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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os quatro cavaleiros do Petecalipse



 Cronos o rei apedeuta comendo os próprios filhos
O profeta vive só à beira de uma praia onde se alimenta do que consegue pescar.

É um pescador. Há muitos pescadores neste mundo, e não só de peixe. Os que não pescam peixes, não usam redes.Usam a palavra como uma rede que pesca ilusões, ambições, esperanças que povoam a mente humana desesperada com tantas provações, e nela ficam enredados, digerindo a palavra, enquanto os profetas se vão para outros lugares, pescar mais, cada vez mais, numa ânsia antropofágica de evangelizar ideais, virtualidades, seres que esqueçam a realidade e se dediquem ao virtual.

Este profeta não. É um observador que só usa a sua rede para pescar peixes. Olha os rios, os lagos, as montanhas, os mares, os céus e os seres que neles habitam. É com os seres que se preocupa, mas sabe que em sua terra os profetas não fazem milagres. Longe de drogas, mesmo assim tem visões. E é uma delas que impressiona.


A visão nas palavras do profeta.

Era um pôr do sol da cor do fogo. As nuvens estavam coloridas de tons rosa, os mais suaves, de tons laranja, do vermelho mais vivo e antes que a Terra completasse a sua volta escondendo o Sol, as nuvens se escureceram, o céu se tingiu de tons escuros e o mar se encapelou, revoltado. Ouvi um estrondo atrás de mim e voltei-me em sua direção.

Vi uma enorme estrela vermelha do tamanho do Sol, com um enorme 13 milhões 13000 e 13 gravado a fogo no centro, sobre os campos longínquos, já no lusco-fusco do declinar da luz. Embaixo, no solo, um exército de bandeiras verdes e amarelas jazia no chão, inerte, prostrado, derrotado, tanques queimados, aviões abatidos, uma sucata de brava gente. Emoldurado pela estrela, uma figura aterradora com carnes aparentes de defecações humanas, escorrediças, pestilentas, os olhos esbugalhados, ávidos, barriga enorme, que tal como Cronos, filho de urano, o Céu, e de Gaia, a Terra, comia os próprios filhos. Este cavaleiro não comia os próprios filhos, mas comia os amigos, os colaboradores, guindados por ele ao poder sobre as gentes trabalhadoras, produtivas. Quando o vi, imponente, convencido, vociferando discursos, senti que, embora o mundo não lhe pertencesse, o tomava para si por puro prazer de ter o mundo. E queria o céu e queria a Terra, e nada o impedia em seu caminho.  A cabeça era de defecações, o corpo de vísceras de amigos e colaboradores, carne moída, os pés de algodão.Vi-o acompanhado de mais três cavaleiros tão Petecalipses quanto ele mesmo, destruidores de tudo o que se construíra. E era este o primeiro dos quatro. Trazia na mão os símbolos que apoiava: Um ramo de papoulas sem pétalas, com os bulbos lavrados escorrendo seiva, moedas de ouro que tirava de um baú sem fim que carregava a tiracolo, onde se lia: “Tesouro Nacional”

E vi o segundo à sua direita, minha esquerda. Não era um cavaleiro. Era uma cavaleira que não tinha nenhum traço de algum dia ter dado um sorriso, odiando tudo, a vida, olhar autoritário desde nascença, sem amor a pai ou mãe, largada na vida, assim como a humana e paradisíaca Lilith, casada com Samael o anjo decaído, também esta não aceitava os homens como eram e os odiava, e odiava ainda mais as mulheres que os outros homens preferiam a ela. Tal como o primeiro cavaleiro esta segunda odiava a humanidade da terra onde nascera. Odiava quem produzia, porque ela não podia produzir, não podia governar: O que a movia era apenas a vontade de destruir, de perverter, de substituir a ordem que encontrou quando viu este mundo, pela desordem de sua mente sem sentido. Esta não procura riquezas, embora não as desperdice. Sua mente está voltada apenas para a desordem e tal como o primeiro cavaleiro mata para limpar o caminho, não faz amigos fora do caos. Trazia nas mãos uma clava cheia de espinhos de aço, seus pés enormes também de barro, o corpo redondo prenhe de vontades, a cabeça era uma enorme bola oca, os dentes terríveis e cortantes, os olhos flamejantes de ódio.  Numa das mãos uma bandeira verde e amarela com cores vermelhas, uma afronta ao reino.

E vi surgir o terceiro cavaleiro, este de mãos redondas e sem calos, o mentor do caos, aquele que sabe e indica o caminho para o caos. Tal como o segundo cavaleiro, odiava tudo e todos, uma infância preocupada com a destruição em seu reino, renegando os outros pequenos deuses e quem o pariu. Seu corpo era como o de uma rã, escorregadia e verde, o sorriso de hiena, o olhar matreiro e dissimulado como o de um hobbit, o torso curvado, figura encolhida, um rato com sorriso de hiena. Numa das mãos, uma pasta enorme de onde saiam papéis, anotações, assinaturas, contratos. Fazia contratos com almas alheias prometendo-lhes o céu e lhes dava o inferno, o opróbrio, o esquecimento, a prisão.  Seu rastro era de desperdícios, de projetos caóticos, também nunca trabalhou no seu reino. Nenhum desses três cavaleiros havia alguma vez trabalhado produtivamente em seu reino. E nem o quarto, a mão que fere, que mata, brandindo um facão do reino do nordeste, em longo braço de apoio aos três primeiros cavaleiros. Este um cavaleiro genuíno.

E lá estava ele, montado em seu cavalo negro como a noite, estropiando, levantando as patas da frente, ameaçadoras. Dava urros, ávido de sangue, tão amante do caos como os três primeiros e também nunca tinha trabalhado em seu reino. Vinham para mandar na Terra, poluir o continente, abraçar o mundo inteiro se possível. Este cavaleiro era o mais misterioso dos três, e em seu reino não se sabia que amizade o unira aos três primeiros. Uma figura sombria. Tenebrosa. Um matador. Trazia as mãos sujas de sangue, o cavalo coberto de membros decepados como se deles fosse feito.

Não havia nos arredores nada que se lhes opusesse. De todos os caídos a seus pés, nenhum deixara de ser enganado. Uns jaziam porque acreditaram em suas promessas e depois pereceram traídos; outros porque ficaram inertes e nada fizeram contra o seu avanço; outros ainda se lhe opuseram mas não passavam de meia dúzia. Os que ainda viviam e lhes faziam companhia, como grande exército, usavam drogas para se inebriar, outros contavam dinheiros, outros ainda tinham fé no que diziam. Trazia na mão um coração vertendo sangue e sua aparência era a de um compenetrado e inocente sacerdote inca.

