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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Carta de Pero Vaz Marcius Marcianus a seu Rei de Marte




Carta de Pero Vaz Marcius Marcianus a seu Rei de Marte

A vida em Marte acabou há cerca de 500 anos atrás, justamente quando Pero Vaz Marcius Marcianus, um escrivão do Rei de Marte lhe mandara carta fazendo-o saber da descoberta do planeta Terra e de sua civilização.  Essa carta escrita no mais puro idioma marciano foi recentemente descoberta pelo robô “Curiosity” enviado pela NASA.
Eis o teor resumido desse documento histórico.


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Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do encontramento desta vossa Terra, que ora nesta navegação se encontrou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da navegagem e rumaduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei de falar começo e digo:


Depois que saímos de Marte e após navegarmos por dois dias, nossos pilotos nos levaram a uma praia como as nossas, mas com belas mulheres, todas nuas de lindos e generosos corpos, sem pudor, tal a ausência de maldade, que deles faziam uso entre elas e com os homens, ali mesmo entre os arbustos e seria por isso que entre eles não havia discussões nem guerras inúteis, porque quando ficavam com fúrias, ali mesmo se acalmavam entre as areias. Como somos invisíveis aos olhos dos terráqueos, não nos perceberam, mas vimos algumas naus de madeira, com largas velas e cruzes vermelhas entre eles, explorando-os com contas de vidro, machados para derrubarem as florestas, sem saberem o mal que faziam nem dele se aperceberem, cegos pelos lucros que buscavam, que como bem sabe Vossa Alteza, é o ouro que em Marte há muito e nem lhe damos valor algum. O ouro, para esse povo desinibido da região que os das naus exploravam, vale tanto quanto para nós, já as contas de vidro, por brilharem, acharam eles que eram diamantes redondos, pedaços caídos de estrelas que brilhavam nos céus pela noite. Os das naus não eram gente ruim, mas tinham seus valores e até uma grande virtude, porque se deitaram com as mulheres e uma meia dúzia com os homens, escondidos por vergonha no meio do mato.

Entre os das naus havia um escrivão, como eu, chamado Pero Vaz de Caminha, que escrevia a seu Rei sobre o achamento daquelas terras que acharam depois de navegarem por quase três meses. Nós os encontramos sujos, fedorentos, porque não tomavam banho, causa de muitas mortes entre eles. Não precisavam de inimigos, porque assim se matavam a eles mesmos.
Trouxeram, os das naus, duas parelhas de cavalos, uns animais muito inteligentes, enormes, de quatro patas, que por não poderem usar na mata cerrada, os deixaram por lá, pastando. Deixaram também por lá, quando se foram, dois dissidentes políticos, que, diferentemente dos cavalos, gostaram muito de ficar entre os índios e as índias, começando logo a procriar ali mesmo. Estes dois não puderam ensinar nada aos índios da região, porque seu nível cultural era ainda inferior, por não terem freqüentado escolas. A sociedade dos achadores descriminava os que tinham ouro dos que não tinham, e as escolas eram pagas. Depois que os achadores saíram, os índios não se transformaram em achadores. Foram os achadores que se transformaram em índios, passando a viver como eles e a tomar banho diariamente, ou não haveria fornicação entre eles e elas. As sementes que deixaram com estes, antes de partirem, foram plantadas e germinaram muito bem. Em se plantando naquela terra, ninguém passaria fome por milênios, mas nossos navegantes do futuro já nos contaram que por volta de 2012 já havia muitos passando fome, aos milhões, apesar dos imensos milharais, porque em vez de produzirem alimentos, produzem álcool para se moverem.

Entre os achadores havia uns vestidos de branco com capas pretas, carregando cruzes, que falavam de ensinar aos índios que havia um deus que ressuscitara e que, apesar de depois voltar a morrer, porque nunca mais se viu, desejar que todos seguissem a sua religião. Porém vimos que esse deus deles, que calçava sandálias e vestia uma túnica de pobre, que não tinha bens, era muito diferente desses de preto e branco, porque estes faziam tudo diferente dele e ajudavam a escravizar, visto que nunca lhes ouvi uma contestação ou movimento contra a escravização de índios e negros, mais se aceitando que os achadores e estes pregadores agiam em conjunto como bando, tudo pelo ouro.

Então, que me permita Vossa Alteza, e para já lhe rogo, encarecidamente seu perdão, resolvemos materializar-nos entre os achadores, pela noite, deixando nossa nave flutuar ao lado da nau capitânia, lado a lado, ao mesmo nível do convés. Ficaram os achadores muito desconfortáveis, mas como não tínhamos armas, olharam uns para os outros e cada um viu que estavam vendo as mesmas coisas, e se acalmaram sem saberem o que estava acontecendo. Descemos e começamos a mostrar-lhes o nosso ouro e seus olhos brilharam. Não nos atacaram porque esperavam que lhes disséssemos onde encontrar tanto ouro. Depois lhes mostramos um computador de mão, destes de usos corrente, e eles não se interessaram. Parece que não sabiam nada de matemática. Quando lhes mostramos os nossos comunicadores eletrônicos que um dia chamarão de celulares, deram urros de admiração e um até nos pôs nos ouvidos uma daquelas conchas enormes, mas só conseguimos ouvir o barulho do mar. Então falamos uns com os outros pelo celular e eles escutaram as nossas vozes saindo dos aparelhos. Emprestamos-lhes os aparelhos para que os usassem também entre si, e então começaram a falar bobagens e rindo muito antes de nos devolverem os celulares. Abanaram a cabeça dando a entender que não teria uso entre eles.

Usavam tochas de madeira embebidas em azeite para iluminar as embarcações. Com aquela quantidade de luz, ficariam cegos ou míopes se tivessem o hábito de escrever à noite, e quando lhes mostramos nossas luzes de lanternas, pularam e deram um passo para trás, completamente hipnotizados pelo medo.  
Não gostaram das nossas mulheres que lhes mostramos porque eram verdes, assim o disseram, e fique Vossa Alteza certa que aqueles homens fazem qualquer coisa por ouro e mulheres, a cor é que lhes foi desinteressante.
Ainda conto a Vossa Alteza sereníssima que ficamos nesta terra que encontramos, por anos, e acompanhamos os achadores em sua viagem de volta a sua terra, mas muitos morreram na viagem de volta por tormentas marinhas. Os que sobraram contaram ao rei deles tudo o que viram, mas quando começaram a falar de nós e de nossa tecnologia, disseram que tinham ficado de miolo mole, os dispensaram e os trataram como dementes, gente e sem importância.
Permita-me ainda Vossa Alteza contar-lhe o que nossos navegantes do futuro me contaram, depois de uma viagem de 500 anos. Trouxeram notícias de 2012, aterradoras, que conto a Vossa Alteza sereníssima:
Aquelas matas já não existem, nem aquelas nem as outras do continente, restando uma pequena área que chamam de Amazônia e que encolhe dia a dia. Ainda hoje perseguem índios e os prendem em reservas. Reclamam dos achadores mas agem como eles ou pior ainda, porque aqueles não tinham consciência do que faziam ou tinham pouca, mas estes de hoje não. Sabem de tudo. Alguns daqueles índios se misturaram entre a população, mas jamais um deles chegou a um posto de governar o que quer que fosse, e muito menos foi eleito presidente da república.

