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sábado, 31 de março de 2012

A Psicologia do galinheiro e Mahmud Ahmadinejad


A Psicologia do galinheiro e Mahmud Ahmadinejad

Existe uma antipatia generalizada contra Mahmud Ahmadinejad, 6º presidente do Irã, em terras a ocidente e a oriente do Oriente Médio.

Essa antipatia mais recente e popular no mundo ocidental vem de algumas atitudes que lhe foram atribuídas pela mídia: negando o holocausto, beneficiando urânio que eventualmente poderá ser usado em armas nucleares, desejo de varrer Israel da face da Terra, Mahmud tornou-se antipático por seu espírito “violento”. Como não acredito que um presidente possa ser tão louco, ou desvairado, ou incongruente como algumas fontes dizem, resolvi pesquisar por conta própria, já que a política internacional é construída de forma tal que seus ecos, verdadeiros ou falsos, são transportados pela mídia e nos atacam os ouvidos, normalmente para nos confundir.

Encontrei coisas interessantes, e aparentemente, Mahmud ou não bate bem da bola, ou está querendo agradar a alguém, talvez o povo ou o Ayatolá, como discurso político para chamar a atenção sobre si mesmo e o regime que representa como qualquer ditador costuma fazer!

Há dias li sobre Solano Lopez o presidente paraguaio que em 1864 deu inicio às operações de guerra contra nada menos que a Argentina, o Uruguai e o Brasil. Claro, evidente, absolutamente previsível, que perderia a guerra, como perdeu. Só ele e seu estado maior pareciam não saber, e o povo foi na onda ainda não sabemos bem porque razão, mas mais provavelmente por medo, já que Solano Lopez era filho de um ditador também vitalício: Carlos António Lopez. Anos seguidos de ditadura ensinam o povo a obedecer por medo e a ficar calado sem reclamar. Muito pior, a aclamar as decisões do governo, tal como acontece na Coréia do Norte e em Cuba. Será Mahmud um tresloucado como Solano Lopez, Kim Jong ou Fidel, que perdem a noção das metas de governo e embarcam na cegueira da revolta contra o “status quo” internacional?

Constatei que Mahmud já foi simpático a nada menos que George W. Bush quando era presidente dos EUA[1], que o apoiou contra as reformas do presidente Khatami até 2005, quando Mahmud lhe sucedeu. Este apoio americano pode ter contribuído para a sua eleição e é muito comum a Washington: Já apoiaram Bin Laden e Fidel Castro, dentre outros, antes de convertê-los em inimigos (ou provocar sua ira para que se tornassem inimigos). Fabricar inimigos pode ser uma excelente reserva futura para geração e explicação de conflitos, a ponto de ser difícil separar os fundamentos políticos dos morais e comerciais.

Mahmud foi homenageado e entrevistou-se em 24 de setembro de 2007, em N. York, com o Neturei Karta International, conhecido grupo de judeus ortodoxos que contestam o sionismo por julgá-lo contra os princípios da Torá. Na ocasião, os rabinos enfatizaram a paz e a amizade seculares entre judeus e muçulmanos, reafirmando o seu desejo de paz entre os dois povos, rejeitando o sionismo.

A frase atribuída a ele sobre “varrer Israel do mapa” [2], pode ser interpretada como “varrer o sionismo” que ocupa Jerusalém ou Israel, que ora entra em negociações de paz, ora invade as terras em conflito. Existem vários movimentos em Israel que são contra as ocupações dessas terras[3], e um plebiscito em Israel deve estar fora de cogitação do governo. È a parte sionista da sociedade israelense que não se opõe á invasão de terras.

Quanto à não existência do holocausto, parece haver mais uma conotação anti-sionista sobre as indenizações que foram pagas ás famílias dos perseguidos por Hitler. Mahmud pergunta-se se não seria o caso de indenizar também os palestinos que foram expurgados de suas casas. Não parece que negue definitiva e completamente o holocausto pelo paralelo estabelecido.

