Histórias infantis - Maya e o orelhão
mágico
Uma das coisas boas em ir ao
cinema não é apenas o tema do filme, os figurinos, o fato de sair de casa e ir
se divertir, comer pipoca, chocolates, segurar na mão da namorada, ou do
namorado: É a hora da saída, no contraste dos ambientes da escuridão da sala do
cinema onde se contam histórias, para as ruas iluminadas pelo sol ou pelas
lâmpadas da iluminação pública. Sentimos uma sensação de retorno á realidade e
só então nos damos conta de que “não vivemos” o filme como pensávamos durante a
sessão de cinema, mas que simplesmente nos alheamos das coisas da vida ao
assisti-lo. Por vezes até pensamos que as dificuldades em que vivíamos
mergulhados tentando resolvê-las, até segundos antes do filme se iniciar, ficaram
agora mais fáceis de resolver. Acontece o mesmo quando escutamos histórias da vida
ou historinhas de crianças. O mundo mágico é uma preciosa ajuda para o nosso
crescimento. Até mesmo quando pensamos que já somos suficientemente crescidos. Por
isso quando eu era criança nunca vi com bons olhos a proibição de ler histórias
em quadrinhos sob a alegação de que “faziam mal” (nunca entendi a que poderia
fazer mal). Creio que com a melhora do nível de instrução a cada dia se deverão
proibir menos coisas às crianças, porque parte delas não tem a mínima razão
para serem proibidas. È a evolução.
Em algum lugar Maya ouviu
falar que iam acabar com os orelhões da companhia telefônica na cidade.
Maya tem três aninhos bem
espertos e gosta muito de historinhas. Já sabe muitas coisas e até dá conselhos
a pessoas mais adultas. Tem sempre uma solução para tudo, real ou imaginária,
alinhavando as soluções na medida em que vão ficando cada vez mais difíceis de
realizar. Então recorre ao mundo mágico.
Foi num dia de feira que descobriu
o tal orelhão mágico no qual nunca tinha reparado antes. Sua mãe tem celular. Tinham
ido á feira logo de manhã cedo e Maya ficava observando todo o movimento e
aquelas coisas bonitas expostas nas barracas de venda. Eram as cores, os
cheiros das frutas e dos temperos, a vozearia dos vendedores e das pessoas que
por vezes até paravam para conversar e resumir em dois minutos tudo o que
tinham feito durante uma semana. Havia biscoitos, chocolates, peixes de olhar
perdido, frangos depenados, cheiros de pastéis e de churrasquinho feito na
grelha. Alguns donos de barraca davam-lhe guloseimas para provar.
De repente surge um homem
correndo, rouba a bolsa da mãe da Maya que logo desaparece no meio da multidão.
Um guarda que estava perto pergunta como era o ladrão, para poder ir atrás
dele, mas ninguém sabe responder. Foi muito rápido. Maya viu o ladrão e o
policial e fica olhando para a cena incrédula. Com sua varinha mágica vermelha bate
no poste azul do orelhão e diz baixinho a sua frase mágica:
- Maraschicovola! Seu
orelhão, o ladrão cara de cabeça roubou a bolsa da minha mãe e não vai ter
comida hoje. Pega ele, orelhão! Pega ele...
Olhou fascinada. O orelhão
transformou-se num cilindro transparente e brilhante, com ela dentro. Maya
subiu como se fosse num elevador e viu o guarda lá embaixo. Gritou bem forte
para o guarda, lá do alto, até quase perder o fôlego:
- Seu guarda... O ladrão
cara de cabeça tem uma tatuagem na mão e camisa preta e short cinza e tênis
branco.
O guarda ouviu, fez um sinal
para ela com o dedo da mão virado para cima e então com o cassetete levantado
correu atrás do ladrão que já ia muito lá frente.
