuses tutelares eram eminentemente deuses guerreiros. Não seria de admirar se a “belicosidade” dos deuses estivesse intimamente ligada à necessidade de transmitir genes à descendência. A expulsão de judeus de suas terras de Judá para a Babilônia por Nabucodonosor II é um indicador desta tese: expulsou para suas terras o povo judeu que se misturaria com sua gente, misturando suas características de gente inventiva trabalhadora e produtiva, às de seu próprio povo, embora, duvido, tivesse consciência disso. De qualquer forma, não se costuma chamar os inimigos para dentro de suas próprias fronteiras se isso não for interessante. O entrave maior foi a religião. O povo judeu tinha um deus tutelar em mutação: Seu panteão de deuses estava sendo eliminado e apenas o deus tutelar, Yawé, acabaria por prevalecer, quando o profeta Jeremias exortou o povo judeu à união. O Talmude data desses tempos. Porém, há um detalhe muito importante em termos de deuses tutelares: Yawé ou Jeová é o único que em vez de apoiar sempre o seu povo, o castiga toda vez que erra, para que aprenda. A partir do cativeiro da Babilônia, o povo judeu passou a conviver com um “deus sozinho”, ou seja, o monoteísmo centrado em Yawé[3].
 Idealização da Arca da Aliança
Deuses tutelares sobreviviam enquanto em terra seus adoradores obtivessem vitórias militares. Perdidas as batalhas finais, os deuses eram abandonados, jazendo no pó. Não admira, pois que, numa humanidade devastada por guerras de conquista e ocupação, Iawé surgisse como um deus a ser copiado: Um deus que punia seu próprio povo e o incitava a não errar, a percorrer caminho ético, moral, voltado para a paz, porém sempre preparado para a guerra de defesa, e surgiram duas religiões a partir desta de culto a Iawé: A cristã e a maometana, adaptadas cada uma à idiossincrasia dos povos que as adotaram. Mais tarde, Martinho Lutero em meio a uma nação de princípios morais mais consolidados na época, a Alemanha do Sacro Império Romano Germânico, criou a primeira dissidência no cristianismo, coisa que não se viu até hoje nos paises muçulmanos, e criou o protestantismo. A partir de Iawé, a árvore genealógica das religiões, abre seus ramos, fruto de um deus não bem definido, ou não bem entendido. Certamente não bem entendido, porque sendo Deus a fonte, não deveria ter sabores diferentes de acordo com quem o prove. E desta falta de entendimento, muitas guerras e muitos seres humanos foram mortos no interior de fronteiras por seus semelhantes, no exterior em guerras que apenas e somente os fatores econômicos e territoriais de sobrevivência poderiam justificar. Em vez disso, usaram a “infidelidade” religiosa para justificá-las. A falta de instrução, educação e conhecimento dos povos, foi pasto destas distorções de motivação por parte dos poderosos que governavam as nações, todos eles sob influência religiosa.

Governantes, aqueles que usurpam o poder ou os que elegemos para nos “representarem”, precisam de desculpas para seus erros, e de motivos para a consecução de suas idealizações. A religião é uma fonte quase inesgotável para estes efeitos, porque congrega populações e as pode manobrar para o lado que mais interesse no momento político ou econômico. Nos tempos de hoje, as batalhas no terreno já não necessitam de um deus “tutelar”, nem se grita em campo de batalha, porque o confronto físico de exércitos diminui não só pelo tipo de armas desenvolvidas, como também por efeitos psicológicos: As armas matam a maior distância, corpos mortos enterrados em cerimônias fúnebres desmotivam a população. Os deuses já não são guerreiros, e essa função é exercida pelos que elegemos para nos representar, este um erro que será corrigido a futuro, porque com deuses tutelares ou sem deuses tutelares, as guerras inconvenientes continuam pelo mundo afora, algumas e muitas fratricidas mesmo que todos tenham a mesma religião, e nisto se incluem as guerras por verbas dentro de um mesmo estado dividido em pequenos estados por questões de administração.

Após breve análise se pode constatar que os deuses se separam paulatinamente dos seus “representantes” no planeta, e o povo de seus “representantes” no governo. Há uma crise aparente de tutela que pode significar o rompimento com estilos de governar, das características dos eleitos à representação, e mesmo a representação pode ter seus dias contados com a participação da cidadania nos destinos do mundo.

