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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O mistério das ilhas Flannan.e sir Conan Doyle.


O mistério das ilhas Flannan.


Imagine um conjunto de ilhas no Atlântico Norte a cerca de 44 km da costa da Escócia [1]. Aquele mar é bravio, cheio de tempestades, baixas temperaturas, muita névoa que impedia que fossem vistas do mar por embarcações muitas delas já com motores a vapor. Em Eilean Mor, a maior das Flannan, o governo de sua Majestade mandou construir um enorme farol que ficou pronto em um ano para evitar os constantes naufrágios. A partir da inauguração grupos de 3 a 4 homens arregimentados numa pequena povoação e pescadores do continente, localizada no cabo Wrath, se revezavam em turnos de 14 dias para cuidar das instalações e do farol cuja luz era visível desde o cabo. Uma eventual falha na iluminação do farol seria motivo imediato para que tripulação de terra fosse até a ilha Eilean para verificar se tudo estava em ordem. Ninguém agüentava mais que 14 dias numa ilha minúscula em meio a oceano bravio, isolada de qualquer comunicação de terra. Para passar o tempo jogavam cartas, tomavam uísque, pescavam e cuidavam de uma pequena horta e um casal de ovelhas. A ilha não dava para muito mais e não tinha uma árvore sequer. Há ruínas celtas na ilha e de um mosteiro que lhe deu o nome por causa de um frade que o dirigiu de nome Flannan. A ilha tinha fama de estranha e assustadora. Era este o cenário no dia 7 de dezembro de 1900 e os fatos que ocorreram a seguir se ordenam na seguinte forma:


O acesso ao farol - A ilha era escarpada, pedras de linhas afiadas. Havia uma corda para facilitar o acesso no melhor ponto de embarque. Tentar desembarcar sozinho era impossível, porque não haveria ninguém para cuidar da embarcação. Depois de desembarcar subia-se por lances de escadas rudimentares construídas sobre os rochedos. A paisagem era tétrica à noite mesmo com o farol aceso principalmente quando havia neblina. As inspeções rotineiras de Robert Muhirhead obrigavam-no a fazer viagens extras durante os períodos de 14 dias, mas com a aproximação da data tradicional do Natal ninguém esperava que fizesse uma viagem de inspeção. E como não se podia observar o farol por causa da neblina ficou fora de cogitação avisar as autoridades para se deslocarem à ilha para averiguações. Se houvesse problemas, porém com visibilidade, as observações com luneta os detectariam. Na ilha havia instruções para hastear uma bandeira de aviso nesses casos.

Dia 7 de dezembro de 1900 – Chega à ilha James Ducat um dos recrutados nas vilas da região da costa noroeste da Escócia para mais um período de 14 dias como responsável pela operação e manutenção das instalações da ilha e do Farol. O Inverno estava começando e logo seria dia de Natal. Chegou com vontade de voltar. Com ele chegaram também Thomas Marshall seu segundo assistente e Donald Macarthur como primeiro assistente em substituição de William Ross que adoecera e ficara em terra. Robert Muhirhead como Superintendente do farol acompanhou-os também, mas voltaria com a embarcação. 

William passaria o Natal em casa com toda certeza. Todas as embarcações com motor de popa deveriam carregar a bordo um motor sobressalente. O da embarcação que levou a tripulação à ilha de Eilean foi deixado nas instalações do rústico porto de Gallan Head na costa Oeste, que dava apoio ao pessoal do farol. Motores de popa em 1900? Há que esclarecer que os primeiros motores de popa movidos a gasolina – Os “American”, produzidos pela American Motor Co. de Long Island - foram colocados à venda em 1896, e a partir daí, de vários fabricantes como o 1898 Savage, criado por Edward Savage,  o 1898 de quatro cilindros de popa de Harry Miller, o 1900 imperial, criado pelos irmãos Fred e Robert Valentine, o 1906 Waterman Porto. 

O American podia ser carregado facilmente num braço só. Donald Macarthur que fora chamado às pressas para substituir William Ross que adoecera, comentou para o chefe James Ducat que não estava muito disposto a jogar cartas a dinheiro. Suas finanças andavam mal por motivos que todos conheciam e seu humor não era dos melhores. Todos entendiam isso principalmente em data como essa: Passariam o Natal fora de casa. Ainda surdos pelo barulho do motor a dois tempos que os levara até a ilha, começaram a escrever numa lousa [2] na parede os dados que depois de acordados entre todos, transporiam para o relatório diário. Ainda estavam meio grogues pela viagem e pelos primeiros vapores de gasolina que aspiravam. Após verificar as instalações, Robert Muhirhead teve uma breve discussão com James Ducat sobre limpeza e procedimentos, mas se despediu cordialmente de todos e voltou para Gallan Head. Todos o reconheciam como um homem rígido em suas inspeções de rotina. Foi a ultima pessoa a vê-los vivos.


Dia 12 de dezembro de 1900 – Desde o dia 08 de dezembro que uma espessa neblina impedia a visão do Farol desde Gallan Head. No dia 12 o tempo amainou e foi possível ver o farol em funcionamento. A partir desse dia, não se voltou a poder ver o farol. O tempo impedia, a neblina não se desfazia.

Dia 15 de dezembro de 1900 – Desde o dia 7 que havia neblina na região das ilhas e de terra não podia ser visto, exceto por breves momentos no dia 12. No dia 15 o navio Archtor comandado pelo capitão Holman a caminho do Porto de Leith na Escócia, passou em frente ao farol e constatou que estava apagado. Comunicou imediatamente á Cosmopolitan Line Steamers, a empresa armadora, mas esta não conseguiu se comunicar com o pessoal de terra de Gallan Head por causa de tempestades que impediram as comunicações. Outras embarcações passaram pelo local nos dias seguintes e constataram que o farol continuava apagado. Normalmente costumava piscar duas vezes a cada 30 segundos, mas até dia 29 o tempo não se alterou e a neblina continuaria espessa, indevassável.

Dia 21 de dezembro de 1900 – Um navio de resgate, provavelmente o Hesperus, tentou chegar à ilha Eilean, mas o mau tempo impediu o desembarque. O farol estava desligado.