Pior ainda, Alteza, eles fazem eleições e colocam para governá-los eleitos indicados por grupos a que chamam de partidos políticos. Ora, Excelência, estes obedecem a esses partidos e não ao povo que deveriam representar. Por isso é grande a roubalheira e todo o ouro que exploram vai para o exterior, esvaziando a riqueza do país. Só ganham os que exploram o ouro. O povo não ganha nada, e, além disso, ainda pagam impostos que se contam pelo dobro do que pagavam quando os achadores os acharam e passaram a governá-los, sendo já grande a mistura entre índios, negros e brancos, no que vai nessa mistura grande mérito dos achadores.  É grande a fome que encobrem com propagandas e shows de artistas pagos a peso de ouro, a educação é um chorrilho de asneiras de tão ruim que é, matam-se uns aos outros pelas ruas e não há ordem que se imponha, e os do governo roubam descaradamente sem ter quem lhes ponha a mão neles e no dinheiro que roubam.
Mas se pensa Vossa Alteza que é apenas no reino que os achadores acharam, fique certa, Excelência que não. Vê-se disto por todos os lados deste Planeta Terra que encontramos para Vossa Alteza.

E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.

E pois que, Senhor, e o tenho como certo , assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, deixe ficar na ilha de Sou Marciano a Jorge de Osório, meu genro – o que d'Ela receberei em muita mercê. È que nada peço a Vossa Alteza para não criar hábitos de tirar vantagens de postos ou considerações.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Planeta Terra, da Vossa Ilha de Vera Cruz, que não é ilha, e do Rio de Janeiro, que também não é rio, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
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Rui Rodrigues

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Está lá o corpo estendido no chão



Está lá o corpo estendido no chão


Dia de jogo de futebol. Emoções à flor da pele, esperando o momento de gritar “gol” e exorcizar todos os demônios que infernizaram a vida de cada torcedor durante a semana. Alguns escutaram gozações por que seu time está mal no campeonato, outros que o time está bem mas nunca chega “lá” no topo da tabela. Outros ainda querem “vingança” do patrão ou do chefe, que é do time contrário. A adrenalina foi aumentando no sangue desde segunda feira e sábado seria o grande dia de explodi-la em vários gritos de “gol”,quantos mais melhor para que depois o espírito se acalme.

Na sexta-feira combinou-se o local de encontro das torcidas, quem iria e quem não iria. Economizaram-se chamadas telefônicas, até importantes, para que pudesse haver saldo suficiente para combinar os detalhes da ida ao estádio, item por item. Não esqueceram lenços com pedras dentro para girar e arremessar contra os “inimigos” do time adversário. Como todos os anos matam torcedores mais afoitos e “irritantes” pensam que devem estar sempre preparados para a revanche. O povo esquece, mas as torcidas “organizadas” não. Outros mais fracos levaram facas e revólveres. Antes de sair de casa, um banho, perfume, camisa do time, umas cervejas para não gastar no estádio, e alguns provavelmente cheiraram, fumaram até ficarem no “ponto”. Do estudo sobre o comportamento humano sabemos que o indivíduo pensa “diferente” quando está em grupo. Costuma haver “comunhão” de sentimentos para não ser diferenciado, descriminado, afastado do grupo. Assim, quando começa uma discussão, uns alimentam o ódio dos outros, e quem o não tinha, passou a tê-lo e odeiam sem se preocuparem se é ou não necessário ou correto odiar.

Em futebol não interessa justiça. Todos viram que foi pênalti contra o seu time, mas encontram sempre uma desculpa para negar e quando nem desculpa encontram, dizem que é assim mesmo, o futebol. Gostam quando o seu time é beneficiado e odeiam o árbitro, o sistema, o trabalho, a família, os amigos de outros times e até do seu, quando discordam e mostram a verdade. Futebol é paixão e os órgãos que superintendem esse esporte não fazem nada para que as arbitragens sejam mais justas, mesmo com tantos aparatos disponíveis da tecnologia moderna. Deve ser herança da romanização européia, quando para governar se usava a máxima do “pão e circo”, sendo o circo romano o lugar onde se matavam animais de montão, e onde os gladiadores se matavam uns aos outros. Quando as apostas eram muito altas em função da força e astúcia de um gladiador, quem estava a par das “injustiças” apostava no mais fraco. Pela noite davam ao mais fraco uma beberagem que o deixava fraco. Os apostadores desonestos ganhavam seu farto dinheiro, o gladiador morria no circo mas havia muitos mais esperando a sua vez. No futebol é assim mesmo. Clubes não fazem os exames necessários, e os casos de morte súbita estão nos jornais. Nem todos são publicados.  

Num recente enfrentamento de torcidas em S. Paulo, um policial afirmou que viu as duas torcidas se enfrentando mas que não pode fazer nada porque as torcidas eram muito grandes e a força policial pequena. O governo não tem estratégias para deslocar as forças necessárias em dias de jogos, ou não tem os efetivos necessários, ou também não se importa.  A FIFA pretende que se libere a venda de cervejas nos estádios durante o mundial de 2014, mesmo sabendo o que o álcool misturado com paixões pode provocar. O negócio da FIFA é dinheiro na base do pão e circo. Se houvesse lei permissiva, talvez até baixasse o dedo no final das partidas para matar o goleiro que errou e promover a cônsul o artilheiro que fez mais de três gols no time adversário. Não se pode esquecer o mal súbito do Ronaldo, fenômeno, numa final de copa do mundo.

E as torcidas do Vasco e do Flamengo se encontraram. Foram preparadas para o confronto. O Flamengo em ascensão, o Vasco a ponto de garantir o primeiro lugar na tabela.

Ficou lá o corpo no chão, estrebuchando, baleado e esfaqueado. Morreu.

A FIFA poderá alegar que não tem nada com isso, o governo do Estado e da nação idem, as forças policiais também, e fica por isso mesmo, sabendo nós que a triste história voltará a ocorrer muitas e muitas vezes. Normalmente as discussões têm por base as “injustiças” cometidas em campo durante o jogo e devidas também normalmente, pela arbitragem.

Acabar com o futebol? Não! Jamais!

Mas precisamos mudar as suas regras usando mecanismos que o tornem justo, educar melhor as nossas crianças desde pequenas em casa e nas instituições de ensino, usar as verbas públicas onde são mais necessárias e sobretudo na educação, na saúde e na segurança e fazer com que as CPIS nos dêem a garantia de que criminosos vão para a cadeia e não tiram vantagem dos mais fracos. Os mais fracos são 200 milhões de brasileiros que não podem nem votar onde as verbas arrecadadas com os impostos devem ser aplicadas.

Está lá o corpo estendido no chão, agora com sete palmos de terra por cima, uma vida perdida. Na foto um torcedor do CRB.