Enfrentei-os e perguntei-lhes se sabiam sorrir. E me brindaram com os seus melhores sorrisos e me ofereceram todos os bens da Terra, como satanás, lúcifer, o chifrudo, tentando a Jesus no deserto, e lhes gritei que não. Mostrei-lhes o caminho para a salvação, e não me escutaram. Então os amaldiçoei por todo o mal que fizeram e ainda pretendem fazer, subvertendo a ordem em favor do caos, que só será visto e sentido quando os quatro cavaleiros iniciarem seu ultimo ataque á humanidade.
Mas então eu o vi despontar ao lado direito dos cavaleiros: O Messias da redenção deste reino. Usava uma capa preta do luto, tinha um olhar sério, feições de seriedade. Suas palavras eram a verdade. Atrás dele vinham outros como ele, nenhum indicado pelos quatros cavaleiros do petecalipse nem liam por sua cartilha ou seu livro vermelho de um Mao iniquo já aniquilado ou de um Stalin sanguinolento já esquecido. Um halo de luz brilhava no negrume da noite. Este não era um cavaleiro. Era um cavalheiro, não tinham distintivos, spenas portavam uma bandeira original e genuinamente verde e amarela como sempre foi. 
Os quatro cavaleiros do Petecalipse para terem poder têm que subverter as leis, criar o caos, trocar a bandeira como simbolo de sua vitória, porque sem isto sua vaidade pessoal, sua ambição, sua glória nunca serão completadas. O reino está em perigo.   

Rui Rodrigues



quarta-feira, 22 de maio de 2013

O extraterrestre de Catités






Os Etês de Catités – O filme
(Pura ficção, até porque Etês não existem[1] nem no dicionário).


No Bar do Chopp Grátis os clientes se levantaram das suas mesas, apanharam os seus copos de chopp e foram todos para uma mesa onde um sujeito contava uma história sobre extraterrestres. Nesse dia o Bar faturou alto em chopps. Esta foi a história digna de cordel (ou num país de alienados, que vem de Allien em inglês, que significa alienígena, ou  seja, extraterrestre. Em mais nenhum lugar do mundo aconteceriam fatos assim como narrados).


Cinco anos depois de nada.  

Ceará, perto de Pernambuco, dia quente, falta de água, família numerosa para alimentar, a mulher enchendo o saco, um resto de arrodz cozido numa panela amassada, o marido foi embora dizendo que ia trabalhar e não voltou mais. Nessa noite, a mulher ainda jovem ficou olhando as estrelas em Catités, rezando para que algo acontecesse que melhorasse sua vida. Pensou naquela penca de filhos. Rezou também para que o marido não a tivesse largado e não lhe tivesse deixado mais um filho no buxo. Era beberrão. Sabia o que fazer. Dos filhos escolheria um para ser doutor, e o resto trabalharia para alimentar a família. Não podia contar com o marido. Também não acreditava na prima que lhe dissera, na semana anterior, que um grande milagre aconteceria em sua vida: Ela estava grávida e a prima também ficaria grávida, e o filho seria um messias para a família. Ouvira isto como de um anjo que descera do céu numa enorme nave cheia de luzes piscando que só ela vira. O anjo a levou até a nave e lá haviam transado bastante. A noite toda. Depois a nave partiu como um foguete busca-pé fazendo até um barulho igual, e virou uma estrelinha que fica por cima da torre da Igreja Matriz. Era um sinal dos céus. O anjo lhe dissera que a prima teria também um filho. Mas como? Perguntou-se a mulher abandonada, se nenhum ET a tinha buscado nem vira nave nenhuma? Obteve rapidamente a resposta como se os anjos do céu a tivessem escutado. Um objeto voador identificado, porque não era nenhum urubu, nenhuma ave, nem avião nem helicóptero nem asa avoadeira, nem pára-quedas. Era uma nave extraterrestre igual á descrita pela prima. Só teve tempo de ir lá dentro, pegar um pano, molhar no resto da água de um poço seco dentro de um copo e lavar a perereca. Já sabia que o mais provável é que iria entrar no pau. Teve seu filho, mas o menino era o demônio, o capeta. Só parou de mamar aos cinco anos, não obedecia, passava os dias fazendo discursos hipotéticos como se fosse um presidente de república. E o apanhou tomando uns goles de cachaça da garrafa que ela guardava para o caso de uma necessidade. O menino acabou com a garrafa em dois dias.

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Dia do nada


Casado, cheio de filhos para alimentar, era muito, demais, para a sua capacidade de agüentar. Tinha que ir embora. Olhou para o céu, lá no fundo do quintal. O céu estava cheio de estrelas. Sua mulher tinha ido dormir na casa da prima porque tinham brigado outra vez. Olhou de novo para o céu. Cada estrela eram duas. Ou estava mal das vistas ou tinha bebido demais. Por isso nem ligou quando uma nave pousou no quintal, silenciosamente, e dois sujeitos esquisitos desceram. Caminharam na sua direção e o levaram para a nave. Teve então a certeza de que tinha bebido demais, adormecera e estava dormindo. Dentro da nave, duas enfermeiras igualmente esquisitas o manipularam numa espécie de maca. Adorou o sonho. Elas mexiam em seu berimbau de um jeito gostoso. O sonho estava realmente bom demais. No dia seguinte compraria mais uma garrafa de cachaça da mesma marca, no mesmo armazém sem pintura, velho pra danar, que tinha lá na esquina da rua. E tanto era sonho que se fosse realidade, como poderia entender o que as enfermeiras diziam? Ouviu perfeitamente quando uma disse para a outra:

- Cuidado para não esterilizar o batoque! – (não, pensou ele, jamais viraria uma estrela. Nem pensar). A outra respondeu:
- Até que era bom. Pelo que sei esse sujeito está cheio de filhos. Mas ainda tem que fazer mais um... (então ele entendeu. Se era um sonho que os anjos lhe enviavam, teria mais um filho, mas depois sumiria. Se eram os anjos que falavam, então Deus cuidaria dos filhos. Enfim, livre!).
No fim de semana seguinte, partiu para nunca mais voltar. A mulher ainda pensou que ele voltaria, mas sem muita certeza.

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Dez anos depois do dia do nada.


- Vai estudar, menino[2]. Teus irmãos matam-se de trabalhar para sustentar a casa... Teu pai nem dinheiro nos manda...
- Não precisa estudar mãe – disse o garoto com aquele olhar confiante de “tiro certo” - Olha o pai. Bom cidadão, trabalhador, cheio de filhos e sempre sem dinheiro. Me diz, mãe... Adianta trabalhar? Vai... Anda, diz... Se me convencer eu estudo e trabalho. Juro que trabalho. Só quero é o certificado de que estudei.
E como nesse dia estava com a “corda toda”, continuou:
- E tem mais, mãe... Odeio, odeio, odeio menino rico que não precisa nem trabalhar, odeio pobre porque não tem inteligência para sair do buraco e vive sempre na miséria. Te digo mais... Quando um dia eu for presidente, podendo estudar, não vou estudar nada. Odeio essa gente inteligente, cheia de diproma, que anda toda engravatada, com olhar superior cagando regra na cabeça da gente. Neste mundo só amo tu e meus irmãos. O pai bebe e perde a cabeça. Eu já experimentei ficar bebo e num acontece nada. Sou forte como um burro.  

