Dilma e o celular na reunião.
(Os nomes são nomes, os atos são atos, tudo ficção no
estilo inigualável de Charlie Hebdo)
Foi numa reunião a portas
fechadas com os ministros ligados à área econômica, ou seja, os 38 ministros
porque todos cuidam preferencialmente das verbas. Ela segurava seu inseparável
celular, com o egoísta (aquele OB sonoro que coloca no ouvido e não deixa os
outros ouvirem os sons do celular). Caminhava de um lado para o outro da sala.
Os ministros olhavam-na apreensivos. Parecia uma barata tonta acossada por
invisível chinelo. Jurariam todos a pé juntos, que ela bufava e espumava pela
boca.
Dilma- Quero
verbas... Verbas... Verbas... Preciso de verbas para desenvolver este país e já
não dá mais para tirar da Petrobrás. Qual a solução?
(Dilma fala no telefone –
Ouviste eu perguntar?)
1º Ministro – Tem que continuar tirando da Petrobrás, “Enta” (abreviatura
carinhosa de presidenta), senão as ações não caem mais e ninguém aqui no Brasil
poderia se apoderar das ações e tomar posse da Empresa, ao velho estilo EIKE e
Lula... E mesmo assim terá que ceder pelo menos uns dois por cento a alguém que
compre e revenda daqui a três anos ao comprador da parte que não é do PT, isto
é, desculpe, do Governo...
Dilma – Não gostei desse seu comentário, 1º Ministro...
Estamos aqui 38 ministros e mais eu, e não tenho certeza da fidelidade de
todos. Isto deveria ser segredo. Quando todos saírem fique na sala, que temos
muito a conversar. Deixe de ser moleque!
(Dilma fala no telefone –
Ouviste? Vês como estamos cercados de gente incompetente? Tenho saudades da
minha célula terrorista. Lá ninguém falava nada, e se falasse era queimado)
2º Ministro - Podemos aumentar os impostos, Enta....
Dilma – Não podemos... Isso não estava nos planos sua cavalgadura...
Mas peraí...
(Dilma afasta-se até o canto
da sala e fala no telefone em surdina: - Ouviste? Querem aumentar os
impostos... O que faço? Do outro lado, Dilma escuta a resposta: - Deixa
aumentar tudo. O povo é burro, vai chiar, mas fica por isso mesmo...Não tem
sido assim sempre?)
Dilma – Pensando bem, o povo logo esquece... Cumpanhero 2º
Ministro, podes aumentar os impostos!
2º Ministro – Mas Enta, então... Temos que aumentar também a Selic
que é para o Banco que eu represento ter uma compensação pelo aumento dos
impostos. Não podemos perder. E como sabe, meu Banco sempre tem umas verbas de
representação que podem servir até para eleições e sobras de campanha...
(Dilma pega o telefone-
Ouviste isto? Temos verbas de representação também. Vou falar aquela coisa.
Posso? – Do outro lado deve ter havido um consentimento, porque caminhou célere
para a mesa e falou)
Dilma – A propósito de campanha vamos combinar de uma vez por
todas... Todos os desvios, os superfaturamentos, as notas fiscais falsas para
acoxambrar os balanços, as propinas;.. Tudo, tudo é para o cumpanhero mala que
vocês já conhecem e que tivemos que substituir porque prenderam o outro. Ele
fará as distribuições. Não quero mais aqueles ministros babacas desviando
dinheiro do dinheiro que nós ministros desviamos... Isso é roubo! Estamos
combinados? Não sejam imbecis que não vos indiquei para serem imbecis.
3º Ministro – Mas Enta... Cadê o Ministro do Supremo Tribunal que
não o vemos aqui na reunião? Precisamos dele para garantir as nossas costas,
como as do Palocci, e de tantos ministros que saíram com o partido até batendo
palmas... Não queremos correr o risco dos outros do Mensalão e da Petrobrás que
foram presos...
(Dilma pega o celular,
sempre ligado, e vai para o canto da sala – Ouviste? E agora o que digo. Nem
convidei o Ministro da Justiça para não causar problemas... Diz aí, porra! – E
ouviu a resposta do outro lado. Então voltou para a mesa e falou)
Dilma – Têm todas as garantias se não fizerem besteiras. Estamos
tratando do convencimento dos juizes do Tribunal. Os outros ministro erraram
muito, não no que fizeram que foi para o
bem de muitos cumpanheiros, mas porque não cuidaram e foram descobertos. Mas
mesmo que sejam apanhados não perdem as gordas aposentadorias, benefícios e essas
coisas boas todas.
4º Ministro- Enta...Um
aparte... E a falta de água e energia? O que fazemos?
Dilma – Essa é fácil... Vocês deveriam ser mais
inteligentes... Façam o que eu fiz com o trem bala, com as Obras da Copa, com a
transposição do São Francisco, com os milhares de creches, com o minha casa
minha vida que as casas foram parar nas mãos dos bandido... NADA!... Suas
mulas... O que importa são os projetos: Pagamos uma parte gorda, assim como a
metade sem construir nada e as empreiteiras nos devolvem quase tudo. Embolsamos
a grana para as ajudas a Cuba, aos baderneiros internacionais, à Venezuela, a
Cuba, aos cacete!... O povo fica indiguinado mas como já disse um filósofo que
não lembro o nome, isso não importa que são burro caraio... Depois chove e
resolve tudo travéiz...
(Dilma no telefone – Ouviste
essa? Agora falei bonito, né não? Do outro lado o interlocutor disse bem claro
que ela ouviu: Ah... Essa é a minha menina... enquadra eles... )
5º Ministro – E se o povo vier para as ruas ?
Dilma - Prendam,
soltem depois, mas baixem o sarrafo! Pau nesses desagradecidos que não entendem
o que fazemos por eles. E multem-nos por desacato à ordem e depravação das
coisa publicas. Agora vamos fazer um cofibrêique com champanhota e umas lascas
de lagosta com caviar e rosquinha de roqueforte molhada no abacaxi.
Nota da redação: Não
assistimos ao final da reunião de ministros, mas recebemos informação que do
outro lado do celular, ao final, José Dirceu disse para José Genoíno... A Menina
está bem preparada... É a minha menina...Lembra, Genoíno, daquelas noites na
célula revolucionária? Cê acredita que até hoje ainda há cumpanhero que diz não
saber de quem é a filha...
® Rui Rodrigues