Rui Rodrigues

domingo, 19 de agosto de 2012

A super-heroína da décima dimensão



A super-heroína da décima dimensão

Dizem os expert em física quântica que nosso universo tem 11 dimensões, sendo quatro delas perfeitamente definidas e as outras sete pequenas e enroladas. As quatro conhecidas são o espaço contendo três dimensões – comprimento, largura e altura - e o tempo, associado de forma inseparável das outras três, que constituem o espaço. Mas não sabemos que dimensões são essas nem as suas características, porém temos razões de sobra para acreditar que existem, porque os físicos não erram muito. Sabemos algo mais. Quem nos conta é Castrina, uma viajante do Universo. Mas para melhor entendermos como são essas “pequenas” dimensões, que assim mesmo são imensas, olhemos para uma caneca com alça. Abstraindo-nos do tempo, vemos perfeitamente as três dimensões no corpo da caneca. A alça seria uma dessas dimensões “extras”. Vemos que a alça tem dois pontos comuns ao corpo da caneca – o nosso espaço tempo que sentimos e vemos - e que também fazem parte dela. É nesses dois pontos comuns que se fazem certos tipos de troca de informação. Como “informação” podemos considerar a passagem de partículas, ondas, corpos de qualquer dimensão. A física quântica também nos diz que a probabilidade de alguma partícula passar dessa dimensão (a da alça) para o corpo da caneca é ínfima, mas que se esperarmos o tempo suficiente, acontecerá e poderemos estudar esse fenômeno. Como este Universo tem um tempo finito de existência dentro de um “universo” de universos de tempo infinito para trás no tempo, tal passagem de dimensão estaria mais do que na hora de acontecer.

E que aconteceu com Castrina. Foi numa tarde de Outono quando as folhas das árvores caem tingindo o chão de cores pastel de marrom e amarelo, o vento faz rodamoinhos levantando-as e a chuva cai intensa alagando estradas, campos, cidades. Certos fenômenos passam desapercebidos e criaturas podem passar de uma dimensão para outra sem deixar rastro. Umas esfumam-se na neblina. Outras sofrem metamorfoses e logo se juntam a nós sem qualquer diferença aparente. Uma só, tanto quanto sabemos, se materializou tal como era na outra dimensão. Quando o raio caiu perto da torre da Igreja sem fiéis, que agora era usada como museu, e a fumaça se esvaiu no nevoeiro, lá estava aquela figura, com um joelho no chão, o outro dobrado, curvada sobre si mesma, um cotovelo sobre a perna dobrada, a mão esquerda tocando o chão para se apoiar. Seu corpo ainda fumegava, brilhando por pequenos raios azulados que lhe percorriam o corpo. Primeiro pensei que fosse alguém atingido pelo raio, mas quando olhou na minha direção, percebi que era um ser estranho. Respirava normalmente. Não tinha qualquer meio de se mimetizar ou adquirir nossas formas. Tinha mãos com garras como se fossem de águia, pés e mãos com quatro dedos, cabeça um pouco grande, totalmente imberbe, pele aveludada ligeiramente azulada, veias esverdeadas. Podia considerar-se um ser agradável, embora tivesse os dentes pequenos. Ria facilmente e aprendeu nossa língua, o português em dois dias de convivência na casa onde a escondemos da mídia. Seus alimentos eram tão similares aos nossos, conforme contou, que não houve preocupação alguma quando preparamos a comida. Comeu com parcimônia. Gostou do vinho, preferindo sucos e água. Minha amiga Ivone que trabalha numa clínica tratou de analisar o sangue de Castrina. Incrivelmente semelhante ao nosso, as células reprodutivas com 48 cromossomos. Grande probabilidade de cruzar-se com homens e vir a gerar filhos. Mas Castrina tinha outras intenções; queria voltar para a sua dimensão onde estava sua Galáxia, seu sistema solar, seu planeta, seus familiares, amigos, sua vida.

Aquela dimensão extra de onde vinha tinha certas características diferentes. Tal como na corrente elétrica, onde temos a corrente alternada e a contínua, lá era o tempo que podia ser alternado ou contínuo. Ou seja, aqui na terra, o tempo parece fluir numa só direção, sempre para o futuro, tal como na corrente elétrica contínua, mas lá, na sua dimensão, Castrina podia usar o tempo, fazendo-o ir e voltar, não só rumo ao futuro mas fazê-lo voltar para trás ou mesmo congelá-lo pelo tempo que desejasse. Além disso, ela é muito inteligente. Para poder andar pelas ruas sem sermos incomodados, criamos um traje especial para ela: Um traje de médica, com luvas e máscara para que não reparassem muito em suas características. Uma boa maquilagem resolveu o problema da pele.

Percebi seus super poderes quando um dia passamos pela rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro. Íamos para S. Paulo e vimos pessoas carentes nas imediações. Eram carentes de residências, de dinheiro, de amor, de vontade de progredir, pessoas abatidas pelas forças ocultas da sociedade que não lhes permite melhor vida, e algumas derrubadas pelas drogas, mas sobretudo carentes de amor e de oportunidades. Contei-lhe o caso de um casal de mendigos que encontraram uma bolsa com bastante dinheiro dentro o haviam devolvido ao dono. Este, em reconhecimento lhes deu postos de trabalho em seu mercado, tirando-os daquela vida. O que eles precisavam era apenas de amor, compreensão e de uma oportunidade. Há muitos assim pela vida, quase todos, mas não encontram dinheiro para devolver todos os dias e sem isso a sociedade não os percebe e passam indiferentes pensando para si mesmos: Deus me ajuda porque não estou na miséria como eles.  Não entendem que Deus não cuida dos bens materiais nem recebe dízimos. Isto é coisa de quem não conhece Deus.

Castrina então se sentou ao lado de uma família de mendigos, debaixo do viaduto, perto de uns containeres de lixo, e falou com eles pondo-lhe as suas mãos sobre a cabeça. Em breves minutos, não mais do que cinco ou seis, os mendigos levantaram-se. Olharam para ela, mas sua postura era diferente. Agora já não eram mendigos. Apenas estavam vestidos de mendigos. Sua postura, seu olhar era completamente diferente. Pegaram uns trocados que tinham no bolso, talvez uns cinco reais e foram tomar banho na rodoviária. Sua vida começara a mudar naquele instante. Deixariam em breve a pobreza e a miséria. Castrina me disse que como todos sabíamos, a educação é a base das atividades de sucesso de uma sociedade. Depois se adquire a postura, o modo de falar, e se adquire a segurança de expor as necessidades e de obter sucesso. Uma sociedade educada não elegeria os governantes que tem. O mundo seria outro. O que mais se inibe neste planeta é o conhecimento e se usam os mais torpes motivos, a maioria inventados, para afastar todos aqueles que têm boas intenções e expõem suas idéias contra os que se aproveitam da ignorância para governar o mundo da sua forma. Quando voltamos de S. Paulo, uma semana depois, fomos até debaixo do viaduto e já não vimos aquela família. Ao apanharmos um táxi, o motorista era o chefe de família que ela tinha “abençoado”. Digo abençoado, porque é o adjetivo que melhor se coaduna com os fatos, em meu entendimento.

