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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Homens e mulheres à frente do “seu” tempo!



Homens e mulheres à frente do “seu” tempo!
(E o mundo que herdamos)

Não há neste texto nenhuma referência específica a algum personagem histórico ou familiar que tenha as características de estar á frente de “seu” tempo, como se costumam vangloriar alguns personagens que conhecemos de nossa vida familiar e no meio de amigos e amigas, ou de fatos históricos que costumamos exaltar. Até mesmo porque ninguém está à “frente” de seu tempo. O que se pode é estar à frente de conceitos e preconceitos em relação ao senso comum do que são as formas “normais” de se agir em sociedade, grupos ou nações, afastando-nos de tais conceitos, preceitos, preconceitos, tradições. No fundo todos nós, sem exceção, temos um desejo hereditário, genético, de mudar o mundo. Não fosse esse desejo, não construiríamos nada, não estudaríamos para descobrir novos materiais, novas filosofias, o mundo ficaria parado, não haveria evolução. Com muito vagar vamos descobrindo coisas novas a cada dia, rejeitando o que não desejamos, lutando contra o que nos aflige e nos é difícil extinguir, adquirindo novos hábitos que nos parecem interessantes.

Herdamos um mundo. Todas as gerações herdam o mundo que seus antecessores lhes deixam, inacabado, imperfeito, à disposição para ser alterado, mudado, revirado do avesso. Creio que existe uma memória “genética” que interfere no relacionamento das novas gerações com as anteriores, principalmente no relacionamento entre filhos e pais. Vou mais longe: Na inconformação com o mundo que se lhes depara, cheio de imperfeições, filhos culpam os pais e as gerações passadas, lá no fundo de sua “ID” [1], por herdarem essas imperfeições, e mais particularmente, mas agora nem sempre, da condição de vida que herdaram de seus genitores com variância de grau, isto é, uns mais outros menos.

No caso específico do termo “mulheres à frente de seu tempo”, ou de homens à frente de seu tempo, refere-se este a mulheres que contestam os hábitos tradicionais e agem de forma diferenciada, rejeitando esses hábitos e adotando novos. Esses hábitos são sociais, políticos, pessoais, de comportamento. No mundo que vemos hoje, é como se o comportamento masculino fosse a “senilidade” e o feminino a “juventude” contestadora: os homens no poder na França de 1968, as mulheres montando barricadas nas ruas de Paris contra os métodos e conceitos da educação francesa da época. Ou as mulheres pelas ruas sendo presas porque faziam passeatas em Londres e Paris exigindo o direito de também poderem votar nas eleições. Cheias de razão, evidentemente. A mesma razão que tiveram para acabar com os cintos de castidade, uma geringonça que os maridos lhes punham, feita de aço ou couro, com cadeado, aplicada ao sexo para que não fossem violadas ou se aproveitassem da ausência dos maridos para praticar sexo com o risco de gerarem filhos bastardos.

Mas de onde veio essa tradição de que o homem é quem mandava nos filhos e nas mulheres?

Se não voltarmos muito tempo atrás, podemos atribuir esse vilipêndio ao direito romano que se baseava no “pater famílias”, cujo código foi aprovado numa sociedade em que os “patrícios” ou nobres faziam as leis para uma massa social constituída de escravos, artesãos, soldados e mulheres, velhos e crianças. O direito romano zelava pelos direitos dos homens, calava as mulheres e crianças que não tinham direito a nada, nem a falar. Os “pater família” podiam inclusivamente dispor da vida de suas esposas e filhos. Foram os homens que redigiram e aprovaram o código romano.

Mas podemos ir mais longe, para trás no tempo e ler por volta do ano 623 da nossa era, o Corão, escrito por homens. Também este livro separa os direitos dos homens e das mulheres, dando todos os direitos aos homens e tirando todos os direitos das mulheres. Seria então o Corão o culpado pelos hábitos e tradições que tiraram os direitos das mulheres por séculos? Parece que não, porque ainda podemos voltar atrás mais uns séculos no tempo, e lermos o que escreveram nos livros sagrados cristãos por volta dos anos 60 – 70 de nossa era. Estes textos não descriminam tanto a mulher como o Corão, mas, também escrito por homens colocam as mulheres em um estado tão ausente que até hoje a Igreja católica, a precursora das igrejas de Cristo, não aceita mulheres em suas fileiras hierárquicas, e tão cedo não se verá uma Papisa. Ao que parece, a religião muçulmana e a católica vêm na mulher algum tipo de “impureza” que as faz manter afastadas dos diálogos com “Deus”, não lhes concedendo também o dom de “perdoar” pecados. Será Deus uma entidade discriminante e discriminatória? .
Mas como podemos ainda voltar mais atrás no tempo, veremos que a culpa também está em outros textos mais antigos ainda, como se as “tradições” viajassem – e viajam – no tempo, sendo adotadas porque estavam “funcionando” nas sociedades onde foram iniciadas.

E voltamos então a cerca de 6.000 anos AC, á religião judaica. Está escrito no Gênesis a descriminação de Eva, a culpada por desviar Adão da obediência às leis de Deus e os castigos que tanto Adão quanto Eva teriam recebido de Deus. A mulher seria sempre tentada pelo mal (a cobra que lhe morde o calcanhar) e seria serva do homem a quem teria que obedecer. Quer a religião muçulmana quer a católica descendem da religião judaica. Seria então a religião judaica a responsável pela descriminação da mulher? Somos levados a pensar que não. Teremos que voltar ainda mais no tempo, á época em que os homens e as mulheres viviam em cavernas e não tinham religiosidade como a conhecemos hoje. Sabiam que existiam forças na natureza, raios que matavam, que as pessoas morriam mesmo sem lutar, sem serem feridas. Enterravam seus mortos deitados de lado, com os joelhos dobrados sobre o estômago, cobrindo-os de flores e colocando pedras em cima. Não se sabe se as pinturas rupestres foram pintadas por homens ou por mulheres, mas parece que as mulheres, que não tinham de sair para caçar deveriam ter mais tempo para se dedicarem á arte, e os traços são incrivelmente suaves para a brutalidade necessária a caçadores. Os homens, esses se ausentavam por vezes por dias. Eram fortes, musculosos, massas brutas prontas a matar para se alimentarem e para defenderem a sua prole e o seu grupo. Sem leis escritas, era necessário que alguém exercesse a liderança nos grupos que por aquela época, ainda sem agricultura não passavam dos 100 elementos. Os alimentos disponíveis num entorno não permitiam grupos maiores sob risco de terminarem rapidamente e os obrigarem a mover-se da caverna ou do lugar para outros mais distantes. Chegados nesses lugares, a mesma organização deveria ser mantida para que o grupo pudesse sobreviver sem lutas internas para disputar os alimentos. Essa organização incluía o chefe, o macho alfa, o mais forte e ativo, um intermediário entre o grupo e as forças da natureza incluindo a sabedoria sobre as plantas comestíveis e medicinais, os caçadores, e o resto: Idosos crianças e mulheres. Se atentarmos para esta organização, veremos que um líder ou chefe, não precisaria ter muito trabalho para governar: as mulheres eram dominadas pelos homens, e cuidavam dos idosos e das crianças. O chefe teria assim, de um grupo de cerca de 100 pessoas, que governar apenas os caçadores, cerca da sexta parte: 15 cidadãos.