Em sua vida política, o engenheiro Ahmadinejad ocupou vários cargos e já foi mesmo destituído de um deles, voltando a ser professor numa universidade. Atuou no exército iraniano contra os curdos, povo este que é perseguido por iraquianos, iranianos, turcos. Isto porque as fronteiras estabelecidas na região foram definidas politicamente e não pela geografia humana: os curdos foram esquecidos como povo independente, embora jamais tenham perdido a sua identidade.

Foi dito e posteriormente desmentido, que era descendente de judeu, talvez baseado no fato de seu pai ter trocado de nome – chamava-se Ahmad Sabourjian – para evitar descriminação contra famílias rurais, na oportunidade em que se mudaram de sua terra natal Aradan, perto de Garmsar , para Teerã.

Em face de uma postura dúbia, com expressões e movimentos inconsistentes, provocativos ou de assustado que por isso mesmo fala grosso, Ahmadinejad está transformando-se no inimigo público número um do mundo ao redor do Irã. Temo que venha a ser um novo Solano Lopez, certamente derrotado, mas com um lugar garantido num céu virtual cheio de virgens moças e virgens experientes, com muitas flores, mel, tâmaras e leite de cabra.

No grande galinheiro da política internacional, que jamais reflete a vontade popular, quando alguém lança um grão de milho, a correria é geral. Quando o galo assedia uma galinha faz-se silencio, tudo quieto. Pensou-se um dia que o galo da política internacional viria a ser a Organização das Nações Unidas, mas esta une-se apenas contra países pequenos ou médios, e existe o poder de veto... Ninguém tem dúvidas de que num conflito internacional entre grandes potências, as Nações Unidas acabem os seus dias, assim como acabou a Liga das Nações antes da Segunda Guerra Mundial.

Em política internacional ganha a esperteza, não o confronto direto. Mahmud está com os dias contados, num Irã á beira da invasão internacional. Lutará sozinho no seu galinheiro.

Rui Rodrigues



[1]   The new republic, 24 de abril de 2006.A child of the Revolution takes over. Ahmadinejad's Demons, por Matthias Küntzel]
[2] Extraído de   http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahmoud_Ahmadinejad  “”””Em 26 de outubro de 2005, a IRIB News, uma agência de notícias estatal do governo iraniano que transmite em inglês, controlada pela Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRIB), arquivou uma discurso de Ahmadinejad para a conferência "World Without Zionism" na Ásia, intitulado: Ahmadinejad: Israel must be wiped off the map.[14] A história foi divulgada pelos meio ocidentais e rapidamente se tornou um assunto muito comentando em todo mundo.
Muito meios de comunicação repetirão a afirmação da IRIB de Ahmadinejad como "Israel deve ser varrida do mapa",[15][16] em português isso significa "causar o fim de um lugar",[17] ou "apagar completamente",[18] ou"destruir completamente".[19]
A frase de Ahmadinejad foi "بايد از صفحه روزگار محو شود" de acordo com o texto publicado na página do escritório presidencial.[20]
A tradução apresentada como oficial pela IRNA foi contestada por Arash Norouzi, o qual disse que a afirmação "varrida do mapa" nunca foi feita e que Ahmadinejad não se referiu a nenhuma nação ou região de Israel, mas ao "regime ocupando Jerusalém". Norouzi traduziu o original persa para inglês, com o resultado, "o Imam disse que o regime que ocupa Jerusalém deve ser desaparecer (ou dissipar-se) da página do tempo."[21] Juan Cole, um professor de história do Oriente Médio moderno e sul da Ásia da Universidade de Michigan, concordou com a tradução para a frase como, "o Imam disse que o regime ocupando Jerusalém (een rezhim-e eshghalgar-e qods) deve [desaparece da] página do tempo (bayad az safheh-ye ruzgar mahv shavad).[22] De acordo com Cole, "Ahmadinejad não disse que ele iria 'varrer Israel do mapa' porque não existe esse tipo de expresão em persa." Alternativamente, "ele disse que esperava que seu regime, i.e., um estado judeu-sionista ocuapando Jerusalém, poderia entrar em colpaso."[23] O Middle East Media Research Institute (MEMRI) traduziu a frase similarmente, como "esse regime" deve ser "eliminado das páginas da história."[24]””””

[3] Ver Machsomwatch,(http://www.machsomwatch.org/en  (tem versão em inglês)

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