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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pressões sociais hoje- A Partilha do Queijo



 A partilha do queijo

Marcelo de Finizzio, dono de um restaurante em Trieste, norte de Itália, subiu a 137 metros de altura, na cúpula de S. Pedro no Vaticano, para reclamar contra a decisão da Comunidade Européia de colocar em leilão todas as concessões junto á praia. Quem não vir nesta decisão da União Européia um atentado contra a iniciativa privada, nem precisa ler o resto deste artigo. Ao colocar em leilão, certamente donos de hotéis e de grandes empresas serão beneficiadas porque têm mais capital. É o mesmo que um dia resolverem leiloar todas as pequenas propriedades agrícolas para grandes multinacionais. O povo está sendo alijado da propriedade e transformado em mecânicos artesãos, trabalhadores braçais e de prestação de serviços, perdem (i)legalmente a propriedade. É um caminho perigoso porque esta ação da Comunidade Econômica Européia se junta a algumas outras ao redor do mundo compondo um quadro onde é visível o extraordinário poder do capital nos dias de hoje, que chega a sobrepor-se ao bom senso, à lei – obrigando-a a alterações - e como vemos, à vontade política dos cidadãos, e ao Estado de Direito.

Até cerca de trinta anos atrás as pressões sociais eram exercidas sobre os governos que eram obrigados a contemporizar, rever as suas posições. Hoje as pressões sociais perdem a força, porque se criaram mecanismos, no seio do poder, para amortecimento destas pressões sem necessidade de repressão física ou moral. O sucesso desta realidade são as leis, que em vez de serem aprovadas pelos cidadãos, são aprovadas ou rejeitadas por “representantes” dos cidadãos que estão comprometidos com os Partidos, não com os cidadãos. Os Partidos políticos servem a quem lhes paga as eleições. É o capital que lhes paga.

O desfalecimento quase instantâneo do comunismo ao redor do mundo, sem revoluções, foi a porta de abertura para a invasão do capital que tomou de assalto as empresas estatais fundadas com dinheiros de impostos públicos, vendidas em leilão pelo mundo afora. Dado o alto valor dessas empresas, eram poucos os concorrentes, o que se prestou à manipulação das ofertas. Era a globalização. Como empresas privadas visam o lucro, e com o lucro ampliar seus negócios, em reinvestimentos contínuos, podemos antever o que sucederá a seguir: A queda do padrão de qualidade, o aumento do custo de vida, o empobrecimento dos serviços públicos. Mas antes que continuemos, que fique claro que o comunismo e o socialismo também não fizeram melhor. É necessária uma democracia participativa se os cidadãos desejarem mudar estas tendências.

Sobre como os grandes banqueiros do mundo se apoderaram das verbas públicas já foi fartamente discutido neste site em alguns artigos específicos, o que contribuiu para a queda do emprego público e a qualidade dos serviços, e, portanto, aumentou a pressão social que os governos tentam controlar.

A prévia abertura de Shoppings que centralizavam o comércio de bens de consumo diminuiu drasticamente o faturamento de muitas lojas de pequenos empreendedores e investidores, e do comércio de bairro, e foi certamente o sucesso destes empreendimentos que gerou a perspectiva da aglutinação de pequenos negócios em mãos de quem tem o capital para comprá-los. Como os donos não querem vender, o que parece óbvio, faz-se necessária, por parte do capital, a implantação de medidas emanadas de governos para legalizar o que antes parecia um atentado à propriedade. Aparentemente, vemos um comunismo capitalista agindo sobre populações democraticamente agora comunistas na divisão das migalhas que vão sobrando da mesa do capital. E cada vez sobram menos migalhas, como enorme queijo que seria o comercio mundial, sendo comido por ratos, cuja comilança tem um limite: o número de ratos e o tamanho do queijo, sinal de que um dia, não se sabe quando, o queijo acaba e os ratos morrem. É um alívio saber disso, que a impunidade não dura sempre. Já aconteceu isso com as teocracias, com as realezas, com o comunismo, e acontecerá certamente com o capitalismo. O mundo evolui rumo a caminho incerto.   

Repare-se, por exemplo, nos deficientes serviços de telefonia, mesmo em banda larga: Pode reclamar à vontade que não será completamente atendido, porque os juízes são pagos pelo Estado, as leis são permissivas e dúbias, por vezes prolixas, a burocracia cansa o cidadão e custa caro, perde-se tempo que é necessário para não faltar ao emprego e ganhar o seu salário. Experimente reclamar sobre os serviços de energia elétrica ou sobre o custo da água, ou sobre a falta de serviços de infra-estruturas... Nada diferente, e as esperas e deficiências para consultas e intervenções em hospitais públicos ou em clinicas associadas a planos de saúde, segue o mesmo processo de frustração pela impotência em resolver estes atentados à justiça e ao bom senso do que se entende por democracia.

Estradas construídas sob contrato para durarem tinta anos, não duram cinco com transito normal, e para não interferir no “lucro” das empresas rodoviárias de transporte, não há balanças nas estradas para fiscalizar o peso dos caminhões, que, como se sabe, com carga em excesso diminuem a vida útil de pontes, estradas, ruas, barcaças de transporte e podem causar desastres com perdas irreparáveis. Podem implantar reservas florestais à vontade, mas alegando falta de recursos alocam meia dúzia de fiscais e um par de viaturas que usam até ponto de sucata para vigiar essas áreas por vezes imensas, o que lhes provoca a invasão e a deterioração, e torna inócuas as leis.

E são muitos os exemplos ao redor do mundo que cada cidadão, ao ler este artigo certamente se lembrará de imediato por lhe afetarem seriamente a vida. Uma vida que se irá deteriorar ao longo da próxima década se equilibrará e permanecerá estável por pelo menos uma centena de anos. A menos que haja movimentos mundiais mudando esta tendência. Antigamente dizia-se que a humanidade cuidava do futuro de seus filhos, mas com o decréscimo da natalidade – porque o custo de vida e o trabalho não permitem ter e cuidar de filhos – é possível que a humanidade escolha simplesmente viver o momento, a vida, e assistir calmamente os ratos comerem o queijo, devidamente protegidos por alfarrábios de novas leis, polícia com ares de exército, exército com ares de cavaleiros apocalípticos, enquanto toma a sua coca-cola, come um hambúrguer gorduroso, mas saboroso, assistindo a um show publico pago a peso de ouro pelos poderes públicos com o dinheiro dos cidadãos.

Não temos ainda um consenso sobre este novo capítulo das eras da humanidade, algo parecido com uma séria revolta do capital contra as limitações do Estado de direito. O povo não tem a mínima participação na escolha de seu destino.E incrívelmente, são os ratos que nos montam armadilhas.