Esta organização saiu das cavernas e passou para as cidades como tradição, quando se descobriu a agricultura. Um rei teocrático governava na realidade um sexto da população, considerando que as mulheres não tinham voz ativa e eram da responsabilidade de pais e maridos. Esta organização consta nos livros que chamamos sagrados, chegou até nós viajando desde cerca de três milhões de anos atrás, e está viva, operante, embora com algumas alterações que de tão tênues, pouco se nota a diferença, bastando atentar para a proporção de homens e mulheres nos postos de governo, na diferença de salários, nos casos de violência policial de homens contra as mulheres, nas fábricas, nos postos de trabalho braçal ou técnico e de gestão do trabalho, nas universidades.

Se formos buscar culpados teremos que buscá-los em nós mesmos que não mudamos ainda a nossa forma de entender o mundo. O mundo humano é apenas uma parte de um mundo maior limitado pelas dimensões deste planeta em que vivemos. Precisamos mudar alguns importantes conceitos para que possamos viver em paz entre os homens e as mulheres de forma a desenvolvermos as condições necessárias á manutenção da vida.

Este planeta não se destina a ser dividido, mas á vida da humanidade, concentrando os esforços na sua manutenção e não na sua divisão. Não há outra forma de continuarmos vivendo sob um mínimo de condições auto-sustentáveis.

Paz na terra aos homens – e mulheres – de boa vontade!... E mude-se tudo o que deve ser mudado.

Rui Rodrigues

A ID segundo Sigmund Freud - Divisão do Inconsciente

Freud procurou uma explicação à forma de operar do inconsciente, propondo uma estrutura particular. No primeiro tópico recorre à imagem do "iceberg" em que o consciente corresponde à parte visivel, e o inconsciente corresponde à parte não visivel, ou seja, a parte submersa do "iceberg". De sua teoria ele estava preocupado em estudar o que levava à formação dos sintomas psicossomáticos (principalmente a histeria, por isso apenas os conceitos de inconsciente, pré-consciente e consciente eram suficientes). Quando sua preocupação se virou para a forma como se dava o processo da repressão, passou a adotar os conceitos de id, ego e superego.
§                    O id representa os processos primitivos do pensamento e constitui, segundo Freud, o reservatório das pulsões, dessa forma toda energia envolvida na atividade humana seria advinda do Id. Inicialmente, considerou que todas essas pulsões seriam ou de origem sexual, ou que atuariam no sentido de auto-preservação. Posteriormente, introduziu o conceito das pulsões de morte, que atuariam no sentido contrário ao das pulsões de agregação e preservação da vida. O Id é responsável pelas demandas mais primitivas e perversas.
§                    O Ego, permanece entre ambos, alternando nossas necessidades primitivas e nossas crenças éticas e morais. É a instância na que se inclui a consciência. Um eu saudável proporciona a habilidade para adaptar-se à realidade e interagir com o mundo exterior de uma maneira que seja cômoda para o id e o superego.
§                    O Superego, a parte que contra-age ao id, representa os pensamentos morais e éticos internalizados.
Freud estava especialmente interessado na dinâmica destas três partes da mente. Argumentou que essa relação é influenciada por fatores ou energias inatas, que chamou de pulsões. Descreveu duas pulsões antagónicas: Eros, uma pulsão sexual com tendência à preservação da vida, e Tanatos, a pulsão da morte, que levaria à segregação de tudo o que é vivo, à destruição. Ambas as pulsões não agem de forma isolada, estão sempre trabalhando em conjunto. Como no exemplo de se alimentar, embora haja pulsão de vida presente, afinal a finalidade de se alimentar é a manutenção da vida, existe também a pulsão de morte presente, pois é necessário que se destrua o alimento antes de ingeri-lo, e aí está presente um elemento agressivo, de segregação.





[1] ID – Segundo Sigmund Freud, ver no final do texto 

Extremos


EXTREMOS

Marlene Caminhoto Nassa


A tristeza se liquidifica

Na lágrima que verte

Da sensação que fica

No vórtice da emoção

Que arrebatadoramente

Levou de roldão a razão


É de extremos nossa mente

Ódio e paixão nos habitam

Livremente

No lugar da vida

Pode restar a ferida

Ou a morte

Nessa difícil lida

Por sorte

Teremos paixão

Ou será só solidão


Viver em extremo

No fio da navalha

Beber o veneno

Esperando a mortalha

Ou por algo que valha

Como um gozo feliz

Estraçalha qualquer motriz


A bala pronta na agulha

É tudo aquilo que se diz

Pode ser a fagulha

Com gosto amargo de fel

Ou delicioso mel

Pode ser um estopim

Que queime e mate raiz

Ou que nos leve ao céu

Ou que nos faça para sempre

Infeliz!


Palavras


PALAVRAS

Marlene Caminhoto Nassa


Sobrepostas em camadas de memória

Bailam as palavras no dicionário

Anunciam derrota ou celebram vitória

São às vezes como orações de breviário

Que o padre reza no silêncio em sua cama

Significam e trazem o peso de sua história

E se revestem de flores como nessa rama

Ou de dores e de horrores e não de glória

De acordo com a maneira que se trama:

Na poesia, na prosa, na paródia ou na simples fala

Em sotaques, em quem odeia ou em quem ama

Ou na palavra solta e desenfreada que se rala

Enrosca, acumula, engrandece, engravida e cresce

De sentidos, de história, de desejos e de prece...


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Esses líderes de araque




ESSES LÍDERES DE ARAQUE

Quando morreu César, lá na Roma antiga, foi um choro só. Os inimigos de Roma adoraram, a tensão internacional amainou, outros países se foram formando, as raças se misturaram, o mundo progrediu. César passou à história contada em folhas mortas e a humanidade continuou viva a sua trajetória. César era um conquistador de terras, um submissor de tribos, comunidades e povos, um tirano que se beneficiou de cargo público para ficar mais forte e mais rico. Depois de morto César, Roma aos poucos foi dando origem a um país que hoje se chama Itália. Caminha mais ou menos, e os valores de César, como o circo romano, envenenar inimigos, perseguir cristãos, etc, foram esquecidos. Todos passam mais ou menos bem na Itália sem o tal de César, que tem monumentos por todos os lados. 

