A natureza da bipolaridade e as
sociedades humanas
Ainda a propósito da morte
do amigo Geraldo Monteiro[1]
Temos a salutar “mania” de classificarmos tudo o que vemos. Sem essa classificação ficaria impossível definirmos o universo em que vivemos e tudo o que contém. Da mesma forma, costumamos classificar, de forma automática, o que é “bom” e o que não o é, pelo menos para nós mesmos, o que é agradável ou não. Dizem que masoquistas costumam gostar do sofrimento, sendo este bom para eles, detestável para os demais. Cada planta tem seu tipo de folha, embora todas elas cumpram a mesma função, e a alta porcentagem da “raça” amarela no meio de tantas outras deste planeta, não faça dela uma espécie diferente de homo sapiens sapiens. Todas as folhas são normais, todas as raças são normais, e bipolaridade é uma classificação do comportamento de uma porcentagem dos seres humanos avaliada em cerca de dez por cento pela OMS - Organização Mundial da Saúde. Mas no fundo, todas as folhas têm seu grau de semelhança em relação às demais, todas as raças são semelhantes às demais, e o que se classifica como “doença” da bipolaridade, antes conhecida como doença maníaco-depressiva, tem seu grau de gravidade. Parece provado que pode haver uma relação de origem genética, e que na maioria dos casos se manifesta por volta dos trinta anos de idade.
Parece que podemos concluir
que até o aparecimento dessa doença devidamente identificada e catalogada, poderia ser confundida com qualquer outra. Deve haver um ou mais “gatilhos” que a deflagrem. De
forma latente pela herança genética, ou por causas relacionadas com a vivência
do indivíduo, algo faz deflagrar as características que permitem a
classificação de um indivíduo como bipolar.
Bem a propósito, a partir de 1992 adotou-se a CID, e a mais recente é a
CID-10 [2],
que permite classificar através de códigos com até seis dígitos, todos os tipos
de doenças de acordo com a sua morbidez, causas, circunstâncias sociais, sistemas
de reembolso, etc. Assim, a comunidade internacional pode fazer seus estudos e
estatísticas, de forma integrada. Para o transtorno bipolar, o código definido
é o F31 que vai de F31.0 a F31.9, de acordo com a seguinte etimologia[3]:
CID 10 - F31
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Transtorno afetivo bipolar
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CID 10 - F31.0
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CID 10 - F31.1
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CID 10 - F31.2
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CID 10 - F31.3
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CID 10 - F31.4
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CID 10 - F31.5
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CID 10 - F31.6
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CID 10 - F31.7
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CID 10 - F31.8
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CID 10 - F31.9
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O transtorno bipolar
caracteriza-se pela variação extrema de humor exaltado e depressão, em vários
graus de gravidade que variam de pessoa para pessoa, e de estado para estado de
cada indivíduo. Atribui-se o deflagrar desses estados ao estresse, mas se
procuramos um “gatilho” para que a doença apareça, temos que buscá-lo nas
causas que originam o estresse.

Numa síntese muito particular
do que se entende por “bipolaridade”, parece ser um estado psicológico
decorrente de situações de estresse que ultrapassam a capacidade do indivíduo
para as superar, alternando fases de euforia e depressão de acordo com a sua
“esperança” de atenuação das causas do estresse, ou do temor de seu
recrudescimento, conforme “avaliado” pelo seu subconsciente.
Abraham
Lincoln, Agatha Christie, Britney Spears, Cary Grant, Buzz Aldrin - o
astronauta, Edgar Allan Poe, Ernest Hemingway, Sigmund Freud, Elizabeth Taylor,
Vincent van Gogh , Charles Chaplin , Winston Churchill, dentre muitos outros,
eram portadores da doença.
Aos especialistas, e aos
investigadores que procuram solução fundamentada para suicídios, a palavra.
Rui Rodrigues
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