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quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Brasil que gostaríamos de ter e a curva de Gauss




              O Brasil que gostaríamos de ter e a curva de Gauss 



Nunca algum governo agradou a todos os cidadãos da tribo, do reino, do império ou da república.  O grau de aprovação ou rejeição dos governos avaliava-se no passado, por informações verbais, com a intenção de coibir qualquer manifestação contrária que pudesse por em risco a manutenção da ordem ou do próprio governo. Em regimes fortes e ditaduras –todos são ditatoriais em maior ou menor grau de reconhecimento – a preocupação é esta. Em regimes democráticos fazem-se pesquisas de opinião de forma a poder determinar o mais exatamente possível como se distribuem as várias opiniões no sentido de buscar o seu atendimento e assim manter ou angariar mais cidadãos como simpatizantes do Partido que governa ou que concorre a eleições. Esses resultados são computados e traduzidos numa curva chamada “curva de distribuição de Gauss”. Basta olhar para essa curva para vermos o grau de sucesso ou do desastre de um candidato, de um partido, de um governo, ou de uma nação.

Nunca nos perguntaram que Brasil gostaríamos, nós cidadãos, de ter. Em decorrência, não podemos saber as respostas oficiais, reais. Mas podemos imaginar não só “o que queremos”, como também “o que não queremos”, independentemente de cor política, situação financeira, sexo, religião, grau de instrução, numa hipotética pesquisa realizada num universo heterogêneo representativo da população e da regionalidade brasileiras. Vejam se concordam com esta imaginação limitada a alguns aspectos tão simples como as funções do corpo humano, e imaginem se, no caso de ser feita uma pesquisa ou votação popular, não obteríamos pelo menos uma aprovação de 70% da população:

Universidades e escolas grátis para todos os cidadãos, pagas com os impostos exorbitantes que o Estado recolhe e distribui de acordo com as pressões dos políticos que representam seus partidos. A gestão será efetuada por três comissões: a dos alunos, a dos pais e a do governo, com igual peso e poder.

Implantação de Centros de Pesquisa para alunos selecionados de forma a poder suprir a nação - com tecnologia comum e de ponta - as necessidades do mercado, da saúde e da segurança nacional. Assim se evitaria a compra de aviões de guerra que logo ficarão obsoletos se já não o são, submarinos nucleares, porta-aviões velhos e decrépitos, pagamento de taxas por uso de tecnologia de terceiros em remédios, automóveis, equipamentos cirúrgicos, rádios, televisões, computadores.

Saneamento básico em todas as localidades, com água potável, energia elétrica, rede e usinas de tratamento de esgotos, rede de águas pluviais.

Postos e hospitais de saúde pública de qualidade, dimensionados em função da população local que deve atender para evitar mortes em filas de espera, médicos que têm dois empregos e não estão disponíveis para atendimento, fiscalização para evitar desvios de materiais.

Fiscalização vigiada e adequadamente dimensionada para garantir as áreas demarcadas como de conservação ambiental e recursos hídricos.

Até mesmo com o índice de analfabetismo existente em nosso país, e com deputados ou senadores que necessitam de um exame para verificar seu grau de alfabetização teríamos certamente uma bela curva de Gauss mostrando que 80% da população, senão mais, considerariam estes aspectos como fundamentais para se considerarem cidadãos felizes, satisfeitos em contribuir com seus impostos, ainda que exorbitantes e altos.

Mas para isso têm que perguntar. A resposta pode ser obtida de imediato, em menos de 24 horas se o fizerem pela NET. Mas nunca o fizeram, e não o fazem de forma “oficial”. Talvez tenhamos que modificar nosso foco de visão, e, em vez de nos preocuparmos com o que nos fazem, nos preocuparmos com o que não nos dizem, não nos perguntam e não nos fazem.

Talvez mesmo os sistemas que já conhecemos no passado e nas democracias atuais – todos eles – devam ser substituídos por um outro, novo, em que o cidadão tenha todos os dias, sem exceção, como quem escova os dentes, uma palavra a dizer, pelo voto, na construção do Brasil que queremos.

Rui Rodrigues
Escrito especialmente para o grupo Geopolítica.-FB

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