Alexandre o macedônio que todos pensam ser grego, e a que chamaram de “O grande”, que gostava de curtir uns mancebos, mandou matar o pai com a ajuda da mãe. Era um grande filho da mãe. Saiu mundo afora conquistando os antigos conquistadores, como Ciro, o persa, e chegou até a índia. Não ocupou o trono do pai porque, evidentemente, não deve ter deixado muitos amigos na Grécia e já sabia que sua vida poderia ser bem curta por lá. Preferiu sair pelo mundo conquistando, conquistando, conquistando até se cansar. Conquistou e novo ainda, um garoto, morreu não se sabe bem de quê depois de tomar um banho no rio Indo. Como era e ainda é costume na Índia jogar cadáveres nos rios, que são sagrados, o Alexandre deve ter apanhado uma infecção intestinal braba e ficou por lá mesmo, irremediavelmente morto. O reino dele dividiu-se, acabou em algumas décadas. Ainda hoje se lê sobre ele nas páginas mortas dos livros de história, mas o costume de conquistar já acabou, o reino dele esfumou-se. A Macedônia hoje tem outro nome e é um país separado da Grécia. A Grécia até que vinha muito bem com seu turismo nas ilhas, seu azeite e bons vinhos, mas está muito mal por causa da crise econômica de 2008 que ainda ribomba ao redor do mundo. Mas todos os gregos sabem que se ele ainda estivesse vivo, e no poder, a desgraça ainda ia ser maior. Enfim, que jaza em paz. Finalmente. Há estátuas dele espalhadas por toda a parte.


Apareceu um tal de Napoleão Bonaparte, que diziam ser um gênio para ganhar batalhas. Assumiu na França justamente logo após uma revolução popular que derrubou e incendiou a Bastilha, um prédio público misto de prisão e paiol de pólvora. Fala-se muito em Liberdade Igualdade e Fraternidade, que era o slogan, o moto dessa famosíssima revolução francesa. O moto acabou, não se fala mais nele. Napoleão saiu então a campo e começou a declarar guerra a toda a Europa, ocupou a Espanha e a Itália, queria conquistar a Inglaterra. Perdeu a grande e decisiva batalha, foi preso e levado para uma ilha de onde fugiu. Formou novo exército e pela segunda vez foi derrotado. Dizem que morreu envenenado, talvez pelos papéis de parede pintados com tinta á base de chumbo... A ilha de Santa Helena, situada longe da Europa, entre o Sul de África e o sul da América do Sul foi um presente português dado á Inglaterra pelo casamento de uma princesa, e ao que parece, ganhou fama por servir de prisão para um francês maluco que queria ser dono do mundo... A França passou muito bem sem ele, e continua passando muito bem sem ele. Se Napoleão existisse ainda a França estaria ainda pior sob o aspecto financeiro.

Carl Marx inventou o comunismo, e logo apareceram líderes falando sobre suas idéias, lá na Rússia, onde parece que elas se faziam mais necessárias e pareciam ser a solução para todos os problemas russos. Esses líderes mataram-se entre si, foram execrados, e surgiu um tal de Stalin que se tornou líder absoluto e vitalício da Rússia, mantendo o comunismo como religião política nacional, e responsável pela morte de aproximadamente 20.000.000 de russos que pensavam diferente. Morreu! Depois da morte dele o povo deixou de ser comunista, assim do dia para a noite, e a Rússia está muito bem sem ele. Há quem pense que se nunca tivesse existido esse tal de Stalin, a Rússia já seria a primeira potencia mundial há muito tempo. Desse até já derrubaram estátuas e os livros de história nem falam muito bem dele.

Mao Tse Tung, era chinês. Era, porque também já morreu. Fez uma grande marcha pela China, escreveu um livro de capa vermelha que era recitado como se fosse um livro de religião, lido por uns garotos metidos a besta que obrigavam o povo a escutar as citações até nos banheiros enquanto escovavam os dentes. A China tornou-se comunista e assim se foi arrastando até á morte dele. Depois enterraram-lhe parte das idéias, e o governo chinês agora é altamente capitalista, embora o povo continue comunista de araque. A desculpa é que o povo deve trabalhar para o desenvolvimento da nação, mas até dirigentes já foram apanhados levando propina de maracutaias com agentes do ocidente. A China cresceu muito sem Mao. Cresceu em altura pelos arranha céus, em tecnologia, em industria, em tudo. Presos continuam sendo sumariamente abatidos com tiro na nuca se assim for a sentença, e é grande o tráfico de drogas e de órgãos humanos para transplante. As cidades estão cheias de poluição e favelas, há trabalho infantil. O mundo fecha os olhos, a China vai em frente, e está em vias de se tornar a grande potência “em tudo” do século XXI. Aqueles livros de antigamente alertando para a “invasão amarela” talvez não estejam tão errados. Temos que esperar um pouco para ver como se comporta a China.

Ao redor do mundo existiram e existem outros “liderecos” de porta de botequim, que decoram meia dúzia de citações de filósofos de antigamente, isto é, de quando os Bancos ainda não mandavam em governos, e que vieram, falaram, citaram, fizeram e já se foram sem deixar nem saudades, tais como Idi Amin Dada, Francisco Franco, Salazar, Hitler, Pinochet, Sadam Hussein, Gadaffi, Fidel Castro (este está indo e só não morreu ainda porque é muito teimoso e Cuba jamais senirá a sua falta).

Lula falou, falou e já saiu do governo, aliando-se a um falsário, corrupto, chamado Maluf. O Brasil vai muito bem sem ele, e logo se verá que Dilma não fará a mínima falta. O Brasil ficará muito melhor depois que esses dois se aposentarem da vaidade e da secura por grana

É a tal coisa... Os líderes ladram e a humanidade passa. Líderes são essas coisas que chegam na humanidade, armam a maior confusão, e depois que morrem o mundo continua o seu caminho que eles interromperam, tal como os cães ladravam para as caravanas que sempre passavam.

A humanidade só reconhece líderes enquanto é enganada. Depois que sabe das verdades, esquece-os nas prateleiras poeirentas do tempo e de vez em quando os vê no cinema. No seu tempo só serviram para atrapalhar o progresso da humanidade. Mas nem Hollywood já se presta para lhes render homenagem. Esses filmes já não dão bilheteira, nem os partidos políticos acenam com filosofias para ganhar votos. Compram votos descaradamente até com dinheiros públicos gastos das mais diversas formas.  


