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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Histórias infantis - Maya e o orelhão mágico




Histórias infantis - Maya e o orelhão mágico


Uma das coisas boas em ir ao cinema não é apenas o tema do filme, os figurinos, o fato de sair de casa e ir se divertir, comer pipoca, chocolates, segurar na mão da namorada, ou do namorado: É a hora da saída, no contraste dos ambientes da escuridão da sala do cinema onde se contam histórias, para as ruas iluminadas pelo sol ou pelas lâmpadas da iluminação pública. Sentimos uma sensação de retorno á realidade e só então nos damos conta de que “não vivemos” o filme como pensávamos durante a sessão de cinema, mas que simplesmente nos alheamos das coisas da vida ao assisti-lo. Por vezes até pensamos que as dificuldades em que vivíamos mergulhados tentando resolvê-las, até segundos antes do filme se iniciar, ficaram agora mais fáceis de resolver. Acontece o mesmo quando escutamos histórias da vida ou historinhas de crianças. O mundo mágico é uma preciosa ajuda para o nosso crescimento. Até mesmo quando pensamos que já somos suficientemente crescidos. Por isso quando eu era criança nunca vi com bons olhos a proibição de ler histórias em quadrinhos sob a alegação de que “faziam mal” (nunca entendi a que poderia fazer mal). Creio que com a melhora do nível de instrução a cada dia se deverão proibir menos coisas às crianças, porque parte delas não tem a mínima razão para serem proibidas. È a evolução.



Em algum lugar Maya ouviu falar que iam acabar com os orelhões da companhia telefônica na cidade.
Maya tem três aninhos bem espertos e gosta muito de historinhas. Já sabe muitas coisas e até dá conselhos a pessoas mais adultas. Tem sempre uma solução para tudo, real ou imaginária, alinhavando as soluções na medida em que vão ficando cada vez mais difíceis de realizar. Então recorre ao mundo mágico.

Foi num dia de feira que descobriu o tal orelhão mágico no qual nunca tinha reparado antes. Sua mãe tem celular. Tinham ido á feira logo de manhã cedo e Maya ficava observando todo o movimento e aquelas coisas bonitas expostas nas barracas de venda. Eram as cores, os cheiros das frutas e dos temperos, a vozearia dos vendedores e das pessoas que por vezes até paravam para conversar e resumir em dois minutos tudo o que tinham feito durante uma semana. Havia biscoitos, chocolates, peixes de olhar perdido, frangos depenados, cheiros de pastéis e de churrasquinho feito na grelha. Alguns donos de barraca davam-lhe guloseimas para provar.  

De repente surge um homem correndo, rouba a bolsa da mãe da Maya que logo desaparece no meio da multidão. Um guarda que estava perto pergunta como era o ladrão, para poder ir atrás dele, mas ninguém sabe responder. Foi muito rápido. Maya viu o ladrão e o policial e fica olhando para a cena incrédula. Com sua varinha mágica vermelha bate no poste azul do orelhão e diz baixinho a sua frase mágica:

- Maraschicovola! Seu orelhão, o ladrão cara de cabeça roubou a bolsa da minha mãe e não vai ter comida hoje. Pega ele, orelhão! Pega ele...

Olhou fascinada. O orelhão transformou-se num cilindro transparente e brilhante, com ela dentro. Maya subiu como se fosse num elevador e viu o guarda lá embaixo. Gritou bem forte para o guarda, lá do alto, até quase perder o fôlego:

- Seu guarda... O ladrão cara de cabeça tem uma tatuagem na mão e camisa preta e short cinza e tênis branco.

O guarda ouviu, fez um sinal para ela com o dedo da mão virado para cima e então com o cassetete levantado correu atrás do ladrão que já ia muito lá frente.  

Mas o elevador continuava subindo rapidamente e Maya chegou lá bem em cima, perto das nuvens, nos braços do cristo redentor. O cristo era imenso. Muito maior do que parecia lá de baixo. Teve medo que o braço da estátua, onde estava, pudesse cair. Estava num dos braços dela e tinha um olhar tão potente que podia ver tudo lá em baixo. Até grão de milho. Viu o ladrão da bolsa e o guarda correndo atrás dele com o cassetete levantado. Mas como sair dali? O que fazer e a quem pedir ajuda? Sentiu que tinha ido muito longe e já estava com saudades da mamãe. Se ela estivesse ali poderia ajudá-la como sempre faz. Podia conversar e rir com ela. Então olhou de novo para a sua varinha vermelha de fada e repetiu a frase mágica:

- Maraschicovola! E pronto!

 Agora estava na Disney, no castelo mágico, cercada de amiguinhos desenhados. Sentiu a falta dos Backyardigans, mas eles deveriam ter um bom motivo para não aparecerem. Talvez fosse inverno e por causa da neve não puderam vir. Ela tinha que recuperar a bolsa da mãe para poder comprar leite de chocolate, ovos, carninha, massinha de letras, legumes e chocolates. Sua mãe trabalhava muito e não podia ser roubada. Isso não era justo. Mas os amiguinhos da Disney não podiam ajudar Maya. Todos vestiam roupas desenhadas com gente dentro que ela não conhecia. E também trabalhavam. Tinha que usar a varinha vermelha com a estrelinha outra vez, aquela varinha mágica que usava tanto. De vez em quando a varinha falhava. Maya dizia para a varinha fazer alguma coisa e ela não fazia. Então lembrou-se de uma grande mágica: Disse mais uma vez:

- Maraschicovola!

E lá estava ela na rua, entre o ladrão e o polícia, correndo mais que todos com os cabelos esvoaçando. Corria tanto como naquele fim de tarde em Búzios, na rua das pedras, quando foi lá com a mamãe, a avó Maíra e o avô Rui. Corria tanto que passou pelo ladrão, pôs-se na sua frente e disse-lhe:

- Pára seu cara de cabeça. Cadê a bolsa da minha mãe?

- Sai da frente, garotinha que eu vou passar... (disse o ladrão).

O ladrão agora usava um capuz verde, botas de couro pretas, calças jeans, uma blusa de lã amarela e luvas. Não se podia ver a tatuagem, que era a de um galo que cantava a noite inteira e não deixava ninguém dormir.

Mas o guarda já pegava o ladrão pela camisa e o prendia. Um carro da polícia parou perto deles e trancafiaram o ladrão dentro do carro.

Então o guarda pegou Maya pela mão e a levou até a mãe. Disse-lhe pelo caminho:

- Nunca corra atrás de ladrão. Isso é perigoso e só a polícia faz essas coisas. Ta?

