Piratas do Caribe – Bartolomeu “português”
- A lenda de Annie Palmer
Jamaica é um paraíso numa
ilha cuja linha de maior comprimento corre quase paralela á linha do equador,
em pleno mar do Caribe a sul da ilha de Cuba. Recomendo uma viagem até lá!
Piratas do Caribe e Port Royal
Demandando os portos
espanhóis por ali passavam obrigatoriamente os galeões carregados de ouro
vindos da Colômbia, mais precisamente de Cartagena de Índias ou da cidade do
Panamá. Os piratas fundaram então uma cidade onde ficavam de tocaia aguardando
a passagem de galeões e outras naus para assaltá-las: Port Royal (ou Port
Royale, por influência francêsa). Um terremoto em 7 de junho de 1692, seguido de
tsunami, destruiu e afundou Port Royale matando cerca de duas mil pessoas.
A Inglaterra adquiriu a
cidade de Port Royal da Espanha em 1655. Em 1659 já havia duzentas casas
cercando o forte e em 1661 um bar para cada dez habitantes. Bebiam
preferencialmente vinho e rum. Havia prostitutas em tal quantidade que chegou a
ser chamada de Gomorra do Novo Mundo. Por lá passaram piratas famosos como Bartolomeu
português, Henry Morgan, Bartholomew Roberts, Roche Brasiliano, John Davis e
Edward Mansveldt (Mansfield). Muitos piratas se transformaram em mendigos
gastando o seu dinheiro com prostitutas e rum. Segundo Charles Leslie, chegavam
a gastar 2 a 3 mil peças de ouro numa noite, uma enorme fortuna. Por 500 peças
alguns pagavam a mulheres apenas para ficarem nuas. Era costume colocarem copos de bebida nas ruas
e obrigarem quem passasse a beber com eles.
Como a Inglaterra não
mandava dinheiro nem forças armadas para defender a cidade dos ataques de
franceses e espanhóis, os governadores resolveram pedir ajuda aos piratas.
Henry Morgan, o famoso pirata chegou a ser nomeado governador e de Port Royal
atacou a cidade do Panamá, Portobello e Maracaibo.
Depois de Henry Morgan o
comércio de escravos começou a ser mais importante. Em 1687 a Jamaica sancionou
leis antipirataria e Port Royal se transformou num centro de execução de
piratas. Foram enforcados Charles Vane e Calico Jack em 1720 e dois anos depois
enforcaram 41 piratas.
Bartolomeu Português
Bartolomeu português é uma
raridade em termos de pirataria. É o único reconhecido como tal em toda a
história da pirataria do mar do Caribe e das Américas. Anteriormente a ele,
apenas três são conhecidos: Gonçalo Pacheco, Mafaldo e Lançarote que atuavam
por volta de 1443 no estreito de Gibraltar para atacar navios árabes e
espanhóis que demandavam o golfo de Biscaia, a caminho da Galiza.
Bartolomeu português ficou famoso
por ter estabelecido o primeiro código de regras conhecido como o “Código da
Pirataria” usado pelos piratas a partir do século XVII. Não teve muito sucesso
como pirata sendo capturado por varias vezes e conseguindo fugir. Chegou ao
Caribe e a Port Royal na década de 1660.
A história de Bartolomeu português é agitada e
frustrante. Com uma pequena embarcação de apenas 4 canhões e cerca de 30
homens, assaltou e apresou um galeão espanhol ao largo de Cuba com 70.000
dobrões de ouro e um grande carregamento de cacau. Tentou navegar na direção de
Port Royal, mas fortes ventos empurraram-no para o Cabo de Santo Antonio onde
foi capturado por três naus espanholas que o perseguiam pelo assalto ao galeão
espanhol. Durante uma tempestade toma a nau onde estava e escapa, mas é
obrigado a navegar na direção de Campeche, no México, onde é reconhecido e
capturado pelas autoridades. Ficou preso a bordo de uma das naus espanholas,
fundeada ao largo, e com uma faca roubada mata o vigia e volta a escapar usando
jarros de vinho como bóia porque não sabia nadar. Em fuga, caminhou 190
quilômetros pela selva e alcançou um lugar conhecido como “El golfo triste” no
este da península de Yucatán, onde encontrou um barco que o levou a Port
Royal. Volta então a Campeche com cerca
de 20 homens e assalta a nau onde tinha estado prisioneiro com toda a sua carga.
Faz-se ao largo e assiste ao afundamento da embarcação, perdendo toda a carga,
ao largo de Cuba, próximo á Ilha da Juventude. Com a tripulação sobrevivente
Bartolomeu regressa novamente a Port Royal de onde saiu mais uma vez para o
mar. Nada mais se conhece dele desde então. Segundo o biógrafo Alexander Olivier Exquemelin morreu na maior das
misérias do mundo. Há quem diga que foi na ilha de Tortuga, uma zona neutra de
piratas, onde costumavam vender os espólios de suas atividades para não pagarem
os impostos exigidos em Port Royal e nas outras cidades piratas da região.
A lenda de Annie Palmer
Saindo de Mo Bay e na direção de Rio Bueno e Ocho
Rios, chega-se a uma casa imponente, de arquitetura georgiana, construída na
década de 1770, sede de uma antiga fazenda: Rose Hall Plantation. Em princípio
nada tem a haver com piratas, mas a lenda sobre a proprietária faz parte do
folclore jamaicano. Foi chamada de “a feiticeira branca”.
Annie Palmer, nasceu na Inglaterra, filha de mãe
inglesa e pai irlandês. Passou a maior parte de sua vida no Haiti. Com a morte
dos pais por febre amarela, foi adotada pela babá, que segundo reza a lenda,
praticava vodu e lhe ensinou as artes da feitiçaria. Mudou-se para a Jamaica e
em 1820 casou com John Palmer, o dono da Rose Hall Plantation, a leste de Mo
Bay. John Palmer teve morte suspeita, assim como os outros dois maridos
posteriores de Annie. Dizem que foram vítimas de Annie. Sozinha e tendo que
comandar a plantação, dizem também que usava o vodu para aterrorizar os
escravos. Dizem muita coisa sobre Annie: que dormia com os escravos e depois os
matava, como no levante escravo de 1830. Um escravo chamado Takoo, amante dela
tinha uma neta. Annie era apaixonada pelo marido dela. Não podendo tê-lo como
amante, teria feito uma prática vodu em função da qual essa neta veio a falecer.
Ao descobrir isso, Takoo matou Annie e fugiu para o mato onde foi
descoberto e morto por dois outros escravos também seus amantes. Os novos
proprietários disseram que uma empregada deles teria sido “empurrada” de uma
varanda pelo fantasma de Annie. A empregada partiu o pescoço e morreu.
Depois de ouvir esta triste história, soube que quem
tinha casado com John Palmer foi uma tal de Rose Palmer e que realmente teve
mais três maridos depôs desse. Ela era, segundo investigação em 2007 por Benjamin
Radford, uma mulher de inabalável virtuosidade. A confusão toda provem de um
romance jamaicano escrito em 1929 por Herbert
G. de Lisser. Poly Thomas, autor do livro “Rough Guide to Jamaica” também
atesta que a confusão provém desse romance.
Para manter a lenda em Rose
Hall também oferecem passeios noturnos que se concentram na lenda de
"Annie Palmer": supostos locais de túneis subterrâneos, manchas de
sangue, assombrações e assassinatos. As sessões também são realizadas na
propriedade na tentativa de evocar o espírito de Annie.
Jamaica No Problem
Rui Rodrigues
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