Mas o elevador continuava subindo rapidamente e Maya chegou lá bem em cima, perto das nuvens, nos braços do cristo redentor. O cristo era imenso. Muito maior do que parecia lá de baixo. Teve medo que o braço da estátua, onde estava, pudesse cair. Estava num dos braços dela e tinha um olhar tão potente que podia ver tudo lá em baixo. Até grão de milho. Viu o ladrão da bolsa e o guarda correndo atrás dele com o cassetete levantado. Mas como sair dali? O que fazer e a quem pedir ajuda? Sentiu que tinha ido muito longe e já estava com saudades da mamãe. Se ela estivesse ali poderia ajudá-la como sempre faz. Podia conversar e rir com ela. Então olhou de novo para a sua varinha vermelha de fada e repetiu a frase mágica:
Mas o elevador continuava subindo rapidamente e Maya chegou lá bem em cima, perto das nuvens, nos braços do cristo redentor. O cristo era imenso. Muito maior do que parecia lá de baixo. Teve medo que o braço da estátua, onde estava, pudesse cair. Estava num dos braços dela e tinha um olhar tão potente que podia ver tudo lá em baixo. Até grão de milho. Viu o ladrão da bolsa e o guarda correndo atrás dele com o cassetete levantado. Mas como sair dali? O que fazer e a quem pedir ajuda? Sentiu que tinha ido muito longe e já estava com saudades da mamãe. Se ela estivesse ali poderia ajudá-la como sempre faz. Podia conversar e rir com ela. Então olhou de novo para a sua varinha vermelha de fada e repetiu a frase mágica:
- Maraschicovola! E pronto!
Agora estava na Disney, no castelo mágico, cercada de amiguinhos desenhados. Sentiu a falta dos Backyardigans, mas eles deveriam ter um bom motivo para não aparecerem. Talvez fosse inverno e por causa da neve não puderam vir. Ela tinha que recuperar a bolsa da mãe para poder comprar leite de chocolate, ovos, carninha, massinha de letras, legumes e chocolates. Sua mãe trabalhava muito e não podia ser roubada. Isso não era justo. Mas os amiguinhos da Disney não podiam ajudar Maya. Todos vestiam roupas desenhadas com gente dentro que ela não conhecia. E também trabalhavam. Tinha que usar a varinha vermelha com a estrelinha outra vez, aquela varinha mágica que usava tanto. De vez em quando a varinha falhava. Maya dizia para a varinha fazer alguma coisa e ela não fazia. Então lembrou-se de uma grande mágica: Disse mais uma vez:
Agora estava na Disney, no castelo mágico, cercada de amiguinhos desenhados. Sentiu a falta dos Backyardigans, mas eles deveriam ter um bom motivo para não aparecerem. Talvez fosse inverno e por causa da neve não puderam vir. Ela tinha que recuperar a bolsa da mãe para poder comprar leite de chocolate, ovos, carninha, massinha de letras, legumes e chocolates. Sua mãe trabalhava muito e não podia ser roubada. Isso não era justo. Mas os amiguinhos da Disney não podiam ajudar Maya. Todos vestiam roupas desenhadas com gente dentro que ela não conhecia. E também trabalhavam. Tinha que usar a varinha vermelha com a estrelinha outra vez, aquela varinha mágica que usava tanto. De vez em quando a varinha falhava. Maya dizia para a varinha fazer alguma coisa e ela não fazia. Então lembrou-se de uma grande mágica: Disse mais uma vez:
- Maraschicovola!
E lá estava ela na rua,
entre o ladrão e o polícia, correndo mais que todos com os cabelos esvoaçando.
Corria tanto como naquele fim de tarde em Búzios, na rua das pedras, quando foi
lá com a mamãe, a avó Maíra e o avô Rui. Corria tanto que passou pelo ladrão,
pôs-se na sua frente e disse-lhe:
- Pára seu cara de cabeça.
Cadê a bolsa da minha mãe?
- Sai da frente, garotinha
que eu vou passar... (disse o ladrão).
O ladrão agora usava um
capuz verde, botas de couro pretas, calças jeans, uma blusa de lã amarela e
luvas. Não se podia ver a tatuagem, que era a de um galo que cantava a noite
inteira e não deixava ninguém dormir.
Mas o guarda já pegava o
ladrão pela camisa e o prendia. Um carro da polícia parou perto deles e
trancafiaram o ladrão dentro do carro.
Então o guarda pegou Maya pela mão e a levou até a mãe. Disse-lhe pelo caminho:
- Nunca corra atrás de
ladrão. Isso é perigoso e só a polícia faz essas coisas. Ta?
Maya disse que sim com a sua
cabecinha loura tentando dar passos tão grandes como os do guarda e então olhou
para sua varinha mágica. Quando levantou os olhos estava ainda debaixo dos
toldos das barracas da feira, com sua mãe fazendo compras normalmente. Ela já
estava com a bolsa. Então Maya ajudou a mãe a levar as coisas que compraram
para casa. Maya ajuda bastante a mãe e é uma menina muito boazinha. Gosta muito
de sua varinha de fada que a transforma em princesa de vez em quando. Outras
vezes não funciona. Porque será? Será que o ladrão era de verdade, ou fora a
varinha mágica que fizera toda aquela confusão?
Rui Rodrigues.
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