Num mundo que evolui socialmente sempre em pequenos bolsões isolados de progresso social de acordo com a melhor ou menor performance de administração econômica, não há como desprezar o sentimento de que um mundo mais equânime, mais homogêneo, seria um mundo mais habitável, sustentável, canalizando as riquezas não para a guerra, mas para o progresso e o desenvolvimento em todos os campos da humanidade.

A humanidade terá encontrado o seu caminho para um deus único, ou, a exemplo de cada nação que tem o seu deus, cada individuo também pode ter o seu – ou não ter - de acordo com a sua própria forma de encarar o mundo?

É o que veremos em tempo relativamente curto, talvez dentro de algumas décadas.  O mundo está mudando para uma participação cidadã cada vez mais efetiva.

© Rui Rodrigues


[1] Ainda hoje, e, por exemplo, embora Espanha, Inglaterra e Portugal tenham o mesmo “deus” comum, para diferenciar no campo de batalha escolheram “santos” como padroeiros de suas forças armadas: Inglaterra e Portugal escolheram S. Jorge, a Espanha, São Tiago, ou Santiago. Nestas religiões, o panteão de deuses foi substituído por um Panteão de santos que priorizam em busca de milagres.
[2] Efeito agravado em épocas históricas de Teocracias que ainda hoje existem, como no Irã, em que o líder religioso é também o chefe máximo da nação. 
[3] Deve ter sido por esta época, quando o Talmude foi compilado, que se deve ter definido que não se fariam imagens de Iawé (D’Us), e que somente um deus seria adorado. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Carta aberta ao ministro Lewandovsky

Carta aberta ao ministro Lewandovsky





Há dois aspectos em sua vida, ministro... O particular e o público. Os dois devem expressar o mesmo tipo de conduta, o que para um juiz se deve basear, obrigatoriamente na ética e na moral. Então meta a mão na consciência e leia as seguintes leigas linhas:

1. Apóia V. Exa., não declaradamente, criminosos condenados em julgamento que, sem a sua intervenção e de Tofolli, poderia ter sido igual ao de qualquer réu comum, desses tantos que penam por justiça nos corredores dos tribunais. Seus passos no julgamento estão sendo julgados também pela população do Brasil, com mais ou menos instrução, vendo uns com agrado sua defesa dos réus, por cumplicidade ou simpatia indireta pelos réus, outros com cautela por não poderem saber o que realmente se passa, outros ainda indignados porque percebem o que V. Exa claramente deixa perceber: Defende uma quadrilha de lesa-pátria que envolve principalmente o Partido dos Trabalhadores. Este Partido é chefiado realmente por Luiz Inácio da Silva Lula, cuja vida pregressa e enriquecimento deveriam estar no rolo do processo. Este mesmo partido tem modificado de tal forma a nossa constituição que já nos parece estarmos em outro estado de democracia: A democracia modificada com que Hitler alcançou o poder a partir de Weimar na Alemanha de 1919, tal como Lula, chefiando uma quadrilha com o enganador nome de Partido dos Trabalhadores. Foi do nome deste Partido que surgiu o nome NAZI, o nazismo. V. Exa nos envergonha, a toda a população do Brasil.

2. Em sua vida particular, parece V. Exa., tal como Hitler, esquecer as suas origens, apoiando uma quadrilha que tenta o poder a qualquer custo usando a corrupção para conseguir votos, e o poder para corromper a constituição brasileira. Muita gente honesta morreu em campos de concentração, como os de Treblinka , Sobibór e tantas outras espalhadas pela Ucrânia, Estônia, Lituânia, Alemanha, França, Itália, Polônia, República Tcheca, Países Baixos (aqui nasceu e morreu Ann Frank). Um holocausto europeu. Não queremos um holocausto na América do Sul, como também não queremos um regime totalitário como o Cubano. O senhor envergonha a América Latina, o mundo.





3. Se de todo V. Exa não souber como Hitler chegou ao poder, ou não se lembrar porque não terá ouvido a história de sua família, pode refrescar a memória no link abaixo
http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1292548503



© Rui Rodrigues



ps - E pelos vistos o ministro é também um bandido sumindo com documentos quando estava no TSE 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O ciclo do comunismo – ascensão e queda.

O ciclo do comunismo – ascensão e queda.
(similar ao do nazismo [1])

Este mundo nunca foi justo, justamente por causa de ambiciosos e oportunistas.