Maya disse que sim com a sua cabecinha loura tentando dar passos tão grandes como os do guarda e então olhou para sua varinha mágica. Quando levantou os olhos estava ainda debaixo dos toldos das barracas da feira, com sua mãe fazendo compras normalmente. Ela já estava com a bolsa. Então Maya ajudou a mãe a levar as coisas que compraram para casa. Maya ajuda bastante a mãe e é uma menina muito boazinha. Gosta muito de sua varinha de fada que a transforma em princesa de vez em quando. Outras vezes não funciona. Porque será? Será que o ladrão era de verdade, ou fora a varinha mágica que fizera toda aquela confusão?


Rui Rodrigues.







terça-feira, 14 de agosto de 2012

VIRTUAL

VIRTUAL
Marlene Caminhoto Nassa

Desejo o subjugo consentido
Dos teus braços fortes a me enlaçar
Amar até perder o sentido
E também te realizar...
Se me queres assim em paixão
Também haverá a entrega total
Serei tua e serás meu em comunhão
Nem que hoje seja só no virtual...

Renascer

RENASCER
Marlene Caminhoto Nassa
Encostar suave em tuas costas
Meu corpo quente junto ao teu
Num enlace do jeito que tu gostas
E que dá asas ao desejo meu...
Ficar assim gudadinho
Ouvindo teu coração bater
Descer a mão devagarinho
E sentir teu corpo renascer...

domingo, 12 de agosto de 2012

Evolução humana - Como seremos em 2.500 DC




Evolução humana - Como seremos em 2.500 DC

Há cerca de dois milhões de anos atrás, nossos ancestrais machos tinham cerca de 130 a 144 cm, e as fêmeas cerca de 70% da altura. Hoje, a média é de 175 para os machos e para as fêmeas a porcentagem da diferença subiu para cerca de 92%. As mulheres estão ficando cada vez mais altas.Por volta de 2.500 CD poderemos chegar a uma altura média masculina de 190 e a diferença para as mulheres de apenas 95%.


Sabemos que o meio cria resistências ao crescimento das espécies, principalmente pela falta de recursos para manter esse crescimento. Apesar disso, em 8.000 AC, a população mundial era de cerca de cinco milhões. Hoje, em 2012, somos já cerca de 7,5 bilhões. A ONU prevê para 2050 a marca de 15 bilhões de seres humanos se a curva de crescimento se mantiver. Da mesma forma, poderemos chegar a 2.500 com o planeta completamente cheio de gente, ombro a ombro, ocupando todo o planeta. Mesmo concentrando-se a população no entorno das cidades e criando-se a cada dia mais edifícios gigantescos com centenas de metros de altura, sobrará muito pouco campo para cultivar e criar vida para consumo. Faltará água, principalmente. Nas ruas circularão automóveis que não poluem, mas nem todos poderão acessar todas as ruas de uma cidade, porque o trãnsito dificil consome tempo precioso para um conforto questionável de ter uma atuomóvel. O mundo que no inicio da humaniade parecia imenso, é agora um lugar demasiado pequeno e restrito, e em breve, em vez de acolher, irá agredir as sociedades humanas. Nosso "lar", este planeta, pode tornar-se um inferno. 

Enquanto por volta de 8000 AC a vida média de um ser humano era de cerca de 30 anos, hoje a esperança média de vida atinge os 80 anos nos países mais desenvolvidos. Espera-se para 2.500 DC uma esperança de vida de 120 anos, com a cura de doenças como o câncer, o Alzheimer e outras doenças, com as correspondentes vacinas.

Parece assim que buscamos a longevidade por um lado, mas que por outro não teremos recursos para que todos possam atingir esse estágio de vida. Existem alguns recursos que não poderão estar ao alcance de todos nós. O que separa os que os podem ter dos que os não podem, é a capacidade de ter dinheiro para comprar os recursos. O capital torna-se assim o bem e o mal dependendo de quem o tem e de quem o não pode ter. Nossas sociedades se dividem, face à sua postura e capacidade financeira de sobrevivência, em grupos:

1-     Os que têm capacidade para gerar dinheiro e se aplicam nessa função;
2-     Os que não se importam com isso;
3-     Os que não têm essa capacidade;
4-     Os que, tendo ou não essa capacidade matam e roubam para consegui-lo;

Diremos que o mundo sempre foi assim. É verdade. Mas o aumento populacional e as diferenças sociais e de perfil dos seres humanos, cria grandes problemas que há 10.000 anos atrás não eram problema. Refiro-me especificamente à segurança. Enquanto há 10.000 anos atrás existiam cerca de cinco soldados para cada ladrão ou criminoso, em 2500 DC teremos uma população a ser “controlada” de alguns bilhões, e isso é demasiado para a administração das nações, quer em manter uma força de combate ao crime com todos os recursos necessários, quer em construir áreas de segurança com presídios para conter essa população. Como tudo se paga, inclusivamente a educação, cada vez haverá mais ignorantes e analfabetos no mundo.  A solução não parece ser criar forças da lei, nem relaxar a leis, e construir presídios, mas educar, tornar a educação acessível a todos os cidadãos.





A água potável, talvez o primeiro recurso vital a ser esgotado no planeta, não poderá ser vendida, mas distribuída por cotas. É urgente que se socializem as sociedades, sob pena de perecermos nas mãos dos que assaltam e não têm tendência alguma para produzir e construir. Nossas sociedades familiares, nacionais, mundiais, não podem chegar a 2.400 DC pensando que podem resolver o problema. Estes tipos de problema têm obrigatoriamente que ser resolvidos desde cedo, desde agora, para que haja tempo suficiente de adaptação para as necessidades. Os recursos deste planeta são severamente limitados e estamos atingindo rapidamente os nossos limite de crescer. A história nos diz que quando faltam recursos se declaram guerras. Temos que ser mais inteligentes do que os nossos antepassados, sob pena de concluirmos que não estamos fazendo os nossos trabalhos de casa. Não se podem permitir ladrões espertos no governo que se elegem para tirar as suas próprias vantagens, escondendo-se atrás de constituições que se dizem aprovadas de forma democrática. Democracia não é isso. E se fosse, nenhum desses se poderia esconder de uma turba malta esfomeada que lhe atacasse a casa, a família, e lhe depredasse o que roubou, já que a lei se corrompe da mesma forma que os políticos se corrompem.

A humanidade não é um rebanho de ovelhas. Tem sido por períodos curtos deixando que lhe tirem algumas vidas do rebanho, que as tosquiem e lhe tirem o leite, mas tem demonstrado também que se revolta contra os governos quando as taxas de juros excedem o limiar da usura, os impostos lhe tiram o pão da mesa e as classes que “mandam”, ou pensam que mandam, passam bem enquanto o rebanho passa mal.

Somos uma humanidade ainda infantil, em plena adolescência do crescimento, cheia vaidades, orgulhos e amores próprios, que maneja o poder como um esgrimista esgrime sua espada. Precisamos ser mais adultos em nossa forma de raciocinar como parte de uma sociedade humana planetária e não como sociedades “nacionais”, pensando que sob nossa bandeira existe o “melhor e mais forte” povo do mundo que jamais será dominado e que dominará eternamente.

