(foto da Universidade de Coimbra)
Comunismo e esquerda ideológica no Brasil
(da possibilidade de vingar )
A
idiossincrasia das nações – que identifica e une os cidadãos – constrói-se ao
longo de séculos, milênios. No caso do Brasil podemos dizer que começou a ser
construída há dois mil anos. Pela idiossincrasia se distinguem umas nações das
outras, e por isso sabemos que franceses são distintos dos ingleses, dos
alemães, dos malgaxes, russos, egípcios, chineses...
O
Brasil é uma nação com forte componente nacionalista. Nós brasileiros amamos o
Brasil e temos o ideal comum de ver esta grande nação progredir no seio de
todas as outras. Embora possamos identificar um nordestino de um sulista, a unidade
e homogeneização da identidade brasileira é um fato e está profundamente enraizada.
Muito mais do que possamos pensar.
A
idiossincrasia brasileira começou a formar-se na época de César, o Imperador
romano quando invadiu a península Ibérica. Ali viviam os descendentes de uma
mistura de raças com base celta que deram origem aos lusitanos. Conhecemos os
celtas e os lusitanos por sua bravura e tendência para as artes e o espiritual.
Viriato foi um chefe guerreiro lusitano que resistiu por anos aos assédios de
César onde hoje se situa a serra da Estrela. A vitória de César só foi possível
depois que tratou para a morte de Viriato com um traidor que o assassinou.
Bem mais tarde, no ano de 1093 DC, já na era feudal, começaram a aparecer reinos por toda a Europa. Um dos primeiros foi o da Galícia, que entregou a um conde, o Conde D. Henrique, um feudo chamado Portucale ao sul da Galiza entre os rios Douro e Minho. O feudalismo era aprovado pela Igreja Católica que aprovava ou indicava reis. O filho do conde D. Henrique contrariando o sistema feudal e a autoridade do Papa declarou a independência do feudo aos 18 anos de idade, em 1193. O antigo feudo passou a chamar-se Reino de Portugal desde então. Até aqui se pode constatar como é forte o sentido de independência dos portugueses e brasileiros, herdado de celtas e lusitanos, mas não só, como veremos a seguir.
O
reino foi ampliado até o sul, o Algarve, completando o mapa atual. A partir de
1300 começaram as navegações em busca de caminhos que levassem os portugueses
ás fontes de comércio de que tinham notícias: Terras visitadas por Prestes João
e Marco Polo. Buscavam na realidade os caminhos das especiarias e o da seda. O
norte de Portugal sofreu influência judaica desde 300 AC, e aumentou com a expulsão
dos judeus da palestina em 70 DC, e o fim do Império Romano do Ocidente em 1476
DC. O povo judeu foi responsável pela fundação de inúmeras universidades por
toda a Europa, tendo participado da de Coimbra, fundada em 1290. Em 1500,
Portugal atingia as costas do Brasil para reconhecimento. A experiência de terras
invadidas dos índios nativos e da escravidão de povos africanos trazidos para o
Brasil gravaram profundamente a idiossincrasia brasileira, criando aversão
completa à exploração do ser humano, e o respeito ás fronteiras internacionais.
Em
1807, o rei D. João VI de Portugal veio para o Brasil para não perder a guerra
com Napoleão em cooperação com a Inglaterra com quem tinha uma aliança desde
1218 e que mantém até hoje. Este fato, de uma imensa terra na América do Sul
ser a capital de um Reino europeu, fortaleceu a personalidade do povo
brasileiro, que até então se julgava português, e o era com toda a propriedade.
Napoleão perdeu a guerra mostrando que D. João VI estava certo em sua
estratégia. Voltou a Portugal após a derrota de Napoleão, deixando o filho, D.
Pedro I no governo do Reino sul americano – o Brasil. Como a inquisição fazia
suas vítimas de forma atroz em toda a Europa e em Portugal também,
famílias descendentes de judeus, outras
que professavam diferentes religiões, ou que ansiavam por liberdade e novas
oportunidades, começaram a chegar ao Brasil. Eram motivadas principalmente pela
liberdade religiosa a exemplo das famílias inglesas que emigraram para os EUA.
Quando
a corte de Lisboa resolveu que D. Pedro II, filho de D. Pedro I teria que voltar
a Portugal e aumentou os impostos para 20%, o povo brasileiro teve o mesmo sentimento
que os portugueses tinham tido em 1193 ao separar-se de Castela. A unidade em
torno de uma pátria comum de mesma idiossincrasia explica porque razão a
America do Sul espanhola se separou em muitos países de língua espanhola, e a
unificação do território brasileiro numa língua única portuguesa. Uma só nação,
íntegra.
A
partir da primeira guerra mundial em 1914, o Brasil começou a ser complementado
com habitantes de toda a Europa e Japão, principalmente, que buscavam novas
oportunidades de vida, dispondo-se a trabalhar arduamente, com muito mais
empenho do que trabalhavam em suas terras de origem, para construir uma jovem
nação onde havia liberdade de expressão e essas tão sonhadas oportunidades.
O
povo brasileiro, descente de celtas, suevos, alamanos, vândalos, iberos,
lusitanos, romanos, árabes, judeus, godos, ostrogodos, índios sul americanos,
negros africanos, e gentes de todas as raças da era moderna, sempre fez questão
de ter liberdade, novas oportunidades de trabalho, fortíssimo senso de
independência, tino comercial, dentre outras virtudes.
Cansados
de tradições guerreiras e de perseguições, não fogem à luta os brasileiros, mas
tentam resolver sempre pela manutenção da paz.
Seria
impossível, com esta tradição e idiossincrasia, que o povo brasileiro estivesse
disposto a ser liderado por um Stálin, Fidel Castro, ou qualquer ditador que
lhe tire a liberdade de expressão, as oportunidades de empreender, de crescer
profissionalmente, de ter o seu próprio negócio, a sua casa, o seu pedaço de
terra onde se julga independente e livre.
Por
isso, quando em 1964 sofreu os efeitos de pesada ditadura importada do medo ao
comunismo, não apoiou os movimentos comunistas. Preferiu sofrer a ditadura,
contornando-a tanto quanto podia, esperando que terminasse.
O
Brasil é hoje a sexta economia do mundo, e a esquerda já não é ideológica nem
tem oportunidade de voltar a ser porque o comunismo morreu. Foi uma pena,
porque a ideologia era excelente. Os líderes é que não prestaram.
Preocuparam-se com o sistema e esqueceram o povo, para quem deveriam governar. Esses líderes colocaram a ideologia como alvo principal e relegaram os anseios populares em suas nações. Mataram e calaram em nome de uma ideologia. O povo deixou de produzir.
O
alto moral do povo brasileiro, a estoicidade de resistir ás adversidades, o
forte senso de unidade e de independência, o espírito empreendedor e a alegria
de viver nestas condições, que muito para além de serem ideologia são a mais
pura das realidades, mantém esta grande nação no rumo de suas próprias
vontades.
Rui Rodrigues