Dia 26 de dezembro de 1900 - O navio a vapor de manutenção de faróis Hesperus fez uma viagem de rotina à ilha de Eilean no dia 26 de dezembro vinda da povoação de Brascelet. Talvez não fosse apenas de rotina. Poderia ter sido pelo comunicado do Archtor que no dia 15 noticiara que o farol estava apagado. O capitão Harvey mandou disparar um foguete de aviso e soar a sirene sem resposta. Então pela tarde mandou um oficial, Joseph Moore, à ilha para averiguar a situação. Segundo Moore não havia sinais de vida na ilha. Seguindo ordens de Harvey, Moore voltou à ilha com mais alguns homens: Mr. McDonald e dois marinheiros sob suas ordens, Lamont e Campbell todos voluntários para ficarem na ilha enquanto fosse necessário e garantir o funcionamento do farol. O Comandante Harvey não desembarcou. Não foi testemunha das condições em que se encontrava a ilha, as instalações e o farol. A primeira pessoa a ver o estado das instalações foi Joseph Moore, o chefe da equipe voluntária. Ele tinha um jogo de chaves sobressalente do farol e das instalações da ilha.


28 de dezembro de 1900 – Alertados pelas comunicações do comandante Harvey, a Superintendência de Faróis manda Robert Muirhead, o superintendente de volta á ilha onde tinha deixado a tripulação no dia 7 de dezembro para investigar.  No relatório Robert Muirhead conta que a porta estava fechada pelo lado de fora, o que era estranho. Lá dentro a mesa estava posta, tudo arrumado. No livro diário havia anotações até o dia 13 de dezembro. No quadro de ardósia havia anotações do dia 14 e 15 que deveriam ser lançadas após decisão do grupo de que estavam corretas. As anotações do dia 14 davam conta de uma forte tempestade que havia terminado na manhã do dia 15. Constavam ainda anotações de leitura de termômetro, barômetro e indicação dos ventos. A lâmpada do farol estava pronta para ser acesa, as camas vazias e bem arrumadas. Não havia fogo nas lareiras. Sobre a mesa uma refeição preparada e intacta. A ultima anotação a giz no quadro fazia referência à velocidade dos ventos às 9:00 da manhã do dia 15 antes da passagem do Harchtor ao largo da ilha por volta da meia noite. Robert Muhirhead concluiu que a tripulação tivesse saído das instalações do farol por qualquer motivo ou mais provavelmente para verificar eventuais danos e tivesse sido apanhada por uma tempestade, jogada ao mar. O que quer que tenha acontecido teria sido entre as 09 da manhã do dia 15 e a meia noite desse dia quando o navio Archtor passou e viu o farol desligado. As autoridades aceitaram esta versão e as famílias das vítimas choraram e enterraram seus mortos.    


O relatório - O teor do relatório oficial é o seguinte:

"... As lâmpadas estão limpas e o equipamento em perfeito estado de funcionamento. Há combustível para funcionamento do farol e parece estar preparado para utilização. Na sala de operações encontramos uma cadeira caída perto da mesa. Havia um baralho espalhado pelo chão e uma garrafa quebrada.
No alojamento abrimos os armários onde encontramos roupas pertencentes aos guardiões. Duas capas de chuva e um par de galochas estão faltando.
O telhado da casa parece ter sido atingido com força pela tempestade e apresenta goteiras em vários pontos. Móveis foram movidos fora da posição original, segundo Moore que esteve aqui na véspera do dia 13 de dezembro. A pistola de sinalização não foi encontrada, nem os apitos de sinal.
A casa de barcos foi seriamente avariada pela tempestade. O bote foi danificado, bóias estavam espalhadas para todo lado e o equipamento que era mantido ali foi revirado. Não há nenhum sinal dos empregados do farol. Apesar da bagunça, não há nenhum indício de luta ou desentendimento".  

O inquérito concluiu o seguinte: 

“... todos as tarefas rotineiras foram realizadas. As grandes lâmpadas na torre de vigília estavam limpas e abastecidas para a próxima noite. O mecanismo estava em perfeito estado e havia sido limpo após a luz ter sido apagada pela última vez, o que demonstra que o trabalho estava sendo conduzido perfeitamente. Isso leva a crer que o que quer que tenha acontecido, teve lugar durante a manhã ou até a meia noite.
Dois vigias ouvidos durante o inquérito concluíram a seguinte sucessão de acontecimentos: provavelmente McArthur havia sido o último a ficar na casa, pois estava em seu turno de guarda à tarde. Ducat e Marshall teriam saído para verificar o equipamento na Casa de Barcos avariado pela tempestade na noite anterior. De seu posto de observação McArthur teria visto uma série de ondas se formando e correu para avisar seus colegas do perigo. Quando eles não ouviram seu alerta, ele resolveu ir até o lado de fora e avisá-los. Infelizmente ele não calculou bem o tempo que teria para chegar até eles e retornar antes da chegada das ondas. Os três acabaram alcançados e carregados para o mar onde provavelmente se afogaram.”

Março de 1901- Uma visita técnica a uma residência em Hindead no Surrey.



William Murdock era secretário do escritório da Northern Lighthouse Board. Era sua a responsabilidade de um relatório convincente que suportasse a eficiência e a credibilidade de sua companhia responsável pelo funcionamento do farol das Flannan. Já tinha os relatórios de seu pessoal, a polícia não se opunha às conclusões, mas queria ter certeza de não haver nenhum ponto que pudesse ser contestado no futuro. Alem do mais o que o movia era a curiosidade de saber o que realmente poderia ter acontecido. De fato.
O melhor consultor que poderia ter chamava-se Conan Doyle e morava com sua esposa numa casa que mandara construir em Hindead a escassos 80 km de Londres. Uma casa vitoriana desenhada por ele mesmo onde vivia desde 1897. Foi recebido pelo casal. O tema da visita já tinha sido discutido previamente quando marcou a visita. Conan mostrou-se muito interessado. Mandou servir um chá importado do Ceilão. A conversa seguiu num tom interessante e sem emoções.