Pediu-me um dia que a levasse a uma cracolândia. Segundo ela, nosso corpo pode produzir todas as drogas neuronais que provocam a sensação de felicidade. Aquelas drogas que tomam são muito fortes e causam dependência. O segredo da felicidade está na nossa vontade de sermos felizes e na nossa educação. Levei-a numa cracolândia que ainda existe nos subúrbios do Rio. Era de dia e embora quer o governo estadual ou o federal soubessem de sua existência nada fazem para acabar com essa situação, como se fosse inquestionável a impossibilidade de resolvê-la. Então Castrina  juntou-se a um pequeno grupo e fez o mesmo que eu já havia presenciado sob o viaduto da Rodoviária Novo Rio. Enquanto falava, passava a mão pela cabeça dos dependentes químicos. Quando acabou, uns dez minutos depois, esse grupo de umas dez pessoas, levantou-se, jogou fora os cachimbos, as colheres e os isqueiros, e já não eram os mesmos. Sua postura era ereta, o olhar confiante. Saíram cada um para o seu lado. Podia adivinhar-se que daí para a frente seriam outras pessoas que não se deixariam abater pelo sistema, que dizem democrático mas que não o é, porque o povo não pode votar sua opinião. Vota como quem come um prato feito que lhe dão para comer quando estão com fome de democracia, geralmente de quatro em quatro anos. 

Não sei onde anda Castrina, porque desapareceu de nossas vidas há uns dois anos, mas encontrei alguns ex-dependentes químicos daquele grupo que ela “abençoara”. Um deles tinha sua loja de comércio de artigos importados da China, uma garota cantava em todas as rádios da cidade, um garoto era atleta num importante clube da cidade. Castrina nos contara que lá, em sua dimensão enrolada e pequena, embora grande, mas dentro deste Universo, crêem num Deus construtor deste e de outros universos, mas não conhecem Buda, Maomé, Jesus Cristo, Moisés, nem Vishnu, nem nenhum destes deuses ou profetas em que se acredita neste nosso planeta. Lá acreditam que a unidade faz a força, a educação faz a vida, o amor constrói tudo na vida.

Rui Rodrigues


sábado, 18 de agosto de 2012

Loteamento Caravelas do Peró - Serviços públicos – uma história factível




Serviços públicos – uma história factível

Uma comunidade que vive e sobrevive num loteamento, a meio caminho de Búzios e Cabo Frio, enfrenta sérios problemas de legalização e, em conseqüência,  o acesso aos serviços públicos constitucionais mais prementes e essenciais à vida. Vejamos como poderia ter acontecido segundo uma visão da realidade política que atravessamos. Uma realidade que é tema de jornais, uma realidade bem real...

A comunidade comprou lotes de uma certa “fazenda” que abriu caminhos a que chamou de estradas e vias, sem substituir os terrenos que, por alagadiços, eram e são impróprios para construção de estradas. Deixou essa tarefa para a Prefeitura com quem fez contrato para a “legalização” do loteamento. O loteamento hoje é considerado “ilegal”.

Para ter energia elétrica a comunidade lutou muito junto à antecessora da AMPLA que alegou, conforme documento existente, que não se tratava de um loteamento legal, mas de uma área de ‘reserva” ambiental. O erro foi da Prefeitura que não comunicou às administradoras terceirizadas de serviços públicos que o loteamento era ‘legal”. Como prova de que o loteamento é legal, a Prefeitura aprovou projetos de construção e recebe de bom grado os impostos correspondentes. Até cobra taxas extras de “mais valias”.

Então a comunidade, com 380 lotes de terrenos variando entre 600 e 1.000 metros quadrados cada necessitou de água potável, mas a Prolagos não atendeu os inúmeros pedidos. Ela precisa de documento da Prefeitura constatando que o loteamento é legal.  Por isso as solicitações para o fornecimento de água continuam pendentes na Prolagos até hoje, e já se vão alguns anos de espera. Eu espero há 10 anos. É muito tempo para que os serviços públicos atendam a constituição nacional. Mesmo assim, e com a maior cara de pau, alguns prefeitos tentam a reeleição.

Então mandamos ofícios para a câmara de vereadores, daqueles que aumentam os próprios salários, para obtermos um CEP de forma a recebermos correspondência. Podemos adivinhar que numa consulta feita aos correios, terceirizados, tenha acontecido algo parecido com o seguinte:

- Mas, senhores vereadores, como poderemos entregar correio para meia dúzia de habitantes? Teremos um grande prejuízo. Isso não dá lucro. Veja que até no Tangará, na rua principal onde existe um supermercado, entregamos correspondência do lado do supermercado e do outro não, porque não podemos ter prejuízos.

E somente nesta última gestão da Associação de Moradores se conseguiu o CEP porque os vereadores representam os correios e não as populações.

Pensamos em mover ação contra os donos do loteamento, aqueles que o legalizaram junto à Prefeitura, mas estes se escusam dizendo que o loteamento é assunto da Prefeitura. A prefeitura tenta empurrar a idéia de que se trata de um condomínio que até aparece no Google com tal nome para se esquivar de despesa... 

Existe um documento assinado em que esses “donos” do loteamento se obrigam a algumas obras de infra-estrutura e a Prefeitura a outras, mas ambos dizem desconhecer esse documento, assinado e com firmas reconhecidas. Por isso continuamos sem redes de água de esgoto, sem redes de águas pluviais, sem rede de água potável, as ruas não são todas iluminadas embora se paguem taxas de iluminação públicas e não temos nada a que por constituição se obrigam os órgãos públicos. 

É voz corrente que é por falta de “população” que vote... Mas isso deve ser coisa das más línguas...As línguas terríveis dizem que é tudo fruto da corrupção que assola o país, tal como nos mensalões e nas cachoeiradas e tucanadas e petralhadas. Parece não haver partido que se salve.

Para piorar a questão, qualquer ação deverá ser julgada por juiz do Estado que como se sabe, através da Prefeitura está inadimplente com a população do loteamento. Tanto é assim que um juiz tinha dado liminar para que a Prolagos fornecesse a preço de metro cúbico legal a água entregue em caminhões, e que provável ação de bastidores pelos corredores da justiça, agora o novo juiz nega essa prerrogativa para as casas que se constroem no loteamento.

Parece que vivemos num Estado corrupto. Ou então deveremos procurar explicações para o fato de a Prefeitura não ter informado todos os órgãos terceirizados que o loteamento é legal...

Para termos segurança, precisamos construir uma central de segurança em local a ser determinado pela Prefeitura ou quem sabe, pela Polícia Rodoviária Federal porque não há recursos para garantir a segurança. Estamos de pleno acordo, mas acreditamos que os custos devam ser deduzidos dos impostos que pagamos já que estamos fazendo o trabalho da (Im)Prefeitura e do Estado.

O que se passa? Teremos que pedir uma CPI para o caso do Loteamento Caravelas do Peró, cuja uma das proprietárias foi Lili Marinho, esposa de Roberto Marinho das associações Globo?

Rui Rodrigues

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Histórias infantis - Maya e o orelhão mágico




Histórias infantis - Maya e o orelhão mágico


Uma das coisas boas em ir ao cinema não é apenas o tema do filme, os figurinos, o fato de sair de casa e ir se divertir, comer pipoca, chocolates, segurar na mão da namorada, ou do namorado: É a hora da saída, no contraste dos ambientes da escuridão da sala do cinema onde se contam histórias, para as ruas iluminadas pelo sol ou pelas lâmpadas da iluminação pública. Sentimos uma sensação de retorno á realidade e só então nos damos conta de que “não vivemos” o filme como pensávamos durante a sessão de cinema, mas que simplesmente nos alheamos das coisas da vida ao assisti-lo. Por vezes até pensamos que as dificuldades em que vivíamos mergulhados tentando resolvê-las, até segundos antes do filme se iniciar, ficaram agora mais fáceis de resolver. Acontece o mesmo quando escutamos histórias da vida ou historinhas de crianças. O mundo mágico é uma preciosa ajuda para o nosso crescimento. Até mesmo quando pensamos que já somos suficientemente crescidos. Por isso quando eu era criança nunca vi com bons olhos a proibição de ler histórias em quadrinhos sob a alegação de que “faziam mal” (nunca entendi a que poderia fazer mal). Creio que com a melhora do nível de instrução a cada dia se deverão proibir menos coisas às crianças, porque parte delas não tem a mínima razão para serem proibidas. È a evolução.