Rui Rodrigues

Para ver como se vive sem lideres de araque, consultar - http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

domingo, 9 de setembro de 2012

A rica industria da pobreza




A RICA INDUSTRIA DA POBREZA

Fala-se muito em acabar com a pobreza, mas de efetivo, vê-se muito pouco. Parece que a pobreza serve a “alguém” ou a algumas “instituições”


A ignorância nos faz acreditar em muitas coisas que são completamente impossíveis, como salvar-nos de uma doença para a qual não existe cura, transformar nosso casebre num palácio num piscar de olhos, acertar numa loteria milionária. Só um milagre seria capaz disso. No passado da humanidade apareceram uns profetas que amenizaram as ansiedades dos que queriam ficar ricos, curar-se de doenças. Alguns conseguiram ficar ricos fazendo escravos, conquistando pela força de exércitos, matando familiares para ascenderem ao poder, como Brutus matou César. A história, desde a antiga, até a de nossas eras mais recentes, contam-nos a história de uma humanidade onde uns buscam a qualquer preço conseguir o que desejam, e outros se submetem porque não têm a força para impedir que sejam roubados. Hoje, em regimes democráticos – como dizem ser todos os regimes atuais - rouba-se pelas falhas premeditadas das leis, pelo não cumprimento das leis, ou por juizes que mal as interpretam. Não raro os governos que se regem por rígidas constituições, conseguem meios a que chamam legais de alterar a constituição. Os juizes que aprovam estas alterações conseguem convencer senados corrompidos com o poder, de que tais modificações são válidas e não ferem a constituição. Os altos salários e benesses dos senadores, contribuem enormemente para que mantenham, a qualquer custo, aquilo a que chamam Ordem: isto é, a opinião desse bando de senhores e senhoras chamados de senadores e senadoras. Dizem que o povo vota mal. Não, o povo não vota mal. O povo vota nos candidatos que os partidos lhes apresentam para serem votados. Estes candidatos não podem desobedecer às diretrizes dos partidos. Os partidos obedecem às empresas que lhes financiam as campanhas políticas com grandes sobras de campanha.

E a industria da pobreza como funciona?

Descobriu-se, recentemente, na era moderna, uma classe de pessoas que freqüentam universidades em cursos específicos: São os “formadores de opinião”. Essas pessoas não estão interessadas em melhorar a vida de ninguém em geral, ou estabelecer novas filosofias políticas. Elas fazem parte de um grupo de apoio ao governo e aos partidos políticos e dentre outras funções são capazes de: explicar a necessidade de uma nova lei, de uma aliança política inconveniente, de filiar-se a um partido, de justificar absurdos de forma a que se transformem numa “moda” ou numa necessidade. Por exemplo, e pelo “método de redução ao absurdo”, poderiam convencer boa parte da população de que não é conveniente cultivar trigo ou consumir pão de trigo, numa segunda fase, quando faltar trigo, convencer que a culpa é do governo anterior, e numa terceira fase a pedir o impeachment do governo atual porque não apoiou os produtores atuais de trigo. A política, sempre com base em mentiras, falsas necessidades, tenta sempre equilibrar o desconforto dos cidadãos de modo a que estes julguem serem convenientes e aceitáveis ”as regras” que os governos lhes impõem e suas alterações. Em grande parte são ajudados pela religiosidade de grupos religiosos, que vêm na promessa de lugar nos céus, uma sustentável conformidade com as dificuldades da vida. Pensam que depois, lá no paraíso, serão recompensados. Algumas religiões em particular já “oferecem” algo mais imediato: Afirmam que se receberá em dobro o que se der. As igrejas ficam com o dinheiro, e os fiéis com a fé. Este tipo de aproveitamento da inocência popular provoca também, e tem provocado ao longo da história, batalhas e confrontos por diferenças religiosas, devidas à falta de educação nas escolas e instituições de ensino. Religiosos se aproveitam para enriquecer as suas contas bancárias. Em países onde a educação é levada a uma enorme maioria, senão a todos os cidadãos, isto já não é possível em grande escala. A Constituição Européia nem faz  menção a qualquer deus em seus termos e condições. Todas as religiões pregam a teoria da Conformação, segundo a qual, fiel de “deus” - seja deus o que quer que entendam como deus – todo aquele e aquela que se conforma com o modo de vida, não reclama, pode ser extirpado de seus haveres porque nada representam na vida terrena. Mas ficaria a pergunta, para gente inteligente e educada, para que querem então as igrejas esse dinheiro que tiram dos cidadãos fiéis. Dirão que é para construir novas igrejas e angariar mais fiéis. E se todas as igrejas agirem assim, resta a pergunta: Quando será a próxima grande guerra religiosa como no tempo das cruzadas...

Religião afora, como funciona a industria da pobreza?

Pobre não tem noção do dinheiro. Desde a mais tenra infância vive sempre gastando tudo, não porque não saiba economizar, porque até sabe, mas porque o dinheiro é pouco e para ter o suficiente para se sustentar, gasta o pouco, quase nada, que tem. O dízimo que pagam à igreja funciona como um boleto da sorte: Será que serão sorteados no próximo escrutínio da loteria de deus para receberem o dobro do que deram, e até mais, ficando ricos? Ou pobres, mas indo para o céu?  E os altos impostos que pagam embutidos nos gêneros alimentícios? Dizem que “é assim” e que sempre foi. E se passa candidato a eleições que lhes promete uma camiseta, uma bicicleta, umas cestas básicas, vendem seu voto. Acreditam no candidato assim como acreditam em que pagando dízimos irão para o céu. São capazes de passar décadas e décadas esperando por candidato que fará as obras que acabem com os esgotos a céu aberto, sempre cheios de esperança, mas são incapazes de se juntarem, contratarem um advogado e meter uma ação contra a prefeitura que não cuida do que deveria cuidar. Os impostos são tão altos que deveriam ser suficientes para cuidar de tudo, mas não servem para nada. O fim dos impostos é outro: Servir os financiadores de campanhas políticas, os grandes investidores da indústria da pobreza, que ganham sem fazer nada de útil para os cidadãos carentes.