- Sabe, Mr. Murdock – disse Conan – Há coisas que não vale a pena mexer, porque podem incomodar investidores, futuros clientes, acabar com uma empresa. Tal como noticiado nos jornais a história parece verossímil. Até eu acreditei, acredite!
Conan denotava um certo semblante de ceticismo, como uma sombra que lhe toldava o olhar.
- Mas acredita que pode haver outras hipóteses... Não, sir Conan Doyle?
- Sim! Tenho acompanhado o assunto, mas não creio que gostasse de ouvir o que tenho para dizer. Há várias hipóteses, sendo uma a oficial, de ondas gigantes que jogaram a tripulação ao mar, e todas as outras de crime a sangue frio.
- E quais seriam? Perguntou Murdock.
- Gallan Head tem o quê? 40, 60, 100 pessoas vivendo lá? O que fazem no inverno senão ficar em casa todo o tempo possível? Mas uma mulher diz ter visto enormes ondas como se fossem uma enorme parede vindo do oceano. Porém, como a costa é muito alta por lá, ninguém deve ter escutado o barulho por estarem dormindo. Isso foi na noite do dia 14 de dezembro de 1900. As anotações para relatório no quadro de ardósia da ilha Eilean contam dessa tempestade que só teria acabado na manhã do dia 15, quando todos os homens desapareceram. Faz sentido para todos, e isso não é motivo de preocupação para sua empresa... Porém...  


A primeira hipótese de crime.

Conan Doyle com seus 42 anos, foi deixando o assunto fluir como se estivesse no local do crime.
... Porém imagine você – continuou sir Conan Doyle – que esses homens certamente se conheciam de terra. Jogavam e bebiam juntos. Poderiam ter dívidas de jogo, algumas impagáveis. Por isso imaginemos pares de devedores que querem eliminar credores ou credores que sabendo ser impossível cobrar a dívida, resolvem eliminar os devedores... Porém, para chegarem à ilha, caso estivessem em terra, teriam que ser dois por causa do difícil acesso.
- Robert Muhirhead e o rapaz que estaria doente, mas não tanto, o William Ross – adiantou-se Murdock.
= Exatamente meu caro Murdock. Mas se não William, o rapaz que nada avisou sobre a falha do farol porque não estaria em Gallan Head, o senhor Roderick MacKenzie.
- Mas como teriam chegado à ilha?
- Usando esses novos motores de popa que pouca gente conhece. A companhia tinha um desses sobressalentes em Gallan Head. E continuou:
- Uma vez desembarcados pela manhã do dia 15 quando a tempestade estava amainada, desembarcaram e apanharam a tripulação desprevenida. Atiraram neles, jogaram ao mar, e por questão de princípios, Robert Muhirhead zeloso de coisas arrumadas, deu um jeito na casa deixando tudo nos devidos lugares. Tanto quanto puderam. 
- Mas... E se apenas Robert Muhirhead estivesse interessado em eliminar alguém do grupo ou todos eles para não ser denunciado sobre jogo e bebida?
- Então, meu caro Murdock, vem a segunda hipótese...

A segunda hipótese de crime

... Robert Muhirhead tinha um comparsa que o aguardava na ilha e o teria ajudado a desembarcar – Continuou sir Conan em sua explanação.
- Sim... Qualquer um dos três primeiros que desembarcaram na ilha. James Ducat, Thomas Marshall ou Donald Macarthur - atalhou Murdock.
Conan Doyle serviu-se ele mesmo de uma xícara de chá e indicou o bule com um gesto largo para Murdock convidando-o a tomar também mais uma. E continuou:
- Como tudo estava arrumado, parece ser que a luta, a ter existido, foi muito rápida e de surpresa. A porta trancada pelo lado de fora pode indicar que Robert Muirhead tenha desembarcado avisando aos outros que os vinha buscar, retirar dali. Apanhados desprevenidos teriam sido mortos facilmente. Ou...
- Ainda mais uma hipótese, sir Conan? Apressou-se Murdock em perguntar.
- Sim, meu caro. Há mais uma hipótese...

A terceira hipótese de crime.

... Lembre-se, caro Murdock, que o capitão Harvey do  Hesperus, de sua companhia, não desembarcou na ilha no dia 26 de dezembro. Foi Joseph Moore quem o fez com dois marinheiros a ele subordinados e arregimentados no continente ou na ilha de Lewis a meio caminho do continente. Ele tinha uma cópia das chaves do farol e das instalações, o que não deixa de ser estranho, e estava previsto que desembarcasse na ilha no dia 21. O mau tempo não permitiu. Ninguém se preocupou em saber onde estava entre 7 e 15 de dezembro de 1900. Ele poderia ter usado um motor de popa, tal como Muhirhead também poderia. Mudando os autores, o cenário poderia ter sido o mesmo das duas hipóteses anteriores. Dívidas de jogo com uísque e isolamento numa ilha ou numa pequena povoação costeira são ingredientes mais que suficientes para explicar um crime desses. Sem evidentemente descartarmos a hipótese de um envolvimento amoroso com alguma mulher da vila. Ah!... Só mais um móbil para o crime: O pessoal achava que Muhirhead era muito exigente e ele tinha discutido com James Ducat. Por só temos o testemunho de Muhirhead sobre a discussão é possível que as ofensas se tenham estendido até um nível insuportável. Ele teria voltado para pôr fim a ameaças.
- Brilhante sir Conan Doyle... Brilhante!
- Mas não é tudo...
- Não? Perguntou Murdock com certa admiração no olhar perscrutador.
- Há mais uma hipótese de crime, e esta poria em risco a sua empresa...
O rosto de Murdock ficou ligeiramente pálido.


A quarta hipótese de crime.  