Rui Rodrigues

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Fotografia de um segundo no tempo



Fotografia digital de um segundo

Do instante zero até o final do tempo de um segundo, registrei:

Uma gambá esfomeada que escolheu o meu telhado para ninho, passou pelo jardim comendo os restos de verdura que lhe deixo por amor e consideração, não por pena; O funeral de Hebe Camargo estava cheio de fãs, tristes como eu, que provavelmente não pensaram nos milhões de doentes com a mesma doença, porque os investimentos e as despesas pessoais e dos governos se concentram na mídia que dá fama, e outros devaneios, e não em centros de pesquisa que possam curar; Na TV ouviu-se um tiro, e um personagem caiu morto, como tantos outros personagens que nos reportam para a via real: Mais real do que as fantasias do cinema, que até já não o são; nunca mais vi minha mãe depois dos quatro anos e ela faleceu de câncer quando eu tinha dez anos, e nesse tempo todo, que hoje estou com 67, o número de casos aumentou, as mortes tanto quanto isso; nos EUA há eleições para não mudar nada, porque republicanos são democratas e os democratas são republicanos; lamento muito que minha gata tenha sido castrada, porque é linda e amiga de verdade, e seus filhotes provavelmente também o seriam; o Papa do Vaticano vê o mundo em guerra e visita países onde não há guerra, fala uma vez por ano conclamando á paz, mas é uma andorinha parada que não faz verão; minha gata não sabe o que são preocupações mas olha, perscruta, cuida, cheira tudo, cuidando do que para mim não é importante, mas que ela julga que é, e me lembrei do povo nas votações atuais para prefeitos e vereadores, cuidando do que não importa, como frases vãs, beleza dos candidatos, matando formigas com os pés, tigres e jacarés passando em suas costas por propaganda que desvirtua; ouvir as ondas do mar que chegam até aqui, imaginar veleiros, mares cheios de peixe, águas límpidas de séculos atrás e o quanto se descuidou do asseio do planeta que as florestas desapareceram, os mares se poluíram, os rios carregam águas pútridas, o ar causa cânceres, os alimentos matam; em algum lugar de S. Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, por exemplo e neste instante, pessoas são mortas por traficantes, bandidos assaltam bancos e casas comerciais, o governo dá desculpas e não resolve, mas quer que se reelejam os mesmos de sempre ou outros treinados que serão iguais aos de sempre; uma de minhas aves, coisa estranha que nunca vi, não bota ovos, nem canta de galo, não sei porque razão, mas merece todo o respeito das outras aves, porque o deixam comer sem interferir, os galos não o montam e não consigo rir porque dá no que pensar; e meu filho em Barcelona numa época de crise, a Catalunha querendo separar-se da Espanha com toda a razão, o resto da família está bem; o povo sírio sendo dizimado por um ditador e por questões que se desconhecem por completo, China e Rússia vetam intervenção em nome de uma legalidade ilegal, fruto de suas próprias convicções de que o povo, haja o que houver, tem que ser irrestritamente fiel ao governo mesmo que este o mate; nunca vi ou senti que minha gata soltasse um peido, coisa incrível, porque cachorros peidam e seria natural que gatos e gatas também, ou então, a minha é muito dissimulada; Já foi o tempo em que os galos cantavam por volta das cinco horas da manhã para despertar, quando havia sinos de igrejas mas agora sem igrejas, sem sinos, cantam a qualquer hora por falta de referência; a fornecedora de energia, a AMPLA, hoje, e só hoje, ainda não falhou com a energia elétrica senão teria perdido a vontade de escrever estas linhas, e a VIVO, que me permite enviar bytes pela NET voltou à velocidade razoável, quase nunca conseguida, porque o sinal é deficiente nesta localidade; Sarney continua lá ganhando uma exorbitância e o país nem por isso melhora onde como e quando deve e pode melhorar; com igrejas que não têm sino e sem sinos que já não se colocam em igrejas, meu galo canta a qualquer hora, mas não será por isso que o mandarei para a panela; quando eu morrer não quero choro nem vela, quero uma fita amarela gravada com o nome dela.

Rui Rodrigues
Das 02:40: 50 às 02:40: 51

12- O ser humano e a humanidade



12 – O ser humano e a humanidade


Hoje não fui à praia. Estava chovendo e resolvi ficar em casa. Pensava como é costume, no modo como as sociedades se relacionam entre si, buscando respostas para a conturbada história da humanidade. Tal como todo mundo que se preocupa com a própria existência e das sociedades em que vive. Filósofos, paleontólogos, sociólogos, escritores, poetas, parece que todos vivemos em torno destas questões. Como sempre, se Deus não me der as respostas eu mesmo não serei capaz de encontrá-las. Com o barulho da chuva no piso exterior á casa e nas folhas das árvores balançadas pelo vento, comecei a escrever.

A humanidade, conjunto de todos os seres humanos, li em vários livros de ciências e em livros religiosos, começou há milhões de anos, e segundo as mais recentes estimativas científicas, há cerca de 4,2 milhões de anos mais exatamente. Os livros sagrados dizem isso também, não com a mesma exatidão, nem com a mesma riqueza científica de detalhes, porque seus textos foram escritos há muitos séculos e nada se conhecia da verdade, no que pese a afirmação de que os livros foram escritos sob inspiração divina. A ser assim, Deus não poderia enganar-se nos detalhes. Provavelmente os que começaram a tradição oral que deu origem aos livros se equivocaram, e muito, quanto á origem da humanidade, quer na forma como se iniciou, quer nos métodos e detalhes em que evoluiu. Sintomático de que não entenderam a inspiração divina reside no fato de que cada sociedade entendeu o Criador de forma diferente, levando nações a guerras sangrentas, algumas das quais ainda não acabaram, estando apenas ligeiramente adormecidas e latentes. Cada nação afirma que seu Deus é mais poderoso e melhor do que o Deus das demais. Sendo único, ou nenhuma entendeu Deus, e então Deus será um tanto ou quanto diferente de como O imaginam, ou trata-se de algo difícil de adjetivar sem pecar pelo politicamente correto.

A ter Deus criado o homem – e a mulher – à Sua natureza, teríamos um Deus realmente muito complicado, porque é assim que se apresenta a humanidade na forma como tem agido ao longo desses milhões de anos. Parece ser mais eficiente e verdadeiro pensar que o homem, e a mulher são fruto de uma natureza criada por Deus que lhe deu um impulso inicial permitindo a vida e a evolução, de tal forma que um planeta “Gaia” como a Terra, se auto-sustenta não importando que espécie herde a sua superfície, os mares e os ares. Assim, homem e mulher, fruto de uma evolução permitida pelo Criador, são autônomos e independentes para escolherem os seus próprios caminhos.

Basicamente a humanidade vive num relativo equilíbrio dividida em nações, cada uma com suas próprias características idiossincráticas, perpetuadas por séculos de tradições, crenças, costumes, características genéticas.  Cada nação, por sua vez, pode apresentar várias etnias, ou sociedades diferenciadas em função da evolução regional. De modo geral cada nação se divide em sub-regiões com seu próprio governo mais ou menos autônomo, governado o conjunto por um governo central. As leis regionais e as gerais mantêm um nível de ordem que se destina não só a atender as exigências do governo central e regional, como a promover o bem estar social geral.
Mas de modo geral, vemos que ao longo da história têm sido muitas as divergências entre as sociedades e os governos, e entre as nações entre si mesmas. São muitas as causas de tais divergências nas particularidades, mas sempre fundamentadas na religiosidade, na economia, ou na pressão governamental sobre as populações. Uns atribuem a culpa aos governos, outros às sociedades. Aos governos porque tomam decisões equivocadas, ás sociedades porque não escolhem bem os seus governos ou a eles se submetem sem reclamar. As religiões que raramente falam da vida no planeta, preparando os fieis para a vida do além, influenciam as respectivas sociedades impelindo-as para a guerra quando acham conveniente. Fazem-no sempre em nome do seu Deus.