O menino falava muito, falava pelos cotovelos. Parecia um sujeito instruído que sabia das coisas da vida e do mundo, mas todos sabiam que não. Só tinha presença. Aquilo era um enganador. Falso por fora e por dentro. Fugia da escola, e a mãe vivia numa sinuca com os demais filhos que sempre arranjavam uma forma de ajudar em casa. O pai das crianças havia sumido há dez anos atrás. Viera visitá-la uma vez e lhe deixara uns trocados.Disse que a vida estava muito difícil e demonstrou muito carinho com o filho mais novo, mas nem o viu, porque o garoto sempre dava um jeito de desaparecer. A mãe que entendia tudo. Quando acabou o primário, a duras penas e sem nenhuma convicção, ainda andou trabalhando nuns biscates mais por causa da mãe e dos irmãos. Por ele não trabalharia mesmo.

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Cinqüenta e cinco anos (mais ou menos) depois do dia do nada.

O garoto crescera. Apenas com o primário era agora doutor “honoris causa” em universidades da Europa, reconhecido como figura pública mundial, embora cercado por escândalos pavorosos que, a serem na Europa, já estaria preso há muito tempo. Primeiro uniu-se a antigos terroristas que tinham uma ideologia que poderia servir-lhe para subir ao poder. Depois, já no poder, a bandidos anteriormente condenados pela justiça. Quando fizeram um filme sobre a vida dele, e não se sabia ainda que participara como mentor ou receptador de planos que usaram e abusaram ilegalmente de verbas públicas, ainda tinha o apoio de intelectuais, mas depois dos escândalos abandonaram o garoto crescido que queria e realizou um sonho: Ser o maioral sem estudar, sem saber nada de nada a não ser representar e fazer o seu papel de forma fenomenal: O de um inculto que com um sorriso, um olhar de tranqüilidade tinha enganado sindicatos, comprado políticos, tudo com a ajuda de antigos terroristas agora condenados por corrupção. Com sua influência logrou que estes corruptos em vez de serem presos fossem reconduzidos com todas as honras ao senado ao qual pertenciam antes de serem condenados. Baseado numa premissa do Banco mundial que afirma que quem vive com dois dólares por dia não é pobre, distribuiu verbas públicas perenes por famílias e cestas básicas cujo valor somado não alcançam dois dólares por dia mas chegam perto. Com este artifício amoral e até imoral, convenceu todo o mundo que tinha tirado da pobreza cerca de quarenta milhões de cidadãos. Mas onde se vive com dois dólares por dia sem ser considerado pobre? E se for possível – que não é – como vivem?

Nunca  estudou, e disfarçadamente continua odiando ricos e pobres, tomando seus tragos. Casou com uma múmia muda e inerte, usou os cofres públicos e as dependências do palácio para fazer negócios particulares e enriqueceu também o filho. 


Rui Rodrigues




[1] Se por acaso alguém se sentir identificado com algum personagem, só perguntando aos ETÊS que andaram lá por Catités-CE. Se não acredita que Etês não existe nem no dicionário, procure e tente encontrar, prezado leitor(a).
[2] No Brasil existe um sujeito com o qual o ET de Catités pode até ser confundido, mas esse é o Lula e não este, e Lula não é nenhum ET. Não tem a inteligência nem o conhecimento atribuído a Etês, mas é muito esperto. Realmente um sujeito muito esperto. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Entendendo sua excelência o Senhor Ministro Barbosa


Entendendo sua excelência o Senhor Ministro Barbosa
(em relação às recentes declarações sobre Partidos de Mentirinha)


Isenção.

Só com isenção se pode julgar as declarações do Senhor Ministro Barbosa, ou como é conhecido carinhosamente nas redes sociais, o “Barbosão”.

Antes de tudo há que compreender que estudou arduamente as leis desde quando se tem conhecimento de que foram instituídas, há cerca de doze mil anos atrás, na Caldéia, na Suméria, na Grécia e em Roma, e todas as herdadas desde a colonização para chegar aonde chegou com todo o mérito. Há que lhe reconhecer o mérito, fortificado por uma infância que não foi fácil. Tem opinião, é persistente, determinado. Lula, também teve infância difícil, mas nunca estudou. Teve e tem oportunidade de o fazer, mas prefere não estudar. Acha que não necessita e se alia a condenados pela justiça. Lula é o reverso e o inverso da excelência do Ministro Barbosa, embora tenha a mesma determinação. Há muitos condenados pela justiça que também são muito determinados.

Barbosa é, além de Ministro, um ser humano, com direito a emitir a sua opinião pessoal, e a emitiu dizendo com suas palavras que o executivo era refém das determinações do palácio do planalto, isto é, não agia de forma independente em representação dos cidadãos, e que os partidos políticos eram de mentirinha.

Disse simplesmente a verdade que todos sabemos, e teve a coragem de a dizer, porque além de ser um ser humano, é também um cidadão e vê o que todos vemos com mais propriedade, porque está dentro do “sistema”. E o que vemos, dentre tantas outras coisas?

1.      No executivo - Congresso nacional.

Votam as próprias normas da casa, estabelecendo horários de trabalho de terça a quinta aviltando o operariado nacional que trabalha de segunda a sexta e ainda tem que fazer “bico” para ter mais do que um miserável salário mínimo, cuja presidente teve o prazer de cortar “centavos” para demonstrar uma falsa austeridade; Que aprovam os aumentos estupidificantes dos próprios salários, nababescos na essência, que indignam a cidadania, desmistificam a ponderabilidade e a honorabilidade de seus membros e os desacreditam perante a sociedade, desde o mais rico ao mais miserável dos brasileiros. Um senado onde se fazem acordos entre empresários, membros e partidos, todos sendo ouvidos menos aqueles a quem têm a obrigação de representar: O POVO!

É falso o congresso nacional e entrou numa rota da qual não se pode mais desviar sem passar pelo pedido de demissão incondicional de todos os seus membros. Nem a sociedade está disposta a pagar salários operacionais nem de aposentadoria de relapsos da causa pública. Só obrigados por um governo ditatorial, à margem da vontade dos cidadãos. Se tiverem dúvida, perguntem através de plebiscito.