Sir Conan Doyle continuou.
... Bismark foi deposto pelo Kaiser Guilherme II há poucos anos, mais precisamente em março de 1890. Onze anos apenas. Para mim, essa deposição foi um erro. Bismark tinha institucionalizado a previdência social para impedir o crescimento do socialismo mais extremo, o comunismo e nós, ingleses somos parte da “Triple Entente” juntamente com a França e a Rússia para nos opormos às tendências bélicas alemãs e à sua nova forma de governo, a social democracia com fortes bases nacionalistas. O crescimento de sindicatos no Reino Unido seria uma catástrofe no momento. Conan fez uma pausa, apanhou um charuto de uma fina caixa de madeira, ofereceu um a Murdock e acendeu um charuto. Depois de dar uma baforada espalhando fumaça e um cheiro agradável pela sala, continuou:
- A ilha de Eilean é praticamente nosso ultimo posto avançado sobre o atlântico, rota de navios que transitam entre a América, o Reino Unido e o mar do norte a caminho da Alemanha. Já viu onde quero chegar?
Murdock estava inquieto, ajeitou-se na cadeira vitoriana. Tentou demonstrar calma. Conseguia controlar razoavelmente seus temores, seus sentimentos. Disse: - Siga, sir Conan... Continue. Conheço-o suficientemente bem para saber que é digno de todo o crédito...
- Grato, caro senhor Murdock. Mas continuemos o raciocínio. James Ducat não gostava dos métodos de Muirhead. Haviam discutido por aparentemente dois motivos: Não agüentava mais as estadias prolongadas na ilha nem o que considerava serem exageros de Muirhead suas cobranças sobre a perfeição no comportamento profissional no trabalho. James Ducat era um sindicalista e isso para a sua empresa era insuportável. O momento certo para eliminá-lo foi exatamente quando fez parte da primeira turma que assumiu o controle do farol. Ele receberia instruções para desenvolvimento e implantação de políticas no Reino Unido via comunicação de barcos alemães que passavam nas imediações. Muhirhead ou Joseph Moore teriam praticado o crime tal como nas demais hipóteses. Apenas mudaria o móbil do crime.
Murdock mexeu-se mais uma vez na cadeira ficando ligeiramente alterado. Sir Conan Doyle acalmou-o.
- Mas fique tranqüilo, caro Murdock! Não vou questionar se isso é verdade nem que teria mandado abater James Ducat. São meras hipóteses que apenas eu devo ter levantado e mesmo assim em completo sigilo entre eu e você. Não irá para os jornais.



A entrevista estava terminada. Não havia mais nada a dizer. Há 115 anos que se procura saber o que aconteceu naquele dia 15 de dezembro de 1900. Um grande mistério por vezes com uma explicação muito simples: Ondas gigantes que teriam jogado ao mar 3 homens. Mas como explicar a porta fechada pelo lado de fora, uma barreira de móveis no meio da sala como se alguém se prevenisse de um ataque, o relógio parado, e o fato de a lareira da cozinha estar acesa e as dos quartos e sala mostrarem que não eram usadas há dias - quando Moore desembarcou na ilha - fatos omitidos no relatório final? Se houve crime, quem o perpetrou teve tempo suficiente para alterar a cena. Uma tempestade não teria feito isso.

® Rui Rodrigues  








[1] Ou cerca de 24 milhas náuticas.
[2] Quadro negro feito de ardósia. 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carnaval 2015






Quem deu uma olhada no carnaval de 2015 deve ter se lembrado imediatamente de Wilza Carla, a simpática artista já falecida que fez parte do elenco de Saramandaia nos tempos da revista Manchete. Deve ter tido a impressão que nosso povo ficou mais forte, mais varonil de encantos mil.

Houve quem pensasse que se tratava de um principio de apagão e a tela tivesse ficado mais larga do que alta, que os seus olhos tivessem engordado ou que este carnaval tivesse sido feito apenas paras as avozinhas das alas das baianas, mas não... A verdade é que estamos na era Maquidônalds de gente saudável, malhada em academias aposentando assim as velhas cabrochas e madrinhas de bateria dos tempos da garota de Ipanema.

Devem ter sentido a falta daquela moça sem calcinha ao lado do presidente que tinha um topete, de Eike Batista, e de todos aqueles figurões cheios da nota que sempre pagavam por uma suíte presidencial – ou real - do Sambódromo onde a bebida corria solta, ao que parece com o dinheiro do povo brasileiro daquele que corre solto e por fora sem declaração para imposto. Mas quem não sentiu esta falta, deve ter pensado que todo o povo que reclama nas ruas resolveu dar um tempo e se reunir no carnaval em concentrações que lembram festaços de roque como o de Woodstock vulgarmente conhecido como Udistók, mas isso foi em 1969 quando a guerrilha que sucedeu a Lampião andava querendo subverter gente do campo em lutadores comunistas e nem se pensava que alguns deles viessem a aterrorizar a economia capitalista desta nação.

O Carnaval em si parece continuar o mesmo como nos velhos tempos em que se jogava muito no bicho e havia menos droga pesada parecendo até que só há um carnavalesco e um compositor na cidade.
Será muito difícil a atribuição de notas deste ano. Quem sabe, cinco escolas com mesma média de notas igual a 9,00009...

Este ano a suíte mais luxuosa ficou para uma rede que parece ser a mais rica empresa da Nação como se não pagasse impostos.

RR


sábado, 14 de fevereiro de 2015

O Socialismo e o princípio de Heisenberg!



Há realmente coisas impossíveis neste mundo. Mundo é o nosso Universo visível, em que vivemos, e tudo o que conhecemos. Uns de nós têm mais conhecimento que outros e mesmo assim compartilhamos alguns ideais. Interpretemos esses ideais como “vontades” para facilitar a interpretação deste texto, tomando como exemplo a vontade de dois filósofos: Heisenberg e Karl Marx. Heisenberg queria medir a posição e a velocidade de uma partícula qualquer num determinado instante. Karl Marx queria que o capital fosse dividido entre todos de forma praticamente igual, de forma a que todos tivessem um padrão de vida razoável. Nenhum dos dois conseguiu seus intentos. Parece que seus desejos, suas vontades, são impossíveis, ou dito de outra forma mais razoável, têm seus limites.

Comecemos por Heisenberg, de forma resumida.

Imagine uma partícula no espaço que deve ser observada para que se possa medir sua posição no espaço e sua velocidade num determinado momento. Não importa que meios usemos para “olhar” a partícula, precisaremos de um quanta de luz. No momento em que enviamos o quanta sabemos a posição exata da partícula, mas lhe imprimimos mais energia modificando sua velocidade. Este fato comprovado se aplica também à velocidade de forma que se conseguirmos saber a velocidade não poderemos saber com precisão onde ela está exatamente: A maior precisão corresponde à distância entre as cristas do quanta de luz. Mais precisão mais energia para reduzir esta distância entre cristas, mas mais energia corresponde a alterar o estado da partícula. Pode parecer confuso, mas é mais ou menos como tentar ultrapassar a velocidade da luz, outra impossibilidade: Quanto mais aumentamos a velocidade de um corpo mais sua massa aumenta freando a velocidade, impedindo assim que seja ultrapassada. Estes dois fatos tanto são verdade que mandamos foguetes ao espaço e nossas casas estão cheias de equipamentos eletrônicos que sem estas descobertas teriam sido impossíveis.
Resumindo, quanto mais, menos. Heisenberg tem seu nome inscrito como um dos gênios da física por esta descoberta. Chama-se à sua teoria “ Princípio da Incerteza”.