Qual então o papel que não é bem desempenhado pelos seres humanos de forma a tornar as sociedades e a própria humanidade numa espécie que seja auto sustentável num planeta que se auto sustenta? Vivendo em revoluções e guerras como vem acontecendo há milhões de anos sem nunca mais acabar? Deve haver um outro caminho.

E então ouvi a resposta.

- Cada ser humano possui uma carga genética quase imperceptível que o diferencia de outro ser humano. Este fator aliado à educação que sofre no lar e de grupos em que participa, aceitando ou rejeitando a influência, tornam-no um ser único com opinião própria, ainda que a opinião seja a de seguir a opinião de outros por falta de conhecimentos, por submissão ou por preguiça de pensar. Assim é a humanidade que escolhe os seus caminhos todos os dias, a todo o segundo que passa.

E continuou:

- Cada ser humano dá também a sua contribuição todos os dias, a todo segundo que passa, mas prevalece algo que é indefinível a cada momento: o caminho próprio da humanidade como resultante de todos os atos dos seres humanos que a compõem. É como se cada ser humano fosse um vetor, e o vetor resultante fosse o caminho da humanidade. Assim, quando aparece algum ser humano que lidere um movimento que a maioria ache importante, a humanidade começa a mover-se no sentido dessa liderança, seja ela de arte, de moda, de política, filosofia ou qualquer outra manifestação. Os seres humanos tendem a identificarem-se uns com os outros, numa clara demonstração de humanidade, mas é mais do que isso, porque inclui o receio de uma exclusão do meio se não seguir a “onda”. Por isso muitos vão aos templos mas não são religiosos. Por isso muitos dizem sim até mesmo quando não têm opinião, e muitos votam num candidato porque lhe disseram os mais próximos que nele iriam votar.  A moda das saias curtas não poderia ter aparecido antes de Mary Quant. Mary Quant lançou a moda depois da invenção da pílula que libertaria sexualmente a mulher. O movimento de libertação da mulher, vilipendiada, denegrida e ignorada nos livros bíblicos, depois da invenção da pílula nunca mais parou. Ou seja, a própria humanidade conserta o que está equivocado. A humanidade faz parte da natureza e esta é auto-suficiente: repara os próprios erros ao longo do tempo. Assim como a natureza parece não ter pressa numa escala do tempo, assim à humanidade lhe parece também não haver pressa em mudanças radicais. E não tem pressa, mesmo que algum líder lhe tente mudar os rumos. Uma parte dela pode segui-lo enquanto a outra espera os efeitos. Depois decide.

E finalizou:

- Cada um expressa a sua opinião mesmo em regimes, seitas ou grupos em que lhe proíbem a sua manifestação. O resultado da troca de informações seja qual for, não pode ser tomada como definitiva, porque em decorrência da opinião geral são tomadas ações que na prática comprovarão o interesse ou desinteresse por determinada opinião ou filosofia política, econômica ou religiosa. O tempo resolve tudo, e muitas vezes podem ver o retorno a velhas idéias, filosofias, ou a evolução das que foram seguidas. De qualquer forma, nenhuma “verdade” é perene. Tudo evolui e somente duas manifestações da humanidade se têm mostrado quase que estagnadas: as filosofias religiosas e políticas. Se a humanidade não tomar cuidados, cada ser humano de per si, o resultado poderá ser catastrófico, e certamente o desastre virá da vontade que alguns seres humanos têm de que sua opinião prevaleça. Essa vontade vem da vaidade ou da ganância, ambição. A maior “virada” na evolução da humanidade virá quando os velhos modos de governar mudarem radicalmente. Os seres humanos devem escolher o seu presente e o seu futuro vigiando os que governam e dizendo-lhes pelo voto como querem ser governados. Fica fácil entender o que digo, se pensarem que um presidente ou primeiro ministro têm o poder de declarar guerra ou lançar bombas atômicas sem consultar as suas populações. Não só para isto, mas para tudo, é a nação que deve dizer o que quer aos governos e não estes a ela. As religiões têm que evoluir para acompanhar, porque nos últimos seis mil anos ninguém se atreveu a dizer que eu falei algo para alguém ou apareci em alguma sarça ardente.

Acordei no dia seguinte. A chuva tinha parado. A partir daquele dia, comecei a entender a humanidade como algo independente que segue o seu caminho, muito mais importante do que o caminho de cada um de nós. Eu já me sentia um quase nada comparado ao tamanho do Universo. Menos até do que quase nada me sentia agora, porque por mais importância que me pudesse dar, a da humanidade é muito maior. Sete bilhões e meio de vezes maior...

Era o décimo segundo dia e a décima segunda vez que me acontecia.


Rui Rodrigues e a "voz do vento" 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As belas pernas de Louise





O banheiro é arrumado, e o quarto também. No resto da casa não há uma ordem aparente, mas se tirarem algo do lugar, eu noto. Sou assim, cuido do essencial, o que é mais importante, o que me permite sobrar sempre tempo para tudo. Ou quase. Quando o pó incomoda, varro em um par de minutos e está limpo. Como não esperava ninguém, deixei o pó descansar, fui até o bar da cozinha e me servi de um Bourbon cow-boy. Dizem que whiskey é escocês, mas o Bourbon não lhe deve nada e não bebo a Escócia por mais que me seja simpática: Bebo o Whiskey que produzem por lá. E o da Irlanda também é bom. Tudo depende do carinho na produção. Mas isto foi apenas um devaneio para chegar á palavra “carinho”. Meu subconsciente me entende e de vez em quando aflora com os termos certos, parecendo que sabe o que quero. Passei a desejar Louise. Foi a primeira que me veio à cabeça entre velhas lembranças, antigas paixões, recentes desejos, premonições do futuro. Poderia estar aqui, todos os dias, mas não está nem estará porque o pó se tira quando incomoda e não todos os dias em horário pré-determinado. Nem pensar que é por causa do pó que ela não vive comigo todos os dias. Nada como desejar uma mulher e, para desejar, ela não pode estar disponível a qualquer momento, o que é muito diferente de dizer que não está disponível por qualquer motivo. Por isso elas se enlouquecem com amantes e nós, homens, também. Se os casamentos fossem assim, duravam mais. Ou não. Mas isso era outro devaneio meu. Nada tem que ser como deve ser para manter a curiosidade, a surpresa, o interesse e até o susto. Não podia imaginar, como estou imaginando, as belas pernas róseas de Louise emolduradas por sapatos pretos, meias de seda suavemente pretas, despontando desejos desde os pés até o encontro com a borda da saia, onde o real passa à imaginação, ou a imaginação passa à realidade quando a deixa cair suavemente. É uma viagem. Seus tornozelos perfeitos, uma leve barriga de perna, joelhos redondos, coxas fartas e bem delineadas. É o andar de Louise que, tal como numa orquestra, acompanha, emoldura, lhe realça as belas pernas e me provoca o desejo de ir mais além, por onde se pode entrar no paraíso dos delírios que, entre vais e vens nem sempre suaves, nem sempre emotivos, nos fazem explodir em alegrias muito mais intensas de quem sobe a pódios, é eleito presidente da república, ganha o prêmio Nobel, é pai pela primeira vez, ganha sozinho o prêmio da loteria. Sozinho? Bem, não creio que Louise tenha outro em sua vida. Não me julgo machista, mas ficaria meio desanimado de soubesse que só a perna esquerda – ou a direita – dela, é dividida comigo. Não é uma questão de direitos de propriedade sobre ela. È mais do que isso: É a doce ilusão de que sou o escolhido por ela para passarmos momentos íntimos e confidenciais, ou, ainda melhor, sou o “eleito”, “the one”, “o tal”. Resolvi fazer um teste tão infantil quanto minha compulsão para não dividir os meus amores com os outros. Quando chegou, e depois de bons momentos passados no frio, colados na cama, propus-lhe que fizesse uma tatuagem pequena na perna que a fizesse lembrar-se de mim. Gostou da idéia. Eu também, não só por sua demonstração de amor, mas também porque se eu tivesse um desafeto, certamente por ciúmes ele lhe pediria que fizesse outra na outra perna.