2.      Os partidos de mentirinha.


A idade média da população brasileira ainda é jovem, mas no topo da curva há cidadãos de boa lembrança, beirando até os cem anos, que ainda se lembram das discussões em plenário sobre o que se vota por lá, no Senado. Todos aqueles senhores lá do senado, pertencem a Partidos Políticos e atualmente - exceto pelo sr. Deputado Roberto Gefferson – Já não se escutam denuncias internas sobre falcatruas, apropriações indébitas. Aprova-se tudo no Senado, todos os senhores membros estão de acordo, encobrem-se uns aos outros, não há OPOSIÇÃO. A população é refém das vontades particulares dos representantes dos partidos – não da população – deixando correr o desgoverno, sem fiscalizar. A população está farta da falta de “Quorum” dos representantes dos partidos políticos que, além de só trabalharem de terça a quinta, faltam às sessões para não aprovar um ou outro projeto, ou de alguma votação. Não há uma só prestação de contas do governo anterior rejeitado. Há evidente mancomunação no governo – não acórdãos ou acordos – que não representa a cidadania. Todos os erros, equívocos, tratos, conluios, formações de quadrilha, não são denunciadas pelos “nossos” (nossos soa hilário) representantes no senado, mas vem de fora, da mídia, de jornalistas, de um ou outro insatisfeito que denuncia, mesmo recebendo salários gordos, altíssimos, de 18 mil reais por mês para servir cafezinho no senado. 

Sua excelência o Sr. Ministro Barbosa, com toda a isenção, disse a verdade. Se pudesse, e se estiver disposto a candidatar-se, votaria nele para presidente. Ele sabe o que diz, tem instrução, é reto, ser humano, cidadão, e tem opinião.

Precisamos de gente instruída em nosso governo, que não venda nem compre votos. A sociedade brasileira está de “saco cheio” de ver elegerem-se os compradores de votos, que enchem seus sacos com dinheiro gordo arrecadado dos impostos escorchantes. Partidos políticos que representem as sociedades deste Brasil varonil de encantos mil, não podem ter em suas fileiras compradores de votos, votantes dos próprios salários, de seu horário de trabalho, que nada perguntam à sociedade sobre os atos que devem tomar, exercendo uma oligarquia de poder em conluio uns com os outros, excluindo os cidadãos.  

Rui Rodrigues

PS - Estamos realmente fartos de mais do mesmo.   

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Entrevista com a Lula [1] - Os arquivos secretos.


Entrevista com a Lula [1] - Os arquivos secretos.
(Ficção fundamentada nas aparências sem conotação de intenção de conotar, mas que até poderia ser verdade. Uma decorrência de “A entrevista com o Vampiro” que até deu em filme)


Militantes do MST, treinados em Cuba, fazem a guarda dos arquivos secretos de Lula. Todo mundo sabe disso. Agora mesmo também estão para chegar de lá 6.000 médicos militares treinados em leitura dinâmica do livro vermelho de Mao. Lula pensou de inicio que era um livro maometano. Tiveram que lhe explicar, com uso de desenhos específicos, que Mao tinha sido um líder comunista marchador – que marchou durante anos vagueando pela China – e no final, tal como Moisés que vagueou no deserto, chegou à terra comprometida, isto é, Pequim. Moisés chegou a Canaã. Lula, sem caminhar grande coisa, chegou ao planalto com um dedo a menos, aquele que se usa para folhear páginas de livros.

O agente “Zeta”, não é um agente. É uma agenta que nem a presidenta conhece porque esta também tem a bunda presa, em projetos de apoio financeiro ao presidenta Lula  quando ele era ainda presidento. Lula conhece Zeta mas não sabe que é uma agenta. É um elemento infiltrado há muitos anos pelo Zedirceu com medo que a Lula  o traísse como costuma fazer com todo o mundo. Ao contrário da Lula , ela sabe ler, escrever, fala inglês com sotaque do nordeste, espanhol de araque, que dá pro gasto, e sabe teclar nas redes sociais. Está milionária, e tem porte de periguete. Baquiana, caiu de amores por um sujeito jornalista que se faz passar por simpatizante do PT, do MST, de Cuba e arredores, o que inclui a Venezuela, que Lula sempre confunde com a vuvuzela porque as letras são muito parecidas.

Uma noite, quando o jornalista estava sentado no sofá com a Zeta na sua frente, ajoelhada fazendo um boquete, a Lula entrou na sala. Viu os dois e disse: Não sujem o tapete irando que o Ahmadinejad me deu. É uma relíquia do Papa deles, o .. o... Como é mesmo o nome do papa deles, Zeta?
- Aya,, choca-choca... tolá... choco-choco – Komeini...
- Isso mesmo... Auachockomeini. O tapete custa uma nota.
E a Lula se foi para o escritório dele, um quarto muito pequeno, com um sofá igual ao da sala e uma parafernália de instrumentos sexuais fabricados na China. Num canto, uma estátua de madeira do pai dele cheia de pregos. Era um encantamento vodu que aprendera com uns feiticeiros de Cuba, e que servia para exorcizar o fantasma do pai, um beberrão que batia na mãe do filho dele. Logo a mãe que o adorava, que o enchia de beijos, o protegia e dizia que um dia seria presidente. Numa das paredes, uma estante cheia de fitas de gravação. Lula costumava treinar seus discursos e desabafos e os gravava nessas fitas para que se precisasse, voltasse a ouvi-las. Para ele era mais fácil ouvir do que ler.