O comunismo parecia a solução para que todas as riquezas fossem distribuídas entre todos de forma mais justa, mas das cerca de 90 nações do mundo que já foram comunistas, restam apenas duas: Cuba e Coréia do Norte. O que deu errado? Parece haver um “ciclo” para este tipo de ideologia.

  1. O surgimento

líder comunista na praça vermelha
Surge em épocas de crise, quando o equilíbrio da pirâmide social sofre modificações importantes ou violentas, normalmente em função de crises econômicas, guerras ou regimes de governo. Por mais que as pirâmides sociais sejam achatadas ou verticalizadas, há um equilíbrio nas camadas sociais que mantém a ordem, o progresso e a paz nas nações. Nesses momentos de crise, a indignação popular cresce e fica preparada para qualquer coisa “diferente” na forma de ser governada, que lhes melhore a vida. A propaganda é importante, a criação de “símbolos” de unificação de vontades, adquire uma importância fundamental nem que para isso se use a mentira, porque a verdade começa a ser oculta pelo impedimento de liberdade de expressão dos meios de comunicação. É o momento oportuno para o surgimento de “líderes” que lhes indiquem o caminho. Os cofres públicos e as riquezas particulares confiscadas são o baú inicial para a “distribuição” social das riquezas. Até aqui não há diferença entre nazismo e comunismo.
 Quadro revolucionário de propaganda comunista
  1. O estabelecimento e o auge


Praça Vermelha no auge do comunismo
Quando se fala em dinheiro raramente se associa este termo a “elemento de troca”, mas dinheiro ou moeda pode ser qualquer coisa, desde conchas a moedas, desde moedas a cupons de racionamento e distribuição de bens pela “coletividade”. Porém, e de forma geral, comunistas principalmente são avessos à moeda, ao dinheiro, porque o vêm como um símbolo “capitalista”. Uma vez imposto o comunismo como forma de governo, mantêm uma moeda fictícia, fora da realidade para as trocas internacionais, e internamente a mantêm, tirando-lhe a importância pela redução do uso: Distribuem cupons de racionamento que distribuem de forma desigual pelos lideres, militantes, simpatizantes e povo. As prisões começam a esvaziar-se de ladrões, traficantes e bandidos e começam a encher-se de “inimigos do regime”. Forma-se uma bolha “nacional” na qual só entra a informação que interessa ao regime e da qual nenhuma informação saia sem que seja previamente submetida a censura. Sem governo totalitário, o comunismo não germina, não progride, mesmo que o totalitarismo seja obtido através de alterações à constituição. O auge do comunismo, e o inicio de seu declínio acontece quando uma enorme porcentagem da população recebe uma educação mínima, porque universidade só serve para quem tem capacidade e não há venda de diplomas, e todos têm pelo menos garantido um quarto para viver e comida no prato. As artes são desenvolvidas como forma de amenizar a vida. Nem todos têm TV, computador ou celular, automóvel é para poucos, geladeiras, ares condicionados, e bens de primeira linha, somente para lideres e protegidos do regime.

 Propaganda de culto à personalidade

  1. O declínio e o fim
 Queda do muro de Berlim sem um único tiro
Após o auge, vem sempre o declínio de qualquer coisa neste mundo. O melhor exemplo somos nós mesmos que já começamos a morrer desde o dia em que nascemos. Passamos por um auge e declinamos porque não conseguimos manter sempre o mesmo fator de produção e distribuição de energia. Os órgãos começam a falhar. No comunismo é assim também. Logo após a implantação do sistema, os hábitos são alterados, a ambição reduzida e controlada, a vontade de querer alguma coisa diferente se esvai como que por encanto, mas não morre. Apenas fica adormecida, porque é uma condição natural da humanidade. Os líderes do comunismo têm ambição e nesse sistema continuam a tê-la, e á vontade, porque a censura não permite reclamações. A necessidade de controlar é tão grande, principalmente em países de grandes populações, que qualquer iniciativa passa obrigatoriamente por uma estafa de perguntas, respostas e verificações – a que chamamos de burocracia – que dificulta a sua consecução e provoca perda de vontade de fazer alguma coisa. Numa sociedade sem incentivos de produção ou de melhoria de salários, o esforço pessoal se iguala ao do parceiro de trabalho, porque trabalhar demasiado sem compensação à altura não é motivação. A produção começa a decair, a qualidade se deteriora, e só os programas tecnológicos do governo seguem adiante com mais ou menos demora. As trocas comerciais com o exterior começam a diminuir a capacidade de comprar o que é necessário para a nação, incluindo alimentos, artigos importados, itens tecnológicos que permitam acompanhar o desenvolvimento nacional. Logo os cupons comprarão menos do que no ano anterior até se chegar a um grau de insatisfação popular que atinge pouco a pouco os altos escalões do governo, tal e qual como nos períodos anteriores à implantação do comunismo. É então chegada a hora de abandonar o comunismo e buscar outra forma de governo que possa dar “mais certo”.
 Nova revolução russa para acabar com o comunismo. Sem tiros
O Brasil está na primeira fase através de “sonhos de criança” de um grupo de ex-terroristas assaltantes de bancos quando faltou o apoio financeiro de países então comunistas como a China e a URSS, e precisaram de dinheiro...