E o tempo passou. Vários encontros, e Louise nem é uma mulher realmente bonita. Para mim, é. Satisfaz meus desejos e meu ego. Melhor que chocolate no inverno.
Um dia chegou de meia calça preta, delineando-lhe as pernas e a silhueta, um sorriso maroto, adiantando a frase que me poria na expectativa de uma surpresa.

- Tenho uma surpresa para você, mas tem que me despir peça por peça.

Já tinha passado tanto tempo que já me esquecera de meu pedido para que fizesse uma tatuagem e jamais me passara pela cabeça fazer o pedido duas vezes. Então comecei a despi-la. Primeiro a blusa, depois o sutiã. Beijei-lhes os seios, os mamilos duros, em pé, pedindo-me que a despisse toda, lhe fizesse o corpo rolar na cama, levá-la ao êxtase.  Depois despi-lhe a saia. Fiz um pequeno intervalo e tirei minha própria roupa. Ser-me-ia impossível ver Louise nua e eu ainda vestido. Quando acabei, tirei-lhe a meia calça. Quando me preparava para lhe tirar os sapatos, eu vi. Eram duas tatuagens. Uma num tornozelo, pelo lado de dentro, e outra no outro, na outra perna.

- Fez duas, paixão? Perguntei-lhe mais curioso do que agradavelmente surpreendido.

-Fiz! – Respondeu. A da perna esquerda é para me lembrar de você. Escolhi um besourinho que sempre me anda cutucando o corpo e não pára quieto. A outra, um coelho, que é para me lembrar de meu pai que sempre me dava ovos de chocolate de Páscoa, enormes: Os dois homens de minha vida.

Fiquei tranqüilo. Louise, além das lindas pernas, tinha belos sentimentos, mas não estranhei muito quando anos depois se casou com Francivelto Nunes Coelho, famoso jogador de futebol.

Rui Rodrigues

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Crise mundial. Sou paciente. Tenho paciência.





Crise mundial. Sou paciente. Tenho paciência.

Já vi algumas revoluções acontecerem pelo mundo, mas nenhuma parecida com esta, que estamos vivendo, mas sei que também passará. Tudo nesta vida passa. O problema é sempre se passa antes que nós passemos também desta vida, ou depois.

Um dia darão na história um nome para esta revolução macia, surda, tramada nos bastidores da democracia e que está causando sofrimento no mundo inteiro, de norte a sul, de leste a oeste.

Trata-se, em suma, do assalto aos cofres públicos por empresas nacionais e multinacionais, ao redor do mundo, sob a alegação de que criam empregos.

Um resumo muito sucinto e compreensível poderá ser como este:

  1. Com a queda do muro de Berlim e a incapacidade do comunismo de resolver seus problemas de planejamento, produção, crescimento, cai o muro de Berlim como símbolo do inicio do fim do comunismo e cria-se um vácuo na política internacional: O capitalismo já não tem adversário. Os trabalhadores ficam órfãos. Os sindicatos começam a perder a força.
  2. Como numa balança, o capitalismo tradicional tende para a esquerda sem deixar de ser direita e o outro capitalismo, o da ambição desenfreada ou selvagem, ocupa a extrema direita.
  3. Inicia-se o processo de globalização. Governos de todo o mundo começam a vender o seu ativo: as Estatais, que já não davam “lucro” por serem cabides de emprego de políticos influentes, cada um na sua estatal, e que lhes exauriam as verbas. Como as estatais tinham prejuízo pela ação dos políticos, nada mais natural que essa corrupção se estendesse às novas empresas, modificando-se o sistema de distribuição dos “lucros”.
  4. O primeiro impacto foi a diminuição dos postos de trabalho. Para dar lucro era necessário enxugar as empresas que antes eram estatais. Muitos desempregados deixaram de poder pagar as suas contas nos bancos aos quais haviam pedido crédito. A força dos sindicatos continuou em descida.
  5. Em 2008 três Bancos deram sinais de inadimplência devido, ao que se legou, a deficiente administração nos empréstimos imobiliários. Apavorados com a possibilidade de uma crise nas proporções da de 1929, os governos de todo o mundo, comprados ou não pelos banqueiros, decidiram ceder verbas públicas, produto de impostos, a Bancos. A qualidade dos serviços públicos piorou, os governos ficaram sem lastro, as empresas de avaliação da capacidade de liquidez bancaria rebaixaram as notas desses países que cederam verbas públicas e a desconfiança no mercado se instalou definitivamente. Os próprios Bancos retiveram esse dinheiro com medo de não o terem de volta.
  6. O que se desejava evitar, a crise, diziam, ainda não terminou em 2012. Os juros subiram. Os Bancos ficaram com o dinheiro dos governos, receberam juros de até 200% ao ano de empréstimos em cartão de crédito no Brasil, e atingiu níveis exorbitantes na Grécia, na Espanha, na Itália, em Portugal e em outros países.
  7. Começaram os movimentos de indignados nas ruas, como o de NY, e os da Grécia, Inglaterra, Espanha, Itália. O Chile foi para as ruas reclamando melhor educação. Este movimento, nascido em 2010, terminou como por encanto em meados de 2012 sem que o panorama econômico mundial melhorasse.
  8. O mundo árabe da África do Norte exige democracia e explode na primavera árabe quebrando velhos tabus do Islã: Da vontade ou não de Alah, nenhum governante islâmico passaria a poder eternizar-se no poder.  
  9. O mundo, em 2012 entra numa fase de economia de guerra, todos os cidadãos e governos trabalhando para pagar dívidas a banqueiros.
  10. Os sindicatos já não têm a mínima força, a democracia transformou-se numa ditadura do capital, as grandes empresas servem os seus produtos como querem, os cidadãos não têm a quem reclamar, ou se reclamam não há quem os ouça e tome uma atitude. Impera o desânimo, empresas e governos reinam absolutos. O povo nem sai para as ruas. Governos extremistas e ditatoriais gritam seus últimos gritos impotentes. O capital tem que ser aberto às nações, como os chineses já foram obrigados a abrir seus portos no passado.
  11. Decresce a qualidade dos serviços porque os Estados são coniventes. Bancos e empresas  apresentam lucros Record, os ativos dos tesouros nacionais diminuem quase à beira da falência como nação.
  12. Sem confiança no mercado a nível internaional, o capital imobiliza-se esperando melhores dias, cai o emprego, os governos recebem menos impostos, mas ainda há o suficiente para satisfazer as ambições de empresarios, políticos, banqueiros. Um dia não será suficiente.  A crise arrasta-se.