A indústria do tabaco está com seus dias contados. Mas vale lembrar como funciona a economia. Havia. Em algumas marcas, dois tipos de maço para cada marca: o maço de papel comum, e o “flip-top”, feito com cartão, e que podia abrir e fechar toda a vez que se tirava um cigarro do maço. Pois bem: o preço era igual para ambas as embalagens. Mas, como evidentemente, uma embalagem era mais cara do que outra, o que acontecia, era que, a classe mais pobre e em maior número de consumidores da marca, financiava a embalagem mais cara para um grupo menor de consumidores. Poderemos perguntar porque razão a classe mais pobre não comprava “flip-top”. Por uma razão muito simples: por vergonha de usar um produto destinado a “gente de classe”, e por não ser condizente com seu “status”, ou com seus hábitos, ou até com sua roupa. Um maço desses só compravam em festas, em momentos sociais. A falta de educação inibe, limita, causa vergonha própria. Da mesma forma, a industria brasileira vende carros de marcas estrangeiras, vendidos aqui no Brasil, a preço superior ao que exportam. Ou seja, o consumidor brasileiro paga parte do valor dos carros que são exportados para consumidores que, pelo contrário dos nacionais, têm muito maior poder aquisitivo.

Pobres e ignorantes conformam-se com os mandos e desmandos do poder, quer seja emanado do poder público, ou dos sacerdotes das igrejas. O poder público fala em nome dos cidadãos – sem sequer lhes pedir opinião, dizendo-se seus representantes. Os sacerdotes falam em nome de deus, sem sequer saberem se deus fala muçulmano, hindu, língua judaica, inglesa, russa, grega, sioux, guarani ou banto.

Muito tempo ainda decorrerá até que se entenda, pela educação, o que é a Democracia Participativa. Há ainda muito trabalho pela frente.

Mas o que é ser pobre? O Banco mundial diz que é quem ganha menos do que dois dólares por dia... Como de pode acreditar numa estupidez destas? O Banco Mundial é também um formador de opinião e eu não acredito nele. Existe farta documentação a respeito na NET. Para a democracia participativa, por favor consulte http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/.

Rui Rodrigues

sábado, 8 de setembro de 2012

A Família Eunuco



Lá na minha família todo mundo era eunuco. 

Por isso, desde cedo, com ajuda de vovô e vovó, papai e mamãe me ensinaram que criança nascida era presente do Papai-Noel. E me contaram ainda que havia um tal de Saci-Pererê, morador das matas. De tanto crer, um dia o vi. E ele estava pertinho da estaca do curral fazendo careta para minha avó. E como fumava aquele cachimbo feito de cabacinha de jequitibá!
Pobre dela, quase derramou a tina de leite, tão assustada ficou.
Pode ser que seja verdade. Afinal, o que é mentira quando falamos daqueles que são onipotentes, quando não oniscientes e onipresentes?
Papai Noel não trazia os bebês? Há algo mais extraordinário que isso? E o Saci, coitado, por que andaram cortando a perna dele? Deve ter sido coisa de um poderoso, entre raros que admiro.
Ah, o Luiz Paulo está dizendo que vai botar Vitória entre as três capitais mais seguras do Brasil. Papai-Noel vai ajudar; ou ele vai botar o Moleque Saci de guarda?
Coser, de saída, conseguiu construir pontes, metrôs e túneis. e agora vai figurar nos compêndios de Carochinha.
Veja que historinha interessante e bonita poderia ser até um romance, porém é pura tragédia!
Existem coincidências esquisitas nesta historinha, que nem Freud explicaria.
Pode ser verdade. Não sabia que Papai-Noel trepava às escuras.
ACREDITE SE QUISER
PAULO BERNARDO
Ministro das Comunicações é marido da senadora

GLEISI HOFFMANN
Chefe da Casa Civil

GILBERTO CARVALHO
Secretário Geral da Presidência é Irmão de

MIRIAN BELCHIOR
Ministra do Planejamento.essa MIRIAN BELCHIOR foi casada com

CELSO DANIEL
Ex-Prefeito de Santo André, que morreu assassinado. Você sabia e não contou pra ninguém? A Doutora

ELIZABETE SATO
Delegada que foi escalada para investigar o processo sobre o assassinato do Prefeito de Santo André, CELSO DANIEL é tia de 

MARCELO SATO
que é marido de

LURIAN DA SILVA
Que, apenas por coincidência, é filha do ex-presidente

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA.
Exatamente: MARCELO SATO, o genro do ex-presidente da República, é sobrinho da Delegada ELISABETE SATO, Titular do 78º DP, que demorou séculos para concluir que o caso CELSO DANIEL foi um “crime comum”, sem motivação política.
Também, apenas por coincidência, MARCELO SATO é dono de uma empresa de assessoria que presta serviços ao BESC – Banco de Santa Catarina (federalizado), no qual é dirigente

JORGE LORENZETTI
(churrasqueiro oficial do presidente Lula e um dos petistas envolvidos no escândalo da compra de dossiês). E ainda, por outra incrível coincidência, o marido da Senadora

IDELI SALVATTI (PT)

é o Presidente do BESC


CONCLUSÃO: “O POVO TÁ DORMINNO.NÓIS TÁ ACORDADO. NÓIS CUMPANHERU DA INTERNET SOMO VERDADERAMENTE UNIDO PRA FAZÊ O QUE NUNCA ANTES FOI FEITO NESSE PAÍS:OU A CORRUPÇÃO PARA OU NÓIS PARA O BRASIL!
SEJA PATRIOTA

NOTÍCIA DE UNS DIAS ATRÁS
A DILMA "ESTELA-LUIZA-PATRICIA-WANDA" ROUSSEFF no melhor estilo HUGO CHAVES chamou a GLOBO e lembrou que esta chegando a época de renovação de concessão e que o ALI KAMEL estava incomodando, pois se continuasse a cair ministros corruptos logo não teria mais ninguém em Brasília e mandou colocar um "cumpanheiro" no lugar dele, um esquerdista.O nome era AMAURI SOARES, um grande entusiasta dos petralhas.
Isso foi feito, AMAURI SOARES como todo bom esquerdista já entrou colocando mamata para a família, no caso a mulher dele, a PATRICIA POETA, que entrou via peixada no Jornal Nacional. Veja que foto meiga, no meio o possível futuro novo ancora do JN.

