A"Triste história dos Ausentes"...
Eis que no reino, em tempo de haver discórdias, gerou-se a desconfiança popular que a falta de pão daria
origem a farta distribuição de brioches envenenados porque jamais se havia
discutido - neste reino - se o básico e fundamental seria o pão ou os brioches.
Com o povo sem culotes dias a fio esperando sem pão mas sem confiar nos brioches, esperou
em vão por estes até se perguntar onde estavam os ausentes. Ora os ausentes nem
vestiam culotes porque não tinham tempo para os vestir, tão entretidos estavam
em palácio em tirá-los entre uma porta do corredor e outra, pé ante pé, de
meias até as coxas por que fazia frio em Versalhes e sem se preocupar que o que fora despido eram saias ou calças.
Foi então que, já com a
barriga "dando horas" de tanta ausência de pão, desconfiados dos
brioches e vendo que os ausentes não apareciam - por estarem ocupados em
palácio despindo culotes - Os sem culotes resolveram dar um grito Fidélio de
Independência (deles, os ausentes ) ou Morte (deles , os ausentes)...
Se mau grado não fossem
os olhares para este reino , se poderia dizer que comemos hoje pão francês. Nem
pão simples, nem brioches. Que os ausentes continuam se ausentando e alienando,
e que os que comiam brioches perderam a cabeça....
Não é o caso de se perder a
cabeça quando os ausentes não fabricam nem pão, nem brioches nem pão francês?
Cuspirão eles no prato, também ?
® Rui Rodrigues
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