Excelentes economistas “políticos” poderiam ter planejado esta crise como planejaram a de 1929. Eu não duvido.

No entanto, este relativo silêncio das massas cheira-me a “déjá vue”. Lembra-me o estourar de uma bomba atômica que ao explodir absorve as ondas de som, ficando tudo em silêncio... Depois explode e não deixa pedra sobre pedra.

Rui Rodrigues

Jogos – Jogos políticos – baixe agora para crianças de todas as idades


Jogos – Jogos políticos – baixe agora para crianças de todas as idades

O jogo baseia-se numa constituição e em formas de governar. É emocionante, e se não prestar atenção perde sempre... Sem choro nem vela.

O jogo começa com o seu voto e o de outros jogadores, em candidatos cujos perfis se podem ver em enormes painéis de propaganda política espalhados pela cidade. Num curto vídeo de cada candidato se pode avaliar a firmeza da voz, a entoação. Tanto cartazes quanto vídeos podem expressar sentenças falsas, isto é, os candidatos podem não corresponder ao perfil da propaganda política. Com muita sorte poderá acessar um perfil da vida pregressa de alguns candidatos numa manchete de jornal que aparece de vez em quando ao alcance dos jogadores. Deve ficar atento para ver se novas notícias aparecem para confirmá-las ou negá-las. O jogo termina ao fim de um processo que dura 8 anos (no jogo) e seus pontos serão avaliados de acordo com o seu sucesso no jogo. Sua vida melhorará ou piorará de acordo com o candidato que escolheu para dar seu voto, e suas atitudes na vida. Se vender seu voto, perde o jogo e a vida porque o país vira um inferno sob a lei dos que se apropriaram de sua vontade, de sua opinião.

Opções do jogador: Ao entrar no jogo você pode escolher as seguintes profissões:

Trabalhador braçal e professor - Os salários são baixos. Se tiver dinheiro e tempo, pode fazer cursos para melhorar o seu nível de conhecimento e concorrer a melhores empregos. Se gastar sem controle ou se divertir, vai para o lixão e acaba o jogo. Como a diversão custa caro, vá até o espelho e ria de si mesmo. Assim não gasta nada.

Técnico – Idem trabalhador braçal, porque o seu “status” na vida o faz gastar em roupas e outras demonstrações de posição, e acaba tendo quase a mesma sobra de salário do trabalhador braçal ou até menos.

Curso Superior – Idem Técnico, idem.

Forças armadas e da ordem – Idem, pode morrer atrás de bandidos e só ficará rico se fizer mutretas, mas cuidado que pode ser descoberto e perder não só a farda como até as cuecas, sendo expulso da corporação. Ainda tem mais uma chance: Passar para a marginalidade, mas vive pouco tempo porque não só a polícia como os outros bandidos estarão sempre atrás de você.

Servidor público – Idem forças armadas e com aposentadoria garantida. Mas cuidado. Se caguetar as maracutaias de seu chefe, pode perder o cargo, o emprego e ficar numa saia justa, ou pode ser manchete como herói da honestidade, exemplo para o país.

Professor Universitário – Só não ensina antimoralidades e assuntos antiéticos. Ganha razoavelmente bem.

Empresário - Compra, vende empresas, administra, almoça e janta muito para fazer negócios. Reúne-se ainda mais e muitas vezes, muitas vezes, obriga todo mundo a comer sanduíches porque não há tempo para almoçar. Viaja muito, de forma que quem toma conta das empresas não é o empresário. Ele só diz o que quer. Financia as campanhas dos políticos e ajuda-os a abrirem contas no exterior. Viajam muito por conta das verbas públicas, com o presidente da nação, a título de “fazerem” negócios para o país, mas na verdade o presidente está é vendendo os produtos das empresas que lhe pagaram as eleições e publicam na mídia a seu favor. Se o candidato a presidente não tiver um dos dedos da mão, abra o olho... Ele muda da esquerda para a direita com muita facilidade e você nem percebe. Ele junta-se até a ex-presidiários por corrupção. Não acredite nunca nas pessoas que ele indica para cargos públicos e muito menos para presidente ou presidentA.

Político – Ganharia quase sempre, por isso esta profissão não está disponível neste jogo. Mas cuidado. Podem declarar guerras sem perguntar a ninguém, podem modificar a constituição, podem mudar as leis, aumentar impostos, aumentar juros, tornar sua vida num inferno. Emitem propaganda paga pelos cofres públicos dizendo que tudo vai bem, e você vendo que cada ano se recolhe mais impostos e cada vez os transportes públicos ficam piores quebrando e chegando atrasados, ruas com esgoto a céu aberto e sem pavimentação, falta de água encanada, assaltantes à solta pelas ruas roubando e matando, drogas para todos os lados, e roubam muito das verbas públicas se não tomarmos cuidado. Em especial, cuide bem dos programas de governo, do tipo sua casa sua vida, água pra todos, aceleração de crescimento, porque na maioria das vezes, como as idéias desses programas são realmente muito boas, só servem para alocar verbas públicas a esses programas e depois desviá-las através das construtoras e outros meios. Depois de oito anos verá que se gastou muito e não se fez nada nesses programas. E se o programa incluir estradas, cuidado... Depois o governo vende-as a preço de banana para nos cobrarem pedágios caríssimos.

Chefe de Igreja, pastor, sacerdote - Idem político com a agravante de que ganharia sempre. Não está disponível neste jogo. Além do mais alguns se candidatam a cargos públicos, metem-se em política, o que é um jogo desigual: Basta pedir nos templos que além das esmolas e dízimos ainda lhes dão votos, não porque mereçam como administradores de uma nação, mas dão-lhes os votos por fé e para não se sentirem mal nos templos.

Vamos jogar, ou este jogo você já conhece e já está jogando na vida real?

Mas nem tudo está perdido... Com a democracia participativa[1], nada disto pode acontecer porque para tudo dependerão de seu voto dado instantaneamente pela Internet. Tudo se decide mais rápido e os políticos não terão como roubar-nos nem declarar guerras sem nos consultarem. 