VEJA AÍ A  FOTO DA FAMÍLIA DO AMAURI SOARES, PATRÍCIA POETA E FILHO

Isso explica a atual "cara de bunda" do WILLIAM BONNER que viu sua mulher ser obrigada a ter uma crise de "cansaço" e "pedir" para sair e buscar outros ares na tenebrosa manhã da GLOBO junto com programas do naipe de ANA MARIA BRAGA.
Não podemos nos espantar se daqui a pouco o BONNER sair e entrar algum companheiro do partido ou algum outro parente do AMAURI SOARES.
Já que o PT não conseguiu enfiar goela abaixo o controle da mídia, tentado varias vezes por LULA, resolveu enquadrar a maior emissora e formadora de opinião do país na cartilha do partidão.
E assim vai caminhando nossa pseudo-democracia!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Angustia de um peixe



Dizem que os humanos constroem a sua moral de acordo com os seus interesses. É por isso que as religiões, cada uma tem a sua moral, os políticos cada um a sua, cada nação é diferente das outras por causa de seus costumes que se constroem com base nas tradições morais e éticas. Como peixe, não posso pensar de forma diferente. Os humanos construíram a moral de que peixe não tem sentimentos. Isso não é verdade. Chegam a dizer, quando algum humano é limitado no pensamento, ou pensa diferente dos outros, que tem “cabeça de peixe”. Nem olham para os cuidados que temos, quando procriamos e guardamos os pequenos peixes, nossos filhos, na própria boca para preservar-lhes a vida. Tanto carinho que os humanos não vêm... E são os peixes machos que cuidam da prole, não as fêmeas. E os humanos nem fazem isto. Deixam os cuidados da prole com as mães. E o nosso sangue? Acaso os humanos reparam que temos sangue como eles? Que temos veias, coração, fígado, baço, miolos... Respiramos... Digna de nossa admiração foi a baleia que já foi peixe e se adaptou à terra firme. Então vendo tudo o que os continentais faziam, voltou para o mar e hoje é uma mamífera. Com todo o respeito, as baleias não nos comem, só comem plâncton, que é uma aglomeração de criaturas que também não sabem ler nem escrever, tão pequenas que só com uma lupa se conseguem enxergar. 

Nós, peixes, namoramos, transamos, temos filhotes, ensinamos os filhotes, cuidamos deles, e envelhecíamos, mas agora nem chegamos à idade de morrer e já nos matam. A cada ano somos menores em tamanho. Não nos deixam crescer.

Há entre eles, os humanos, há um grupo que se diz vegetariano, mas muitos também nos comem, e galinhas, e matam embriões comendo ovos e ovas de peixe, mas o que mais me angustia são as perseguições e o pouco valor que nos dão.  Caçam-nos por todos os mares, rios e lagoas. Um dia acabam conosco. Há um povo no oriente da Terra que chega a nos comer vivos, com a carne ainda pulsante, e matam baleias dizendo que é para pesquisar. Essa forma de pensar seria muito boa para extraterrestres que também quisessem pesquisar e matassem esses para pesquisa. Claro que isto que eu disse é uma idiotice de um peixe, mas serve para pensar como que o que é bom para nós pode ser horrível para os outros. Pensem no que sente um tubarão pescado, com as barbatanas cortadas e lançado vivo de volta ao mar. É angustiante porque morre de fome e de falta de ar, vendo seu próprio sangue colorindo de vermelho a água ao seu redor. 

Certa vez me livrei de uma morte quase certa, conseguindo saltar de um barco de pesca, borda afora, com tantos saltos que dei, sufocado, com falta de ar, mas o que vi, quase me vez vomitar. Nós estávamos lá embaixo d’água, passeando em cardume, brincado com nossos filhotes, ensinando-os a comer. A temperatura estava agradável, o fundo do mar colorido porque era primavera, e de repente correu o pânico entre nós, como nos velhos filmes de Hollywood, quando a cavalaria americana arremetia em carga sobre as aldeias índias dos Sioux, Pés pretos, Oglalas, Cheyenes. Era um morticínio geral, crianças não sendo poupadas.   Assim também aconteceu conosco. Uns nos pescavam com anzóis, e lá vinham meus irmãos, presos pelos anzóis, sentindo falta de ar, as guelras ardendo, olhos esbugalhados, língua de fora. Outros vinham nas redes, amontoados, alguns morrendo pelo peso dos       que estavam em cima. Todos sofrendo de falta de ar, como quem tem asma e não pode respirar. Vocês humanos não imaginam o sofrimento de nossa gente. E o desperdício? isso que nos dói. Uma boa parte de nossa gente, já morta, foi devolvida ao mar porque há uma lei que proíbe pescar tamanhos pequenos e os pescadores pescaram até os nossos netinhos. Tanto trabalho na vida para vê-los morrer assim, desperdiçados, mortes em vão. Não me admira nada, porque os humanos se matam uns aos outros por qualquer bobagem, como diferença de cor de pele, diferença de religião... Qualquer diferença é sempre motivo para fazer guerra e sair pelos campos e cidades matando-se entre si. Se fizéssemos guerra aqui na água como fazem os humanos em terra, já não haveria mais peixes.

Na semana santa, por causa de uma religião, não temos para onde fugir. Matam-nos implacavelmente.

Digam lá na peixaria do Barbosa que se não conseguiu vender todo o peixe, que baixe o preço. Assim pelo menos a nossa morte não terá sido totalmente em vão, e digam aos japoneses que baleias não se matam. Que façam pesquisa com a mãe deles. O Crivela é pastor e agora ministro da pesca. Será que vai aliviar a nossa condição?

Rui Rodrigues


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Florbela e o milharal


Florbela e o milharal.
(Na foto, quadro de Henrique Pinto –Entre o milharal)

Numa aldeia do Norte de Portugal o povo, contado pelos dedos em centenas não ocupariam todos os dedos de uma só mão. Viviam em paz na sua terra. Aquela terra era a “sua” terra, de mais ninguém, e mesmo assim, apesar da união, entre eles se cobiçavam terras, mulheres, fontes de água, casas, e em certos olhares ou comentários menos discretos, era evidente que se cobiçavam até as roupas, os móveis. Principalmente a sua proximidade com o Senhor Vigário, que tinha na aldeia a sua casa, alimentado fartamente com gordas esmolas das beatas, sempre na esperança de que, amigas do Senhor Vigário, ele que perdoava pecados poderia interceder ao senhor, por elas, para lhes arranjar um casamento, livrá-las ou a familiares e amigos de um mal, fazer com que os namorados ou maridos voltassem a interessar-se por elas, ou deixassem de deitar olhinhos para as outras moças da aldeia, que lá ninguém era parvo ou idiota e esses olhares sempre davam nas vistas, por maior precaução que os maridos ou namorados tivessem.

Florbela não era daquelas que lavavam e passavam as roupas do Senhor Vigário, que os tempos obrigaram a chamar de Senhor Padre, e as toalhas dos altares e da sacristia. Florbela era ainda muito nova para isso, e só tinha 17 anos. Dezessete belos anos, ainda dependente dos pais para tudo menos para perceber os olhares que os rapazes da aldeia lhe lançavam aos seios fartos, às coxas fortes e arredondadas, às pernas com leves e discretos cabelos louros, o rosto corado de saúde e do sol. Sobre sexo os pais não lhe tinham ensinado nada. Diziam que ainda era muito nova para entender dessas coisas e quando chegasse a altura, ela mesma iria descobrir. No entanto sempre lhe tolhiam os passos para ir a algum lugar onde a convivência com os rapazes da aldeia fosse até mais tarde, os passeios acompanhada por eles, e de festas só acompanhada dos pais, que lhe guardavam a virgindade como quem guarda o dinheiro que deve ser amealhado.