Tanto quanto se sabe, nenhuma nação do mundo até hoje se pode orgulhar disso. Todas foram derrubadas por outras ao longo da história.

E a história se repete para desespero dos que se tentam impor quando perdem as batalhas finais.

Rui Rodrigues

PS- Sobre crescimento populacional

XADREZ


XADREZ
Marlene Caminhoto Nassa

Como não jogo xadrez
Proponho um xerez
Pois quem sabe dessa vez
Tu que Já fostes rei
E se  tua rainha serei
Lutaremos contra as torres
Impenetráveis, inatacáveis
Desse jogo sem ganhadores
Teu beijo a aplacar minhas dores
E o meu beijo a te levar flores
Amansará teu coração de peão
Se o bispo não nos atrapalhar
Minha rainha e o teu rei
Nesse tabuleiro de amar
Derem cheque mate na cama
Como cavalo a galopar...

JOGO DA VIDA


JOGO DA VIDA
Marlene Caminhoto Nassa

No jogo da vida
Sem carta marcada
Nem curar a ferida
Da banca falida
Revolve as questõs dessa vida
E não resolve a angústia da ida
Nem tampouco apaga
Toda brasa dormida

Um sopro, uma aragem,
Um vento sutil
Devolve essa chama
Devolve a coragem
Que doi mas que clama
Para impedir o funil
De sentimento pueril
Que se espreme na alma
e nos tira essa calma
e nos ata num só fio...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Curiosidades sobre o planeta Marte





Curiosidades sobre o planeta Marte

Marte fica a cerca de 57 milhões de quilômetros de nosso planeta e tem duas “luas”: Fobos e Deimos. Na verdade dois enormes pedregulhos arredondados. Fobos, o maior deles, é cerca de três vezes menor que a nossa Lua.

Enquanto a Lua sempre despertou o amor entre os seres humanos, talvez pela suavidade de seu brilho noturno iluminando encontros amorosos, o planeta Marte sempre despertou o oposto. Marte era o deus da guerra dos romanos, foi conhecido como “Nergal” ou estrela da morte entre os babilônios. Talvez devido á sua cor avermelhada devido á enorme quantidade de óxido de ferro (ferrugem) que contém. Se contem oxido é porque há oxigênio, ainda que pouco (cerca de 0,2% e 96% são de dióxido de carbono, o mesmo gás que é essencial á fotossíntese e, portanto, à vida dos vegetais) e se há oxigênio, já nos dá a possibilidade de antever um futuro de colonização. Ainda que inicialmente para muito poucos, a vida tal como a conhecemos, poderá ser relativamente fácil em Marte para os primeiros colonizadores.

A temperatura na superfície de Marte varia entre 87 graus Celsius negativos e 5 graus negativos, sendo a média de aproximadamente 63 graus negativos. É um planeta frio, porque está mais longe do Sol do que a Terra. Um dia marciano dura cerca de 24 horas e 39 minutos, tem também quatro estações, mas o ano dura aproximadamente o dobro do nosso (e em decorrência, as estações também). Marte leva cerca de 687 dias para dar uma volta completa ao redor do Sol. Como a atmosfera é rarefeita, a pressão atmosférica é muito baixa e não permite a existência de água líquida em sua superfície. No entanto, no subsolo, onde a pressão é maior, ela pode existir. Com água e oxigênio, o início de uma colonização será grandemente facilitado. É para isso que se vira um dos setores da NASA - Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço: Estudar o planeta visando uma colonização futura. O sistema econômico preponderante em nosso planeta, o capitalismo, exige custos astronômicos para pesquisa, o que implica em divulgar todo o conhecimento a respeito para que o maior número de países possam participar dessa conquista humana. Ao contrário das colonizações do passado em que potências ocidentais invadiram e literalmente “roubaram” terras de povos autóctones, em Marte não existe ninguém. Podemos assim mais apropriadamente falar na “ocupação” de Marte e não da “colonização” de Marte.

Havendo água e oxigênio – as calotas polares de Marte também congelam - e havendo evidências de que há cerca de três bilhões de anos a atmosfera era mais densa e havia água em abundância, é natural e imprescindível que se determine se já houve vida nesse planeta vermelho e se ainda existe em algum recôndito de seu subsolo, principalmente para não haver contaminação dos seres humanos que pisarão o seu solo e desvendarão os segredos de seu subsolo. É possível que a vida em marte venha a ser possível em cavernas subterrâneas iluminadas artificialmente, onde se possam cultivar vegetais regados por água de lagos subterrâneos. Uma “impermeabilização” dessas cavernas poderia proporcionar a retenção do oxigênio das plantas para a nossa respiração e alimentação das plantas, a possibilidade de uma vida tal como a vivemos aqui na Terra em sua superfície. Iluminação e aquecimento artificiais fariam de Marte subterrâneo um novo paraíso, protegido de meteoros. Cápsulas de “plexiglass”, um tipo de acrílico transparente, extremamente resistente poderia proporcionar vida á superfície de Marte.

Muitas missões não tripuladas já foram enviadas a este planeta, a maioria com sucesso. O que ainda impede as viagens tripuladas é a enorme distância que, com os motores atuais dos foguetes que possuímos, demora aproximadamente oito meses terrestres. Contando com a volta, os astronautas teriam que ficar no espaço cerca de um ano e cinco meses, mas há um impedimento ainda maior: Marte somente será ocupada por seres humanos quando der “lucro”, isto é, quando for interessante explorar de sua massa algo que valha a pena explorar e que não exista em nosso planeta ou custe mais caro extrair aqui.



Infelizmente o desenvolvimento da ocupação do espaço extraterrestre está amarrado, atado, associado ao lucro. Talvez um dia, por volta do ano 2.500 o futuro nos reserve a necessidade urgente de ocupar a Lua, como trampolim para Marte, face ao crescimento exponencial da população humana. Nossos valores nos dias de hoje dependem quase que exclusivamente da necessidade do lucro. Sem lucro não há alimentos, combustíveis, habitações, hospitais, saúde, educação, segurança, vida. Talvez um dia possamos dizer aos nossos governantes o que queremos que eles façam no governo, já que dizem que nos representam, mas isso somente será possível através da Democracia Participativa - http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

Se não se acredita que nos representem porque continuam a ser apoiados?

Rui Rodrigues


PS- Fotos pela ordem: Vista de marte; fotos do por do sol em Marte e do solo marciano,estas tiradas por robôs que foram enviados ao planeta pela NASA

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Histórias infantis- Maya e os piratas do Peró.






