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segunda-feira, 13 de maio de 2013

PAI !... Quero ver um milagre.


PAI !... Quero ver um milagre.


Sabes, Pai, que sou deísta. Acredito em Ti, mas não creio que sejas como outros já disseram que és. Tens que ser diferente, porque és perfeito e tudo podes. Milagres não são mágicas. São milagres mesmo, daqueles que nada nem ninguém pode nem ousar fazer... Milagre não é dizer que alguém ficou curado, mesmo com papéis de médicos onde se pode falsificar o que se quiser, porque são muitos os falsificadores de mágicas, de documentos e de... Milagres! E milagres devem ser para todos, como sabes, e não apenas para uma seita das muitas que temos por aqui. Olha... O do dilúvio foi sensacional... E foi para todos. Tem um milagreiro, aqui na América do Sul, que em troca de dízimos gordos faz mais de mil por dia. Dizem que assim os fiéis ganharão em dobro e irão para o céu. A fila dos que esperam pelo dobro não tem fim, perde-se de vista, e dos que ganharam os céus só tu sabes e não contas para ninguém.

No passado, a história está cheia de milagres, mas faz bom tempo que não se vê nenhum... Santos da porta já não os fazem desde os tempos bíblicos, mas santos da rua agora também não os fazem, só milagrices. E fico pensando porque razão os meus antepassados tiveram tal privilégio de ver milagres tão grandes e nós, os seus descendentes, precisando tanto deles, não temos tal privilégio. Mudaram os tempos, sim, mas não a necessidade dos milagres.

Nem profetas aparecem mais por aqui... Estamos parcos de notícias tuas, de quem se perceba que fale realmente em teu nome.

Pai... Milagre seria, por exemplo, a Lua sumir nos céus por 28 dias completos, e nosso planeta não sair da órbita em que está por falta da massa da Lua. Outro milagre que poderias fazer seria, por exemplo, do dia para a noite mandares secas para o oceano e levar para o nordeste do Brasil a água de que tanto necessita, assim de repente, porque quem governa não está preocupada com isso. Outro dos bons milagres seria de, um dia para a noite, assim de repente, o Lula começar a fazer contas de extrair raízes quadradas e cúbicas e falar inglês, numa dicção perfeita, com bons miolos e pensamentos, confessando tudo o que fez em benefício próprio ou das empresas que o elegeram. Mas não te metes em política, eu sei, senão...  
Ah... Como seriam diferentes os políticos se te metesses em política... Esse milagre já me satisfaria assaz, um bocado, bastante... A mim só não... A sete bilhões e meio de teus filhos...

Pai... Precisamos de um grande, enorme, fantástico milagre, e não sei se notaste, mas já falo em nome de sete bilhões e meio de teus filhos, o que não é pouca coisa. Se fizeste milagres no passado como dizem os que falam em teu nome, para meia dúzia de habitantes deste cada vez mais pobre planeta, com muito mais razão os farias agora. Não é verdade? ... Um grande milagre, dos bons... Estou pensando num outro...

Que tal, por exemplo, do dia para a noite, todos os sacerdotes pedófilos, e por extensão, todos os pedófilos do mundo amanhecerem com bolinhas de todas as cores, bem vivas, espalhadas pelo corpo, de forma a não poderem negar que são pedófilos e abusam das criancinhas?

Ou então, que todos os políticos corruptos, porque corromperam ou foram corrompidos, ou sabem da corrupção e ficam calados, amanhecessem, do dia para a noite, com o nome “corrupto” na testa, em relevo bem alto, que até invisual, impossibilitado de ver, enxergar, ao passar a mão pelas suas testas pudesse ler que são corruptos? Ou então, quem sabe, poderias fazê-los subir ao Sol – aos céus não, por favor – em carruagens de fogo, para perecerem esturricados naquela fornalha ardente... É muito violento isto, não é? Mas sabes bem que a violência que praticam é muito maior e desproporcional ao que esta seria, porque por falta de recursos há crimes, doenças, privações, iniquidades que enchem as páginas dos jornais, e as bocas do povo dos bairros. Não permitas que calem estas bocas, controlem as máquinas fotográficas que mandam os sons e as imagens para a net, nem acabem com a liberdade dos jornais.

Pai... Precisamos realmente de milagres. Até dispensamos mais profetas, sacerdotes, pastores e “são bernardos”, daqueles que andam sempre com um barrilzinho de conhaque preso no pescoço, nem ninguém que venha falar com os animaizinhos e os peixinhos. A propósito, andamos até meio que preocupados com essa coisa de santos, porque dantes, eram todos da Europa. Agora estão criando santos na América Latina, aos montes e apressadamente,  e não sabemos bem porquê. Será que é porque a Europa está abandonando a religião, anda com dinheiro curto, contado e deixando de pagar os dízimos e por aqui ainda os pagam? Se for, Pai... Estamos muito mal, porque até o bom senso perderam os santificadores, se é que algum dia o tiveram realmente.

Olha, Pai... Nem precisava eu ter escrito isto, porque como Deus que és, sabes o que penso.  Mas eu precisava desabafar. E até te sugiro, me perdoa, que, se por acaso achares necessário, não mandes outro dilúvio sobre a Terra. Até hoje estão procurando a arca do Noé, ou Gilgamesh, e um destes dois deve ter errado muito porque nos deram uma descendência que é a que vês – e também vemos - por toda a parte. Como sei que não te repetes, creio que desse milagre estamos livres desta vez.

Do teu servo, humildemente,

Eu.

PS – Já mandei uma carta ao Papai Noel, mas me respondeu um cara lá da Noruega dizendo que isso não era com ele: As renas não têm asas e o pó de perlimpimpim da Sininho não funciona mais. Só nos gibis do Walt Disney, mas isto não é milagre. É desenho animado.

Rui Rodrigues


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