Acabado o boquete da Zeta, o jornalista, cujo nome deixaremos em segredo, até porque nem existe, é pura ficção, foi até o escritório da Lula e sem cerimônias, puxando o zíper das calças, sentou-se em frente ao caudilho e disparou:
- Vamos lá, Lula, que mola o moveu para chegar à presidência da república?
- Olha, companheiro, tive uma infância muito difícil. Meu pai, que foi até estivador, me ensinou varias coisas. Uma delas é que trabalhando não se fica rico. Sendo honesto também não. Ele teve duas famílias e era violento. Então com violência também não se chega a lugar nenhum. Ele não chegou e nenhum de meus 22 irmãos, incluindo os que morreram, conseguiram ser ricos. Então tracei o meu caminho: Botar os outros para trabalhar, mas para isso eu precisava de uma boa causa e de dinheiro. Ninguém resiste a dinheiro nem se importa de onde ele vem. A causa serviria para agregar os companheiros que não podiam receber dinheiro porque o dinheiro é curto. Não se pode comprar todo o mundo, não por moral, mas por falta de dinheiro.
- E que causa foi essa Lula?
- Veja bem, companheiro... Estávamos numa ditadura. A causa seria todo o mundo que estivesse contra a ditadura. Eram os comunistas, os socialistas, os que não foram beneficiados pela ditadura, os artistas que são sempre muito sensíveis, e os filósofos de esquerda, aqueles chatos que vêm com uma dialogologia que excluía a grana, e queriam uma igualdade que nunca ninguém na história deste planeta conseguiu. E sem a ajuda da classe dominante, isto é, dos apoiadores da ditadura, aqueles que tinham dinheiro, eu conseguiria alguma coisa. Então me uni aos empresários.
- E o pessoal que o apoiava no ABC? Não ficou prejudicado?
- Olhe, companheiro... Em política temos que aproveitar as forças da “conformação”. Operários, gente humilde, estão sempre conformados, habituados à pobreza. Era o que acontecia na minha família. Vem governo, sai governo e estão sempre pobres. Esses são gente minha, assim como quem acredita em milagres vai para as igrejas e templos e ainda pagam dízimos, para ver como são idiotas, que gastam apostando numa loteria do além, crentes de que não serão castigados pelo deus deles. Compram até lugar antecipado no céu. Gente dessa é boa para votar em mim...
- Entendi – disse o jornalista – Mas então, como que os operários o continuaram apoiando estando você com os empresários nas greves?
- Mas eles não percebiam isso. Levávamos as negociações até o limite, deixando o tempo passar. Logo os trabalhadores ficavam sem dinheiro e então eu chegava e propunha um acordo que era sempre “o melhor que eu podia conseguir”. Então eu começava a desanimá-los, dizendo que as coisas poderiam até ficar pior. Aí eles topavam e continuavam a apoiar-me. Estavam no limite deles, como quando um sujeito pega uma arma e faz reféns. Aí entra a polícia para negociar, levando o sujeito até a exaustão. Não tem cu que agüente, companheiro... Heheheh.
- faz sentido, Lula. E quando perdeu as eleições? Como fez para definitivamente ganhar?
- Essa pergunta foi muito boa – disse a Lula com um sorriso matreiro – Vou batê pa tu ma tu não pode batê pa tua patota. Ta?
- Pode deixar, Lula. Sou um túmulo – Disse o jornalista sorrindo.
- Ri não que vira túmulo mesmo... Heheheh.
O sobrolho da Lula fechou-se e fez uma ruga na testa. Não estava brincando. E continuou:
- O velho Brizola, o gaúcho de três facas, me chamava de sapo barbudo. Enganou-se. Eu era uma cobra barbuda que apanha se tiver que apanhar, que mente se tiver que mentir, que rouba se tiver que roubar, que mata se tiver que matar, desde que essas atitudes me levem, sem perigo, a atingir os alvos ou os escuros que quero atingir. Digo alvos ou escuros, porque sou politicamente correto. Sem essa de pensar só em alvos. Tenho que pensar em tudo. Assim, eles não sabiam, mas havia acordos meus com os empresários e os intelectuais de esquerda. Quando o Collor, o Fernandinho do pó (acho que ele continua cheirando mas deixa pra lá) me ganhou as eleições dizendo que nem tinha dinheiro para comprar um radinho, quando eu apelei dizendo que o meu estava estragado, e levou a minha ex-mulher, aquela traíra no debate, percebi que mesmo com dinheiro era necessário algo mais: Garantir que nas entrevistas fosse tudo combinado previamente e que as emissoras de televisão tinham que estar do meu lado: Assim fiz acordos com a Globo. Ainda hoje é a empresa mais beneficiada pelo governo. Recebe dinheiro público de tudo que é lado. Se ela gemer, nós vamos lá e resolvemos o problema. Do mesmo modo as agências de Ibope, aquelas que saem logo com uma estimativa a nosso favor e todo mundo vai atrás do boato... Não haveria como perder.
- É... Deu certo mesmo... E agora com as redes sociais com mais audiência do que a Globo e outras emissoras? – Perguntou o jornalista...
- Olha pra mim, companheiro... Olha bem... Acha que sou bobo? Heheheh... Já comprei senadores que votam em tudo que lhes pedirmos para votarem. Além disso, estamos aprovando leis de “cala a boca brutucu”, para impedir os opositores de falarem besteira nas redes sociais. O custo é que é muito grande...
- Como “custo’, Lula? Não sai tudo das verbas públicas e dos seus amigos empresários?
- Pois é... Sai sim, mas é um dinheiro que poderia ser usado de outras formas. Refiro-me aos custos de credibilidade com aquela parcela da população que não entende nada de nada: Os fiéis. Tive que me unir ao Maluf, ao Collor, e a todo o lixo político do país para poder ter uma forte base aliada. Ainda tive que colocar ministros que já foram para o olho da rua, para fazerem contratos públicos de telecomunicações, etc, de forma a ganharem tudo o que puderem enquanto a população puder agüentar: É deles que vem a grana para as campanhas, para financiar a boa vida dos que me apóiam. É dando que se recebe, já dizia o Collor. Aprendi com ele. E estou aprendendo muito com o Maluf, que já foi preso. Nós que o soltamos com nossa influência.
- E essa coisa da aproximação com Cuba, Venezuela, Irã, etc? Não há desgaste político com o Ocidente e a classe dominante do Brasil?
- Sempre há algum desgaste, mas o ocidente, os líderes de governo, sabem que eu sou do capital. Beneficio todo o capital. Veja, companheiro, o caso dos Bancos, os juros que cobram, sempre altos, a pretexto de controlar a inflação. Eu bato no povo dizendo que é para o bem dele, e acreditam... Hahahahahahahaaa... Claro que os juros poderiam ser mais baixos e ter o mesmo efeito, mas isso já me rendeu uma boa grana. A mim, só, não... A todo o partido e aos militantes e empresários mais chegados. Me admiro é como o Mantega continua no governo e ainda não o tiraram. Mas tiram um... E eu ponho outro. Todos os ministros gostam de um agrado e fazem qualquer coisa que a gente manda. Os benefícios são muitos. Olha o Eike Batista... Mas ele é bobo... Burrão bunda mole. Quer ir pela cabeça dele, que vá. É sempre assim, nós fazemos o homem e o homem pensa que se fez sozinho por sua capacidade. As ações dele estão lá em baixo.
- Creio que entendi... Mas qual o futuro do PT, e o seu em termos de política?
- Que política, cara pálida... Hehehehe... Não se trata de “política”. Trata-se de subversão dos valores para ficarmos sempre no poder. É orgulho de um operário filho de um bebum, de uma família pobre chegar onde cheguei e ficar lá no topo da pirâmide. Hoje não me falta nada e ainda tomo as minhas cachacinhas de vez em quando. Agora até como caviar, ando de avião, e tenho até uma coluna no Niuiorque taimz, que a Zeta vai escrever sempre pra mim com a ajuda do Zedirceu que é bom nisso pra caramba. Ela traduz o Zedirceu para o ingreiz, e me lê. Aí eu mudo umas coisinha e a coluna está feita. Ainda vamos catarquisar o Obama pro nosso lado. Ainda vou ver o Obama dando um abraço no irmão do Fidel, porque o Fidel está com um pé e meio já na cova. Estamu fazendo uma revolução como nunca se viu na história da humidade.
E arrematou... Está na hora de um traguinho... Estou cansado e o resto do papo fica para mais tarde. Vamu nessa? E a propósito... A secretária tem uma boca e tanto, não tem? Pode acreditar.. Com uma boca daquelas, comprou muito político e empresário para o nosso lado. Ela é incrível. Sabe? Houve um dia que fiquei em dúvida se ela ou a Dilma. Optei pela Dilma para ser a presidenta porque ela tem meia família e a Zeta é diferente. Está mais para folhinha de calendário do MST. Mas.. Não estranhou que a oposição está quieta e só é contra o PT em casos sem importância que não envolvem verbas consideráveis?
- Estranhei.. É verdade- Disse o repórter.
-É que chamei todos os líderes dos partidos e disse-lhes: Sabemos que lutamos todos aqui por verbas, e que há desvios em todos os partidos. Portanto a coisa é: Roubamos sozinhos e enfrentamos a oposição, ou roubamos juntos e ninguém reclama? E foi assim!