O socialismo também de forma resumida.


Há uma meia dúzia de países que vivem relativamente bem em seus regimes socialistas. Três deles, a Noruega, a Suíça e a Alemanha, têm grandes diferenças em área territorial, em população e no PIB, ou Produto Interno Bruto, que significa toda a riqueza que o país produz. Este valor de PIB varia de ano para ano de acordo com o mercado internacional. Se há crises, o PIB diminui. Se o mercado está favorável, o PIB cresce, a menos que, dentro das fronteiras, por diversos ou qualquer motivo caia a produção, diminuam as exportações aumentem as importações. O mercado internacional faz trocas e cada produto tem o seu valor. Se um sistema político se baseia no capitalismo, cada bem tem um valor de mercado traduzido em moeda. Se a moeda é abolida, pode haver escambo (troca) de bens, mas os “favores” logo se introduzem como moeda. No fundo há sempre uma “moeda” de troca, uma referência em qualquer sistema político.
O sucesso do socialismo nos três países indicados, Noruega Suíça e Alemanha, se deve a uma folga razoável no resultado positivo da balança comercial, que se junta aos impostos para permitir investimento no sistema produtivo, ter reservas para emergências, e pagar os custos do Estado e dos benefícios sociais. Todos que podem trabalham, os que não podem são sustentados pelo sistema. Funcionam bem. Nos demais países com governos socialistas alguma coisa falha: Ou têm gente demais, ou exportam menos do que importam, ou recolhem poucos impostos ou há muita corrupção. É mais ou menos como a partícula à qual queremos medir sua velocidade e sua posição. Ou uma coisa ou outra é tudo o que podemos ter. No caso do socialismo aplicado ao Brasil, e supondo que se mantém a mesma população, seria necessário exportar muito e muito mais (aumentar a produção, investir pesadamente em industria e agro-pecuária criando empregos e gerando maior recolha de impostos) manter os impostos ou até diminuí-los porque já são extraordinariamente altos, e aplicar nas melhorias do estado mantendo às suas custas os que não puderem trabalhar. Tudo isto sob controle e fiscalização coerente e honesta de princípios. A disparidade entre o salário mínimo e os cargos ocupados por políticos não pode ser tão díspar, ou disparatado como é atualmente.

Não há “mágicas” na Física, na matemática ou no modo de gerir uma nação. O que pode haver são lideres que pretendem, querem, exigem que se chegue a um determinado patamar de bem-estar social e da nação sem saberem como chegar lá nem o que é necessário fazer em meio a uma corrupção desenfreada porque, para o estado conseguir apoio tem que pagar propina, comprar votos. Isto não leva a nada a não ser a derrocada da nação o estropiamento das instituições, a deterioração da moral e da ética, o aumento do consumo de drogas, muita gente inativa e falta de recursos para desenvolver a educação, a indústria, o comércio, os transportes, a segurança e saúde públicas. Com todo o respeito por qualquer trabalhador, o lugar do trabalhor sem educação superior não pode ser nos mais altos postos de governo. Estes se destinam a quem têm instrução superior porque são eles que sabem de matemática, de economia, das matérias que são necessárias para saber como está a nação e do que precisa. Votar por simpatia ou beleza, ou pelo sorriso, é jogar o futuro fora. Há quem pense: Pode sim. Trabalhador mesmo sem o primário pode ser presidente ou ocupar ministério porque ele se cerca de gente que entende. Pois a “gente” que entende o engana, mesmo não sendo ele mesmo corrupto e nunca conseguirá saber “porque” deu tudo errado.

Se governar fosse fácil, todos os países estariam bem de vida, todas as famílias viveriam sem problemas, cada cidadão se governaria sem a ajuda do estado, mas pelo contrário é difícil. Quanto maior o conhecimento mais sucesso pode ter uma nação. Cuba é um mau exemplo. Desde a revolução que sobrevive às custas da ajuda de países que se sensibilizaram por sua precariedade em conseguir governar-se, mas pode garantir-se que a causa está na preguiça, na esperteza (que não é o mesmo que inteligência) e na teimosia de seus líderes desde então. A inveja fecha o círculo da catástrofe no poder e para “mostrar” ao mundo que Cuba orgulhosamente vivia bem, baixaram as exigências para obtenção de diplomas, falsificaram os dados estatísticos, prenderam oposicionistas e mandaram outros tantos para a morte no paredão. Ainda hoje a título de solidariedade, mandam cubanos vigiados para o exterior recebendo o Estado cerca de 80% dos salários. Em Cuba não podem pagar nem a centésima parte do que recebem no exterior. O falso “sucesso” cubano foi apenas propaganda do governo, num país de fronteiras fechadas. A mentira foi sempre uma moeda de troca pela ilusão da felicidade cubana. Basta ver os edifícios como estão conservados, o parque automotivo e as industrias que possui. Ilha por ilha, o Japão é um gigantesco gigante capitalista, Cuba um anão “socialista”. De quase 100 países que já foram comunistas, restou apenas a Coréia do Norte governada por um anão gordo. Cuba fez as pazes com os EUA recentemente. Veremos como se desenvolve agora, mas há “coisas” neste mundo que são realmente impossíveis. A filosofia de Carl Marx morreu na prática, pode ser consultada nos alfarrábios de história.Só por curiosidade, karl Marx era casado com uma senhora muito rica, milionária e sempre viveu às custas dela. Ele não trabalhava. Trabalhador era Heisenberg.  




® Rui Rodrigues.     

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sonata do pôr-do-sol, antes do luar.