Em algum lugar Maya ouviu falar que iam acabar com os orelhões da companhia telefônica na cidade.
Maya tem três aninhos bem espertos e gosta muito de historinhas. Já sabe muitas coisas e até dá conselhos a pessoas mais adultas. Tem sempre uma solução para tudo, real ou imaginária, alinhavando as soluções na medida em que vão ficando cada vez mais difíceis de realizar. Então recorre ao mundo mágico.

Foi num dia de feira que descobriu o tal orelhão mágico no qual nunca tinha reparado antes. Sua mãe tem celular. Tinham ido á feira logo de manhã cedo e Maya ficava observando todo o movimento e aquelas coisas bonitas expostas nas barracas de venda. Eram as cores, os cheiros das frutas e dos temperos, a vozearia dos vendedores e das pessoas que por vezes até paravam para conversar e resumir em dois minutos tudo o que tinham feito durante uma semana. Havia biscoitos, chocolates, peixes de olhar perdido, frangos depenados, cheiros de pastéis e de churrasquinho feito na grelha. Alguns donos de barraca davam-lhe guloseimas para provar.  

De repente surge um homem correndo, rouba a bolsa da mãe da Maya que logo desaparece no meio da multidão. Um guarda que estava perto pergunta como era o ladrão, para poder ir atrás dele, mas ninguém sabe responder. Foi muito rápido. Maya viu o ladrão e o policial e fica olhando para a cena incrédula. Com sua varinha mágica vermelha bate no poste azul do orelhão e diz baixinho a sua frase mágica:

- Maraschicovola! Seu orelhão, o ladrão cara de cabeça roubou a bolsa da minha mãe e não vai ter comida hoje. Pega ele, orelhão! Pega ele...

Olhou fascinada. O orelhão transformou-se num cilindro transparente e brilhante, com ela dentro. Maya subiu como se fosse num elevador e viu o guarda lá embaixo. Gritou bem forte para o guarda, lá do alto, até quase perder o fôlego:

- Seu guarda... O ladrão cara de cabeça tem uma tatuagem na mão e camisa preta e short cinza e tênis branco.

O guarda ouviu, fez um sinal para ela com o dedo da mão virado para cima e então com o cassetete levantado correu atrás do ladrão que já ia muito lá frente.  

Mas o elevador continuava subindo rapidamente e Maya chegou lá bem em cima, perto das nuvens, nos braços do cristo redentor. O cristo era imenso. Muito maior do que parecia lá de baixo. Teve medo que o braço da estátua, onde estava, pudesse cair. Estava num dos braços dela e tinha um olhar tão potente que podia ver tudo lá em baixo. Até grão de milho. Viu o ladrão da bolsa e o guarda correndo atrás dele com o cassetete levantado. Mas como sair dali? O que fazer e a quem pedir ajuda? Sentiu que tinha ido muito longe e já estava com saudades da mamãe. Se ela estivesse ali poderia ajudá-la como sempre faz. Podia conversar e rir com ela. Então olhou de novo para a sua varinha vermelha de fada e repetiu a frase mágica:

- Maraschicovola! E pronto!

 Agora estava na Disney, no castelo mágico, cercada de amiguinhos desenhados. Sentiu a falta dos Backyardigans, mas eles deveriam ter um bom motivo para não aparecerem. Talvez fosse inverno e por causa da neve não puderam vir. Ela tinha que recuperar a bolsa da mãe para poder comprar leite de chocolate, ovos, carninha, massinha de letras, legumes e chocolates. Sua mãe trabalhava muito e não podia ser roubada. Isso não era justo. Mas os amiguinhos da Disney não podiam ajudar Maya. Todos vestiam roupas desenhadas com gente dentro que ela não conhecia. E também trabalhavam. Tinha que usar a varinha vermelha com a estrelinha outra vez, aquela varinha mágica que usava tanto. De vez em quando a varinha falhava. Maya dizia para a varinha fazer alguma coisa e ela não fazia. Então lembrou-se de uma grande mágica: Disse mais uma vez:

- Maraschicovola!

E lá estava ela na rua, entre o ladrão e o polícia, correndo mais que todos com os cabelos esvoaçando. Corria tanto como naquele fim de tarde em Búzios, na rua das pedras, quando foi lá com a mamãe, a avó Maíra e o avô Rui. Corria tanto que passou pelo ladrão, pôs-se na sua frente e disse-lhe:

- Pára seu cara de cabeça. Cadê a bolsa da minha mãe?

- Sai da frente, garotinha que eu vou passar... (disse o ladrão).

O ladrão agora usava um capuz verde, botas de couro pretas, calças jeans, uma blusa de lã amarela e luvas. Não se podia ver a tatuagem, que era a de um galo que cantava a noite inteira e não deixava ninguém dormir.

Mas o guarda já pegava o ladrão pela camisa e o prendia. Um carro da polícia parou perto deles e trancafiaram o ladrão dentro do carro.

Então o guarda pegou Maya pela mão e a levou até a mãe. Disse-lhe pelo caminho:

- Nunca corra atrás de ladrão. Isso é perigoso e só a polícia faz essas coisas. Ta?

Maya disse que sim com a sua cabecinha loura tentando dar passos tão grandes como os do guarda e então olhou para sua varinha mágica. Quando levantou os olhos estava ainda debaixo dos toldos das barracas da feira, com sua mãe fazendo compras normalmente. Ela já estava com a bolsa. Então Maya ajudou a mãe a levar as coisas que compraram para casa. Maya ajuda bastante a mãe e é uma menina muito boazinha. Gosta muito de sua varinha de fada que a transforma em princesa de vez em quando. Outras vezes não funciona. Porque será? Será que o ladrão era de verdade, ou fora a varinha mágica que fizera toda aquela confusão?


Rui Rodrigues.







terça-feira, 14 de agosto de 2012

VIRTUAL

VIRTUAL
Marlene Caminhoto Nassa

Desejo o subjugo consentido
Dos teus braços fortes a me enlaçar
Amar até perder o sentido
E também te realizar...
Se me queres assim em paixão
Também haverá a entrega total
Serei tua e serás meu em comunhão
Nem que hoje seja só no virtual...

Renascer

RENASCER
Marlene Caminhoto Nassa
Encostar suave em tuas costas
Meu corpo quente junto ao teu
Num enlace do jeito que tu gostas
E que dá asas ao desejo meu...
Ficar assim gudadinho
Ouvindo teu coração bater
Descer a mão devagarinho
E sentir teu corpo renascer...

domingo, 12 de agosto de 2012

Evolução humana - Como seremos em 2.500 DC




Evolução humana - Como seremos em 2.500 DC

Há cerca de dois milhões de anos atrás, nossos ancestrais machos tinham cerca de 130 a 144 cm, e as fêmeas cerca de 70% da altura. Hoje, a média é de 175 para os machos e para as fêmeas a porcentagem da diferença subiu para cerca de 92%. As mulheres estão ficando cada vez mais altas.Por volta de 2.500 CD poderemos chegar a uma altura média masculina de 190 e a diferença para as mulheres de apenas 95%.