E nosso repórter jornalista voltou para o sofá para desopilar o fígado, dar uma relaxada com a Zeta... Por um momento chegou a pensar que estava em Pasárgada, que fica no Irã... Se fosse na janela, poderia até ver Ali Babá e os 40 amigos.
Rui Rodrigues.   












[1] Nota do contador de causos: O corretor ortográfico só permite o uso de “a Lula”. 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Marcilius Marcianus, o romano.



Marcilius Marcianus, o romano.




São muitas as ilusões deste mundo. Todos nós sabemos disto, do mais ao menos ser inteligente. E convenhamos que para nós mesmos admitimos que muito do que vemos e fazemos é pura ilusão. Porque nos iludimos? Simplesmente para ocuparmos o nosso tempo, ou termos uma “meta na vida”, uma ocupação mental, um esperança, e conseqüentemente, para ocuparmos o nosso tempo dando sentido ao “viver”. O trabalhador que chega em casa cansado física ou mentalmente, não tem muito tempo para filosofar. Só aos sábados e domingos, desde que não tenha problemas sérios para a semana seguinte, como, por exemplo, pagar faturas e contas de serviços públicos com dinheiro curto ou resolver problemas do trabalho para a semana seguinte.


Essas ilusões consomem nosso tempo, despertam as nossas atenções, esvaem o nosso dinheiro, mas há sempre um envolvimento muito grande nessas ilusões: Uns buscam a fama, enquanto outros, concomitantemente, ganham dinheiro e outros o gastam chamando a essas ilusões de diversão. A fama, o prazer de ser o campeão, o melhor, não é atingido por todos, e por vezes se passa uma vida inteira tentando. O tempo passa, essa a distração, a meta. Outros aproveitam os gostos populares, sabendo que existe quem deseje a fama para sustentar o espetáculo, e investem dinheiro nas diversões, isto é, nas ilusões. Ficam ricos. O povo vive sempre oprimido, sempre viveu e provavelmente viverá com contas a pagar, dificuldades, leis, impostos, como se os governos existissem para “ganhar dinheiro” às custas do povo, um monstro, um dragão que precisa ser alimentado para que não nos destroce. Em troca, dão ao povo o mínimo de condições para que continue na ilusão de que “vale a pena” trabalhar, contribuir, porque em troca têm água potável, transportes públicos, eletricidade, serviços de saúde de emergência e meia dúzia de escolas públicas.


O circo romano é um exemplo, talvez o melhor, da simbiose e do diálogo entre empresários, governo, povo e famosos. Diálogo, sim, porque como explicar os circos romanos? Era o povo que os queria e por isso os empresários os construíram, ou foi o governo que os construiu com financiamentos dos empresários para o povo se distrair e gastar seu dinheiro, usando como protagonistas, que catalisavam as emoções, os que desejavam a fama?  Se olharmos para algo mais recente como o governo de Hitler, o povo alemão, os soldados, os empresários das grandes indústrias alemães durante a segunda guerra mundial, ficaremos na eterna dúvida: Será que o povo alemão gostava da guerra, do holocausto, ou apoiava para “apoiar” o governo, por adesão ou medo?  
A guerra é um circo neste contexto, e nos circos romanos havia guerras. Mas os circos romanos evoluíram muito, embora não no essencial, de forma que no mundo moderno os circos se deterioraram de sua forma e ação iniciais, mas mantiveram a intenção intacta: Distrair a atenção popular aproveitando-se para distraí-la dos aspectos fundamentais da política ditatorial.  Enquanto houvesse pão e circo – “pane et circencis” – o povo estaria tranqüilo, satisfeito com todos os demais atos de governo. Os empresários adoravam isso, e adoram, não porque participem diretamente dos lucros do circo, mas porque isso lhes permitia explorar os preços, construir com dinheiros públicos, ganhar os favores do senado e dos imperadores. Todos eram muito populares: Os empresários, os senadores, os imperadores e os “heróis” protagonistas dos espetáculos de circo. Havia circos em todos os territórios sob jurisdição romana, como não poderia deixar de ser. O império divertia-se e comia. O resto era o governo que providenciava através de ordens do senado. Com ou sem o conhecimento prévio do povo, não importava. Hoje as decisões do senado são transmitidas pelas televisões e pela net, e continuam decidindo sem perguntar nada ao povo. Nisto, o hábito, o costume, a prevaricação, continua. Não mudou absolutamente nada.

Mas o que era o Circo Romano?


Eram enormes edifícios - o de Roma comportava 50.000 lugares - destinados á “diversão”, assim se entendendo lutas mortais entre gladiadores de diversas regiões do planeta, assar em fogueiras os condenados pelos juizes, atirar cristãos aos leões para serem dilacerados, batalhas navais entre trirremes numa enorme piscina interna que faziam encher de água. Quando um gladiador perdia a batalha, o vencedor não tinha direito a matá-lo. Era necessária uma interação entre governo e povo, e para isso, perguntava-se se o perdedor deveria ser poupado ou sacrificado. Algumas vezes, para deixar patente o seu poder, mesmo o povo pedindo que o gladiador fosse poupado, o imperador o mandava matar. O vencedor então o executava do modo mais rápido. O sucessor do terrível circo romano foram os encantadores circos dos dias de hoje e que estão em extinção, e as deprimentes e já arcaicas corridas de touros, com morte, em países de origem espanhola que deveriam extingui-se. Há centenas de anos que em Portugal os toureiros estão proibidos de matar o touro. Portugueses e espanhóis são iberos, mas há sensíveis diferenças, umas para bem, outras para mal.
Havia também corridas de bigas, carroças de guerra puxadas por dois cavalos, embora para o efeito houvesse estádios específicos para estas corridas. Faziam-se apostas regulares, muita gente perdeu dinheiro como se pode imaginar. Estas corridas deram origem ao “turfe”, ou corridas de cavalos dos dias de hoje, com público cada vez menor.


Na entrada destas instalações, distribuía-se o pão grátis. Pão, do bom, tanto quanto se quisesse. Ninguém passava fome.