Gorbachev (Perestroika) e Yeltsin, a nova Russia. 
Comunista precisa de dinheiro e muito, porque normalmente não sabe lidar com esse símbolo e prova disso temos aqui em casa com os governos Lula e Dilma. Como em todo o planeta há uma crise mundial geralmente criada por um excesso de “poder”, talvez seja a hora certa para tentarmos um novo tipo de democracia que foi descoberta há cerca de 3.500 anos por Sócrates, um grego filósofo, e que agora tem “pernas para andar” através de redes sociais: A Democracia Total, Verdadeira, Participativa[2] .

© Rui Rodrigues


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Brasil em impasse político


Pátria Amada Brasil
Brasil em impasse político

Uma breve passagem pela história do Brasil pode constatar a improbidade no trato da “res pública”, ou coisa pública, desde os tempos das capitanias, passando pelo Império, chegando à república desde Marechal Floriano até os dias de hoje.

Já houve rebeliões de todos os tipos, movimentos de secessão, e Vargas já amarrou o cavalo no Obelisco do Rio de Janeiro quando esta cidade era a capital da República. Nem houve tiros na revolução de 1964, quando o Brasil estava caminhando para a esquerda política. Depois de décadas sob governo liderado por militares, a esquerda e os terroristas do passado tomaram o poder, não por mérito, mas por esperança de uma igualdade que não existe em lugar nenhum do mundo. Difícil dizer se foi Lula que usou a esquerda ou a esquerda que usou Lula para a consecução desta tomada de poder, mas sabe-se e é patente que foram os amigos empresários de Lula que mais se aproveitaram e ainda se aproveitam. Os escândalos bradam aos céus, ainda mais quando se sabe que com a economia controlada, obras que custavam milhões passaram a custar bilhões, algumas levadas a concorrência com projetos feitos às pressas e equivocados. Obras paradas custam dinheiro porque os juros altos correm. Sucessivos escândalos e perdões de dívidas, com serviços de saúde decadentes, ensino sufocado, transportes públicos deficientes e em estado de sucata, segurança deficiente com dezenas de mortes todos os dias sem solução, aliados a uma inflação na casa dos dois dígitos porque a Petrobrás resolveu aumentar os combustíveis para cobrir furos de administração, levaram o povo para as ruas.

A Constituição foi sistematicamente alterada por Medidas Provisórias, verbas públicas foram colocadas à disposição de amigos da presidência como Eike Batista que se tornou bilionário e agora está à beira da falência, e uma verba gorda foi colocada à disposição da presidência sem que tenha de fazer comprovação dos gastos. Parlamentares aumentaram por várias vezes os seus salários e estabeleceram que somente trabalhariam de terça a sexta, recebendo horas extras para resolver os problemas da nação, exatamente o trabalho que são obrigados a fazer em tempo hábil devido à preferência dos que os elegeram. São esses mesmos que usam a força aérea brasileira para fazer as suas viagens, porque resolveram não se mudar para Brasília, onde fica a sede do governo.

Uma política de juros altos, os mais altos do mundo, como são os da Selic, provocaram juros de até nove por cento ao mês em empréstimos bancários e com um povo com um IDH tão baixo, um dos menores da América Latina, clientes de banco não sabem fazer contas de juros nem de juros compostos, devendo até a alma, sem diabo para quem a vender. Boa parte ainda paga dízimos a Igrejas. Cartões corporativos são um poço sem fundo para pagar despesas evitáveis e até particulares e os amigos do regime que se beneficiam regozijam diariamente e desfilam por shoppings e aeroportos o seu “status” de comunistas de rolex.