Caminhou até a praia pelo caminho de terra sem olhá-la nem senti-la. Seus olhos perscrutavam as poucas nuvens pintadas de forma impressionante em cor de rosa e alaranjado pelos últimos raios de sol daquele dia quente de verão, e seus ouvidos, moucos para a paisagem, escutavam o bater das ondas nas frágeis areias da praia que se moviam a cada batida sem que ninguém as notasse. E seu mundo se reduzira a apenas isso. Nada mais existia. Ele, o céu e o mar, e uma paisagem esverdeada que ficara para trás. Quando viu algumas gaivotas palmilhando as areias bordadas por espumas evanescentes, as uniu entre si, como partes da mesma vida que era também a sua. Tudo se dissipa à sua volta por um dia, por um mês, um tempo ou uma vida, assim como o amor quando dá lugar á razão. Uma sombra triste lhe passou pelas frontes batidas pelo vento ao perceber mais uma vez que tudo se modifica na vida e até o amor que se jura acaba por se transformar em razão mesmo quando há razões para ainda se amar. 
Sentou-se á beira das espumas como se fosse uma gaivota e voou tal como elas pelos céus das lembranças. Quando a primeira ensaiou uns passos apressados alçando as asas e se elevou nos ares, seu pensamento não a acompanhou. Estava muitos anos atrás deslocado do tempo do vôo da gaivota. Era um adolescente, jurava juras de amor a sua amada, puro de sentimentos, jurando a si mesmo que jamais deixaria que algo os poluísse. Quando as razões que provocam a razão e assaltam as emoções apareceram em sua vida, tentou acompanhar o vôo da gaivota, mas não a viu mais. Parecia ter-se evaporado, sumido nos ares. Levantou-se num repente e moveu os olhos ora para a direita ora para esquerda tentando ver onde ela se encontrava. Estava longe e descia num mergulho para o mar buscando alimento, pequenos peixes que se deixam apanhar distraídos tal como por diversas vezes acontecera em sua juventude. A vida era feita de caçadas e de fugas. Não reclamava nem se arrependia nem julgava ou sequer culpava fosse quem fosse, o que quer que possa ter sido ou quem nos quês e porquês de sua vida, assim de modo nu e cru em sua pintura da realidade sem os raios de sol que agora se iam pela hora de vésperas, Da praia onde estava até o inicio do caminho cheio de terra que o levaria a casa não iam mais do que duzentos metros. Percorreu-os como criança que ensaia os primeiros passos, um a um de sua vida. Se não pudesse pensar não viveria, e se não vivesse, não haveria no que pensar, de forma tal entendia a tênue membrana do que significava sentir-se viver entre seu corpo e a natureza.

Percebeu os raios de sol no horizonte em seu tremendo esforço em vão para brilharem e se prenderem á paisagem que agora abandonavam. Algumas nuvens não o permitiam, e o planeta em que vivia, girando sempre sem parar, noite e dia, não permitia que continuassem brilhando sem intervalos. A noite era necessária à vida, á sua continuidade, para uns proporcionando descanso porque viveram durante o dia, para outros a vida porque repousaram no dia para evitar a luz. Porque se necessita da escuridão se é na luz que se vive? Julgava-se pertencer a um e a outro reino destes sem distinção, sem preferências. Tanto vivia de noite quanto de dia. Quando estava chegando a casa viu um carro em frente ao portão de entrada. Perguntou-se quem seria àquela hora. O destino ou a sua casualidade ou causalidade lhe abriam mais uma de suas portas secretas. Quem seria, se nem seu vulto nem o do carro faziam parte de suas lembranças?


Junto ao portão, de pé, o vulto era impressionantemente agradável. Uma mulher madura de vestido de seda suave, levemente esvoaçante ao sabor da brisa onde as gaivotas já não voavam nem os pensamentos do passado apareciam e se desvaneciam, os lábios discretamente sensuais tingidos de vermelho. Suas pernas eram elegantes e bem torneadas, os cabelos como véus de incitantes vontades, o colo farto e arfante, uma beleza de cerca de seus quarenta e cinco anos, perdida nos últimos suspiros do dia.
Procurava casas para alugar, gostara daquela e esperava que alguém atendesse a seu chamado. Perguntou-lhe se era o dono. Entraram.

 No dia seguinte voltou à praia no mesmo horário. As poucas nuvens não eram as mesmas do dia anterior nem a pintura era tão impressionista. Não soube dizer-se se a gaivota que quase desaparecia no horizonte seria a mesma do dia anterior. As ondas certamente não eram, mas tinham o mesmo padrão de uma a seguir à outra até sete seguidas espumando espumas evanescentes. Perguntou-se quantas vezes na vida alguma coisa se repetira e encontrou poucas delas, entre fatos, coisas e pessoas. Tudo era diferente a cada dia. Repetiu-se pensando que deveria aproveitar cada dia não porque fossem poucos em sua vida, porque já passava dos 60, quase 70, mas porque cada dia é único. Não existem dois dias iguais, em nenhuma hipótese, na vida de cada um, embora possam ter muitas coisas em comum. São sempre, sempre diferentes. Não se perguntou se Deus existe ou não porque nenhum dos outros seres vivos do seu planeta se perguntava sobre isso e vivia da mesma forma entre o nascer, o reproduzir-se, o viver e morrer. Mas agradeceu a qualquer coisa que intuía, porque se tinha que agradecer tudo isso, a quê ou a quem deveria agradecer? E agradeceu à Natureza. Sim. Essa existia ali a seu lado, entre caminhadas vivas cercadas de vivas árvores aves repteis mamíferos, com gaivotas espumas e ondas, mar, raios de sol, e uma mulher que amara num só dia e que jamais voltaria a ver porque não há um dia igual ao outro nem mulher que seja a mesma dois dias seguidos. Há que aproveitar o que a natureza nos proporciona sem muito questionamento dia a dia. Quando chegou em casa, tomou um banho, desceu para a sala e ouviu uma das muitas sonatas ao luar enquanto abria mais uma garrafa de vinho como aperitivo para a noite. E se lembrou das mãos da desconhecida que conhecera, convicto de que colecionar lembranças é apenas uma conseqüência da vida enquanto há memória. Amor ou necessidades comuns? 

® Rui Rodrigues


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O pirata Notborn Squid e a Ilha dos Papagaios.

