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domingo, 19 de junho de 2016

Cronicas de Ursia... Urso e eu!

Ursia é o pais onde vive Urso, um amigo meu. Na verdade faz parte de Caninândia, mas neste Condado onde ele vive, e é o rei, chama-se de Ursia. Eu vivo no Brasil, e no Brasil, num determinado lugar. Ursia e Brasil evidentemente não podem ser o mesmo mundo, mas são o mesmo lugar. Isto porque eu sou um humano meio cachorro e Urso um cachorro meio humano, e isso nos torna muito iguais e amigos. Quando fui até Ursia, onde ele vive, ele me escolheu para amigo. Aceitei de cara! Talvez devido ao  nosso companheirismo recente, Urso anda mais colado a mim quando caminhamos e não fica latindo sem motivo exceto quando encontra um "pessoal" pelo caminho. Eu falo pouco, não  grito, e ele também não. Tenho muita coisa para lhe ensinar, mas devagar. Vou aprender muito com ele. Já fui amigo do Oréba, que tinha pastores alemães na família, mas morreu de câncer. Uma perda irreparável. Fiquei como que sem uma perna! A partir dai, passei a achar que a humanidade não pode ficar intimidada pelo câncer, por sermos muito mais inteligentes que essas coisas que nos tentam destruir. Mas cuidado aqueles que acham que Deus, todo poderoso, é responsável por tudo... Como  não acabou com o câncer, nós que temos que acabar com ele. Deus não faz milagres, mas nos mostrou que podem ser feitos. Então, vamos fazer milagres. 

Eu e Urso não somos profetas, mas entendemos os recados do Universo que Deus fez. Quem é Deus? Qualquer um que possa fazer Universos. Se um dia, caro leitor, descobrir como fazer Universos, que nos produziram, será um deus. Um físico amigo meu, Alan Guth (eu que sou amigo dele, mas ele não sabe) me disse que com cerca de 23 gramas de matéria podemos produzir um. Urso apenas conhece Ursia e nada mais. Sinto que ele tem pena de mim, por saber tanto e não poder fazer nada, enquanto ele, Urso, que não sabe nada, pode fazer tanta coisa por mim.

Estou dizendo... Esse cara, o meu amigo Urso é muito inteligente. Só tem um ano e fica ali, deitado perto da porta do posto de saúde, olhando-me paciente, a cabeça sobre as patas, os olhos postos em mim, e dando uma ganida de vez em quando. Não sou daqueles amigos possessivos. Ele pode fazer carinho a quem quiser e nisso ele é pródigo. Esbanja lambidas molhadas, saltos no peito das pessoas, cauda agitada abanando de um lado para o outro e não precisa ser comprado para que faça o que gosta de fazer. Todos já o conhecem e gostam dele. Um dia destes quis arranjar-me uma namorada mas depois conto.

Normalmente fica em frente a minha janela agora, por estes dias, esperando que eu dê algum sinal. Ele sabe quando me movimento diferente, porque vem para a porta da rua. Quando chego, ele já está lá... Então saímos, eu para um lugar do Brasil e ele para um lugar de Ursia, diferente de onde moramos. Ele no seu mundo e eu no meu, mas incrivelmente conseguimos, através de "janelas" de percepção, sabermos onde o outro está, se precisa de orientação ou ajuda. Urso tem uns amigos desconhecidos por perto, em Ursia. Ele sabe onde eles estão, sempre atrás de portões, os focinhos vislumbram-se colados ao chão pela fresta. Então ladram uns para os outros a plenos pulmões como a mostrar que estão fortes e que nenhum tem medo dos outros. Em Ursia todos são valentes não importa sexo ou tamanho, nenhum tem crenças. Quatro ou cinco portões depois, Urso  caminha silenciosamente a meu lado a menos que dois gatos, um cinza siamês e um branco estejam na área. Daqui do meu mundo, olho para Urso e os gatos de Ursia e fico admirado com o seu relacionamento. Quando Urso chega, os gatos semicerram os olhos com laivos de superioridade, como que dizendo: "Chi!... Lá vem o irritadinho de sempre..." 