Rui Rodrigues

domingo, 23 de setembro de 2012

Destruam as Twin Towers e 3 outros engôdos políticos



Destruam as twin Towers e outros 3 engôdos políticos

  1.                  
  2. Salvem o Partido Republicano Português– Portugal entra na 1ª Guerra Mundial[2]
  1.                  
  2. Afundem o Lusitânia[4] – Os EUA entram na 1ª Guerra Mundial.
  1.                  
  2. Destruam as Twin Towers – E os EUA invadem o Afeganistão e o Iraque.
  1.                 
  2. Acabem com o mito Bin Laden.  
  • As afirmativas de testemunhas de que Osama Bin Laden estava morto meses após o 11 de setembro de 2001, como afirmou Steve Pieczenik, e que tinha sido visitado por membros da CIA com a qual já tivera contato antes, durante a invasão russa do Afeganistão. Há quem afirme que Osama cooperou com a CIA durante seis anos.
  • Terrorista tão importante, até então nunca encontrado, esconde-se numa casa de uma rua nas imediações de uma base das forças armadas do Paquistão, e nem a CIA nem a Inteligência do Paquistão sabiam disso;
  • O DNA de Osama foi extraído pelas forças armadas dos EUA e o corpo jogado ao mar. Como já tinha falecido antes enquanto sob supervisão da CIA, o DNA deve ser verdadeiro, mas feito muito antes, em 2011 provavelmente;
  • Pode realmente ter acontecido de terem enganado Steve Pieczenik, dizendo-lhe que Obama tinha morrido e em vez disso terem conservado o terrorista vivo até que fosse interessante matá-lo, e neste caso, a CIA e o governo do Paquistão o acobertaram em Abbottabad, justificando assim que “nunca” o tivessem encontrado até o dia 02 de maio de 2011.




Salvem o Partido Republicano Português; afundem o Lusitânia; Destruam as Twin Towers; Acabem com o mito Bin Laden.  



Um dos métodos da política é lograr os objetivos de forma convincente para a opinião pública ou deixá-la em dúvida, não importam os métodos.

Alguns casos na história mais recente nos fazem pensar nas hipóteses que, com o mesmo sucesso nos objetivos políticos que certos políticos lograram obter, também os explicariam. Em democracias participativas isto será mais difícil de acontecer porque os tipos de políticos que temos tido ao longo da história jamais teriam oportunidade de nos imporem a sua vontade sem nos consultarem, e isso não interessa aos políticos atuais (Ver Democracia Participativa [1]).


                                               soldados portugueses entrincheirados- 1a guerra

Por volta de 1900 -1925 a situação econômica portuguesa era um completo desastre. Portugal não tinha créditos na Banca internacional. A economia regia-se pelo padrão ouro e a moeda portuguesa desvalorizava-se em face do declínio constante da remessa de divisas ao continente pelos emigrantes portugueses no Brasil[3].
Sabendo desta situação, Alemanha e Inglaterra negociavam a divisão de Angola e Moçambique, o que restava de mais importante do Império português na África. Não podemos esquecer que o Kaiser Guilherme II era filho do Príncipe-Herdeiro Frederico da Prússia, depois Frederico III, da Alemanha e Prússia, e de sua esposa, a Princesa Real da Grã-Bretanha, Vitória(filha da Rainha Vitória de Inglaterra). Sua mãe era tia da Imperatriz Alexandra (a mulher do Czar Nicolau II da Rússia), e a irmã do Rei Eduardo VII de Inglaterra. A Rainha Vitória de Inglaterra era sua avó, o que aparentemente facilitou as negociações entre as duas potências.
Em 1910 há um golpe de estado em Portugal, destituindo a monarquia e estabelecendo a república, mas a situação econômica não melhorou. Os membros do governo republicano não tinham experiência em gerir uma republica e dificilmente se manteriam no poder. Em 1914 deflagra-se a 1ª guerra mundial, e o partido no governo, o PRP – Partido Republicano Português vê na sua entrada na guerra ao lado da Inglaterra com quem mantém aliança até hoje – O Tratado de Windsor - uma excelente oportunidade para resolver todos os seus dilemas: Inglaterra e Alemanha estavam agora em lados opostos, a atenção sobre a insatisfação política (não havia pão para comer) seria desviada para a guerra; alguma ajuda ou condescendência viria da Inglaterra e de seus aliados. Ms nem Inglaterra nem a França se mostram interessadas. No dia 17 de fevereiro de 1916 finalmente a Inglaterra e a França se interessam e a Inglaterra pede que Portugal aprisione nos portos portugueses navios de bandeira alemã para compensar as perdas nos ataques a navios mercantes aliados. Só nesse dia, o governo português aprisionou 72 (setenta e dois) navios alemães e Austro-Húngaros, estes aliados da Alemanha, ao abrigo do Decreto 2.229. Com esta atitude o governo providenciava para que fosse a Alemanha a declarar guerra a Portugal e não o contrário, passando-se por vítima das “circunstâncias”.
Dia 06 de março de 1916, o embaixador alemão em Lisboa, Friedrich Von Rosen, entrega a declaração de guerra a Portugal. Sem contar os portugueses mortos pela fome e por doenças devidas à falta de cuidados públicos - pelo desinteresse dos governantes - morreram na guerra cerca de 2.200 portugueses, e pela relação estatística entre mortos e feridos do total de vítimas mundiais, outros 2.200 devem ter ficado feridos.
Como se pode notar, é deplorável o que governos podem fazer contra as suas populações para conseguir os seus objetivos, nunca relacionados com o bem-estar dos cidadãos. Não se vê nada de essencialmente diferente nos dias de hoje em que Portugal vive nova e terrível crise econômica, esta mesma também fruto de administração deficiente de governos que para salvar três Bancos nos EUA desencadearam uma cessão de fundos financeiros provenientes dos impostos governamentais, em todo o mundo, para tentar sufocar a onda de descrédito mundial nos sistemas políticos e no mercado.