Com os cofres do Estado abertos, e uma das maiores taxas de impostos do mundo, o dinheiro desaparecia como que por um só canal. Ainda havia oposição, até o dia em que resolveram se associar. Os partidos políticos se associaram, deixou de haver oposição, o fluxo de esvaziamento de caixa público aumentou. Quantidades maciças de dinheiro público injetadas na Caixa Econômica Federal e no BNDES foram usadas a pretexto de obras de transposição do Rio São Francisco, em estádios e obras para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, para “tapa buracos” de estradas e para financiamento de empresários com o pretexto de gerar empregos. As obras atrasaram, algumas nem saíram do papel, as estradas estão ainda mais esburacadas do que nunca, um monumento de mais de um milhão de reais em homenagem a um ET em Varginha nunca foi acabado. As verbas se perdem e jorram mais que água canalizada para o Rio S. Francisco. Numa viagem para a posse do Papa, a presidente do Brasil, ex-terrorista, agora com rolex, carregou amigos em magote gastando milhões em hotéis de luxo, uma rica comitiva de um país sem educação, sem saúde, sem segurança, sem estradas, sem transportes dignos e compatíveis com a sétima colocação no ranking das nações mais ricas.

Ufanando-se de ter tirado da miséria cerca de 50.000.000 de cidadãos, verifica-se que na verdade isso não aconteceu. O que aconteceu é que com uma bolsa-família dividida por família de cerca de 4,2 pessoas em média, ninguém saiu da miséria e continuam vivendo nas mesmas casas, tendo os mesmos problemas, o dinheiro recebido gasto em qualquer coisa, até em drogas. Não se investiu em praticamente nada do setor produtivo. O PIB decresceu enquanto os demais países cresciam – os BRICS - o capital estrangeiro começou a tomar outros rumos. É notória a incompetência do ministro Mantega, mas continua sendo mantido no governo porque atende os interesses dos que governam a nação, o que inclui os políticos eleitos, os substitutos não eleitos, os que andam pelos corredores de Brasília, do tipo dos que escondem dinheiro no sutiã, nas meias, nas cuecas.

No senado, condenados não perderam seus cargos, o que colocou em oposição o povo indignado, cada vez mais, contra o Senado que os acolheu e alguns juizes do Supremo que defenderam tão ansiosamente os réus como se fossem advogados de defesa de baixo calão em defesa da honra de marido violento, jogando sobre a esposa traída a pecha da indecência.

Com o movimento das ruas, laivos perdidos de moral e de ética passaram a ser comentados mais por medo de perderem eleições do que pela própria moral e ética. A oposição pareceu renascer, mas de forma tímida até que foi atacada com a questão do metrô de S. Paulo, para contrabalançar os efeitos do Mensalão. Posição e oposição mentem, os demais partidos são fracos exatamente por isso: Em vez de serem oposição saudável, denunciando os podres a que certamente assistem e se calam, além de ter um bom e inovador programa de governo, tentam tirar partido da disputa partidária dos dois maiores partidos, no intuito de dividir o poder.

Assistimos assim a um Brasil dividido entre a posição da OAB, do Ministério Público, dos partidos políticos, do Senado, forças armadas da reserva dividem-se entre direita e esquerda, o povo observando o resultado de seu movimento nas ruas. Todos uns contra os outros. Se a moral e a ética forem muitas, não importa o quanto ainda há no caixa, nos cofres. Se a moral e a ética não forem suficientes, o caixa se arrombará por completo como caixas 24 horas de Bancos assaltados pela madrugada, como costumavam fazer os vereadores, os deputados e os senadores quando votavam coisas de seu próprio interesse.

Ó Pátria amada, salve, salve...
Se salve, Pátria Amada!

Até que todo o povo vá para as ruas, com uma só bandeira:
A do Brasil, verde, amarela, cor de anil,
Com o universo de estrelas de todos os Estados da Nação,
E onde esteja escrito “ordem e Progresso” em que se possa acreditar.