Era uma vez uma menina muito linda que falava tudo, era muito alegre, inteligente, e tinha muitos amiguinhos e amiguinhas.  Só tinha três anos, corria muito depressa, e era muito brincalhona. Mas era rebelde, contestadora e cheia de “razões” que explicava com todos os detalhes. Todos gostavam dela. Costumava sonhar com fadas, especialmente a fada “Aurora”. Com uma varinha de condão vermelha, costumava fazer “mágicas” com a mãe, o avô e a avó. Gostava de apanhar “sustos” e depois ria às gargalhadas, pedindo para repetir. Para se ter uma idéia de como enfrenta as dificuldades da vida, basta dizer que um dia, ao caminhar distraída e olhando para trás no seu apartamento, bateu com a cabeça no umbral da porta. Quando todos estávamos esperando que começasse a chorar, deu-nos de presente, uma bela gargalhada que só terminou dez minutos depois, enquanto coçava a cabeça.

Um dia foi visitar o avô Rui na casa da praia do Peró. Deu milho às galinhas, colheu um ovo vermelho da Giselda caipira de pescoço depenado, foi à praia, comeu uma caixa de bombons de chocolate e depois de almoçar a comida feita pela vovó e pela mãe, foi dormir. Foi dormir contra vontade e choramingando. Queria voltar para a praia, mas àquela hora o sol estava alto e a mãe não a deixou ir. Aquele sol fazia muito mal à pele.  

Não se lembra como chegou à praia, que estava anormalmente cheia de gente. Era uma gente diferente. Chegou até a pensar que ainda estivesse dormindo, mas abandonou logo essa hipótese, porque as pessoas eram muito reais, e havia muitos barcos com velas e mastros. Eram piratas, sem dúvida alguma, porque já os tinha visto em livros. Não pensava que existissem, que eram apenas personagens de histórias inventadas. Mas estavam ali, bem perto, enchendo e carregando umas caixas de madeira com colares de pérolas, moedas e estátuas de ouro, porcelanas chinesas, tesouros imensos que levavam para botes junto à praia. Ventava muito e havia nuvens negras no céu. As roupas esvoaçavam e ouviam-se gritos para apressar o trabalho antes que chovesse. Alguns piratas usavam chicotes e todos traziam espadas na cintura, pistolas de um tiro só enfiadas na cinta que traziam enroladas na cintura. Usavam botas curtas de couro, braceletes, muitos deles usavam uma venda preta num dos olhos. Maya sentiu medo e ao voltar-se para trás, para sair correndo de volta para casa, deu de cara com um pirata alto e forte, que tinha uma venda negra num olho, um papagaio sobre um dos ombros e uma macaquinha no outro. O papagaio estava tentando bicar a macaquinha e esta dava petelecos no louro. Parecia que não gostavam um do outro, ou que tinham ciúmes.

- Quem é você? – perguntou o pirata grandalhão.
- Sou a Maya! Mas você não me conhece. Vou embora para casa. Deixa-me passar!  Você é muito feio, seu pirata doido, cara de cabeça. Vou embora. Fui! Maraschicovola...
- Não vai não! – disse o pirata franzindo os olhos. Não tenho tempo de levar você em casa e não vou deixá-la por aqui sozinha. Vou te levar comigo. Meu nome é “Papacaco”, nome que me deram por andar sempre com um papagaio e um macaco nos meus ombros. Podemos ser bons amigos.

Pegou na Maya com um braço só, segurou-a pela cintura e com se fosse uma melancia, levou-a para um dos botes. Maya gritava, esperneava, mas ele não a largava. Entraram no bote, e o pirata gritou:

 - Vamos!Remem, preguiçosos! Suas mulas coxas!

Foi assim, ainda esperneando, que Maya olhou para trás e conseguiu ver a praia se afastando enquanto os remos dos remadores do bote faziam barulho na água ao impeli-lo na direção do maior dos barcos que se viam ancorados. Dele vinha uma música muito bonita de cavaquinhos violão e tambores, e havia até uma flauta. Maya estava gostando da música, mas estava muito triste. Queria voltar para casa e agarrar a mãe, beijá-la, enchê-la de beijos. Já estava com saudades. Achou que não deveria ter desobedecido e saído para a praia. Lembrava ainda da mãe dizendo-lhe que fosse dormir e que mais tarde iriam até a praia. Quando reparou já estava subindo a bordo do barco enorme, ainda segura pela cintura, esperneando. Ia ser raptada. Sentia que nunca mais veria as pessoas que amava. Já achava que nem eram tão chatas como pensava por vezes, quando a contrariavam. Quando subiu a amurada e pisou no convés, viu um espetáculo de movimentos: marujos limpando as tabuas do chão com enormes esfregões de pano, outros descendo por cordas enquanto as velas subiam, outros preparando os canhões, o cozinheiro correndo atrás de um porco fujão para a cozinha, outros afiando espadas. Alguns usavam pernas de pau e todos usavam lenços coloridos amarrados na cabeça ou chapéus de couro. Lá em cima, no topo do mais alto mastro. A bandeira negra com uma caveira e dois ossos cruzados tremulava ao vento. Maya pensou que talvez até fosse um carnaval daqueles que via na televisão, mas não era. Era muito real porque ela não apenas “via”. Ela estava “lá”, ali mesmo, junto com eles. Quando começou a ouvir uma gritaria muito grande, percebeu que eram ordens para zarpar. O barco partiu deixando a praia ainda mais longe. Levaram-na então para um quarto onde ficou por dois dias. Depois deixaram que ela andasse por toda a nau. A tripulação começou então a gostar muito dela e elegeram-na princesa do barco. Percebeu que havia sempre um lado bom até em piratas. Brincavam muito com ela e por momentos chegava a pensar que não era assim tão ruim estar no meio deles, mas quando se lembrava da mãe, começava a gritar para todos os que lhe passassem pela frente, chamando-os de “cara de cabeça”, “seus doidos de cara”. Eles riam e ainda gostavam mais dela.

Um dia, que Maya já não percebia quanto tempo tinha passado desde que fora levada pelos piratas, os barcos fundearam ao largo de uma ilha com um castelo bem no alto de um morro no centro da ilha. Maya perguntou ao pirata Papacaco o que iam fazer. Ele disse que iam assaltar o castelo.

- Vocês vão bater nas pessoas que estão lá no Castelo? – perguntou Maya indignada.
- Vamos! Não se pode assaltar e roubar o ouro deles, dos que estão lá dentro, porque eles não deixam a gente roubar. Então temos que bater neles.
E com um gesto, mandou atirar com os canhões. Ouviram-se dois estrondos mais fortes que fogo de artifício, e as duas bolas de pedra que saíram dos canhões junto com uma labareda de fogo bateram nas paredes do castelo abrindo dois buracos enormes.

