A vida é um bulbo no tempo.
Ciência de Ficção – Ou nem tanto!
Há “coisas” nesta vida que
não interessam. Talvez o que seja a vida não interesse para fins práticos.
Talvez levantar hipóteses possa parecer pretensão, ou até mesmo assustar e
espantar pensamentos de apreciação. Pode até nem valer a pena. Quem gosta de
ter os “pés no chão” como em rocha firme geralmente não se interessa por isto.
Os religiosos, em cada religião, vêem a vida a seu modo. Filósofos a vêem de
outro modo, e médicos a vêem de outro. Para mim, a vida é um “bulbo” no tempo,
de forma ovóide, com ou sem protuberâncias ou irregularidades. É algo que não
depende da consciência. Tanto é assim que aparentemente os vegetais não
aparentam ter um centro de consciência – embora saibamos que têm sensibilidade
à luz, à temperatura e à química do solo e do ar – e vivem. Da mesma forma, e
também aparentemente, adquirimos vida mesmo nas fases iniciais em que não
apresentamos sintomas de termos consciência, e em casos de extrema gravidade,
continuamos a viver num estado letárgico de coma por anos a fio. A vida na
verdade, é um fator que compartilha um corpo durante algum tempo, de segundos
ou menos, a, quem sabe, uma quase eternidade.
A Física quântica já provou
que o tempo não é uma linha reta que esteja intimamente ligado ao espaço, e que
se pode curvar por efeito da gravidade, além de poder, também sob efeitos da
gravidade, ser retardado ou acelerado, ou até mesmo deixar de existir no
interior de uma singularidade, como é o caso dos buracos negros. Não existe
tempo no interior de um buraco negro. Para nós, vivos, o buraco negro existe, o
que coloca a existência e a vida como duas propriedades diferentes do mundo que
nos cerca: Quem poderia imaginar a fauna do eco sistema das “fumarolas” no
fundo do mar? Ou para quem nunca foi no deserto do Saara, “pedras” se
transformarem em lindas flores depois de uma rara chuva? Para leigos, nem tudo
o que se vê parece ter vida, e muitas coisas que aparentemente parecem não ter
vida podem sim, estar vivas. Como já identificamos muitos tipos e condições de
vida neste planeta, dificilmente nos enganamos com o que “está” vivo da gama de
variedades cuja existência não nos passa desapercebida. Porém, nos mundos exteriores a este planeta
podem existir seres vivos que não consigamos identificar como vivos, embora
lhes possamos perceber a existência. Isto porque conhecemos e estamos
habituados à vida que se manifesta num ambiente de oxigênio, subsistindo de
água, iluminada por uma estrela, no caso o Sol. Para ambientes em outros
planetas, não temos a mínima idéia de como possa ser, mas para se transformar
numa civilização, precisa fundir metais, ter dedos para manusear, locomover-se
por si mesma.
Pegue uma cebola, ponha-a em
pé, isto é, a parte da ponta para cima e a da raiz para baixo, e corte-a pela
metade. Coloque na geladeira por uns dias. Verá que as folhas centrais começam
a crescer – a cebola é um bulbo, um conjunto de folhas cobertas por um par de
outras secas, impermeáveis - Ora... De onde veio a informação que a cebola
poderia, ou teria que desenvolver as suas folhas centrais? Onde está o “centro
de informação e de emanação de ordens para o seu corpo”? Podemos arriscar que
está em seu ADN como se fosse um programa de computador. Mas não são apenas as
cebolas que têm características de bulbos. Uma ampola de injeção tem o aspecto
de bulbo. Um dos tipos parece uma garrafa. Não é dessa que falo. É de uma
outra, muito antiga, que tem a aparência de um tubo com duas pontas
estranguladas, como ilustrado na imagem. Para extrair o líquido, quebrava-se
uma das pontas, enfiava-se a agulha da seringa e com um pouco de jeito, não se
perdia uma única gota do remédio.
Analisado deste modo o
mistério da vida, é como se de repente, na linha do tempo, aparecesse um leve
inflar, crescendo e inflando no mesmo ritmo formando um bulbo de vida. Depois
de um breve período, esse bulbo se fecha e volta a confundir-se com o próprio
tempo como se nunca tivesse existido. Os gregos foram os primeiros a prever a
existência de algo estranho e indefinido que animava os corpos dando-lhes vida.
Chamaram-lhe de “anima” ou alma. Modernamente parece diferenciar-se o que é
alma do que é espírito, mas não podemos afirmar cientificamente que assim seja.
Nos conceitos da maioria das religiões, o invólucro do bulbo, que seria a alma
ou o espírito, não desaparecem no tempo e já existiam antes.
Mas o que pensar de bulbos
de vida darem origem a outros bulbos de vida, os filhos? Não parece que existam
filhos de bulbos. Cada ser vivo tem o seu, programado para nascer, viver e se
acabar. É algo que só depende de um encontro de bulbos, para se realizar,
mantendo as características do mesmo tipo de vida, mas a vida em si é um bulbo
independente que nada tem a haver com os demais bulbos, exceto a concepção. A
humanidade descobriu esse fato, e hoje programa se quer ou não ter filhos,
criar novos bulbos de vida. O bulbo é apenas o que anima o corpo concebido, um
invólucro.
A que conclusão nos pode
levar esta forma de entender a vida? Em primeiro lugar nos remete a uma pergunta:
De onde vem o invólucro que anima a vida no tempo e a extingue? Não sabemos e
ninguém sabe na verdade. Não nos foi dito nem deixado escrito: O que sabemos
deriva de pessoas como eu que se dedicam a pensar nas facetas de nossa
natureza. Ainda não existe uma Internet capaz de nos colocar em comunicação com
o além, e de lá não existem publicações que nos tenham chegado às mãos. Há
especulações. Apenas especulações. O fato que podemos ter como absoluto é que
todos os bulbos se extinguem no tempo e param de animar os corpos. É um fim. No
entanto, há uma esperança, como veremos a seguir, porque sempre existe
esperança para tudo.
A Física Quântica, aplicada
a partículas, nos diz que quanto mais certeza temos de sua posição, menos
certeza temos de sua velocidade e vice-versa, e que existem neste universo
cerca de 11 dimensões das quais conhecemos apenas quatro, que compõem o
espaço-tempo: Comprimento, largura, altura e o tempo. É aqui que nos inserimos
como habitantes de um minúsculo planeta chamado Terra. Todas as 11 dimensões
nos rodeiam, embora nossos sentidos nos permitam ver apenas essas quatro, e
todas elas acompanham o vetor tempo onde quer que estejamos. O espaço-tempo
preenche todo o universo conhecido e desconhecido. O bulbo da vida pode
perfeitamente surgir e desaparecer provindo de uma outra dimensão para a qual
volte quando se separa do corpo. Será aquilo a que chamamos de Xeol ou o Céu,
ou o Valhala, ou os vinte e cinco mil céus do Tao? Também não sabemos, mas
acredito que esta forma de ver a vida, como um bulbo que surge e desaparece,
faz certo sentido, creio, em qualquer religião. E é um tema a desenvolver.
© Rui Rodrigues
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