Florbela gostava de ir ao rio acompanhar as mulheres que ainda lavavam roupa por lá, entre sons de canções cantadas em coro e sons de água correndo em cascata entre as pedras. Algumas diziam que jamais teriam uma máquina de lavar porque no rio a roupa corava melhor com a luz do sol.  Além disso, gastavam menos água encanada que era cara, menos energia elétrica, e sempre aproveitavam a ida ao rio para espairecer. Florbela ouviu muito dessas explicações que faziam todo o sentido.  Na aldeia todos reclamavam do custo da água e da energia elétrica. De vez em quando, enquanto  lavavm as roupas alguma se afastava e caminhava para longe por entre o milho alto que lhes passava em muito a altura. Quando voltavam traziam um olhar entre radiante e comprometido, por mais que tentassem disfarçar. Quando entendeu o que algumas das mulheres iam fazer entre o milho, já Rodrigo lhe andava fazendo uns convites para saírem durante a sesta, pelo calor do sol, para passearem, mas por causa das más línguas, melhor seria que ela fosse passear a sua cabrinha, como desculpa, e ele a encontraria na estrada combinada.

Florbela foi surpreendida a meio do caminho. Era a voz de Rodrigo:

- Florbela, continua andando naturalmente e depois volta para casa. Estão te seguindo... Não olhes para cá... Depois de amanhã no mesmo horário.

Florbela entendeu. Era assim naquela terra. Quando menos se esperava havia sempre alguém que entre as parreiras ou pela mata aparecia de repente sem ser notado. Terra de gente desconfiada, cuja maior diversão era “saber o que se passava”. Isso vinha do tempo em que os senhores abades usavam a confissão para intimar pessoas da terra para fazer declarações no santo ofício. Pela confissão, as alcoviteiras e os alcoviteiros denunciavam quem escolhiam para ser julgado como herege e perder as terras para a igreja ou o estado que depois as “doava” a quem batia com a mão no peito, fazia o sinal da cruz, comparecia às missas de domingo e doava gordas verbas para o senhor abade, dono daquelas terras. Coisas da inquisição a que chamavam de santo ofício, ou santa inquisição. Ficara-lhes o costume de “espreitar” os outros, seguir os outros, tentando desvendar-lhes a vida particular, coisas que contavam ao senhor prior, ao senhor vigário, e agora, por força de perda de poder pela igreja, ao senhor padre. Progrediram muito quando começaram a perceber que alguns padres gostavam mais de crianças do que deviam gostar e até os expulsaram, mas os afazeres das beatas, a confissão, a alcovitice, essas estavam impregnadas nas tradições da aldeia. Havia famílias, cujas terras tinham sido doadas pelo Santo Ofício que nunca quiseram saber das verdades históricas. Para essas, a história era a Igreja, exceto pelos feitos de valentia dos cruzados quando invadiram a Terra a que chamavam de Santa. 

Quando Rodrigo e Florbela se encontraram pela segunda vez, ninguém a seguiu. Passaram mais de hora descobrindo-se os sexos, afagando-se, beijando-se desesperadamente, como se naquele dia se acabasse o mundo, os dedos percorrendo todo o corpo. Quando Florbela lhe viu o prepúcio, admirou-se e gemeu dizendo que lhe iria doer. Rodrigo tranqüilizou-a. Juraram-se juras de amor eterno, fidelidade eterna, e quando Rodrigo a penetrou, já lhe corriam, pelas pernas de Florbela, aqueles líquidos a que se habituara quando em isolamento tranqüilo em seu quarto pensava em Rodrigo e se tocava, e antes dele num outro que esqueceu fácilmente quando pela primeira viu esse que agora se apoderava de seu corpo e a fazia sentir-se feliz como jamais se sentira. Não doera mais do que um beliscão, mas o prazer compensava tudo. Queria mais, e mais e mais. E Rodrigo deu-lhe mais e mais.

- E se engravido? Perguntou-lhe.
- Eu caso contigo. Não te preocupes. Amo-te muito, muito, muito. Jamais nos separaremos.

Quando chegou em casa, esbaforida – correra muito para disfarçar a ansiedade – desculpou-se pelo atraso: A cabra tinha fugido e ela tivera que correr. Jantou pensando no próximo encontro e sentiu-se feliz por ninguém ter percebido que agora já não era a menina Florbela, mas uma mulher satisfeita que acabara de descobrir o que era o verdadeiro amor. Seu coração ainda batia descompassado. Seu peito ainda arfava, mas não era de ter corrido atrás da cabra.
No domingo foi à missa. Aprenda a disfarçar o que sentia desde o primeiro dia em que lhe vieram as regras, os fluxos, aos treze anos, e desde então se divertia toda a vez que aprontava algo que só ela sabia e os outros não percebiam. Quando se ajoelhou para receber a hóstia, depois de mais uma confissão sem pecados, olhou os olhos do padre que como sempre, lhe serviu a hóstia. Nem o padre sabia de nada. Ninguém na aldeia sabia ou iria saber. Não contaria para ninguém para não correr o risco de a denunciarem, ainda que “sem querer”, desculpas a que já estava habituada a ouvir de gente que realmente “queria”. E, além disso, a religião era uma espécie de faz de conta, para dar uma impressão de santidade e de compartilhar sentimentos com os demais da aldeia, que assim se julgavam mais unidos, exceto quando as desavenças grassavam pela vila, as famílias divididas e era preciso o senhor cura, vigário, abade, e agora padre agir como se fosse um intermediário da justiça para por ordem na aldeia. A aldeia nem tinha policiamento ostensivo. Quando mesmo o padre não resolvia as questões, lá iam as famílias para a sede do concelho a resolver as suas dissidências com o meirinho.