Mas calmamente sobem para o arbusto, o siamês, ou para o muro o branquinho, e de lá ficam com as patas junto ao corpo, tranquilos, como se fossem uma bola, esperando a raiva do Urso passar. Silenciosamente voltam para a rua depois que Urso passa.

Hoje mudamos um pouco o  itinerário. Ursia não mudou quase nada. Há menos restos de comida boa em sacos plásticos. Aqui no meu lugar, a população deixa os sacos de lixo na rua esperando que a Prefeitura fiscalize os serviços que contrata para limpeza. Vejo muitos anúncios  de "vende-se", "aluga-se"... "Passa-se o ponto" e lojas fechadas. Urso me acompanha e me avisa sempre que vê algo interessante. Também vi. Uma moça que já não é para o meu bico ou para os meus dentes, com seus 26 anos, na porta de uma loja que vendia frangos assados. Nem eu mexi com a moca nem  Urso com os frangos. Sabemos nos comportar. 

Assim, sem mais nem menos, a moça  me deu um olá, eu respondi, e chamei Urso para tirá-lo da porta não fosse avançar sobre aquelas aves suculentas, já depenadas, temperadas, e continuei caminhando na esperança de, na volta, bater uma prosinha com a linda e simpática mocinha dos frangos assados. Mas com tão pouca gente nas ruas em dia de domingo, nenhum turista, resolvi que não  compraria frango nenhum, mas Urso não lia meus pensamentos. Ondas pequenas na praia, mais ou menos umas 50 pessoas na areia da esquerda até a direita onde a vista alcançava, e voltei para casa pelo mesmo caminho. Urso que ia um pouco na minha frente, parou na casa dos frangos de Ursia. Desta vez a mocinha falou comigo. Disse-me que os frangos valiam 30 com linguiça, farofa e batatas mas que ela deixava por 25.. Não...Fazia por 20 para não ter que levar os frangos para casa.... E ficou olhando para mim com expectativa. Olhei para o Urso. Urso se levantou e seguiu em frente. Agradeci, mas declinei o frango. Nem sei se Urso me entendeu ou eu entendi o Urso, mas se trocássemos de reinos nenhum de nós declinaria. Ele é mais cachorro que eu. 

Olhem... Eu apenas quero ser autêntico nada mais. 


  (Assim que imaginei a moça que me queria vender o frango assado véio que achei ser do dia anterior que tinha sido sábado) 


Meu almoço amanhã vai ser frango assado com linguiça, batata assada e farofa... Eu farei no meu fogão. Vou convidar o Urso. Espero não gastar mais que 20 reais... Ainda devo ter em casa uma lembrança de frango congelado de quando custava 1,09 o quilo comprado no Extra no ano de 2.001. Amanhã vou comprar uma TV quebra galho por 150 paus, enquanto a moda de subir preços não parar. Vou ficar nesta selva onde estou por pouco tempo e depois volto para onde vim, um pouco mais a sul de onde estou. Ainda perguntei ao Urso, o meu grande amigo...

- Urso!... Aqueles frangos da menina bonita, que língua falavam? Urso estava em Ursia e não me entendeu... Eu estava em uma terra de enorme rombo onde antes existia o Brasil... Olhou para mim, balançou a cabeça e me olhou de esguelha como quem diz: 

- Que é que tu queres saber? E abanando a cabeça  novamente para o outro lado perguntou-me: 
- Que foi? Que língua? E correu para um arbusto de lindas flores pendentes vermelhas que me faziam lembrar a China...Frango chinês... Invadidos por frangos chineses, porque  a decadência de nossa economia nos obrigava a importar frangos da China, mais baratos. 

Nossa economia tinha sido destroçada. Então eu e Urso nos lembramos de quem tinha estado "nos" governando desde 2002... E os classificamos como Bandidos. Nada mais! 

® Rui Rodrigues

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