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sexta-feira, 3 de junho de 2016

A pieguice dos idosos com a natureza e a natureza que nos faz idosos.


(Há histórias que não são nossas,nem de nossos empregados do Bar do Chopp Grátis, mas que poderiam ser. Por questões de identificação de sentimentos. Se algum cliente reclamar autoria, retiramos o texto.) 




Meu pai não era piegas. Nem eu sou, mas na época pensei que ele fosse. Foi quando começou a escrever uns versos sobre a vida na Terra, a ver programas de TV com paisagens, enfim, a dar mais importância ao mundo que o rodeava e do qual se escondera desde 1918 para cumprir seu programa de vida: Trabalhar duro para ter o suficiente para o que “desse e viesse”… E pela primeira vez na vida tirou fèrias. Isso foi apenas em 1970. Nessa oportunidade, no dia do jogo Brasil x Itália, em partida pela Copa do mundo, vi o avião em que ia levantar voo do aeroporto do Galeão onde eu supervisionava uma obra para o Jorge Anacoreta, meu professor de Resistência dos Materiais na UFF. O Brasil foi campeão. Minha familia campeã, eu campeão. A partir daí meu pai não parou de tirar férias.

Depois de uma certa idade começamos a olhar com outros olhos para a natureza, de forma mais romântica, contemplativa. Outras vezes perdemos até a vontade de questionar alguma coisa dando a impressão de ignorantes ou “desligados”, parecendo não termos respostas, mas não. Não… A verdade é que temos muitas respostas, nenhuma certa com exatidão porque a vida nos vai mostrando como tudo pode mudar. As únicas coisas certas são as leis da ciência, as que se podem comprovar, mas poucas são de domínio público e menos ainda de fácil entendimento. Então os idosos se calam. Como avisar que aquele atalho escolhido tem muito mais chances de dar errado do que os outros dois caminhos? São muitos anos – e casos - de experiência para explicar em meia dúzia de curtos minutos por vezes sem predisposição a serem ouvidos.

Na juventude não queremos escutar muitas coisas porque achamos que podemos fazer muito melhor e que em breve o “mundo vai mudar”… Depois da juventude e a meio caminho da vida, ficamos imprensados entre as mudanças da juventude que melhor parece se adaptar – do que nós- a um mundo em mudança, e os avisos dos idosos mostrando que eles também pensavam que o mundo mudava, mudaria, mas nunca para onde pensavam que deveria… E na fase do encerramento da vida, abre-se uma janela para a paisagem, porque as outras não se entendem (ou abrem) muito bem. O que se vê? Natureza. O que se vê é a natureza, e o que mais nos chama a atenção. Pássaros, seres marinhos, rios, oceanos, cidades, artes,mamíferos, árvores, serras, desertos, pessoas, família, uma neta que tal como ave, se soltará na vida e percorrerá um dia o seu próprio caminho, talvez acompanhada, talvez sozinha, que nesta vida temos sempre que estar preparados para tudo. Tudo ou quase. Pelo menos no que pudermos.

A natureza. Como explicar que nela tenhamos vivido a vida inteira sem repararmos como ela realmente é... O que vemos normalmente são “coisas”, como fotos, umas com muito movimento parecendo filme, quando assistimos a uma corrida de cavalos pelo campo, ou com pouco movimento como uma janela aberta para um campo de arbustos e árvores com o mar ao fundo, ouvindo pássaros cantando, as folhas adejarem pela brisa, as nuvens esgueirando-se e mudando de forma muito devagar para não nos tirarem a atenção da paisagem.






Hoje tirei do “sótão” meu cavalete. Também passei pela loja de materiais para pintura e comprei alguns vidros e pincéis. As telas ainda tinha: Três. Vou falar com minha filha para escolher um tema. As duas últimas telas que pintei, ela escolheu o tema e gostei. Meu afilhado partiu ontem para Milão, Itália. De mudança. Ele e a esposa. Desejo-lhe sucesso! Meu filho me disse que pensa em voltar para a Europa. Provavelmente Noruega ou Barcelona. Quando me convidou no passado para ir visitá-lo, não fui. Desta vez irei. Quem sabe, nem volto... Quando nos estragam o país, tudo nele perde o sentido, é outra “nação”. Mas o que mais dói, é que quem agora quer sair são gentes de todas as idades… Quando o Lula disse que tinha pago a dívida externa do Brasil e que 50 milhões tinham saído da pobreza, muitos voltaram do Exterior… Para constatarem que a dívida externa passara a ser interna e triplicara, decuplicara… E que os 50 milhões não eram 50 milhões e que não há dinheiro para manter fora da pobreza os 40 milhões que voltaram para ela… Aliás… Só de desempregados agora temos 12 milhões...



Como se podem evitar compras de votos e fraudes nas urnas? E sobretudo, como se pode dizer a um partido Politico: Não queremos esse candidato? Não se pode “inventar” um meio simples, internáutico, de evitar que nos empurrem sempre aquela “gentalha profissional” do costume?
Depois da “Copa das Copas”, vamos ter a “Odisseia das Olimpíadas”, vaiando sempre… Ir para as ruas e vaiar é tudo o que nos resta? Não parece ser lá grande coisa para uma “democracia”...
O novo governo tem gente que não deveria estar lá. Não estão ouvindo as ruas…


® Rui Rodrigues

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