O Lusitânia afundado pelo U-20

Uma ordem dada durante um inocente jogo de golfe em dia nevoento, sem testemunhas, dificilmente fará parte da história a menos que algum dos envolvidos o declare, e mesmo assim, sem testemunhas, o crédito da veracidade fica por conta da fé de quem toma conhecimento. Parece ser o que aconteceu com o afundamento do navio Lusitânia em 07 de maio de 1915. O Lusitânia, um navio “irmão” do Titanic, era o mais veloz e sofisticado da época, com móveis em estilo Luiz XV em seu interior, salas de estar com painéis de mogno e lareiras com mármore de Carrara. A Inglaterra estava em guerra contra a Alemanha e o império austro-húngaro desde 1914, e os EUA permaneciam na neutralidade. Nada parecia mover os EUA para o confronto, e a Alemanha não tinha o mínimo interesse nisso, cuidando para não afundar, nem por engano, nenhum navio de bandeira americana. O que poderia então fazer envolver esta rica e emergente nação, tão longe do cenário de guerra?
O repórter inglês Colin Simpson, do jornal londrino Sunday Times, trabalhou durante seis anos no tema do Lusitânia e do seu afundamento em frente à pacata cidade de Kinsale à beira-mar, no sudoeste da Irlanda. O Lusitânia foi construído a partir de um acordo entre o Almirantado Britânico e a Cunard. Segundo os termos, em caso de guerra ele seria retirado do serviço de passageiros e convertido em cruzador armado. Por isso tinha suas máquinas, caldeiras, depósito de combustível e controles vitais instalados abaixo da linha de água, como qualquer navio de guerra. Em setembro de 1914, o Almirantado britânico muda de intenções. Informa o comandante do Lusitânia, William Thomas Turner que passaria a, além dos passageiros, transportar armas e munições, secretamente, nos porões do navio à disposição da marinha britânica.
Em abril de 1915, o capitão chega a N. York com seu navio, o Lusitânia e lê a notícia publicada em 50 jornais americanos e em todos os jornais do mundo: A Alemanha afundaria todo e qualquer navio de bandeira inglesa ou de seus aliados. Da Inglaterra, o capitão Hall, da Inteligência Naval informou a Turner que tratara de armar um ostensivo patrulhamento na rota do navio e garantiu que o Lusitânia poderia regressar sem maiores preocupações, com algumas centenas de passageiros americanos a bordo. No píer 54 do porto, além dos passageiros americanos recebeu em seus porões uma estranha carga: Caixas informando conter queijos, outras manteiga, 1 638 lingotes de cobre e 51 toneladas de granadas, entre outras mercadorias. Um carregamento tão variado quanto altamente explosivo. Há outras versões[5] da carga, mas todas elas contendo explosivos.
Foi também informado pelo almirantado que quando chegasse perto do porto inglês de Fastnet, o Lusitânia receberia a escolta do cruzador inglês Juno. Da Alemanha, sem que soubessem, o submarino alemão U-20 comandado pelo capitão Schwieger também partia para Fastnet, na Irlanda. Existe farta documentação do almirantado, o diário de bordo do comandante Turner a respeito deste controverso assunto, mas o fato é que o cruzador Juno não compareceu para escoltar o Lusitânia, e mesmo depois do U-20 afundar a escuna inglesa “Earl of Latham”, na rota do Lusitânia, o almirantado não tomou nenhuma atitude. Pior ainda, o almirante Coke enviou mensagem – que o almirantado nega apesar de cópia em seus arquivos - mandando que Turner desviasse para Queenstown – o que acabou facilitando as coisas para o U-20, colocando o submarino e o Lusitânia em rota de encontro. Ninguém avisou Turner que o Juno não seria deslocado para protegê-lo. Às 14:09 do dia 07 de maio de 1915 o Lusitânia sofreu duas explosões matando dentre 1201 pessoas, 128 americanos causando a entrada dos EUA na primeira guerra mundial. O Lusitânia afundou em 18 minutos. O socorro demorou 4 horas a chegar ao local apesar da proximidade da costa
Winston Churchill era nada mais nada menos que o primeiro Lorde do Almirantado britânico na oportunidade, e esta jogada certamente o ajudou na sua carreira para primeiro ministro britânico anos mais tarde. Lorde Mersey, que, na época, presidiu o nebuloso inquérito sobre o afundamento do Lusitânia, não teve qualquer dúvida a respeito e afirmou com repulsa: "Foi um negócio sujo do começo ao fim". Tais são as coisas da política quando entregues a políticos tal como os conhecemos e que por falta de inteligência usam o que têm de melhor: a esperteza. Afinal, bastava apenas que "alguém" mandasse a espionagem informar à inteligência alemã que o Lusitânia carregava armamentos, dias antes de a Alemanha anunciar que afundaria qualquer navio... Quem teria sido?


 Terroricídio

Os EUA precisam de petróleo bruto em quantidades garantidas, entrando todo o dia em seus poços esgotados e que estão sendo reenchidos como ação estratégica para entrar no processo produtivo e de consumo. O petróleo é fundamental para suportar a indústria automotora, aquecer as casas nos tenebrosos e frios invernos, abastecer a industria de polímeros, a industria de química fina e de uma imensa quantidade de produtos. Tem que haver fontes de suprimento que garantam a constância do suprimento e um preço razoável.  Em países de menos expressão política, quando falha o suprimento e o preço sobe, a economia adapta-se. Os EUA não cogitam em adaptar nada, porque empresários, exército e políticos estão intimamente unidos como irmãos siameses. O povo americano é o celeiro deles. Até se pode entender isso de forma compreensiva. O problema só aparece quando se verificam situações confusas, mal explicadas para quem tem um mínimo de conhecimento como é o caso de, em toda a gestão de novo presidente americano se declarar uma guerra, como hábito, costume, demonstração ao povo de que mundo é uma arena gerida pelos EUA. O povo sente-se forte, poderoso, e reelege. Bush caiu também nesta armadilha, até porque foi o presidente perfeito para o sistema: Empresários e militares lhe disseram, faz, e ele fez. Esconderam o que tinham que esconder, e ele nem procurou saber. Entrou como um asno na política, saiu rindo esfregando uma orelha na outra, zurrando. Esse não escreverá as suas memórias porque deve ter uma péssima redação e não conseguiria concatenar as ideias.
Exercito e empresários precisavam de petróleo urgentemente por volta de 2011. O petróleo do Iraque era uma tentação e a ocupação deste país já fazia parte dos inúmeros planos de invasão preparados com antecedência, atualizados a cada mudança de cenário. Mas como conseguir o petróleo iraquiano[6]se Sadam Hussein, ditador vitalício do Iraque, ferrenho antagonista dos EUA, fazia acordos de fornecimento[7] com outros países como a Holanda, a união Soviética, a França, a China?  Fazia-se necessária uma ação que justificasse nacional e internacionalmente uma invasão do Iraque.
Alguém se lembrou de Osama Bin Laden, um antigo cooperador da CIA no Afeganistão durante a invasão russa e que jazia num leito de hospital em Dubai, acobertado pela própria CIA, sofrendo de uma doença incurável, a síndrome de Marfan, meses antes do 11 de setembro de 2001. Tinha sido um terrorista, e esta prática mata inocentes, o que não é justo. Morreu realmente em 2001 como afirmou Steve Pieczenik [8] que foi subsecretário de Estado em três administrações diferentes: Nixon, Ford e Carter, num complexo de cavernas em Tora Bora. Disse que poderia provar estes fatos. Mas para os efeitos, Bin Laden era um elemento perfeito para responsabilizar como autor de atentado que movesse a opinião pública mundial a favor dos EUA, e no inquérito que se fez posteriormente sobre o 11 de setembro e Bin Laden, suas declarações foram desprezadas[9]. Assim, no dia 11 de setembro de 2011, os aviões decolaram com terroristas a bordo em ação engendrada pela rede de Osama e muito provavelmente como disse Pieczenik: "Eles conduziram o ataque", nomeando Dick Cheney, Paul Wolfowitz, Stephen Hadley, Elliott Abrams e Condoleezza Rice, entre outros que estavam diretamente envolvidos. As Twin Towers – Torres Gêmeas foram completamente destruídas, não intencionalmente, mas por erro de avaliação do impacto sobre as estruturas que não suportaram o desabamento do andar atingido e os desabamentos sucessivos sobre os andares inferiores.
Ainda em 2011 os EUA invadiram o Afeganistão a pretexto de capturar Bin Laden.
Em 2003 os EUA e a Inglaterra invadiram o Iraque [10]ajudados pela imbecilidade de um ditador vaidoso, sanguinário, Sadam Hussein, que não soube avaliar a sua real dimensão, e contra a aprovação da ONU. Os países que tinham contratos de fornecimento de petróleo com Sadam, a abrigo de um falso programa iraquiano de “petróleo contra a fome”, vetaram a invasão.  A invasão do Iraque deu-se a pretexto da posse do Iraque de armas de destruição em massa, o que nunca foi comprovado. Nem rastro delas. Uma mentira proposital e com alvo certo.
Um morto não pode ser responsabilizado. Alguém vivo deu a ordem: Atentem contra as torres gêmeas! Culpem Bin Laden.