Sabemos que o meio cria resistências ao crescimento das espécies, principalmente pela falta de recursos para manter esse crescimento. Apesar disso, em 8.000 AC, a população mundial era de cerca de cinco milhões. Hoje, em 2012, somos já cerca de 7,5 bilhões. A ONU prevê para 2050 a marca de 15 bilhões de seres humanos se a curva de crescimento se mantiver. Da mesma forma, poderemos chegar a 2.500 com o planeta completamente cheio de gente, ombro a ombro, ocupando todo o planeta. Mesmo concentrando-se a população no entorno das cidades e criando-se a cada dia mais edifícios gigantescos com centenas de metros de altura, sobrará muito pouco campo para cultivar e criar vida para consumo. Faltará água, principalmente. Nas ruas circularão automóveis que não poluem, mas nem todos poderão acessar todas as ruas de uma cidade, porque o trãnsito dificil consome tempo precioso para um conforto questionável de ter uma atuomóvel. O mundo que no inicio da humaniade parecia imenso, é agora um lugar demasiado pequeno e restrito, e em breve, em vez de acolher, irá agredir as sociedades humanas. Nosso "lar", este planeta, pode tornar-se um inferno. 

Enquanto por volta de 8000 AC a vida média de um ser humano era de cerca de 30 anos, hoje a esperança média de vida atinge os 80 anos nos países mais desenvolvidos. Espera-se para 2.500 DC uma esperança de vida de 120 anos, com a cura de doenças como o câncer, o Alzheimer e outras doenças, com as correspondentes vacinas.

Parece assim que buscamos a longevidade por um lado, mas que por outro não teremos recursos para que todos possam atingir esse estágio de vida. Existem alguns recursos que não poderão estar ao alcance de todos nós. O que separa os que os podem ter dos que os não podem, é a capacidade de ter dinheiro para comprar os recursos. O capital torna-se assim o bem e o mal dependendo de quem o tem e de quem o não pode ter. Nossas sociedades se dividem, face à sua postura e capacidade financeira de sobrevivência, em grupos:

1-     Os que têm capacidade para gerar dinheiro e se aplicam nessa função;
2-     Os que não se importam com isso;
3-     Os que não têm essa capacidade;
4-     Os que, tendo ou não essa capacidade matam e roubam para consegui-lo;

Diremos que o mundo sempre foi assim. É verdade. Mas o aumento populacional e as diferenças sociais e de perfil dos seres humanos, cria grandes problemas que há 10.000 anos atrás não eram problema. Refiro-me especificamente à segurança. Enquanto há 10.000 anos atrás existiam cerca de cinco soldados para cada ladrão ou criminoso, em 2500 DC teremos uma população a ser “controlada” de alguns bilhões, e isso é demasiado para a administração das nações, quer em manter uma força de combate ao crime com todos os recursos necessários, quer em construir áreas de segurança com presídios para conter essa população. Como tudo se paga, inclusivamente a educação, cada vez haverá mais ignorantes e analfabetos no mundo.  A solução não parece ser criar forças da lei, nem relaxar a leis, e construir presídios, mas educar, tornar a educação acessível a todos os cidadãos.





A água potável, talvez o primeiro recurso vital a ser esgotado no planeta, não poderá ser vendida, mas distribuída por cotas. É urgente que se socializem as sociedades, sob pena de perecermos nas mãos dos que assaltam e não têm tendência alguma para produzir e construir. Nossas sociedades familiares, nacionais, mundiais, não podem chegar a 2.400 DC pensando que podem resolver o problema. Estes tipos de problema têm obrigatoriamente que ser resolvidos desde cedo, desde agora, para que haja tempo suficiente de adaptação para as necessidades. Os recursos deste planeta são severamente limitados e estamos atingindo rapidamente os nossos limite de crescer. A história nos diz que quando faltam recursos se declaram guerras. Temos que ser mais inteligentes do que os nossos antepassados, sob pena de concluirmos que não estamos fazendo os nossos trabalhos de casa. Não se podem permitir ladrões espertos no governo que se elegem para tirar as suas próprias vantagens, escondendo-se atrás de constituições que se dizem aprovadas de forma democrática. Democracia não é isso. E se fosse, nenhum desses se poderia esconder de uma turba malta esfomeada que lhe atacasse a casa, a família, e lhe depredasse o que roubou, já que a lei se corrompe da mesma forma que os políticos se corrompem.

A humanidade não é um rebanho de ovelhas. Tem sido por períodos curtos deixando que lhe tirem algumas vidas do rebanho, que as tosquiem e lhe tirem o leite, mas tem demonstrado também que se revolta contra os governos quando as taxas de juros excedem o limiar da usura, os impostos lhe tiram o pão da mesa e as classes que “mandam”, ou pensam que mandam, passam bem enquanto o rebanho passa mal.

Somos uma humanidade ainda infantil, em plena adolescência do crescimento, cheia vaidades, orgulhos e amores próprios, que maneja o poder como um esgrimista esgrime sua espada. Precisamos ser mais adultos em nossa forma de raciocinar como parte de uma sociedade humana planetária e não como sociedades “nacionais”, pensando que sob nossa bandeira existe o “melhor e mais forte” povo do mundo que jamais será dominado e que dominará eternamente.

Tanto quanto se sabe, nenhuma nação do mundo até hoje se pode orgulhar disso. Todas foram derrubadas por outras ao longo da história.

E a história se repete para desespero dos que se tentam impor quando perdem as batalhas finais.

Rui Rodrigues

PS- Sobre crescimento populacional

XADREZ


XADREZ
Marlene Caminhoto Nassa

Como não jogo xadrez
Proponho um xerez
Pois quem sabe dessa vez
Tu que Já fostes rei
E se  tua rainha serei
Lutaremos contra as torres
Impenetráveis, inatacáveis
Desse jogo sem ganhadores
Teu beijo a aplacar minhas dores
E o meu beijo a te levar flores
Amansará teu coração de peão
Se o bispo não nos atrapalhar
Minha rainha e o teu rei
Nesse tabuleiro de amar
Derem cheque mate na cama
Como cavalo a galopar...

JOGO DA VIDA


JOGO DA VIDA
Marlene Caminhoto Nassa

No jogo da vida
Sem carta marcada
Nem curar a ferida
Da banca falida
Revolve as questõs dessa vida
E não resolve a angústia da ida
Nem tampouco apaga
Toda brasa dormida

Um sopro, uma aragem,
Um vento sutil
Devolve essa chama
Devolve a coragem
Que doi mas que clama
Para impedir o funil
De sentimento pueril
Que se espreme na alma
e nos tira essa calma
e nos ata num só fio...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Curiosidades sobre o planeta Marte





Curiosidades sobre o planeta Marte

Marte fica a cerca de 57 milhões de quilômetros de nosso planeta e tem duas “luas”: Fobos e Deimos. Na verdade dois enormes pedregulhos arredondados. Fobos, o maior deles, é cerca de três vezes menor que a nossa Lua.