- Mas você não pode fazer isso, seu “cara de cabeça”. Isso machuca muito. Olha, eu tenho uma idéia – Disse Maya, sorrindo para o pirata Papacaco. Minha mãe tem muito, muito mesmo... Muito leite de chocolate... Eu dou todo ele para você e assim você não bate nas pessoas do castelo. É muito bom o leite de chocolate da minha mãe. Você vai gostar, seu “cara de cabeça”. Maraschicovola!

- Então está bem... - Disse o pirata – Vamos voltar e pegar todo o leite de chocolate da tua mãe. E gritou para a tropa de Piratas:

- Retirar!... Bando de pernas de pau. Vamos apanhar leite de chocolate!

Então as portas do castelo de abriram e veio gente comemorar com os piratas porque já não iam ser atacados. Fizeram um grande almoço onde não faltou leite de chocolate só para a Maya, que agora era uma princesa ainda mais bonita. Tinha convencido o pirata Papacaco a não atacar o castelo. Dançaram muito e Maya dançou para todos verem. Bateram muitas palmas. Maya disse para o pirata:
- Você vê, seu cara de cabeça? Minha mãe trabalha e não bate em ninguém. Você podia fazer o mesmo. Porque não trabalha em vez de roubar o que é dos outros?
O pirata ficou pensativo. Olhou para ela, sentou-a no colo e disse:
- Nunca me tinham falado assim. Você, minha amiguinha Maya, é muito legal. Acho que vou fazer isso mesmo.

Quando já ao anoitecer, de barriga cheia, os piratas se preparavam para voltar para os barcos, tinham uma surpresa. Os barcos estavam em chamas. Não tinham como voltar para a casa da Maya para apanhar o leite de chocolate. Então Maya puxou a calça do pirata Papacaco e disse-lhe:

- Olha, eu tenho uma idéia muito boa. Boa mesmo. Mas tem que fazer como eu vou dizer. Ta?  (O pirata disse que sim com a cabeça). Maya continuou: Sabe, seu pirata “cara de cabeça”, aquelas garrafas de refrigerante que vocês tomaram lá no castelo? Tapamos a boca das garrafas, amarramos com cordinhas, botamos na cintura e vamos todos nadando.

- Mas é muito longe... – gemeu o pirata!
- Vamos conversando e eu te conto uma historinha. Ta?

E lá foram mar afora, nadando, com Maya contando uma história sobre a fada Aurora, o chapeuzinho vermelho. Depois contou histórias dos backyardigans e outras historinhas que ela sabia. Contou até dez em inglês e em português enquanto abria seus dedinhos da mão um a um e ensinou algumas palavras em inglês que ela também sabia. Quando chegaram á praia estava muito cansada de ter nadado a noite inteira, e adormeceu ali mesmo, nos braços do pirata que agora ia passar a vida trabalhando honestamente.

Quando acordou já estava na hora de ir para a praia.

Rui Rodrigues,
O avô babão, cara de cabeça!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

MARTE AZUL

MARTE AZUL
Marlene Caminhoto Nassa
Água azul em Marte?
Prever nossa sorte?
Já foi azul também?
Árida, poluída, doída
É só o que hoje tem
Nossa futura morte
e sorte também?
Terra:
Reparte comigo agora
A cor azul da água tua
Para eu pintar sem demora
Enquando houver refração
E as cores todas  a escolher
Marte nos mostra agora a crer
Que existindo só o vermelho de cor
Sangue  de vida extinta que devia haver
Será a cor exata de nossa futura dor
E não haverá mais nenhum pintor...

Tráfico de drogas, Pablo Escobar e um projeto na Guajira colombiana.





(Relato de um amigo durante uma visita ao Bar do Chopp Grátis onde tomou umas boas caipirinhas)


Barranquilla, na Colômbia, é um forno durante todo o ano, exceto quando as brisas que vêm do mar atravessam o rio Madalena esfriam um pouco o ambiente trazendo geralmente chuvas que inundam as “calles” e as “carreras” muitas delas transformadas em imensos e altos canais coletores de águas de chuva, os “arroyos”. Essas chuvaradas tropicais arrastam pessoas, carros, tudo o que estiver pelo caminho. Os robalos que se pescam no Madalena quando sobem o seu curso, são mais gordos dias após essas chuvaradas.


Eis um breve resumo do que me contou:

“Quem a olhasse não chamaria a atenção. Essa mania de as espiãs de filme serem todas boazudas, gostosas, atraentes, curvilíneas, é pura ficção. Espiã que se preza passa desapercebida e só é gostosa quando tira a roupa e se entrega ao desvario. São frias e calculistas, mas quando necessário são quentes e não entendem nada de matemática. Aquela pelo menos era uma espiã perfeita. Precisavam de alguém confiável que tivesse uma posição de liberdade no projeto e que pudesse entrar e sair a qualquer hora. Encontraram-me por indicação de um americano no longo verão de 12 meses em 1982. Pediu-me sigilo absoluto perfeitamente compreensível. Por isso ninguém entendeu porque motivos me davam regalias que mais ninguém tinha no projeto, como, por exemplo, viajar todas as semanas a Barranquilla nos aviões do projeto quando havia prazos rígidos a serem obedecidos de permanência dentro das grades do projeto. Havia guardas e postos de controle, uma equipe da CIA, um porta-aviões e alguns navios de guerra pairando ao largo da costa norte da Colômbia. No projeto, um posto do exército, da marinha e da aeronáutica com dois pequenos aviões tomados do tráfico. Pensava-se que naquela sala - sempre fechada e com acesso restrito - as mensagens cifradas se devessem à “confidencialidade” de assuntos da companhia. Não era apenas para isso. Era ali que também a CIA atuava nas comunicações. O objetivo, diminuir o tráfico de drogas e caçar o inimigo público número 1, Pablo Escobar, chefão do cartel de Medellín. A revista Forbes chegou a quantificá-lo como o sétimo homem mais rico do mundo, controlando cerca de 80% de toda a cocaína a nível mundial. Alugaram-me uma casa ao lado de um outro traficante “tolerado” pela polícia de Barranquilla. Todos no projeto achavam que fora por acaso essa coincidência e quando os guarda-costas deste traficante evitaram um assalto à minha casa, ninguém ligou nada com nada. Era tudo uma sucessão de coincidências que passavam desapercebidas.

A espiã que veio do forno de Barranquilla trabalhava como fiscal de contratos. Isso lhe dava a mobilidade que necessitava. Todas as empresas contratadas se estendiam desde os contrafortes da serra de Santa Marta, onde se cultivava maconha e coca, até o porto de minério. Pelo caminho abriam-se aeroportos nas areias do deserto, a trator, em um só entardecer. Quando a noite caía, pelas seis da tarde, colocavam umas latas com combustível que acendiam quando ouviam o ronco dos motores dos aviões de contrabando. Em menos de cinco minutos a carga era embarcada, o dinheiro recebido. Em mais dez minutos nada havia no local. Apenas uma pista que jamais voltaria a ser usada. Aviões chegavam carregados de coca vindos da Bolívia e do Peru. A carga ia para Miami, de onde vinha o dinheiro. As FARC jamais chegaram á Guajira, nem vindas da Venezuela, nem do Panamá, do Equador, nem dos demais Departamentos da Colômbia. Enquanto durou o projeto, entre 1982 e 1985, o mundo viu o tráfico de drogas faturar cerca de nove bilhões de dólares.

