Ilusões em um mundo real, ou realidades
num mundo de ilusões?
A moderna Física Quântica
abre-nos uma janela para a eventualidade de sermos meras imagens animadas,
“hologramas” [1]
de um mundo real, diferente, muito próximo, que não podemos conhecer: Estaria
em outra das onze dimensões deste nosso universo. Através da holografia podemos
“reconstituir” a imagem de uma maçã em três dimensões, por exemplo, a partir de
uma parte dela e não dela toda.
Neste nosso mundo a que
chamamos, talvez ilusoriamente de “real” – pelo menos aparentemente – têm surgido magos e mágicos que nos deixam
perplexos com suas mágica, que, já o sabemos, não passam de meros truques que
nos desviam a atenção. Numa fração de segundo a mágica foi completada sem que
tenhamos percebido como. Ninguém de uma platéia de centenas de pessoas consegue
perceber como os truques são feitos.
Na nossa vida diária o tempo
em segundos passa tão rapidamente que, preocupados ao atravessar uma rua,
perdidos numa concentração mental para resolver um problema, beijar a mulher ou
o homem amado, não percebemos o tempo e este passa como que por encanto,
mágica, como um relâmpago. Ter a mente ocupada faz-nos não perceber essa outra
dimensão do mundo em que vivemos: o tempo. Nessas ocasiões “agradáveis” o tempo
parece parar. Pelo contrário, quando estamos ansiosos ou preocupados, o tempo arrasta-se e os
segundos parecem horas, as horas dias, os dias semanas... Parecemos crianças
(nosso consciente) quando nos diz o nosso subconsciente: Seja um bom menino e
faça algo para eu ganhar uma boa dose de dopamina”
Quando assistíamos a
espetáculos circenses – que estão acabando – ou quando nos divertimos ou
passamos por aquilo a que costumamos chamar de “bons momentos” sofremos reações
químicas em nosso cérebro e grandes doses de endorfinas[2]
são injetadas dando-nos a sensação de prazer. São essas descargas de dopamina,
por exemplo, que nos dão a sensação de prazer e nos iludem a avaliação da
medida do “tempo”, nos tira do mundo real e nos transporta para o mundo da
ilusão temporal sem que, contudo, isso signifique que o que fazemos não seja
real, de verdade. No entanto, o que sentimos depende da capacidade de cada um
de produzir e de interpretar essas substâncias neurológicas como fonte de
prazer e de intensidade de prazer.
Em busca desse prazer, ou
melhor, da obtenção dessas substâncias neurológicas que nos dão o sentimento de
prazer, nos iludimos muitas vezes, de forma proposital, não consciente, ao
corresponder a um interesse em objetos amados, como, por exemplo, o namoro, a
paixão. Frases, toques de pele, perfumes, sexo, nos atraem para obtenção dessas
substâncias. Passamos assim, como num passe de mágica, do mundo real para o
virtual, imaginário, como numa armadilha. Se analisássemos friamente a
situação, poderíamos sentir outros fatores envolvidos nas frases, nos toques de
pele, nos perfumes, nos incentivos à “paixão” e evitar possíveis sofrimentos
futuros, mas isso não poderia produzir a dopamina em nosso cérebro e não
sentiríamos prazer nisso, embora deva existir quem possa lidar em certos
momentos com essa mágica de provocar essa necessidade em outrem, mas sem o
envolvimento emocional para a produção própria da dopamina.
É por isso que homens e
mulheres se iludem exatamente dessa forma, quando, apesar de saberem os defeitos
dos parceiros, continuam buscando neles a sua companhia em busca de momentos de
prazer, ou melhor, de momentos que os façam produzir a dopamina, que por sua
vez produz a sensação de prazer. São capazes de viver anos a fio até que a
realidade aflore e busquem outras pessoas outros motivos na vida que as façam
produzir tanta ou mais dopamina do que antes. Dizem por exemplo, que nada
melhor para “esquecer” um amor frustrado do que arranjar outro amor, o que deve
ser interpretado, como nada melhor para conseguir novas doses de dopamina, do
que arranjar um novo “amor” que provoque a sua produção. Do termo dopamina
surgiu o termo “dopado”,não por acaso. O “amor” dopa! Temos aqui,
especificamente, o caso de uma magia, uma mágica da natureza que nos transporta
do mundo real para o virtual, e por vezes confundimos os dois.
Dizíamos, antigamente, que o
amor vinha da alma sem sabermos exatamente o que é a alma, e que muitos achavam
e ainda acham que se situa no coração, um músculo operacional, sem raciocínio próprio,
que faz sempre a mesma coisa cerca de 60 vezes por minuto: bombear sangue das
veias e para as veias. Um músculo que apenas é controlado por uma pequena parte
do cérebro, do tamanho de um punho fechado, o bulbo raquidiano. E sobre este
bulbo raquidiano, não temos a menor centelha de controle. Ele é autônomo,
independente. Vivemos realmente em mundo de ilusões que confundimos com a
realidade ou que transformamos em “realidade”.
Indo um pouco mis além no
mundo das ilusões, quando candidatos a eleições nos vêm pedir votos, nós, que
estamos muito ocupados com o nosso trabalho, com nossa família e amigos – e com
nós mesmos - nos iludimos jogando
dopamina no cérebro quando os vemos ou ouvimos, dizendo para nós mesmos;
- É este... É este que vai
resolver os nossos problemas.
É outra ilusão. Os
candidatos também jogam dopamina em seus cérebros quando nos vêem ou ouvem
nossos gritos de apoio, e sentem prazer, dizendo para si mesmos:
- São estes... Com os votos
destes eleitores resolverei todos os problemas dos que pagaram a minha propaganda e os
meus próprios problemas. Agora sou gente importante!
Não nos iludamos... Ou
devemos iludir-nos para ganharmos nossas doses de dopamina?
Rui Rodrigues