O messianismo político na América do
Sul
Jesus pretendia ser o Messias, escolhendo doze apóstolos – não onze nem treze – porque doze eram as tribos de Israel e cada um deles deveria governar uma tribo de Israel. Os doze escolhidos entre familiares e amigos, de "insuspeitado" nepotismo, acrescidos de Maria Madalena, a apóstola preferida de Jesus.
Como Messias, o “ungido”, seria rei de Israel, segundo as previsões de Isaías [1] - conforme lidas por Jesus quando leu a lição na Sinagoga de Nazaré - se não considerarmos o final da previsão de Isaías quando disse que seria o dia da vingança de Deus (ver no final deste texto). A realidade é que o reino não veio, os romanos republicanos continuaram em Israel, e pior ainda, mil e novecentos anos se passariam até que a terra de Canaã voltasse a pertencer não ao reino, mas à República de Israel, e mesmo assim, não em sua totalidade. Jesus foi crucificado. Nota-se a preocupação de Jesus com os pobres e as desamparadas viúvas. O messianismo traria a redenção para todos estes e deles seria o futuro reino.
A democracia, tal como a
conhecemos no mundo capitalista permite que pobres, ricos, viúvas, qualquer
pessoa possa assumir o governo já não dos reinos, mas das repúblicas. Aquela
“democracia” dos tempos do comunismo, não permitia isto, porque não era o povo
que elegia, mas as forças armadas, ou o politburo, ou a troika, ou os ditadores
que indicavam os sucessores. De qualquer forma, quem governa de fato é quem
indica ao cargo, quem suporta financeiramente a propaganda para a eleição: São
os bancos, as empresas construtoras, as empresas mais ricas. A eleição
democrática é uma competição entre empresas. Os eleitos não mandam nada, ou
apenas muito pouco quase nada, mas detêm o prestígio de serem os eleitos, os
“ungidos”.
Pinochet no Chile queria – e
conseguiu – ser eleito “democraticamente” como senador vitalício, tendo
enriquecido em sua ditadura truculenta, com gorda conta na Suíça. Ninguém
acredita que tenha sido um ato democrático; Eva Perón, na Argentina foi a
“messias” dos argentinos e permitiu ao marido, Perón, também populista, o
sucesso de se eleger presidente; Nestor Kirshner morreu, e a viúva Cristina
reina hoje na Argentina onde tenta subverter a lei e a ordem através da
minimização da importância da liberdade de imprensa e do poder Legislativo, já
que deste modo se “governa” sem problemas; Hugo Chavez da Venezuela morreu
depois de ter estendido o período de governo para seis anos tentando tornar-se
vitalício e seu sucessor Maduro já chegou a ver Hugo ressuscitado como um
passarinho azul; Fidel Castro há 54 anos no Governo, passou o trono de Cuba
para seu irmão Raúl; Evo Morales da Bolívia está no poder desde 2005 e não pretende
largá-lo; no Brasil Lula da Silva indicou Dilma que também se elegeu, ambos os
“messias” do PT. Em todos estes países se questiona a apuração de votos nas
eleições, mas, mesmo que tenham sido votos válidos e livres, é a esperança que
rege as eleições. É a esperança de um mundo melhor, já ou em curto prazo, mas
sempre e de certa forma, imediato.
Depois de Jesus, apareceram
alguns homens e mulheres neste mundo que teriam feito milagres. O “apóstolo”
Valdomiro – não se sabe quem o ungiu – faz milagres todos os dias, e não seria
de admirar se um dia se tornar presidente, no que pese a concorrência do Bispo
Macedo (este também não sabemos quem o elegeu com este título mais modesto do
que o de Valdomiro), mas ambos podem, com tanto dinheiro doado pelos fiéis,
conseguir eleger-se como presidentes, já que na Igreja Católica os milagres
andam bastante escassos, e os santos já não são tão milagreiros, talvez porque
os transformaram em estátuas de barro, de madeira, de qualquer material, todos
com ares angelicais, bem pintados, com coroas e halos de santidade. Nenhum com
forma de passarinho, nem mesmo Francisco, que falava com pássaros e pregava
sermões aos coitados dos peixes, sempre alheios ao que se passa para lá da
linha da água dos lagos em que vivem, certamente o céu deles.
Entre os messias da América
Latina, há de tudo, desde torneiros mecânicos a militares, motoristas de
caminhão, coletores de folhas das quais se extrai a cocaína, economista que
falsificou, sem querer, o seu currículo para indicar que tinha pós-graduação,
ex-guerrilheira que não se sabe como passou nas provas da universidade. Se
fizesse prova hoje, de certeza não passaria, assim como foram reprovados
advogados e médicos aos montões. Todos os eleitos achando-se dotados e que
podem resolver todos os problemas dos cidadãos. O tempo passa e não resolvem
nada. Os adeptos, fiéis, esperam pelo dia do juízo final, quando os reinos em
que vivem terão justiça e os maus serão castigados. Buscam ainda a definição de
“maus” e de "justiça".
O que vem a seguir, com todo
este messianismo, precisando-se tanto de segurança, saúde pública, água,
esgotos, educação, trabalho?
Vinde ouvir o que dizem de
ti, ver no que te transformaram e que profetas e santos não fazem milagres em sua própria terra,
Rui Rodrigues
Jesus rejeitado em Nazaré
14 Jesus voltou
para a Galileia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a
sua fama.
16 Ele foi a
Nazaré, onde havia sido criado e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era
seu costume. E levantou-se para ler.
18 "O
Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas
aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da
vista aos cegos, para libertar os oprimidos.
20 Então ele
fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos
tinham os olhos fitos nele;
22 Todos falavam
bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios.
Mas perguntavam: "Não é este o filho de José?"
23 Jesus lhes
disse: "É claro que vocês me citarão este provérbio: 'Médico, cura-te a ti
mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum' ".
25 Asseguro a
vocês que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi
fechado por três anos e meio e houve uma grande fome em toda a terra.
26 Contudo,
Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região
de Sidom.
27 Também havia
muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles
foi purificado - somente Naamã, o sírio".
29 Levantaram-se,
expulsaram-no da cidade e o levaram até o topo da colina sobre a qual fora
construída a cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo.
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