Hoje os governos continuam populares de certa forma, mas já temos dinheiro – alguns, para assistirmos a jogos de futebol, jogados em “arenas”, talvez porque os jogadores são caçados durante os espetáculos, quebram cabeças, sangram por cotoveladas, os árbitros marcam goles e pênaltis que não existiram, interagindo com a multidão, que na saída ou na entrada dos estádios, costumam matarem-se uns aos outros em verdadeiras batalhas de torcidas. E há os shows grátis, constantes, pagos por governos locais ou centrais, para distrair. Parece que “Shows e futebol” seja o termo mais adequado para traduzir para o presente o antigo “pão e circo” do tempo dos romanos, porque já não distribuem pão por ser muito caro. Mas agora temos mais uma entidade satisfeita e feliz com este estado de coisas: a FIFA, como empresária e que mantém as regras, agora leis, que permitem a polêmica, a dúvida, a injustiça, como “molho e condimento” do circo, isto é, das novas “arenas”. Arena, que deriva do romano, era exatamente o nome dado ao recinto coberto de areia para absorver o sangue dos gladiadores feridos, nos circos romanos. O nome “arena” para os novos estádios, é adequadíssimo. Uma volta ao passado.   

Ah!... Ia esquecendo. Quem foi Marcilius Marcianus, o tal e esquecido romano!




Não sei. Simplesmente não sei. Procurei por toda a Net, e nada de Marcilius Marcianus. A única coisa que podemos afirmar é que foi um auriga, isto é, o condutor de bigas, que ficou famoso por suas vitórias no circo romano de Mérida. Teve seus momentos de glória assim como alguns jogadores de futebol e artistas de shows do presente. Deve ter sido muito disputado para vestir as cores de empresários famosos. Hoje os governos, para serem populares, modificam as leis tentando modificar os costumes. Assim, presos, mesmo por assassinato têm salários maiores do que professores, senadores e deputados condenados pela justiça, mas ainda em liberdade são reempossados em seus cargos por um senado independente e soberano sob o qual pesa a condenação de alguns membros terem sido comprados por verbas mensais para dizerem sim e não, conforme os interesses, em votações do senado e das câmaras de deputados.

A fama de Marcilius Marcianus que ficou no esquecimento como se o tempo lavasse a memória, ficou gravada numa placa comemorativa no circo romano de Mérida, parte integrante da Lusitânia romana, que nos tempos modernos poderíamos traduzir por “Brasília romana”! Marcilius Marcianus é um herói desportista tal como os santos antigos... São santos mas já não fazem milagres porque ninguém lembra deles. 


Afinal, o que mudou?


Rui Rodrigues

segunda-feira, 13 de maio de 2013

PAI !... Quero ver um milagre.


PAI !... Quero ver um milagre.


Sabes, Pai, que sou deísta. Acredito em Ti, mas não creio que sejas como outros já disseram que és. Tens que ser diferente, porque és perfeito e tudo podes. Milagres não são mágicas. São milagres mesmo, daqueles que nada nem ninguém pode nem ousar fazer... Milagre não é dizer que alguém ficou curado, mesmo com papéis de médicos onde se pode falsificar o que se quiser, porque são muitos os falsificadores de mágicas, de documentos e de... Milagres! E milagres devem ser para todos, como sabes, e não apenas para uma seita das muitas que temos por aqui. Olha... O do dilúvio foi sensacional... E foi para todos. Tem um milagreiro, aqui na América do Sul, que em troca de dízimos gordos faz mais de mil por dia. Dizem que assim os fiéis ganharão em dobro e irão para o céu. A fila dos que esperam pelo dobro não tem fim, perde-se de vista, e dos que ganharam os céus só tu sabes e não contas para ninguém.

No passado, a história está cheia de milagres, mas faz bom tempo que não se vê nenhum... Santos da porta já não os fazem desde os tempos bíblicos, mas santos da rua agora também não os fazem, só milagrices. E fico pensando porque razão os meus antepassados tiveram tal privilégio de ver milagres tão grandes e nós, os seus descendentes, precisando tanto deles, não temos tal privilégio. Mudaram os tempos, sim, mas não a necessidade dos milagres.

Nem profetas aparecem mais por aqui... Estamos parcos de notícias tuas, de quem se perceba que fale realmente em teu nome.

Pai... Milagre seria, por exemplo, a Lua sumir nos céus por 28 dias completos, e nosso planeta não sair da órbita em que está por falta da massa da Lua. Outro milagre que poderias fazer seria, por exemplo, do dia para a noite mandares secas para o oceano e levar para o nordeste do Brasil a água de que tanto necessita, assim de repente, porque quem governa não está preocupada com isso. Outro dos bons milagres seria de, um dia para a noite, assim de repente, o Lula começar a fazer contas de extrair raízes quadradas e cúbicas e falar inglês, numa dicção perfeita, com bons miolos e pensamentos, confessando tudo o que fez em benefício próprio ou das empresas que o elegeram. Mas não te metes em política, eu sei, senão...  
Ah... Como seriam diferentes os políticos se te metesses em política... Esse milagre já me satisfaria assaz, um bocado, bastante... A mim só não... A sete bilhões e meio de teus filhos...

Pai... Precisamos de um grande, enorme, fantástico milagre, e não sei se notaste, mas já falo em nome de sete bilhões e meio de teus filhos, o que não é pouca coisa. Se fizeste milagres no passado como dizem os que falam em teu nome, para meia dúzia de habitantes deste cada vez mais pobre planeta, com muito mais razão os farias agora. Não é verdade? ... Um grande milagre, dos bons... Estou pensando num outro...

Que tal, por exemplo, do dia para a noite, todos os sacerdotes pedófilos, e por extensão, todos os pedófilos do mundo amanhecerem com bolinhas de todas as cores, bem vivas, espalhadas pelo corpo, de forma a não poderem negar que são pedófilos e abusam das criancinhas?

Ou então, que todos os políticos corruptos, porque corromperam ou foram corrompidos, ou sabem da corrupção e ficam calados, amanhecessem, do dia para a noite, com o nome “corrupto” na testa, em relevo bem alto, que até invisual, impossibilitado de ver, enxergar, ao passar a mão pelas suas testas pudesse ler que são corruptos? Ou então, quem sabe, poderias fazê-los subir ao Sol – aos céus não, por favor – em carruagens de fogo, para perecerem esturricados naquela fornalha ardente... É muito violento isto, não é? Mas sabes bem que a violência que praticam é muito maior e desproporcional ao que esta seria, porque por falta de recursos há crimes, doenças, privações, iniquidades que enchem as páginas dos jornais, e as bocas do povo dos bairros. Não permitas que calem estas bocas, controlem as máquinas fotográficas que mandam os sons e as imagens para a net, nem acabem com a liberdade dos jornais.

Pai... Precisamos realmente de milagres. Até dispensamos mais profetas, sacerdotes, pastores e “são bernardos”, daqueles que andam sempre com um barrilzinho de conhaque preso no pescoço, nem ninguém que venha falar com os animaizinhos e os peixinhos. A propósito, andamos até meio que preocupados com essa coisa de santos, porque dantes, eram todos da Europa. Agora estão criando santos na América Latina, aos montes e apressadamente,  e não sabemos bem porquê. Será que é porque a Europa está abandonando a religião, anda com dinheiro curto, contado e deixando de pagar os dízimos e por aqui ainda os pagam? Se for, Pai... Estamos muito mal, porque até o bom senso perderam os santificadores, se é que algum dia o tiveram realmente.

