Crise mundial. Sou paciente. Tenho paciência.
Já vi algumas revoluções acontecerem
pelo mundo, mas nenhuma parecida com esta, que estamos vivendo, mas sei que
também passará. Tudo nesta vida passa. O problema é sempre se passa antes que
nós passemos também desta vida, ou depois.
Um dia darão na história um
nome para esta revolução macia, surda, tramada nos bastidores da democracia e
que está causando sofrimento no mundo inteiro, de norte a sul, de leste a
oeste.
Trata-se, em suma, do
assalto aos cofres públicos por empresas nacionais e multinacionais, ao redor
do mundo, sob a alegação de que criam empregos.
Um resumo muito sucinto e
compreensível poderá ser como este:
- Com a queda do muro de Berlim e a incapacidade
do comunismo de resolver seus problemas de planejamento, produção,
crescimento, cai o muro de Berlim como símbolo do inicio do fim do
comunismo e cria-se um vácuo na política internacional: O capitalismo já
não tem adversário. Os trabalhadores ficam órfãos. Os sindicatos começam a
perder a força.
- Como numa balança, o capitalismo tradicional
tende para a esquerda sem deixar de ser direita e o outro capitalismo, o
da ambição desenfreada ou selvagem, ocupa a extrema direita.
- Inicia-se o processo de globalização. Governos
de todo o mundo começam a vender o seu ativo: as Estatais, que já não
davam “lucro” por serem cabides de emprego de políticos influentes, cada
um na sua estatal, e que lhes exauriam as verbas. Como as estatais tinham
prejuízo pela ação dos políticos, nada mais natural que essa corrupção se
estendesse às novas empresas, modificando-se o sistema de distribuição dos
“lucros”.
- O primeiro impacto foi a diminuição dos postos
de trabalho. Para dar lucro era necessário enxugar as empresas que antes
eram estatais. Muitos desempregados deixaram de poder pagar as suas contas
nos bancos aos quais haviam pedido crédito. A força dos sindicatos
continuou em descida.
- Em 2008 três Bancos deram sinais de
inadimplência devido, ao que se legou, a deficiente administração nos
empréstimos imobiliários. Apavorados com a possibilidade de uma crise nas
proporções da de 1929, os governos de todo o mundo, comprados ou não pelos
banqueiros, decidiram ceder verbas públicas, produto de impostos, a
Bancos. A qualidade dos serviços públicos piorou, os governos ficaram sem
lastro, as empresas de avaliação da capacidade de liquidez bancaria
rebaixaram as notas desses países que cederam verbas públicas e a
desconfiança no mercado se instalou definitivamente. Os próprios Bancos
retiveram esse dinheiro com medo de não o terem de volta.
- O que se desejava evitar, a crise, diziam, ainda
não terminou em 2012. Os juros subiram. Os Bancos ficaram com o dinheiro
dos governos, receberam juros de até 200% ao ano de empréstimos em cartão
de crédito no Brasil, e atingiu níveis exorbitantes na Grécia, na Espanha,
na Itália, em Portugal e em outros países.
- Começaram os movimentos de indignados nas ruas,
como o de NY, e os da Grécia, Inglaterra, Espanha, Itália. O Chile foi
para as ruas reclamando melhor educação. Este movimento, nascido em 2010,
terminou como por encanto em meados de 2012 sem que o panorama econômico
mundial melhorasse.
- O mundo árabe da África do Norte exige
democracia e explode na primavera árabe quebrando velhos tabus do Islã: Da
vontade ou não de Alah, nenhum governante islâmico passaria a poder
eternizar-se no poder.
- O mundo, em 2012 entra numa fase de economia de
guerra, todos os cidadãos e governos trabalhando para pagar dívidas a
banqueiros.
- Os sindicatos já não têm a mínima força, a
democracia transformou-se numa ditadura do capital, as grandes empresas
servem os seus produtos como querem, os cidadãos não têm a quem reclamar,
ou se reclamam não há quem os ouça e tome uma atitude. Impera o desânimo,
empresas e governos reinam absolutos. O povo nem sai para as ruas. Governos
extremistas e ditatoriais gritam seus últimos gritos impotentes. O capital
tem que ser aberto às nações, como os chineses já foram obrigados a abrir
seus portos no passado.
- Decresce a qualidade dos serviços porque os
Estados são coniventes. Bancos e empresas
apresentam lucros Record, os ativos dos tesouros nacionais diminuem
quase à beira da falência como nação.
- Sem confiança no mercado a nível internaional, o capital imobiliza-se esperando melhores dias, cai o emprego, os governos recebem menos impostos, mas ainda há o suficiente para satisfazer as ambições de empresarios, políticos, banqueiros. Um dia não será suficiente. A crise arrasta-se.
Excelentes economistas
“políticos” poderiam ter planejado esta crise como planejaram a de 1929. Eu não
duvido.
No entanto, este relativo
silêncio das massas cheira-me a “déjá vue”. Lembra-me o estourar de uma bomba
atômica que ao explodir absorve as ondas de som, ficando tudo em silêncio...
Depois explode e não deixa pedra sobre pedra.
Rui Rodrigues
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