Enquanto a Lua sempre despertou o amor entre os seres humanos, talvez pela suavidade de seu brilho noturno iluminando encontros amorosos, o planeta Marte sempre despertou o oposto. Marte era o deus da guerra dos romanos, foi conhecido como “Nergal” ou estrela da morte entre os babilônios. Talvez devido á sua cor avermelhada devido á enorme quantidade de óxido de ferro (ferrugem) que contém. Se contem oxido é porque há oxigênio, ainda que pouco (cerca de 0,2% e 96% são de dióxido de carbono, o mesmo gás que é essencial á fotossíntese e, portanto, à vida dos vegetais) e se há oxigênio, já nos dá a possibilidade de antever um futuro de colonização. Ainda que inicialmente para muito poucos, a vida tal como a conhecemos, poderá ser relativamente fácil em Marte para os primeiros colonizadores.

A temperatura na superfície de Marte varia entre 87 graus Celsius negativos e 5 graus negativos, sendo a média de aproximadamente 63 graus negativos. É um planeta frio, porque está mais longe do Sol do que a Terra. Um dia marciano dura cerca de 24 horas e 39 minutos, tem também quatro estações, mas o ano dura aproximadamente o dobro do nosso (e em decorrência, as estações também). Marte leva cerca de 687 dias para dar uma volta completa ao redor do Sol. Como a atmosfera é rarefeita, a pressão atmosférica é muito baixa e não permite a existência de água líquida em sua superfície. No entanto, no subsolo, onde a pressão é maior, ela pode existir. Com água e oxigênio, o início de uma colonização será grandemente facilitado. É para isso que se vira um dos setores da NASA - Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço: Estudar o planeta visando uma colonização futura. O sistema econômico preponderante em nosso planeta, o capitalismo, exige custos astronômicos para pesquisa, o que implica em divulgar todo o conhecimento a respeito para que o maior número de países possam participar dessa conquista humana. Ao contrário das colonizações do passado em que potências ocidentais invadiram e literalmente “roubaram” terras de povos autóctones, em Marte não existe ninguém. Podemos assim mais apropriadamente falar na “ocupação” de Marte e não da “colonização” de Marte.

Havendo água e oxigênio – as calotas polares de Marte também congelam - e havendo evidências de que há cerca de três bilhões de anos a atmosfera era mais densa e havia água em abundância, é natural e imprescindível que se determine se já houve vida nesse planeta vermelho e se ainda existe em algum recôndito de seu subsolo, principalmente para não haver contaminação dos seres humanos que pisarão o seu solo e desvendarão os segredos de seu subsolo. É possível que a vida em marte venha a ser possível em cavernas subterrâneas iluminadas artificialmente, onde se possam cultivar vegetais regados por água de lagos subterrâneos. Uma “impermeabilização” dessas cavernas poderia proporcionar a retenção do oxigênio das plantas para a nossa respiração e alimentação das plantas, a possibilidade de uma vida tal como a vivemos aqui na Terra em sua superfície. Iluminação e aquecimento artificiais fariam de Marte subterrâneo um novo paraíso, protegido de meteoros. Cápsulas de “plexiglass”, um tipo de acrílico transparente, extremamente resistente poderia proporcionar vida á superfície de Marte.

Muitas missões não tripuladas já foram enviadas a este planeta, a maioria com sucesso. O que ainda impede as viagens tripuladas é a enorme distância que, com os motores atuais dos foguetes que possuímos, demora aproximadamente oito meses terrestres. Contando com a volta, os astronautas teriam que ficar no espaço cerca de um ano e cinco meses, mas há um impedimento ainda maior: Marte somente será ocupada por seres humanos quando der “lucro”, isto é, quando for interessante explorar de sua massa algo que valha a pena explorar e que não exista em nosso planeta ou custe mais caro extrair aqui.



Infelizmente o desenvolvimento da ocupação do espaço extraterrestre está amarrado, atado, associado ao lucro. Talvez um dia, por volta do ano 2.500 o futuro nos reserve a necessidade urgente de ocupar a Lua, como trampolim para Marte, face ao crescimento exponencial da população humana. Nossos valores nos dias de hoje dependem quase que exclusivamente da necessidade do lucro. Sem lucro não há alimentos, combustíveis, habitações, hospitais, saúde, educação, segurança, vida. Talvez um dia possamos dizer aos nossos governantes o que queremos que eles façam no governo, já que dizem que nos representam, mas isso somente será possível através da Democracia Participativa - http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

Se não se acredita que nos representem porque continuam a ser apoiados?

Rui Rodrigues


PS- Fotos pela ordem: Vista de marte; fotos do por do sol em Marte e do solo marciano,estas tiradas por robôs que foram enviados ao planeta pela NASA

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Histórias infantis- Maya e os piratas do Peró.






Era uma vez uma menina muito linda que falava tudo, era muito alegre, inteligente, e tinha muitos amiguinhos e amiguinhas.  Só tinha três anos, corria muito depressa, e era muito brincalhona. Mas era rebelde, contestadora e cheia de “razões” que explicava com todos os detalhes. Todos gostavam dela. Costumava sonhar com fadas, especialmente a fada “Aurora”. Com uma varinha de condão vermelha, costumava fazer “mágicas” com a mãe, o avô e a avó. Gostava de apanhar “sustos” e depois ria às gargalhadas, pedindo para repetir. Para se ter uma idéia de como enfrenta as dificuldades da vida, basta dizer que um dia, ao caminhar distraída e olhando para trás no seu apartamento, bateu com a cabeça no umbral da porta. Quando todos estávamos esperando que começasse a chorar, deu-nos de presente, uma bela gargalhada que só terminou dez minutos depois, enquanto coçava a cabeça.

Um dia foi visitar o avô Rui na casa da praia do Peró. Deu milho às galinhas, colheu um ovo vermelho da Giselda caipira de pescoço depenado, foi à praia, comeu uma caixa de bombons de chocolate e depois de almoçar a comida feita pela vovó e pela mãe, foi dormir. Foi dormir contra vontade e choramingando. Queria voltar para a praia, mas àquela hora o sol estava alto e a mãe não a deixou ir. Aquele sol fazia muito mal à pele.  

Não se lembra como chegou à praia, que estava anormalmente cheia de gente. Era uma gente diferente. Chegou até a pensar que ainda estivesse dormindo, mas abandonou logo essa hipótese, porque as pessoas eram muito reais, e havia muitos barcos com velas e mastros. Eram piratas, sem dúvida alguma, porque já os tinha visto em livros. Não pensava que existissem, que eram apenas personagens de histórias inventadas. Mas estavam ali, bem perto, enchendo e carregando umas caixas de madeira com colares de pérolas, moedas e estátuas de ouro, porcelanas chinesas, tesouros imensos que levavam para botes junto à praia. Ventava muito e havia nuvens negras no céu. As roupas esvoaçavam e ouviam-se gritos para apressar o trabalho antes que chovesse. Alguns piratas usavam chicotes e todos traziam espadas na cintura, pistolas de um tiro só enfiadas na cinta que traziam enroladas na cintura. Usavam botas curtas de couro, braceletes, muitos deles usavam uma venda preta num dos olhos. Maya sentiu medo e ao voltar-se para trás, para sair correndo de volta para casa, deu de cara com um pirata alto e forte, que tinha uma venda negra num olho, um papagaio sobre um dos ombros e uma macaquinha no outro. O papagaio estava tentando bicar a macaquinha e esta dava petelecos no louro. Parecia que não gostavam um do outro, ou que tinham ciúmes.