Aos poucos os encontros foram ficando mais escassos. Rodrigo a procurava quando precisava e ela também. O amor dos dois estava latente, adormecido, e a necessidade do prazer se sobrepôs á vontade de se amarem. E foi assim que num dia melancólico para os dois, Florbela começou a namorar um rapaz trabalhador, daqueles que se sabe que um dia ficará bem de vida. Um sujeito firme de princípios, honesto, como corria voz pelo povo. Seu namoro foi muito bem visto e logo ficaram noivos e casaram, ela de véu e grinalda. Não era que Rodrigo não fosse honesto e trabalhador, mas não tinha a constância de Alfredo, o marido. Na noite de núpcias, Florbela ficou em expectativa: Como seria essa noite? Como seria o marido na cama, fazendo sexo, penetrando-a? Depois que a noite passou, Florbela tirou as suas conclusões. A primeira vez com Rodrigo tinha sido fantástica. Naquela oportunidade havia o desejo de experimentar o que lhe era desconhecido e tão bem escondido pela família: o sexo, de que as mulheres tanto falavam de forma velada em sua presença. Mas seu marido a tratava como esposa e a desposou como esposa. Rodrigo a desposara como mulher. Era diferente. E enquanto o marido a penetrava, pensava em Rodrigo. Ele não percebera que quando fechara os olhos o fizera para a sua intimidade: Para avaliar como o marido a tratava e a penetrava, e para comparar com Rodrigo.

A vida na aldeia, depois do casamento de Florbela continuou como era antes. Os homens saiam para trabalhar, as mulheres ficavam em casa. Algumas também trabalhavam em hortas e terras fora da aldeia. Outras ainda lavavam suas roupas no rio.

Um dia Florbela disse ao marido que ia lavar roupa no rio.

- Mas mulher... Não te comprei uma máquina de lavar roupa, novinha em folha?
-É... Temos uma máquina de lavar roupa, mas hoje apetece-me espairecer e vou até o rio lavar roupa. Fica mais corada, passa melhor e fica mais branca. O sol aviva as cores. Além disso economizamos na água e na luz. Não chegues tarde...

E Florbela passou a lavar roupa, apenas de vez em quando, no rio.  Um dia afastou-se das outras mulheres por algum tempo.

Quando voltou, estava sorridente, alegre, mas não viu nos olhares das outras mulheres nenhum sinal de reprovação. Cada uma tinha a sua vida.

Do final do milharal, Rodrigo saiu sacudindo ainda um pó imaginário. Ajeitou o chapéu, e sorriu. O primeiro a chegar tem sempre uma grande vantagem se souber tratar uma mulher, e não havia no mundo uma mulher melhor que Florbela.

Rui Rodrigues

domingo, 2 de setembro de 2012

Curiosidades de Angola[1]



Curiosidades de Angola[1]

Angola é um país lindo, forte, animado, grande, potente, rico. Tem diamantes, ouro, petróleo, riquezas minerais, uma costa rica em peixes, bons terrenos para cultivo e pastoreio. Nenhum angolano deveria passar fome.

Mas os dados apresentados no panorama mundial são tristes e preocupantes, levando a crer que, se este panorama não se alterar sensivelmente, a história de Angola a manterá na cauda da lista dos países do mundo, em termos de desenvolvimento efetivo e social, embora dirigentes [2]emanados do socialismo e do comunismo possam ficar cada vez mais ricos.

Com um analfabetismo beirando os 60%, e um IDH de 0,4 fica evidente que não pode ser compreendido o papel do Estado, e os votos dados em eleições não refletem uma preferência convicta com base no conhecimento, mas numa fé ou numa necessidade de votar em determinado candidato. Em suma, o voto não pode ser consciente com conhecimento de causa.

Com um PIB beirando os 115 bilhões de dólares, e uma população de cerca de 13 milhões, é como se cada angolano produzisse 8.846 dólares / ano, mas a maioria dos  angolanos vive com pouco mais de dois dólares por dia ou 700 dólares por ano. É o problema da distribuição de renda, que pode ser melhorado através da educação e da elevação dos salários, mas nem as empresas nem os senhores do governo estão interessados nisso. José Eduardo dos Santos, que tal como Putin se perpetua no governo, é dono de uma bela fortuna de bem mais de 100 milhões de dólares, fortuna que construiu não com sua inteligência ou aplicação em negócios, porque quem governa não tem tempo para fazer negócios legais. Negócios ilegais podem fazê-los os que governam e até enriquecerem, mas não deveriam. Os milhões desviados por corrupção, matam angolanos por falta de saúde pública, segurança, instrução de como viver em condições saudáveis.  Angola é conhecida internacionalmente como um dos países mais corruptos do mundo com um índice de percepção de corrupção[3] de 1,7.





Fruto destas políticas em que governo e povo são duas entidades separadas, Angola apresenta um índice alarmante de pobreza: cerca de 40% da população, aquela que produz 8.846 dólares por ano, mas em média só tem 500 dólares de renda per capita, é pobre. Vive na pobreza. É um claro sintoma do desinteresse do governo em corrigir a corrupção de forma a que não faltem recursos ao povo. O governo de Angola não é um governo credível, assim como também o não é a maioria dos governos do mundo, mas entre uns e outros, vai um abismo que se reflete nos índices aqui expostos. Parece que o maior problema dos governos a nível mundial não é exatamente a corrupção, mas “quanto” roubam em relação ao que o país produz. Há corrupção nos EUA, mas é tão baixa em relação ao que faturam, que praticamente não se nota e o povo recebe os benefícios, quase integralmente, do que produz. Se o exemplo americano não for do agrado para os leitores deste artigo, que vejam os países nórdicos, e até países onde se sabe que há corrupção endêmica como Itália, Espanha, Rússia... Lá também há corrupção mas proporcionalmente menor.

Talvez os movimentos internacionais que têm deposto corruptos como na Itália, na Grécia, em Portugal, dentre outros, e a primavera árabe, possam despertar movimentos em Angola para dar oportunidade a governos mais justos. Um em particular chama a atenção: O Resistência Autóctone Angolana para a Mudança (RAAM)[4] , mas sabe-se pouco a respeito permanecendo como uma grande incógnita.

José Eduardo dos Santos não quer o poder para “cuidar” do povo. Se fosse, Angola não seria o desastre que é como nação. Afinal ele governa Angola desde os primórdios de sua independência.

Angola precisa mudar, e a mudança não pode vir de um povo com índices de analfabetismo da ordem dos 60%. Tem que vir de uma classe intermediária que tenha instrução e saiba do potencial que Angola tem de ser tornar numa das maiores potências de África.

E José Eduardo dos Santos nunca foi comunista ou socialista. É um capitalista disfarçado.

Rui Rodrigues

   




[1] Dados coletados na NET..
Índice de analfabetismo = 59%
Área aprox= 1,3 milhões de km2
População = 13 milhões
PIB= $115.9 bilhões em dólares – 2011
Índice de percepção de Corrupção= 1,7= fim da lista (168º lugar) dos mais corruptos
Índice de pobreza= 40,3 %
IDH aprox= 0,4
Expectativa de vida – 48 anos
Renda per capita aprox= 500 dólares

[3] Quanto mais baixo o índice, maior a corrupção. Angola está na posição 168, final da lista. O Brasil, com menos corrupção, com índice 4,0 em 69ª posição.