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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O messianismo político na América do Sul


O messianismo político na América do Sul

Jesus pretendia ser o Messias, escolhendo doze apóstolos – não onze nem treze – porque doze eram as tribos de Israel e cada um deles deveria governar uma tribo de Israel. Os doze escolhidos entre familiares e amigos, de "insuspeitado" nepotismo, acrescidos de Maria Madalena, a apóstola preferida de Jesus. 


Como Messias, o “ungido”, seria rei de Israel, segundo as previsões de Isaías [1] - conforme lidas por Jesus quando leu a lição na Sinagoga de Nazaré - se não considerarmos o final da previsão de Isaías quando disse que seria o dia da vingança de Deus (ver no final deste texto). A realidade é que o reino não veio, os romanos republicanos continuaram em Israel, e pior ainda, mil e novecentos anos se passariam até que a terra de Canaã voltasse a pertencer não ao reino, mas à República de Israel, e mesmo assim, não em sua totalidade. Jesus foi crucificado. Nota-se a preocupação de Jesus com os pobres e as desamparadas viúvas. O messianismo traria a redenção para todos estes e deles seria o futuro reino. 

A democracia, tal como a conhecemos no mundo capitalista permite que pobres, ricos, viúvas, qualquer pessoa possa assumir o governo já não dos reinos, mas das repúblicas. Aquela “democracia” dos tempos do comunismo, não permitia isto, porque não era o povo que elegia, mas as forças armadas, ou o politburo, ou a troika, ou os ditadores que indicavam os sucessores. De qualquer forma, quem governa de fato é quem indica ao cargo, quem suporta financeiramente a propaganda para a eleição: São os bancos, as empresas construtoras, as empresas mais ricas. A eleição democrática é uma competição entre empresas. Os eleitos não mandam nada, ou apenas muito pouco quase nada, mas detêm o prestígio de serem os eleitos, os “ungidos”.

Pinochet no Chile queria – e conseguiu – ser eleito “democraticamente” como senador vitalício, tendo enriquecido em sua ditadura truculenta, com gorda conta na Suíça. Ninguém acredita que tenha sido um ato democrático; Eva Perón, na Argentina foi a “messias” dos argentinos e permitiu ao marido, Perón, também populista, o sucesso de se eleger presidente; Nestor Kirshner morreu, e a viúva Cristina reina hoje na Argentina onde tenta subverter a lei e a ordem através da minimização da importância da liberdade de imprensa e do poder Legislativo, já que deste modo se “governa” sem problemas; Hugo Chavez da Venezuela morreu depois de ter estendido o período de governo para seis anos tentando tornar-se vitalício e seu sucessor Maduro já chegou a ver Hugo ressuscitado como um passarinho azul; Fidel Castro há 54 anos no Governo, passou o trono de Cuba para seu irmão Raúl; Evo Morales da Bolívia está no poder desde 2005 e não pretende largá-lo; no Brasil Lula da Silva indicou Dilma que também se elegeu, ambos os “messias” do PT. Em todos estes países se questiona a apuração de votos nas eleições, mas, mesmo que tenham sido votos válidos e livres, é a esperança que rege as eleições. É a esperança de um mundo melhor, já ou em curto prazo, mas sempre e de certa forma, imediato.

Depois de Jesus, apareceram alguns homens e mulheres neste mundo que teriam feito milagres. O “apóstolo” Valdomiro – não se sabe quem o ungiu – faz milagres todos os dias, e não seria de admirar se um dia se tornar presidente, no que pese a concorrência do Bispo Macedo (este também não sabemos quem o elegeu com este título mais modesto do que o de Valdomiro), mas ambos podem, com tanto dinheiro doado pelos fiéis, conseguir eleger-se como presidentes, já que na Igreja Católica os milagres andam bastante escassos, e os santos já não são tão milagreiros, talvez porque os transformaram em estátuas de barro, de madeira, de qualquer material, todos com ares angelicais, bem pintados, com coroas e halos de santidade. Nenhum com forma de passarinho, nem mesmo Francisco, que falava com pássaros e pregava sermões aos coitados dos peixes, sempre alheios ao que se passa para lá da linha da água dos lagos em que vivem, certamente o céu deles. 

Entre os messias da América Latina, há de tudo, desde torneiros mecânicos a militares, motoristas de caminhão, coletores de folhas das quais se extrai a cocaína, economista que falsificou, sem querer, o seu currículo para indicar que tinha pós-graduação, ex-guerrilheira que não se sabe como passou nas provas da universidade. Se fizesse prova hoje, de certeza não passaria, assim como foram reprovados advogados e médicos aos montões. Todos os eleitos achando-se dotados e que podem resolver todos os problemas dos cidadãos. O tempo passa e não resolvem nada. Os adeptos, fiéis, esperam pelo dia do juízo final, quando os reinos em que vivem terão justiça e os maus serão castigados. Buscam ainda a definição de “maus” e de "justiça".
O que vem a seguir, com todo este messianismo, precisando-se tanto de segurança, saúde pública, água, esgotos, educação, trabalho?

Vinde ouvir o que dizem de ti, ver no que te transformaram e que profetas e santos não fazem milagres em sua própria terra, 


Rui Rodrigues


Jesus rejeitado em Nazaré

14 Jesus voltou para a Galileia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama.
15 Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam.
16 Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler.
17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito:
18 "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos.
19 e proclamar o ano da graça do Senhor".
20 Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele;
21 e ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir".
22 Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: "Não é este o filho de José?"
23 Jesus lhes disse: "É claro que vocês me citarão este provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum' ".
24 Continuou ele: "Digo a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra.
25 Asseguro a vocês que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio e houve uma grande fome em toda a terra.
26 Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.
27 Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado - somente Naamã, o sírio".
28 Todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos quando ouviram isso.
29 Levantaram-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o topo da colina sobre a qual fora construída a cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo.
30 Mas Jesus passou por entre eles e retirou-se.



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