© Rui Rodrigues

domingo, 11 de agosto de 2013

O uso de seu voto na democracia participativa

O uso de seu voto na democracia participativa




O que pode fazer com o seu voto numa democracia participativa
 Com a Democracia Participativa, podemos eleger/deseleger diariamente
A Democracia Participativa permite exercer a cidadania sem a incômoda participação daqueles deputados, senadores, que são escolhidos pelos Partidos Políticos que lançam as suas candidaturas. A Democracia Participativa precisa deles, e dos Partidos também, mas não com as funções nem com o poder que têm hoje, servindo apenas de "orientadores" e sendo na verdade funcionmários públicos. Normalmente reclamamos deles por não fazerem o que nos parece tão lógico. Felizmente as sociedades estão chegando á conclusão que lhes pagam demasiado para tão deficiente e normalmente corrupto serviço.
Nossas nações estão sempre com problemas que parecem insolúveis e não por acaso, os problemas são sempre os mesmos como se o mundo não tivesse solução e tudo seja como é pelo simples fato de irremediavelmente sempre ter sido assim... Como se o mundo tivesse sido feito da forma que nos apresentam e não pudesse ser mudado.
Para eleger um vereador, deputado, senador ou Prefeito é necessário investir muito dinheiro. Esse dinheiro é “cedido” aos partidos políticos em troca de favores, quer através de verbas públicas desviadas ou autorizadas legalmente, quer por investimentos de empresas e organizações. Ninguém dá nada de forma gratuita a ninguém, exceto para obras de caridade, e não é este o caso certamente no "sistema" autal de representatividade. Os Partidos ficam assim dependentes dos que lhes pagam os custos das eleições. Como você, eleitor, não lhes paga nada, eles não o representam.
Com a Democracia Participativa, não se recolhem impostos sem que antes haja um orçamento de estado a cumprir e depois se vê o que se tem para gastar e dividir pelos ministérios que não são divididos politicamente entre os Partidos... Primeiro se faz o orçamento da União para se saber se os próximos quatro anos serão de aperto financeiro porque o País tem que crescer muito, ou de alívio, porque os cidadãos querem uma “folga” nos impostos para poderem fazer o que tanto desejam e não puderam por causa da carga desses impostos nos anos anteriores.
Com a Democracia Participativa, seu voto começa a ser usado em seu próprio município. Com ele pode decidir se uma estrada passará por florestas, por plantações, ou por áreas de menor utilidade. Poderá decidir sobre os custos ou sobre o início das obras de acordo com o momento econômico. Pode votar o orçamento da União, decidindo que porcentagem das verbas se devem aplicar em educação, por exemplo, ou na agricultura, no saneamento básico, na saúde pública, nos transportes, em centros de pesquisa, na sustentabilidade, nos esportes, nas artes e na cultura...
Pode votar o salário dos membros do governo, e não estes os próprios salários que sempre sobem muito acima da inflação, enquanto o salário mínimo pouco sobe, sendo imediatamente desvalorizado pela inflação. Pode estabelecer que porcentagem da verba de pesquisa seja destinada à cura do câncer, à pesquisa de armas ou espacial, dentre outras. Pode também votar na porcentagem a aplicar para prevenção de catástrofes, como deslizamentos de terras, inundações, construção de moradias de emergência para estes casos.
Na eventualidade de uma contenda bélica, não será o presidente que decidirá sobre declaração de guerra ou o senado... Terão que perguntar ao povo que pode responder em meia hora ou menos... Somente no caso de uma invasão de território o governo pode mobilizar as tropas para a guerra dentro das fronteiras. O mundo ficará melhor assim e menos bélico. A melhor defesa será sempre a defesa e não o ataque. Pode acontecer de a maioria dos cidadãos acharem que não necessitam de exércitos, apenas de força de polícia. Alguns países já chegaram a esse ponto de progresso.
Pode usar o voto para propor algo novo mesmo dentro da Democracia Participativa, como por exemplo, estabelecer comissões de acompanhamento junto ao Ministério da Economia, dos Transportes, do Turismo, da Educação, do Ambiente, e outras instituições, para verificar o que fazem - e como fazem - sem que tenha que ser necessário eleger um palhaço com o slogan “Sabem o que os senadores fazem no congresso? Se me derem o vosso voto e eu for eleito, depois eu conto”, estando nós esperando até hoje que nos conte...Provavelmente já aprendeu com os outros deputados que o silêncio é a chave do sucesso.
Pode usar o seu voto para deseleger quem achar que não cumpre com as suas funções. Não precisa explicar, nem a retirada desse funcionário irá depender de julgamento nas esferas do governo ou fora dele: seu voto é soberano, e se na medida em que perder os votos, alguém eleito atingir quantidade inferior ao segundo colocado, sai e entra o segundo colocado. Se houver provas de má fé, dolo, ou de algum crime, será depois julgado na corte civil. Não pode haver duas cortes de justiça: Uma para julgar membros do governo e outra para julgar civis ou militares... Existe apenas uma justiça para um povo constituído de cidadãos iguais perante a lei. A não ser assim, comerciantes teriam direito a uma corte especial, os miseráveis direito a outra e os políticos a uma outra corte muito especial onde pudessem errar e ser corruptos à vontade sem qualquer punição... Só idiotas não são punidos pela lei, por serem pobres de espírito. 