- Quem é você? – perguntou o pirata grandalhão.
- Sou a Maya! Mas você não me conhece. Vou embora para casa. Deixa-me passar!  Você é muito feio, seu pirata doido, cara de cabeça. Vou embora. Fui! Maraschicovola...
- Não vai não! – disse o pirata franzindo os olhos. Não tenho tempo de levar você em casa e não vou deixá-la por aqui sozinha. Vou te levar comigo. Meu nome é “Papacaco”, nome que me deram por andar sempre com um papagaio e um macaco nos meus ombros. Podemos ser bons amigos.

Pegou na Maya com um braço só, segurou-a pela cintura e com se fosse uma melancia, levou-a para um dos botes. Maya gritava, esperneava, mas ele não a largava. Entraram no bote, e o pirata gritou:

 - Vamos!Remem, preguiçosos! Suas mulas coxas!

Foi assim, ainda esperneando, que Maya olhou para trás e conseguiu ver a praia se afastando enquanto os remos dos remadores do bote faziam barulho na água ao impeli-lo na direção do maior dos barcos que se viam ancorados. Dele vinha uma música muito bonita de cavaquinhos violão e tambores, e havia até uma flauta. Maya estava gostando da música, mas estava muito triste. Queria voltar para casa e agarrar a mãe, beijá-la, enchê-la de beijos. Já estava com saudades. Achou que não deveria ter desobedecido e saído para a praia. Lembrava ainda da mãe dizendo-lhe que fosse dormir e que mais tarde iriam até a praia. Quando reparou já estava subindo a bordo do barco enorme, ainda segura pela cintura, esperneando. Ia ser raptada. Sentia que nunca mais veria as pessoas que amava. Já achava que nem eram tão chatas como pensava por vezes, quando a contrariavam. Quando subiu a amurada e pisou no convés, viu um espetáculo de movimentos: marujos limpando as tabuas do chão com enormes esfregões de pano, outros descendo por cordas enquanto as velas subiam, outros preparando os canhões, o cozinheiro correndo atrás de um porco fujão para a cozinha, outros afiando espadas. Alguns usavam pernas de pau e todos usavam lenços coloridos amarrados na cabeça ou chapéus de couro. Lá em cima, no topo do mais alto mastro. A bandeira negra com uma caveira e dois ossos cruzados tremulava ao vento. Maya pensou que talvez até fosse um carnaval daqueles que via na televisão, mas não era. Era muito real porque ela não apenas “via”. Ela estava “lá”, ali mesmo, junto com eles. Quando começou a ouvir uma gritaria muito grande, percebeu que eram ordens para zarpar. O barco partiu deixando a praia ainda mais longe. Levaram-na então para um quarto onde ficou por dois dias. Depois deixaram que ela andasse por toda a nau. A tripulação começou então a gostar muito dela e elegeram-na princesa do barco. Percebeu que havia sempre um lado bom até em piratas. Brincavam muito com ela e por momentos chegava a pensar que não era assim tão ruim estar no meio deles, mas quando se lembrava da mãe, começava a gritar para todos os que lhe passassem pela frente, chamando-os de “cara de cabeça”, “seus doidos de cara”. Eles riam e ainda gostavam mais dela.

Um dia, que Maya já não percebia quanto tempo tinha passado desde que fora levada pelos piratas, os barcos fundearam ao largo de uma ilha com um castelo bem no alto de um morro no centro da ilha. Maya perguntou ao pirata Papacaco o que iam fazer. Ele disse que iam assaltar o castelo.

- Vocês vão bater nas pessoas que estão lá no Castelo? – perguntou Maya indignada.
- Vamos! Não se pode assaltar e roubar o ouro deles, dos que estão lá dentro, porque eles não deixam a gente roubar. Então temos que bater neles.
E com um gesto, mandou atirar com os canhões. Ouviram-se dois estrondos mais fortes que fogo de artifício, e as duas bolas de pedra que saíram dos canhões junto com uma labareda de fogo bateram nas paredes do castelo abrindo dois buracos enormes.

- Mas você não pode fazer isso, seu “cara de cabeça”. Isso machuca muito. Olha, eu tenho uma idéia – Disse Maya, sorrindo para o pirata Papacaco. Minha mãe tem muito, muito mesmo... Muito leite de chocolate... Eu dou todo ele para você e assim você não bate nas pessoas do castelo. É muito bom o leite de chocolate da minha mãe. Você vai gostar, seu “cara de cabeça”. Maraschicovola!

- Então está bem... - Disse o pirata – Vamos voltar e pegar todo o leite de chocolate da tua mãe. E gritou para a tropa de Piratas:

- Retirar!... Bando de pernas de pau. Vamos apanhar leite de chocolate!

Então as portas do castelo de abriram e veio gente comemorar com os piratas porque já não iam ser atacados. Fizeram um grande almoço onde não faltou leite de chocolate só para a Maya, que agora era uma princesa ainda mais bonita. Tinha convencido o pirata Papacaco a não atacar o castelo. Dançaram muito e Maya dançou para todos verem. Bateram muitas palmas. Maya disse para o pirata:
- Você vê, seu cara de cabeça? Minha mãe trabalha e não bate em ninguém. Você podia fazer o mesmo. Porque não trabalha em vez de roubar o que é dos outros?
O pirata ficou pensativo. Olhou para ela, sentou-a no colo e disse:
- Nunca me tinham falado assim. Você, minha amiguinha Maya, é muito legal. Acho que vou fazer isso mesmo.

Quando já ao anoitecer, de barriga cheia, os piratas se preparavam para voltar para os barcos, tinham uma surpresa. Os barcos estavam em chamas. Não tinham como voltar para a casa da Maya para apanhar o leite de chocolate. Então Maya puxou a calça do pirata Papacaco e disse-lhe:

- Olha, eu tenho uma idéia muito boa. Boa mesmo. Mas tem que fazer como eu vou dizer. Ta?  (O pirata disse que sim com a cabeça). Maya continuou: Sabe, seu pirata “cara de cabeça”, aquelas garrafas de refrigerante que vocês tomaram lá no castelo? Tapamos a boca das garrafas, amarramos com cordinhas, botamos na cintura e vamos todos nadando.

- Mas é muito longe... – gemeu o pirata!
- Vamos conversando e eu te conto uma historinha. Ta?

E lá foram mar afora, nadando, com Maya contando uma história sobre a fada Aurora, o chapeuzinho vermelho. Depois contou histórias dos backyardigans e outras historinhas que ela sabia. Contou até dez em inglês e em português enquanto abria seus dedinhos da mão um a um e ensinou algumas palavras em inglês que ela também sabia. Quando chegaram á praia estava muito cansada de ter nadado a noite inteira, e adormeceu ali mesmo, nos braços do pirata que agora ia passar a vida trabalhando honestamente.

Quando acordou já estava na hora de ir para a praia.

Rui Rodrigues,
O avô babão, cara de cabeça!