Olha, Pai... Nem precisava eu ter escrito isto, porque como Deus que és, sabes o que penso.  Mas eu precisava desabafar. E até te sugiro, me perdoa, que, se por acaso achares necessário, não mandes outro dilúvio sobre a Terra. Até hoje estão procurando a arca do Noé, ou Gilgamesh, e um destes dois deve ter errado muito porque nos deram uma descendência que é a que vês – e também vemos - por toda a parte. Como sei que não te repetes, creio que desse milagre estamos livres desta vez.

Do teu servo, humildemente,

Eu.

PS – Já mandei uma carta ao Papai Noel, mas me respondeu um cara lá da Noruega dizendo que isso não era com ele: As renas não têm asas e o pó de perlimpimpim da Sininho não funciona mais. Só nos gibis do Walt Disney, mas isto não é milagre. É desenho animado.

Rui Rodrigues


O messianismo político na América do Sul


O messianismo político na América do Sul

Jesus pretendia ser o Messias, escolhendo doze apóstolos – não onze nem treze – porque doze eram as tribos de Israel e cada um deles deveria governar uma tribo de Israel. Os doze escolhidos entre familiares e amigos, de "insuspeitado" nepotismo, acrescidos de Maria Madalena, a apóstola preferida de Jesus. 


Como Messias, o “ungido”, seria rei de Israel, segundo as previsões de Isaías [1] - conforme lidas por Jesus quando leu a lição na Sinagoga de Nazaré - se não considerarmos o final da previsão de Isaías quando disse que seria o dia da vingança de Deus (ver no final deste texto). A realidade é que o reino não veio, os romanos republicanos continuaram em Israel, e pior ainda, mil e novecentos anos se passariam até que a terra de Canaã voltasse a pertencer não ao reino, mas à República de Israel, e mesmo assim, não em sua totalidade. Jesus foi crucificado. Nota-se a preocupação de Jesus com os pobres e as desamparadas viúvas. O messianismo traria a redenção para todos estes e deles seria o futuro reino. 

A democracia, tal como a conhecemos no mundo capitalista permite que pobres, ricos, viúvas, qualquer pessoa possa assumir o governo já não dos reinos, mas das repúblicas. Aquela “democracia” dos tempos do comunismo, não permitia isto, porque não era o povo que elegia, mas as forças armadas, ou o politburo, ou a troika, ou os ditadores que indicavam os sucessores. De qualquer forma, quem governa de fato é quem indica ao cargo, quem suporta financeiramente a propaganda para a eleição: São os bancos, as empresas construtoras, as empresas mais ricas. A eleição democrática é uma competição entre empresas. Os eleitos não mandam nada, ou apenas muito pouco quase nada, mas detêm o prestígio de serem os eleitos, os “ungidos”.

Pinochet no Chile queria – e conseguiu – ser eleito “democraticamente” como senador vitalício, tendo enriquecido em sua ditadura truculenta, com gorda conta na Suíça. Ninguém acredita que tenha sido um ato democrático; Eva Perón, na Argentina foi a “messias” dos argentinos e permitiu ao marido, Perón, também populista, o sucesso de se eleger presidente; Nestor Kirshner morreu, e a viúva Cristina reina hoje na Argentina onde tenta subverter a lei e a ordem através da minimização da importância da liberdade de imprensa e do poder Legislativo, já que deste modo se “governa” sem problemas; Hugo Chavez da Venezuela morreu depois de ter estendido o período de governo para seis anos tentando tornar-se vitalício e seu sucessor Maduro já chegou a ver Hugo ressuscitado como um passarinho azul; Fidel Castro há 54 anos no Governo, passou o trono de Cuba para seu irmão Raúl; Evo Morales da Bolívia está no poder desde 2005 e não pretende largá-lo; no Brasil Lula da Silva indicou Dilma que também se elegeu, ambos os “messias” do PT. Em todos estes países se questiona a apuração de votos nas eleições, mas, mesmo que tenham sido votos válidos e livres, é a esperança que rege as eleições. É a esperança de um mundo melhor, já ou em curto prazo, mas sempre e de certa forma, imediato.

Depois de Jesus, apareceram alguns homens e mulheres neste mundo que teriam feito milagres. O “apóstolo” Valdomiro – não se sabe quem o ungiu – faz milagres todos os dias, e não seria de admirar se um dia se tornar presidente, no que pese a concorrência do Bispo Macedo (este também não sabemos quem o elegeu com este título mais modesto do que o de Valdomiro), mas ambos podem, com tanto dinheiro doado pelos fiéis, conseguir eleger-se como presidentes, já que na Igreja Católica os milagres andam bastante escassos, e os santos já não são tão milagreiros, talvez porque os transformaram em estátuas de barro, de madeira, de qualquer material, todos com ares angelicais, bem pintados, com coroas e halos de santidade. Nenhum com forma de passarinho, nem mesmo Francisco, que falava com pássaros e pregava sermões aos coitados dos peixes, sempre alheios ao que se passa para lá da linha da água dos lagos em que vivem, certamente o céu deles. 

Entre os messias da América Latina, há de tudo, desde torneiros mecânicos a militares, motoristas de caminhão, coletores de folhas das quais se extrai a cocaína, economista que falsificou, sem querer, o seu currículo para indicar que tinha pós-graduação, ex-guerrilheira que não se sabe como passou nas provas da universidade. Se fizesse prova hoje, de certeza não passaria, assim como foram reprovados advogados e médicos aos montões. Todos os eleitos achando-se dotados e que podem resolver todos os problemas dos cidadãos. O tempo passa e não resolvem nada. Os adeptos, fiéis, esperam pelo dia do juízo final, quando os reinos em que vivem terão justiça e os maus serão castigados. Buscam ainda a definição de “maus” e de "justiça".
O que vem a seguir, com todo este messianismo, precisando-se tanto de segurança, saúde pública, água, esgotos, educação, trabalho?

Vinde ouvir o que dizem de ti, ver no que te transformaram e que profetas e santos não fazem milagres em sua própria terra, 


Rui Rodrigues


Jesus rejeitado em Nazaré

14 Jesus voltou para a Galileia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama.
15 Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam.
16 Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler.
17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito:
18 "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos.
19 e proclamar o ano da graça do Senhor".
20 Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele;
21 e ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir".
22 Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: "Não é este o filho de José?"
23 Jesus lhes disse: "É claro que vocês me citarão este provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum' ".
24 Continuou ele: "Digo a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra.
25 Asseguro a vocês que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio e houve uma grande fome em toda a terra.
26 Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.
27 Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado - somente Naamã, o sírio".
28 Todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos quando ouviram isso.
29 Levantaram-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o topo da colina sobre a qual fora construída a cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo.
30 Mas Jesus passou por entre eles e retirou-se.