Comparação de fotos divulgadas -Photoshop?

Falecido de doença natural em 2001, um par de meses após o atentado das torres gêmeas pelo qual foi responsabilizado, o mito Bin Laden foi mantido enquanto os EUA tinham interesses no Afeganistão e no Iraque onde permaneceram até recentemente. Com a crise econômica de 2008 e os altos custos de manutenção de forças armadas caras, bem equipadas, urgiu a retirada. Bin Laden agora poderia morrer pela segunda e definitiva vez. Teria sido “re-morto”[11] numa cidade do Paquistão, Abbottabad, numa operação teatral com direito a transmissão ao vivo exclusivamente para a Casa Branca.  
Porque o mundo não é tonto a tempo inteiro e sempre há alguém denunciando, o que reforça o direito às duvidas sobre as afirmativas sobre a operação são alguns detalhes:
Estes quatro tópicos demonstram que o poder que se dá a nossos “representantes” lhes permite tomar atitudes, agir, de forma tal que os cidadãos perdem todo o controle do que está realmente acontecendo, e que nos podem enganar no campo da economia, da saúde pública, nas contas públicas, na segurança pública e em qualquer outro campo, e atualmente na censura na NET em nome de ação contra o terrorismo, por um motivo muito simples: Os governos representativos tornaram-se uma organização dentro do estado da nação, que age à revelia dos cidadãos. Ora isto, não é uma democracia verdadeira.
Rui Rodrigues


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tempestade russa no Pontal do Peró





Tempestade russa no Pontal do Peró

Lembro-me, quando garoto, minha avó rezando a um santo para que as tempestades passassem longe ou fossem leves. Eu tinha meus sete anos e ela me aconselhava a não me aproximar das janelas. Quando mais tarde aprendi que o vidro é um bom isolante, o ficar perto das janelas já não me preocupava. Mais tarde aprendi tudo o que um engenheiro necessitava saber sobre eletricidade mesmo cursando engenharia civil. A partir daí eu, que já não tinha medo de tempestades, comecei a gostar delas. Nada melhor do que uma tempestade para que nos possamos sentir integrados à natureza, percebermos nossa fraqueza e nossa grandiosidade.  Pior ainda que naqueles tempos da década de 50 elas chegavam de repente, sem avisar. Éramos apanhados no meio da rua, no meio do campo, no meio do mar, em pleno ar. Já no Rio, aprendi logo que quando as coisas ficam muito feias, dizemos “a coisa ta russa”. 

Desde ontem que a defesa civil de Cabo Frio avisara que poderia cair granizo e aconselhou a população a não sair para a rua. Logo imaginei uma tempestade do tipo a coisa ta russa. A última vez que caiu granizo lembro-me bem, eram enormes pedregulhos, quebraram-se muitas telhas, muitos galos nasceram em muitas cabeças, e a própria prefeitura se encarregou de distribuir telhas grátis para a população carente. Não dá nada, mas dá telhas. Mas como não há uma tempestade igual á outra e eu já passei por muitas, aguardei esta com ansiedade. Agora havia a NET e eu também podia avisar o pessoal da região, se a energia não caísse, o que é costume nestas ocasiões. Passei a manhã toda esperando a tempestade, nada!

Às 17:15 notei que começou a escurecer e a temperatura baixando rapidamente. Fui para o computador e publiquei no Facebook em duas páginas da região:

“ATENÇÃO PESSOAL: PANELAS NA CABEÇA!!! VAI CAIR PEDREGULHO DE GRANIZO!!! Sai de baixo!!!!!”

E saí para a porta da frente.

Chegava uma nuvem como se fosse um cogumelo de pé curto, branca, circular, algodoenta, em meio a nuvens negras como breu, trovoadas ao longe. Medi mentalmente o tempo entre a visão dos raios e o barulho dos trovões, em segundos, e multipliquei por 240 para ver a que distância estavam caindo os raios. Caiam a cerca de 1.500 metros, depois 800, depois 400, e de repente o clarão e a imediata chibatada, como chicote de Hércules – Hércules não usava chicote, mas se usasse deveria ser muito grande e fazer um barulhão – Esse caíra a uns cinqüenta metros e meus ouvidos estiveram a ponto de zunir. As árvores balançaram como plumas de avestruz levando tapas do Hércules, e a chuva caiu como tromba de elefante que espirra por resfriado forte. As portas de vidro da sala inflavam e desinflavam com a força da pressão do vento. Pensei que tudo iria alagar. A tempestade estava ali, e outra realidade era aquela voz de garota russa ou ucraniana (acho que era russa) loura, olhos azuis, meio inocente, meio sacana, meio carente, meio ávida, mas com a pele completamente rosada, que me dizia em russo num sussurro vindo do sofá da cama:





- Приходите Rui, хотят играть с гуся, да? (Eu não entendi o que ela dizia, mas entendi que me chamava pelo nome e imaginei o que queria).

Fiquei com ela no sofá, tal como uma tempestade. Primeiro devagar, de mansinho, quase que despercebidamente, como quem dá uma caixa de bom-bons de surpresa. Aquela pele era de me deixar louco, os lábios carnudos e úmidos como o interior de um “petit gateau” de morango. Era doce aquela russa perdida no turismo de praia da região e que me tinha encontrado. Queria renegar a bandeira russa, pedir asilo político, xingar o Putin, mas os tempos eram outros e era muita areia para eu carregar no meu caminhão por muito tempo na vida. O mais certo seria se apaixonar por um turista americano desses que passam a vida fazendo surf, caladinhos, cada um no seu canto como quem não quer porra nenhuma, e voar com ele para Honolulu para pedir asilo político ao Obama. Eu ficaria com um par de chifres daqueles de boi de raça “barrosã” que os tem extremamente longos e que não nos deixam passar pelo portão nem do Kremlin.

E enquanto pensava nisto, ouvia-a dizer-me no ouvido enquanto a penetrava:

-   да ... да ... так что ... Подробнее ... Засуньте это до крыльев гуся .. О! Быстрее ... С силой .. Таким образом, вы меня убить ...

Quando nos desmaiamos no sofá, abraçados, perguntou:

- У вас есть водка ?

A ultima palavra soou-me a vodka, mas como não tinha, apanhei uma garrafa de “cabernet sauvignon” e servi em dois copos. Fomos olhar a tempestade que se afastara, mas já anoitecera. A chuva agora era fina e não caíra nem uma pedra de granizo. Não importa... Nem vinho nem водка se tomam com gelo. Depois de três dias aqui, a russa partirá não sei para onde, nem sei por quanto tempo se lembrará de mim ou eu dela.

Pela TV – a energia não falhou – soubemos que cabo Frio tinha alagado, uma árvore caíra sobre uma casa comercial no centro. Nada como não estar no lugar errado, na hora errada, na tempestade errada, na cidade errada. Bom mesmo é estar no lugar certo, na hora certa, na casa certa, com a russa toda certinha depois da cortina de ferro se ter fechado, agora toda aberta.

Mentalmente comecei a dizer adeus a Irina Korolenko.

Rui Rodrigues.