Crônica das bandas de Eniuér
(Há quem diga: O Apocalipse segundo São Tinho)
Eniuér fica em qualquer lugar onde possa ser, estar, permanecer, ficar, cheio de oxigênio e água pra beber. Há sempre gente indo pra lá. Uns contam maravilhas, outros chegam com notícias tristes, outros nem voltam mais. Uns porque quiseram ficar, outros por que pararam de respirar.
Agora que já sabem desse lugar que fica em qualquer lugar onde possa ser, estar, permanecer, ficar, cheio de oxigênio e água pra beber, lhes conto um conto sem aumentar nenhum ponto:
Eis que num processo de degeneração genética, depois de soltarem centenas de bombas atômicas durante dezenas de anos, cagaram na água que era de beber, e encheram de fumos o oxigênio que era de respirar, de tal forma que emporcalharam a terra com lixões, os rios, os ares, a moral, e para compensar se arrumam com esmero, pintam unhas, aparam barbas, fazem dietas, usam perfumes, vão aos templos fazer caras de regozijo a Deus e compenetração nas coisas tristes, falam pausadamente e fazem treinos para não se irritarem, fazendo com que, quem se irrita, mesmo com razão, esta perca. Parece conto de terror, e é, de mundo virtual, mas não... É de Eniuér, que ficava em qualquer lugar onde pudesse ser, estar, permanecer, ficar, cheio de oxigênio e água pra beber.
Lá são todos contra todos e qualquer um, e cada um contra qualquer outro mesmo que seja contra todos, sendo o bote não um modo de transporte, mas um golpe bélico como o das cobras de veneno mortal. Parar de respirar, para uns é sempre fruto do azar, para outros da sorte. Raramente se encontram gentes que concordem, honestamente, em mais de uma hipótese de se ser, estar, permanecer, ficar.
Fala-se, mostra-se mas ninguém quer ver. Escutam por cortesia comendo biscoitos, coitos e triscoitos, entre Améns, bençãos, sem temerem sequer a hipótese da extinção de Eniuér.
A próxima crônica pode ser uma saga contada pelos de Alpha Centauri. Há muito que pararam de fabricar cintos de castidade que trocaram por perfuradores anais e vaginais. Num mundo de centenários meia dúzia de jovens não podem sustentar ninguém. Nem eles mesmos. A vida passa a ser sustentável só com drogas e sexo em cada esquina. Sem pagar. O entorpecimento mental que chega a negar a Evolução
Rui Rodrigues
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