Encontrávamo-nos, a espiã e eu, no meu trailer no projeto, ou na minha sala em Coltabaco. Quando tirava a roupa, mostrando todo o seu corpo, era perfeita e bela, quente como Baranquilla. Também nos encontramos certa vez em Cali numa visita a uma empresa que desejava participar de concorrências como parte do procedimento de pré-qualificação. O cartel do tráfico de Cali era antagonista do Cartel de Medellín de Pablo Escobar. Algumas das maiores empresas de construção serviam para lavagem de dinheiro do tráfico. Estava explicado porque as FARC não se aproximavam do projeto que se estendia ao longo de 500 km, parte na selva, parte no deserto de “la Guajira”, um imenso lençol de carvão subjacente. Soube pelo traficante que morava ao lado de minha casa na praça da termoelétrica, em Barranquilla, que Pablo Escobar estaria de visita nessa cidade para uma reunião com o pessoal do tráfico. Queria um acordo para dividir parte do mercado com o pessoal do Cartel de Medellín. Foi numa festa da escola onde meus filhos estudavam. A liberdade era tanta para a gente do tráfico, que o meu vizinho traficante disponibilizou um avião para levar as crianças da escola de passeio aéreo sobre a cidade. Algo deu errado, porque Pablo Escobar não compareceu. A uns dois quilômetros do projeto, na semana seguinte, dois agentes da CIA foram mortos a pedradas num local conhecido como Casa Blanca, para dar a impressão de vingança pessoal de gentes de um povoado de índios guajiros para os quais existe a dívida de sangue: sangue se paga com sangue. Na verdade esses agentes estavam na pista de uma viagem de Escobar às imediações do projeto onde iria verificar as condições das pistas de aterrissagem. Estava perdendo muitas cargas e muitos dólares tinham sido apreendidos.

Tivemos sucesso em algumas atividades, como aquela em que descobrimos que um gerente em Rioacha, uma cidade perto do porto, usava dinheiro do tráfico para fazer os seus próprios negócios. Um dia a CIA foi até Rioacha, apanhou o sujeito, levou-o para o projeto numa Toyota com escolta, onde pegaram um avião para Barranquilla. Chegaram dez minutos antes do vôo para Miami. Entraram com o sujeito no avião. Deve estar preso até hoje numa prisão americana. Um gerente de contratos foi sumariamente demitido. Dois aviões carregados de dinheiro, vindos de Miami, quando pousaram, não encontraram a carga para levar. Quem os recebeu foi a CIA, as cargas já apreendidas. Num entardecer um avião da base decolou com 19 soldados a bordo. Interceptaram um avião do narcotráfico que abateram, mas na volta à base encontraram as luzes do aeroporto apagadas. Pousaram num espaço reduzido de uns duzentos metros num local de pré-soldagem de trilhos depois de terem perdido a cauda do avião ao aproximar-se e baterem nuns cabos de alta tensão ainda sem carga elétrica. Fui até o local. As pernas do piloto tremiam quando desceu do avião, todos sãos e salvos. Nunca se perguntaram no projeto como se sabia dos vôos e dos horários do tráfico, nem porque razão alguns interessados nada podiam fazer para me tirar do projeto.

No final de 1985 tive meu ultimo encontro com a minha bela espiã. Minhas atividades terminavam com o fim do projeto. Ela continuou por mais alguns meses até que toda a atividade de fechamento das contas do projeto, já em operação, terminassem. Nunca mais soube dela. Tem no peito um colar de esmeraldas que visto por alguém será apenas uma jóia. Para ela muitas e boas lembranças. Foi uma pequena parte do pagamento extra da CIA. “

Rui Rodrigues


PS- Leitura complementar sobre o tráfico de drogas

sábado, 4 de agosto de 2012

Desnuda!!


















Desnuda!

Uma moça desnuda,
No pescoço uma jóia azul,
Uma pedra bonita num cordão de ouro.
O cabelo grande, solto, louro e cheio,
Que o vento faz questão de balançar.
No rosto um sorriso imenso, bonito.
Nas mãos uma flor vermelha,
Que ela leva ao rosto e sente seu perfume.
No corpo uma única peça de roupa,
Uma pequena e linda calcinha branca.
Nos pés sandálias amarradas nas pernas.
Com salto alto, fino e sensual, ela desfila.
Seios magníficos, lindos, grandes, perfeitos,
Movimentam-se suavemente com seu andar.
Que idade ela tem?
Não sei!
Não importa!
Deusas não têm idades!
Caminha sozinha no meu sonho,
Ouvindo as músicas que enchem minha cabeça.
Seu sorriso é só meu,
Enfeita apenas o meu jardim imaginário,
Ou real, não sei ao certo,
Que existe na minha cabeça de poeta, de romântico.
Só eu a vejo, só eu sinto seu perfume.
E, nele, a noite é sempre quente, de lua,
Com uma penumbra ilógica, enevoada, da noite seca.
Assim ela vem toda noite.
Surgindo da névoa,
Caminha sorrindo, sorri caminhando.
Se, é certo dizê-la seminua,
Certo seria também dizê-la semi-vestida?

Um imenso abraço, Paulo César Pacheco, 27/09/11.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sentidos com sentimento que fazem sentido



Sentidos com sentimento que fazem sentido

É muito pouco para um ser humano viver sua vida do dia a dia sem tempo para se situar num contexto de vida num meio vivo, como parte integrante deste planeta que viaja pelo espaço sem ir para lugar nenhum que não seja o de sua galáxia, sempre mantendo distâncias relativas a outros astros, voltando a trilhar os mesmos caminhos por anos, séculos, milênios, parsecs. Pelo menos neste sistema solar da Via Láctea a Terra é única e só, e nem por isso é triste.

Muitos de nós vivemos sós e tristes sem nenhuma razão para isso. Absolutamente nenhuma. Se somos tristes é porque não descobrimos o mundo em que vivemos e que nos pode dar tantas alegrias. A razão principal de nossas tristezas é a falta de mobilidade, de migração de coisas que antes nos davam alegria e que agora, por um motivo ou por outro não queremos ou não podemos ter. Nestas ocasiões, um movimento no sentido de buscarmos novas alegrias é fundamental para buscarmos novamente a felicidade.  