O pirata Notborn Squid e a Ilha dos Papagaios.
Qualquer parecença com similitudes não sabemos o que possa ser, mas o que for não é nem se sabe... (Aprendi com Lula) 


A mãe de Notborn Squid parece que detestava o pai que tinha o sobrenome Silva. Colocou no filho um nome composto que lhe negava a paternidade: Notborn da Silva (não nascido dos Silva). O nome completo era: Louis Notborn da Silva. Por ser grudento, aquele tipo de pessoa conhecida como “baba ovo”, cheio de lábia para conseguir o que quisesse, logo ficou conhecido como “Squid”, que traduzido do inglês quer dizer Lula. Todas as lulas são grudentas. Desde que Notborn Silva Squid tinha um sentimento muito particular: Conquistaria uma ilha e seria o chefe supremo. Quando estivesse velho, nomearia um substituto a sua altura que lhe garantisse o sustento e o poder. Teria que ser alguém muito idiota, sem instrução, fiel, bruto, mas encontraria. Na sua juventude trabalhou numa ferraria de cavalgaduras porque fugia da escola, e perdeu um dedo quando deu uma martelada errada que não acertou o cravo. E como são as coisas da vida, foi até um amigo seu do sindicato dos ferreiros e conseguiu que lhe dessem uma aposentadoria por “invalidez”. Foi sua primeira fonte de receitas ilegal, na verdade, porque muita gente sem pernas, braços, sem um olho, com taquicardia, silicose no pulmão, não conseguiam a aposentadoria. Foi esse amigo que o escolheu para representar um sindicato, e o colocou em contato com os empresários que estavam com problemas porque os empregados sempre ameaçavam entrar em greve para pedirem maiores salários. 
Os empresários fizeram um trato com ele: Se os ajudasse a “maneirar” os empregados, um dia o elegeriam Chefe Supremo da Ilha. A meta era convencer os empregados a cooperar reduzindo-lhes os salários, como em Cuba, uma ilha do Caribe, em nome do socialismo. Isso garantiria aos empresários um lucro fabuloso. Nunca mais Notborn Silva Squid se preocupou em estudar alguma coisa: Já tinha sua aposentadoria, ficaria rico, estudar para quê? E um dia foi procurado por uns piratas fugitivos que prometeram ajudá-lo a enganar o povo em nome dos ideais “comunistas”, evidentemente que com lucros divididos entre os empresários, os políticos do partido e eles, as “cabeças” da “revolução surda “ a revolução invisível, daquelas que quando o passarinho se dá conta, já está na gaiola. O passarinho seriam os políticos da oposição que compraria, e o povo inocente cheio da maldita trindade: Ignorância, fé e Esperança.

Ignorante e sem instrução, necessitando de ajuda para poder “subir” na vida, seus amigos piratas o ajudaram, mas eram tanto ou mais ambiciosos que Notborn Silva. Um deles, conhecido como Joseph Diryours também nunca tinha trabalhado na vida a não ser na pirataria, assim como Dilbad Tapir, sua companheira em uma embarcação pirata que raptava indivíduos importantes, assaltava estabelecimentos comerciais e matavam a sangue frio sem sequer encomendar missa.  Todos eles, por necessidade da profissão, tinham uma característica em comum: Sabiam mentir fazendo caras e bocas, chorando, rindo em performances teatrais dignas de artistas saltimbancos do tipo de uma empresa de Arautos, muito conhecida no reino: A Gbola... A Gbola fazia opinião e convencia o povo que já sabemos era possuído da Maldita Trindade: Ignorância, Fé e Esperança. Conseguiu eleger-se como Chefe Supremo da Ilha dos Papagaios sempre com o apoio mancomunado dos amigos piratas e dos empresários que financiavam tudo, esperando ficar ricos logo, mandar o dinheiro para o exterior, sem se preocuparem com o amanhã. Se houvesse um reverterio  se mudariam para o exterior. Para conseguirem esta riqueza, todos combinaram em colocar gente “fiel” e ignorante à frente de cada setor da administração da Ilha e arranjar pessoal da propaganda e da remessa de divisas para o exterior para entrarem em contato com tesoureiros do grupo político dos piratas. E o dinheiro dos impostos foi saindo... Foi saindo em surdina sem ninguém saber. 

Diz o presidente do partido que o tesoureiro não recebeu nada, que não sabia de nada, mas isso todos eles disseram sempre que foram apanhados com a mão no açucareiro, a boca na botija, o pé na argola. Nessas horas, a empresa de comunicação afiliada, a Gbola, se omite ou tenta aliviar a barra.  Já donos do governo, os piratas podiam agora se mostrar como gente boa, de moral, engravatada, de forma tão teatral que pareciam doutores de universidade. A maioria não sabia ainda que a Terra é redonda e que se passa do Atlântico ao Pacífico através de um estreito, onde Chile e Argentina se juntam. Mas para quê saber disso e fosse do que fosse, perguntavam-se, se mesmo assim estavam governando a maior ilha da América do Sul, a Ilha dos Papagaios? Até que...


... Um dia, um sujeito que tinha sido comprado por um projeto do Partido para comprar votos dos políticos figurões e ter sempre seus projetos aprovados, botou a boca no trombone, abriu o berreiro,  escancarou as mandíbulas, gritou alucinantemente como os animais e pessoas que Picasso pintou em seu quadro “Guernica”... O partido pagava fiel e mensalmente a esses políticos para votarem no que queria. Foram presos, incluindo o tal Joseph Diryours e um seu companheiro ambos piratas desde a adolescência. Joseph Diryours na verdade sempre foi o mentor político e econômico do grupo. Sua política era a de roubar todo o dinheiro que pudessem das instituições públicas, usá-lo para comprar os políticos e súditos para ganharem sempre no congresso e os votos nas eleições, e através da ruína das instituições provocar uma revolta que os levasse a impor uma ditadura como a de Cuba, uma ilha ilhada mesmo sob todos os aspectos, da comunidade internacional onde um tal de Castrado era o imperador... Mas...


