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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A morte de Geraldo Monteiro

A morte de Geraldo Monteiro


Nossa amiga Renata Cristiane, brilhante repórter, relatou assim o falecimento de Geraldo Monteiro [1]:

Depois de desaparecer misteriosamente nessa terça-feira em função de um surto psicológico, o professor e biólogo Geraldo Monteiro, foi encontrado de forma trágica. 

Cometeu suicídio por enforcamento na noite-madrugada (19) em Cabo Frio, no Peró num local conhecido por peregrinação evangélica, Monte Moriá.

A Polícia Militar e os parentes localizaram o corpo do professor que estava preso por corda a uma árvore frondosa na trilha do Monte Moriá. 


Mais cedo, familiares estavam apreensivos em busca do biólogo, que sofria de depressão profunda e havia desaparecido sem deixar notícias. Os amigos e parentes chegaram a pedir ajuda à imprensa e à polícia para tentar localiza-lo. E no início da madrugada, a busca chegou ao fim de forma surpreendente e inesperada.A família encontrou uma carta de despedida de Geraldo.

O velório acontece nessa sexta-feira (21), até às 14h. Sepultamento será às 14:30h

*É com muito pesar que trazemos essa informação e lamentamos profundamente a perda de um dos maiores defensores e protetor da natureza e meio-ambiente de Cabo Frio e toda Região dos Lagos. ".

Reunido um pequeno grupo de amigos na noite de Natal, no Peró, ergueu-se um brinde ao amigo Geraldo. Ele deveria estar presente também, porque assim estava previamente combinado, mas sua morte inusitada, imprevista e chocante, quase impede a reunião do grupo. Como não podia deixar de ser, não se falou noutra coisa na data em que se comemorava o nascimento de Jesus Cristo, que passados curtos 33 anos, seria crucificado apesar de inocente. Geraldo Monteiro também era um inocente que lutava contra a falsa inocência dos que defendem o Ambiente com palavras e o atracam com ações. Mais do que isso, Geraldo não enfrentava o mundo hostil à natureza, de forma culposa ou premeditada, de forma política. Geraldo Monteiro enfrentava frontalmente os problemas, e assim ganhou alguns inimigos e "não simpatizantes".

Geraldo Monteiro tinha inimigos porque são muitos e escusos os interesses de alguns que palmilham esse mundo e que não têm a sensibilidade de Geraldo Monteiro. Esses alguns são muitos e ocupam terras, retiram areias de lugares inadequados ao retiro, dão alvarás que deveriam ser negados, cobram mais valias sem providenciarem infra-estruturas que permitam a habitação digna, enfim, há muitos modos e modelos de burlar a lei de forma “legal” mas que afronta a cidadania, a preservação da natureza, o bom senso, e Geraldo Monteiro não gostava disso. Mas Geraldo não era político e enfrentava os problemas de peito aberto, frontalmente, e a cada dia se sentia mais impotente, porque a “máquina” da irresponsabilidade se move lentamente, movida a notas de dinheiro, é amoral, tremendamente forte, e todos podem errar na administração pública, restando ao cidadão a morosa e muitas vezes ineficiente lei.  Lei que está sob administração do próprio estado, e que por isso mesmo dificilmente moverá alguma tese eficiente contra o próprio estado ou módulos eficientes que lhes pagam os salários, o bem estar, o conforto.
Geraldo Monteiro se viu sem saída. Em sua carta, deveriam os familiares e amigos abster-se de procurá-lo numa saída de volta imprevisível. Geraldo não sabia se voltaria. Havia ainda alguma esperança quando foi dado como desaparecido.

Não sabia se voltaria... Estava em dúvida! Não tinha certezas. Tudo era possível. Ninguém tinha certeza de nada. Será que já temos certeza, daquelas verdades absolutas, das quais não restam as mínimas dúvidas do que aconteceu?

Imaginemos um escritor de contos policiais ao estilo de Agatha Christie e Poirot, C. C. Van Dine, Ellery Queen, Sir Arthur Conan Doyle e Sherlock Holmes, Maurice Leblanc e Arséne Lupin... E se poderia imaginar que alguém soube do teor da carta prévia de aviso, viu nela uma grande oportunidade, procurou Geraldo Monteiro, encontrou-o antes de todos, e o enforcou...  Poderíamos ter mais uma história do crime perfeito, assim como tantos crimes que ainda aguardam por solução. Agiram muito bem as autoridades públicas ao não permitir a cremação do corpo, o que poderia eliminar quaisquer evidências, não de um suicídio, mas de um crime urgentemente premeditado aproveitando a oportunidade única de um desaparecimento com carta de aviso prévio.

Claro que qualquer hipótese de não suicídio, pode ser considerada como uma elucubração mental, proveniente do reino da fantasia, mas nenhum dos autores citados de histórias policiais – a aprendemos muito com os escritores de ficção policial – desprezaria uma investigação mais a fundo do ocorrido.

Num mundo político que até parece ficção, cheio de injustiças e maracutaias, mensalões e cachoeiradas, de desvios de verbas, de presos injustamente e de liberação injusta de incriminados que nem são chamados a depor, de invasões de terras índias, de abusos na compra de merenda escolar, e tantas outras notícias que se escutam em noticiários da mídia, ou se lêem em jornais, populações e rodas de amigos sempre esperam que um dia a justiça aja de modo completo seguindo todos os trâmites legais até uma conclusão final, estudo apurado da cena do crime e as evidências esmiuçadas até a exaustão para que não restem dúvidas sobre se foi suicídio ou crime. Mesmo que os pretensos assassinos não sejam encontrados, mesmo que haja fortes indícios de que foi suicídio.

Afinal, há sempre a arma e o gatilho. Seriam infundados os temores de Geraldo Monteiro, ou o gatilho da bipolaridade foi deflagrado com razão de causa? A lei precisa aproximar-se mais das teorias de Freud, porque nada é tão simples como a complicada mente humana parece fazer supor em sua simplicidade de mostrar apenas os resultados sem evidenciar as causas.

O que fez Geraldo escrever que não havia saída?

Rui Rodrigues.

3 comentários:

  1. O texto em destaque é vazado por termos de forte ideologia. Péssimo isso, Rui.

    Para ajudar a causa que esposava ele já pensava que a melhor coisa era matar-se; ele iria desabafar justamente com um desafeto? Isto denota uma total confusão mental.A tese da autora é absurda; ela mesma recochece, num certo ponto. Porque ele iria matar-se a si mesmo..uma pessoa o matou!?

    Quanto as mazelas que ele, quixotescamente, lutava contra; sim elas existem e foram bem listadas pela autora.

    Este sentido de impotência perante a um problema que se assoma, provavelmente, o matou. Suicídio Clássico.

    Abração, Rui!

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  2. Íamos passar a noite de Natal em casa de uma amiga comum. Comprei uns vinhos sabendo que ele também ia. Reconheço que fica meio complicado esgotar todas as possibilidades para se ter certeza, de tão incrível que parece. Nem os remédios fizeram efeito?

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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