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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Inversão de valores, ou simplesmente mudança comportamental influenciada?

Que a globalização deu ao mundo uma outra orientação, é indubitável. Mas nem todas as transformações aplacadas foram salutares, ao menos sob minha ponderação.

A propensão da globalização corrobora terminantemente originando atos comuns particularmente entre os mais jovens, e as vezes nos nem tão jovens assim, mas, moderninhos. Estes últimos num ato penoso, não alcançam a autenticidade, mesmo após afadigar-se por descobrir, ir na onda como dizem os genuínos moderninhos.
Dimanando desta variação de atitude, não autêntica, por vezes os colocam numa conjuntura maljeitosa.

Este não é o caso, pois a personagem que virá a seguir é uma autêntica jovem, e não se colocou em nenhuma situação embaraçosa, eu a tomarei como um simples exemplo para justificar talvez o título da postagem. 

Pois bem, hoje recebi um conselho de uma jovem, destas jovens antenadas que participam dos fóruns na internet postando, comentando e dominando os mais diversos assuntos.

Comentando a mesma postagem de minha autoria pela segunda vez, essa jovem me fez um alerta para a desnecessidade do meu agradecimento a cada comentário feito. Transcrevo aqui na íntegra o comentário feito por ela:

“Dagmar, me desculpe o conselho, mas você não devia agradecer ninguém por comentar. A gente comentou porque se interessou pelo tema, é a lógica do Portal... Abs”.

E, antes que eu respondesse o comentário da jovem, uma outra participante deste mesmo fórum, com um diferencial por tratar-se de uma jovem senhora, escreveu como resposta ao comentário daquela o seguinte:

“.....eu acho que o Dagmar está certo. É questão de delicadeza com quem comenta no post que a gente coloca …. È tão bom ver comentários nos posts que se coloca, como acho que a pessoa que faz o comentário também gosta de se ver reconhecida....É o que penso.”.

Depois de ler os dois comentários, primeiro o da jovem e na sequencia o da jovem senhora, e responder a ambas (agradecendo ainda que desnecessariamente) comecei a refletir: Estaria eu ali presenciando que tipo de desencontro? Para logo na sequencia me vir na memória alguns fatos corriqueiros do nosso dia a dia.

Como se tornou comum vizinhos coabitarem o mesmo condomínio por décadas, e inexplicavelmente não conseguirem nutrir uma simples amizade, ou, ao menos terem a gentileza de desejar um simples bom dia mutuamente.

Gestos simples como segurar a porta do elevador são evitados, muitas das vezes fingi-se não ver o outro para não correr o “risco” de dividir aquele espaço confinado com um “estranho”, no caso o “estranho” pode ser um vizinho de longa data, mas sabe-se lá, melhor evitar, vai que falta energia elétrica e você ficará obrigado a ficar ali enclausurado com um “estranho”. Nunca se sabe, na dúvida é bom evitar, como diziam os não jovens é melhor prevenir.

Fiz uma experiencia, sem embasamento cientifico, (pois não teria capacidade para isso) por pura curiosidade.

Acordei com o propósito de cumprimentar “quase” todos aqueles que estivesse ao alcance dos meus olhos, primeiro para praticar o hábito da boa educação, e depois para analisar a reação dos que eu me dirigia.

Logo cedo no caminho até a padaria, passei por uma senhora, esta foi a minha primeira “vítima”, ao cumprimentá-la com um cuidadoso bom dia, digo cuidadoso pois, do jeito que as coisas estão ultimamente, não se sabe qual seria a reação, mas, não para minha surpresa, mas satisfação recebi um largo sorriso amarelo e, com uma voz baixa e gentil a retribuição de um bom dia, seguido de um: Como você está? Foi impossível ignorá-la mantendo o rítimo dos passos, acabei acompanhando-a até à padaria.

Sempre mantendo o propósito da minha pouco comum caminhada matinal até a padaria. Passei a dividir minha atenção entre a senhora, e os cumprimentos aos transeuntes. Consegui com isso despertar sua admiração, num dos seus comentários elogiou minha atitude, dizendo ser raro ver pessoas comportando-se assim ultimamente, fato que era comum até alguns anos atrás (mau educadamente eu não revelei para ela que tudo aquilo tinha um propósito).

Observei as mais variadas reações. Houve aqueles que respondiam prontamente e sorrindo, alguns respondiam assustados, outros respondiam com as palavras entre os dentes, muito possivelmente pensando “quem será esse cara? Ele deve ter me confundido com alguém!”. Houve casos de algumas crianças que caminhando para o colégio acompanhados por suas mães, e ao verem suas mães respondendo ao meu cumprimento não conseguiam segurar o riso, outras ficavam sérias e seguiam seus trajetos, mesmo sem dizer nada continuavam voltadas para trás me fitando-me, sabe-se lá o que passava naquelas cabecinhas.
Os cumprimentos da moça da padaria foi normal, aliás existem também este tipo de cumprimento, aquele obrigatório com o único objetivo de agradar o freguês, este é norma da casa.

Mais tarde, após ler o jornal e dar uma olhadela nas publicações e comentários feitos durante a madrugada nos grupos Documento Ditadura e no Consciência Política Razão Social no facebook, (mais tarde voltarei a olhar os demais grupos e os blog que administro e alguns que sigo) voltei à minha “pesquisa”. Á esta altura já eram outros os transeuntes, agora muitos jovens e alguns adultos.

Agora sim pude presenciar a reação dos autênticos jovens influenciados pela “modernidade” da globalização.

Mas mesmo entre estes não existe unanimidade, pois foram variadas as reações, do tipo: E aí “véi” beleza?, Bom dia como vai o senhor?, Olha o comédia rsrsrsr, e por aí vai.
Mas, um detalhe em especial me chamou a atenção, os jovens tendem a serem menos receptivos, chegando algumas vezes a partir para o deboche, e infelizmente até para a ofensa verbal, quando estão em grupo, ou duplas. Quando sós, tendem a ser educados, mostrando que determinado comportamento não é natural, mas provocado pelas circunstancias. Neste caso a preocupação deles está em, o que o meu amigo pensará caso eu seja educado? Certamente não se encaixará no perfil desta nova geração, onde ser educado pode ser confundido homofóbicamente.
Dag Vulpi

Um comentário:

  1. Rui.... vou te contar.... Já fiz algo parecido!
    Em Campinas, lá pelos anos entre 70 - 80. Ia de casa para o centro. Resolvi que ia pelo caminho a oferecer carona para quem estivesse num ponto de ônibus. Fosse quem fosse. E assim, fui pelo trajeto. Ninguém quiz... Eu dizia: "vou para o centro, quer"?

    Minha expressão sempre foi de oferecimento puro. Mas as reações eram.... surpresa... medo...dúvida

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