...Um dia, a maior empresa do país que se dedicava a extrair óleo de pedra de sal lá nas profundidades do oceano, quase faliu. Claro que havia desvios bilionários – suspeita-se até que seja trilionário – e o povo quase se revoltou. O povo fica sempre no quase, por que sofre da síndrome da Maldita Trindade, como já vimos, mas o fato repercutiu muito depois que se suspeitou que o Partido tinha roubado – além de comprado, os votos nas eleições. O dinheiro todo, uma derrama, saía dessa empresa. Logo que se soube, as ações caíram, o mercado internacional se revoltou e abriu ações na justiça para se ressarcir dos prejuízos. Nem a empresa que contratou para “aprovar” os seus balanços, quis aprovar o ultimo do ano, onde teriam que ser lançados os prejuízos... O controle dos votos na eleição veio à tona quando se soube que o ministro (do mesmo partido do governo) que controla as contagens de votos não deixou ninguém entrar em sua sala de controle, que havia listas jogadas no lixo, que muitas máquinas contadoras de votos já estavam “votadas” antes de colocadas à disposição dos eleitores. A empresa das máquinas era de um país governado por um grande amigo dos piratas, também um pirata de nome Mature. Agiram juntos. Porém como todo mundo estava comprado no senado, não haveria como votar uma intervenção para verificar os fatos. Ficou no esquecimento.

Durante o governo de Notborn Silva e de Dilbad Tapir, os filhos de Notborn enriqueceram, e o que enriqueceu mais era um guri que limpava bosta de elefante num zoológico porque tal como o pai não quis ir à escola, o que era na verdade desnecessário como se constata. Também enriqueceram o filho de um ministro chamado Mercad Before, e outros mais. Um dos maiores problemas de Dilbad Tapir é que suas falas e atos não correspondem a um diploma que diz ter, gastou fortunas milionárias como se fosse uma em cartões corporativos, prometeu tudo e não fez nada, a não ser desenterrar os mortos da época em que era embarcada pirata, dando polpudas indenizações e aposentadorias aos familiares, mas não desenterrou os cadáveres dos que ela e suas organizações piratas mataram.
 A população começou a revoltar-se e não se sabe como vai terminar. A economia vai tão mal que é o único país do mundo aonde os juros bancários chegam a 200%. A inflação (não oficial) já vai na casa dos dois dígitos , O Produto Interno Bruto é uma brutalidade da forma como cai e é negativo, o preço da gasolina é o mais alto das Américas, e não há o mais mínimo sinal de melhoras. Não se sabe como vai terminar a saga do partido que nasceu há 35 anos e já se prepara para morrer após uma saraivada de balas dadas nos próprios pés, como se tratasse de suicídio político.  Diz-se muita coisa, fala-se muita coisa, mas parece que existe uma expectativa que depois do Carnaval se tomarão atitudes para não estragar a alegria do povo. É verdade... Chorando pelas esquinas com apagões de energia e falta de água em meio a cheias torrenciais, a alegria deve ser de chorar lágrimas de pré-sal...

Uma papagaiada histórica de piratagem que isenta os habitantes por sofrerem da síndrome da maldita trindade, mas que de repente costumam despertar... Sai debaixo que vem chuva de populações irritadas!


® Rui Rodrigues 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Dilma é incapaz e inelegível.

Dilma é incapaz e inelegível.
Que mais se pode pensar do que não faz sentido nas atitudes da presidente?


A Incompetência de Dilma Rousseff está comprovada, todo mundo sabe, 70% do povo desta nação não a aceita mais como presidente, e os outros 30% dormem na inocência da Ignorância, da Fé e da Esperança - A Maldita Trindade!

Mas o que se pode fazer se ela e o PT compram votos de senadores para votarem nos seus projetos - com gorda soma de 748.000 reais ao final do ano como prêmio extra - e o mensalão ainda não acabou?

O povo brasileiro fica refém de mandos, desmandos e irritações de uma presidente que aparentemente não tem as mínimas condições de governar por total incapacidade funcional... Seus discursos - se assim se podem chamar - demonstram deficiência de concatenação neuronal, provavelmente doença grave incapacitante, que beira o infantilismo! Deveria ser observada por equipe médica, com a máxima urgência. Não podemos ter ninguém assim governando esta nação! Todos os candidatos a presidente deveriam passar primeiro por uma junta médica.

SOMOS UMA NAÇÃO! Não somos um bando de bandos de bandidos...

Então que se tome atitude! Basta!


® Rui Rodrigues  

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Uma mão a acenar de longe, do outro lado do imenso oceano!

Chegaram aos poucos...



Primeiro os pescadores, depois as fábricas e os distribuidores de pescado. Pequenas casas à volta das instalações industriais. Chegam depois os turistas e gente que compra as casas desses que já as construíram bem á beira da praia, porque lhes ficava mais à mão entre a casa e o trabalho. As indústrias acabam por ir-se embora, e muitos pescadores também. Vão para outras plagas, outras terras nem sempre à beira do mar, que de descansar os ouvidos do marulhar das ondas também se faz mister. Mas são tantos os turistas que vêm pelo peixe, que novas casas se constroem e necessariamente também hotéis. E Bancos... Não se podem esquecer os Bancos, aquelas caixas fortes que só se roubam pelo lado de dentro, porque pelo lado de fora há policiamento. Cinemas já se construíram e desconstruíram: Os equipamentos eletrônicos e a NET dão conta do público e o tornam mais íntimo e egoísta, solitário e até mais barato. Já pouco se ama na praia sobre a areia ainda quente entre o crepúsculo e as horas de véspera, porque há quartos para alugar em hotéis, onde o único vento a arrepiar os pelos da pele são os do ar condicionado. 



E quando reparamos, aquela pequena vila não vilã, se transforma numa imensa cidade cheia de ausências de pescadores, gentes simples e agradáveis, da fauna da pesca, e da vida que existia entre as areias e o bater das ondas, pelo chão, enterrada, ou pelas águas, não se sabe ao certo para onde foi.

 


A pacata vila é agora uma cidade onde não se corre ao vizinho a pedir uma xícara de açúcar porque o nosso acabou e se devolverá amanhã. Não há vizinhos. Dois talvez, quatro... Seis talvez já não os haja. na Praia de Armação de Pêra no Algarve. Beijos, Miguel e Nilde!

Uma mão a acenar de longe, do outro lado do imenso oceano!

®
Rui Rodrigues