O Brasil
que gostaríamos de ter e a curva de Gauss
Nunca algum governo agradou
a todos os cidadãos da tribo, do reino, do império ou da república. O grau de aprovação ou rejeição dos governos
avaliava-se no passado, por informações verbais, com a intenção de coibir
qualquer manifestação contrária que pudesse por em risco a manutenção da ordem
ou do próprio governo. Em regimes fortes e ditaduras –todos são ditatoriais em
maior ou menor grau de reconhecimento – a preocupação é esta. Em regimes
democráticos fazem-se pesquisas de opinião de forma a poder determinar o mais
exatamente possível como se distribuem as várias opiniões no sentido de buscar
o seu atendimento e assim manter ou angariar mais cidadãos como simpatizantes
do Partido que governa ou que concorre a eleições. Esses resultados são
computados e traduzidos numa curva chamada “curva de distribuição de Gauss”.
Basta olhar para essa curva para vermos o grau de sucesso ou do desastre de um
candidato, de um partido, de um governo, ou de uma nação.
Nunca nos perguntaram que
Brasil gostaríamos, nós cidadãos, de ter. Em decorrência, não podemos saber as
respostas oficiais, reais. Mas podemos imaginar não só “o que queremos”, como
também “o que não queremos”, independentemente de cor política, situação financeira,
sexo, religião, grau de instrução, numa hipotética pesquisa realizada num
universo heterogêneo representativo da população e da regionalidade
brasileiras. Vejam se concordam com esta imaginação limitada a alguns aspectos
tão simples como as funções do corpo humano, e imaginem se, no caso de ser
feita uma pesquisa ou votação popular, não obteríamos pelo menos uma aprovação
de 70% da população:
Universidades e escolas
grátis para todos os cidadãos, pagas com os impostos exorbitantes que o Estado recolhe
e distribui de acordo com as pressões dos políticos que representam seus
partidos. A gestão será efetuada por três comissões: a dos alunos, a dos pais e
a do governo, com igual peso e poder.
Implantação de Centros de
Pesquisa para alunos selecionados de forma a poder suprir a nação - com
tecnologia comum e de ponta - as necessidades do mercado, da saúde e da
segurança nacional. Assim se evitaria a compra de aviões de guerra que logo ficarão
obsoletos se já não o são, submarinos nucleares, porta-aviões velhos e
decrépitos, pagamento de taxas por uso de tecnologia de terceiros em remédios,
automóveis, equipamentos cirúrgicos, rádios, televisões, computadores.
Saneamento básico em todas
as localidades, com água potável, energia elétrica, rede e usinas de tratamento
de esgotos, rede de águas pluviais.
Postos e hospitais de saúde
pública de qualidade, dimensionados em função da população local que deve
atender para evitar mortes em filas de espera, médicos que têm dois empregos e
não estão disponíveis para atendimento, fiscalização para evitar desvios de
materiais.
Fiscalização vigiada e
adequadamente dimensionada para garantir as áreas demarcadas como de
conservação ambiental e recursos hídricos.
Até mesmo com o índice de
analfabetismo existente em nosso país, e com deputados ou senadores que
necessitam de um exame para verificar seu grau de alfabetização teríamos
certamente uma bela curva de Gauss mostrando que 80% da população, senão mais,
considerariam estes aspectos como fundamentais para se considerarem cidadãos
felizes, satisfeitos em contribuir com seus impostos, ainda que exorbitantes e
altos.
Mas para isso têm que
perguntar. A resposta pode ser obtida de imediato, em menos de 24 horas se o
fizerem pela NET. Mas nunca o fizeram, e não o fazem de forma “oficial”. Talvez
tenhamos que modificar nosso foco de visão, e, em vez de nos preocuparmos com o
que nos fazem, nos preocuparmos com o que não nos dizem, não nos perguntam e
não nos fazem.
Talvez mesmo os sistemas que já conhecemos no passado e nas democracias atuais – todos eles – devam ser substituídos por um outro, novo, em que o cidadão tenha todos os dias, sem exceção, como quem escova os dentes, uma palavra a dizer, pelo voto, na construção do Brasil que queremos.
Rui Rodrigues
Escrito especialmente para o
grupo Geopolítica.-FB
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