Queremos um mundo justo, tanto quanto nos seja possível.

₢ Rui Rodrigues

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Zangam-se as comadres descobrem-se as verdades...

Zangam-se as comadres descobrem-se as verdades... 









Após a morte das ideologias, zangam-se comadres, descobrem-se verdades.

Não há nada pior do que a oposição se unir ao governo. A partir desse momento, não há críticas, aprovam-se todos os projetos por mais absurdos que sejam, emitem-se e fazem-se aprovar emendas constitucionais por mais absurdas que sejam, cava-se um fosso intransponível entre governo e os cidadãos. Pior ainda, todos se calam a respeito dos atos de corrupção, uma atitude prudente para não serem também denunciados.


Foi assim, a partir do governo de Lula que o Brasil não só não ganhou as primeiras posições em corrupção, como também se manteve nas ultimas posições do IDH mundial. Tudo vai mal de A a Z em nossa nação. Estão aí os movimentos de rua para mostrar que há um fosso enorme entre governo e cidadãos.

Quando, através das redes sociais – esta maravilha técnica de progresso e desenvolvimento social – se começaram a conhecer as opiniões dos cidadãos e os protestos começaram com postagens importantes, mas que não eram notícia de primeira página dos jornais, logo perceberam no governo que haveria que romper com os acordos entre posição (que antes era oposição) e a oposição (que antes era posição). O que o povo queria afinal? E chamada esquerda unida à direita ou a direita unida à esquerda? Para surpresa geral, como se não soubessem, o que os cidadãos querem é JUSTIÇA. Apenas justiça, uma coisa tão simples que obriga à moral e á Ética. E logo um espertalhão se propõe eliminar dos anais do senado federal a palavra ética alegando sua visão ainda corrupta de do que entende por uma justiça corrompida.

Em função da necessidade de romper o acordo entre Esquerda e Direita (que na verdade perde todo o sentido pelo acordo tácito), apareceu o processo do Mensalão. Políticos foram condenados e para mostrar força, os políticos senadores se impuseram ao Ministério público mantendo-os em pleno trabalho normal na santa casa diabólica do senado federal. Responderam com outro processo para “equilibrar” o descrédito político e o povo conheceu então o processo do “Cachoeira”. Mais políticos foram condenados. Veio então o caso do Metrô de S. Paulo de onde se esperam sair novas condenações.

Uma das “soluções” para manter a credibilidade dos nossos políticos seria acabar com as denúncias de parte a parte, mas isto já é impossível. A população honesta, de princípios, politicamente moral e ética, não quer saber de esquerdas nem de direitas, nem de ideologias (todas elas mortas) depois de acometidas de doença fatal após a queda do muro de Berlim e a crise econômica de 2008. Na primeira o comunismo começou a falecer, na segunda, o capitalismo selvagem está numa UTI sem muitas esperanças de vida tal como era até então.

Há um vácuo político e econômico – o fosso - que precisa ser preenchido para que se faça a ponte entre governos e povos que deveriam apoiar e não explorar. Voltar a falar em comunismo, socialismo, capitalismo, já não comove nem move ninguém que tenha um mínimo de conhecimento do mundo que o rodeia. A ponte pode ser a Democracia participativa, sem intermediários, aquela em que os políticos são meros servidores públicos, em que vota quem quiser pelas redes sociais, a qualquer momento em tudo que atualmente se vota nos senados, câmaras, prefeituras, retirando o poder que os políticos têm. Com as redes sócias há opinião, mas não a necessidade de “líderes” e muito menos os populistas que prometem o que não podem dar. Votos que podem ser retirados a qualquer momento – porque são dados em confiança e por perda de confiança podem ser retirados.
                                 
                                   
Fica a ideia de um filósofo político da antiguidade, Sócrates, que descobriu um dia que um povo pode viver em paz, em progresso e com tranqüilidade se cada cidadão participar ativamente das decisões de governo em todas elas. Sempre sem intermediários. Se desejar saber como veja artigos a respeito no site deste