Para quem nunca teve um amor, buscar um pode ser uma mudança fundamental de tal ordem que ao consegui-lo e depois olhar para trás terá a sensação de que perdeu muito tempo na vida, mas que valeu a pena mudar. Para quem nunca teve o conhecimento de certas matérias que se aprendem nas escolas porque nunca as freqüentou, certamente encontrará felicidade no conhecimento. E para quem já teve tudo mas não teve tempo para olhar à sua volta porque estava muito ocupado ou ocupada, há certos momentos na vida em que o tempo disponível permitem olhar para si mesmo e para o mundo em que vive.

Carlos teve uma “parada reflexiva” certo dia em sua vida de casado. Olhou para trás e não gostou do que viu. Filhos criados e formados, um patrimônio razoável, encerrou sua carreira como “pater família”, dividiu os bens, despediu-se da mulher e dos filhos e foi viajar. Na volta, passados cerca de 4 anos, construiu uma casa á beira da praia e foi pescar. Numa ida ao supermercado comprou umas belas mangas, mamões. Passou numa floricultura e comprou duas mudas de bananeira, um limoeiro. Das sementes de manga e de mamão, plantou algumas que brotaram. Passados oito anos, que passam muito rapidamente, colhe mangas, bananas, limões, cajus, graviolas, cana de açúcar, e de vez em quando algumas mandiocas. Num cercado cria algumas galinhas, tem uma gata e um cachorro castrados. Anda pela praia colhendo conchas e pescando peixe ou siris que complementam o super mercado. Para quem conheceu quase o planeta inteiro em viagens a trabalho ou por laser, a sua felicidade está no planeta que só agora teve tempo para olhar. Há quem vá uma, dez, cem vezes a Paris, passe sempre pelas mesmas ruas e monumentos e não veja nada do que pensa ver, porque não sabe o que ver, como ver. É como ver fotos sem história, sem áudio visual. Pode passar por Notre Dame sem saber a sua história pela Torre Eiffel sem saber dos detalhes técnicos e históricos de sua construção.

Até então tinha vivido numa casa a que chamava planeta Terra e não conhecia nem a sala nem o banheiro nem a área de serviço apesar de tudo o que via e pensava conhecer. Não lhe prestava a atenção devida, sua felicidade consistia em ter coisas que se perdem todos os dias, que passam de moda todos os dias, que não valem nada amanhã, e o amanhã já é hoje, e o hoje já passou para ontem.

Ao caminhar pelas ruas, já sabe quem tem problemas, quem está feliz, quem está amando, quem busca o amor. Antes eram apenas pessoas que viviam a “sua vida” e somente conhecia mais ou menos quem convivia com ele. Hoje Carlos aprecia o cantar dos pássaros que lhe cantam sinfonias pelas manhãs; o galo cantador que o acorda de madrugada. Tem contato com seus amigos e amigas de forma esporádica. Busca nos livros de ciência o aprendizado do que desconhece. Há flores nos campos, pessoas interessantes em qualquer lugar com quem se pode conversar de acordo com o seu nível de conhecimento e todas são interessantes porque cada uma delas tem uma história diferente para contar, desejos diferentes, sonhos diferentes. Algumas se tornaram suas amigas, e o idoso ou idosa desprotegidos que encontra pelas ruas por vezes esconde um passado que já foi seu. Não raro são pessoas com profundo conhecimento da vida que se desiludiram mas não souberam ou não optaram por descobrir o planeta para a vida, mas para o esquecimento. Muitos por falta de apoio ou desilusão.   

Hoje, sim, Carlos se julga um “self made man”, aquele que se fez na vida, cozinha, lava, passa, limpa, cultiva, cria e vive em sociedade da qual depende o mínimo necessário. Ama quando há oportunidade. Quando não há, reserva o amor para quando vier.



Rui Rodrigues

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O pequeno grilo




O pequeno grilo

Ele era um velho. Vestia-se com roupas puídas, mas limpas, que já tinham sido moda, roupa de etiqueta, décadas atrás. Era tudo o que tinha, além de dois colchões onde dormiam ele e o garoto. Sem ter onde morar resolvera recolher-se àquela pequena gruta nas imediações da cidade. Todos os dias ia até ao bairro mais próximo para recolher comida e alguns restos de coisas que pessoas caridosas lhe davam por não lhes fazerem a mínima falta. O garoto era fruto de amores de ocasião, daqueles que nada têm de amor, e são apenas reflexos da função hormonal que provoca desejos incontidos. Tinha sido largado à porta da gruta sete anos antes. Entendeu que era um presente que a vida lhe dera e não queria perdê-lo. Virou-se do avesso para conseguir fraldas, leite, mamadeiras, roupas. Inventou que era pra uma mãe pobre que não podia sair de onde estava para cuidar do filho. Tinha planos: Se a vida lhe dera aquela criança, não iria tirá-la. A criança nunca ficaria doente.  Se viesse a ficar, então contaria a verdade, perdê-la-ia para sempre porque seria entregue a alguma instituição para que viesse a ser adotada, mas teria a sua vida assegurada. Ficaria com o Grilo, assim lhe chamou, enquanto a vida lhe permitisse tal dádiva.

O pequeno grilo, aos três anos já era um excelente perguntador. Gozava de excelente saúde. O velho ensinava-lhe tudo o que sabia. Ninguém se preocupa com os miseráveis que vê pelo caminho. Tratam-nos como se fossem idiotas e não tivessem o mínimo conhecimento. Na verdade estudos mostram que entre os mendigos de rua encontram-se professores universitários, engenheiros, médicos, de ambos os sexos, que se viram forçados a adotar essa vida das ruas ou que pararam de lutar pela vida que tinham por que parou de fazer-lhes sentido.

O velho dera o nome de grilo ao pequeno porque se lembrava sempre de um filme de Bruce Lee que vira naqueles tempos em que tinha família. Era o de um sábio de Kung-fu que tratava o discípulo por “pequeno gafanhoto”. Naquela gruta não havia gafanhotos mas havia um grilo que cantava todos os dias, e de karatê o velho ainda sabia alguns golpes. Faltava-lhe a força, mas ainda tinha o jeito.

Sete anos passam depressa. O pequeno grilo sabia ler, escrever, e tinha tanto conhecimento que poderia tranqüilamente, com aquela idade, fazer prova em colégio para concluir o primeiro grau. Aprendera também a cozinhar, lavar e passar sua roupa. Numa manhã o velho acordou-o e disse-lhe que iam até o centro da cidade. Vestiram a melhor roupa, o velho apanhou umas notas que sempre tinha guardadas e foram até a cidade. Foram a pé. Um longo caminho. Quando chegaram a uma rua, o velho disse-lhe que haviam chegado e entraram numa loja que cheirava a papel velho. Era um Sebo. Passaram quase uma hora escolhendo livros. Depois voltaram exaustos para a gruta nos subúrbios da cidade. O velho ia preparar o pequeno grilo para o segundo grau até os dez ou doze anos de idade. As aulas recomeçaram no dia seguinte. O pequeno Grilo seguiria as ciências exatas e saberia ler, falar e escrever muito bem o português. Brincava nas horas vagas, muito poucas por sinal, com outros meninos de uma favela próxima. O pequeno Grilo já sabia que seu futuro seria muito diferente e junto com o velho lutavam por ele. Era uma fixação. Uma meta a atingir e nada mais serviria.

