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Depois que as brisas começaram a ficar irritadiças, quer as do sul, quer as do sudoeste, botei as barbas de molho e pensei:
- Vem temporal...
Esta constatação parece meio idiota, mas já sou mais que maior de idade e posso dizer "idiotices" que a maioria vê, sente, sofre, mas não percebe nem se dá conta...
Mas como se enfrenta um temporal ???
Um passarinho veio cantar aqui no telhado onde faz ninho, e me alertou. Para o passarinho estar em casa às 8:45, é sinal que vem tempestade mesmo. Deveria estar cavoucando minhocas...
Fui dar uma olhada na área da churrasqueira sem carvão fósforo nem carne pra churrasquear e vi os exércitos de nuvens aguadeiras , lá nos altos dos céus, cheias de gotas de chuva já enflechadas, prontas para serem atiradas mundinho abaixo, boa ocasião para encher baldes de água de chuva, pensei eu cá com as costuras da minha camiseta porque já não uso botões...
Peguei três baldes e um alguidar pra lavar panos de prato e camisetas sensíveis e coloquei onde já sei que vai escorrer água dos telhados...
Pensei em comprar pés de pato, luvas de boxe, dinamite e bodoques pra conter e derrotar a tempestade, mas nem o mar nem a chuva a caminho do mar vão alagar isto aqui, nem o armamento pode conter tempestades...
Afinal, aqui do meu belo e confortável posto de observação nacional e internacional, a tempestade é pra curtir... Lá fora é que a tempestade é cruel, bombástica, explosiva, desesperante e desproporcional...
Acho que vou aproveitar para dar uma demão de pintura proporcional na sala e na cozinha...
Rui Rodrigues
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