O pequeno Grilo passou em todos os exames e fez vestibular para uma universidade de Física. Passou e ganhou uma bolsa de estudos. Um dia ao voltar para a gruta não encontrou o velho a quem chamava pai. Procurou-o por todas as instituições. Já estava formado quando veio a saber que ele jazia numa vala comum, enterrado como indigente. Nesse dia seu coração ficou apertado como nunca. Seu pai, assim lhe chamava, partira sem dizer adeus. Por momentos, em que as lágrimas lhe rolaram pelas faces, chegou a pensar que era uma história muito triste, mas logo seu coração se inflou cheio de orgulho. Afinal sua história e do velho, eram uma linda história da qual nada tinha que se envergonhar.

Grilo hoje é casado, tem dois filhos e vive numa pequena cidade alemã onde desenvolve os seus estudos num centro de pesquisa. Ajuda a manter um centro de ajuda a desamparados na cidade de S. Paulo

Rui Rodrigues. 

sábado, 28 de julho de 2012

A crise econômica mundial e as “mudanças” políticas




A crise econômica mundial e as “mudanças” políticas

Nada mais efetivo para mudar o panorama político do que uma violenta crise econômica internacional (ou interna a cada país). Foi assim com a Revolução francesa quando faltou pão ao povo, foi assim com a revolução russa de 1917 quando o povo não tinha o que comer. Se buscarmos na história, veremos que a maioria das guerras foram declaradas por falta de recursos, comida ou para os declarantes serem mais ricos ou mais poderosos.

Nada mudou de essencial na humanidade: Ela fala pelo estômago!

Há sinais de inconformidade com os governos na Argentina, no Brasil, em Cuba, o Norte de África já praticamente resolveu os seus problemas, governos caíram na Grécia, em Portugal, na Espanha, na Itália, no reino Unido e na China acaba de descobrir-se que um grande dirigente enviava dinheiro para contas secretas no exterior. Isto não é o meio ou o fim da crise, mas apenas o seu desenrolar. Antes de 2020 não terminará porque a crise caminha “devagar” como costuma acontecer nas grandes crises. Não poderíamos imaginar que em quatro anos desde o começo da crise em 2008, a Espanha viesse a ser atingida tão severamente que 25% da população viesse a estar desempregada e houvesse filas imensas de pessoas sendo assistidas pela Cruz Vermelha Internacional com parcas doses de alimentos. Nos EUA há cada vez mais pobres sendo assistidos por organizações de caridade.

Em todo o mundo, voltarão as filas de racionamento!

Sabemos o que nos espera no Brasil: diminuição dos salários, desemprego, mas sem cortes nos salários dos senadores, governadores, deputados, vereadores... Esses continuarão a entregar o nosso ouro para os bandidos acobertados por uma constituição que lhes permite fazer dela o que desejarem, e alterá-la a cada vontade dos que mandam nesta nação: aqueles que pagam as eleições dos candidatos dos Partidos.

Enquanto os cidadãos deste país não forem para as ruas exigir nova constituição que possam votar item por item, continuaremos assistindo à deterioração do sistema político – independentemente de Partido – como num jogo de futebol. Explico! Quando o Santos perde, somente a torcida do Santos fica triste. O restante dos adeptos do futebol continua sua vida. O mesmo se aplica para cada clube perdedor ou Partido que perde as eleições. Mas há sempre a esperança de vencer amanhã.

Com a crise, todos perdemos, e por falta de ética e moral, os Partidos vão perdendo a sua credibilidade de nos empurrarem candidatos nos quais temos que obrigatoriamente votar.

De absurdo em absurdo se constrói a derrocada dos reinos, onde sempre há algo de podre, e, de barriga vazia, nem comida podre desce!
Não votarei em ninguém. Todos os partidos têm apenas um interesse: o interesse de seu time e não dos “torcedores” que vão ao estádio. Estes, somos nós, os cidadãos: pagamos entrada e não vemos saída! Ademais  a  história não mente.. Fiquemos sem trabalho e com fome.. 
Quando somos apenas uma pequena parte, vamos para debaixo da ponte. Quando somos
muitos, fazemos revoluções..

Rui Rodrigues

MAR DO AMOR

MAR DO AMOR
Marlene Caminhoto Nassa

Foi tudo de bom
Navegar em seu mar pelo mundo
Quando havia tempo de calmaria
Nossas velas você recolhia
E lançava a âncora bem fundo

Ancorados em mar alto
Nada podia nos atrapalhar
Sentindo a brisa macia
No nosso corpo a tocar

Balançando nas suas águas
Às vezes conseguia até mergulhar
Catava as estrelas marinhas
E você me dava as do luar

Comíamos as estrelas da água
E com as do céu
Alimentávamos nosso sonhar

Mas o tempo de calmaria
Começou cedo a mudar
Soltamos as velas
Mas no meio da tempestade
Era impossível navegar

Nossa caravela água pôs se a fazer
E o mar do amor
Antes tão calmo e sereno
Ameaçava a nos arrastar
Em suas águas revoltas

E com todas as velas soltas
Ficamos perdidos nesse mar

Náufragos nesta praia deserta
Seremos presa certa
Pode crer
A não ser que desses destroços
Outra embarcação possamos fazer..
MEU NORTE  (II)
Marlene Caminhoto Nassa
Vago qual pássaro mortalmente ferido
No mar da vida sobre a onda forte...
Vaga a onda e sem encontrar vaga,
Tal e qual o meu coração dolorido
Arrebenta na rocha que lhe faz barreira
Sou pássaro ferido e em cegueira
Que vagando eu no que divago da chaga
Aberta no meu peito e que me draga
Dilacerada nas adagas disparadas sem sorte
Feliz e cega só encontro a morte
Imaginando, tola, encontrar meu norte...

SAL E MEL

SAL E MEL
Marlene Caminhoto Nassa

A delícia de dialogar com um poeta
É que só ele consegue explorar uma gruta
Esculpindo poemas de forma tão quieta
Mas criando arte até da palavra bruta
Enquanto escreve uma poesia louca

Exploda, pois, estrofes de suas águas represadas
E inunda de mel e de seu sal a minha boca!
INSTRUMENTO TEU
Marlene Caminhoto Nassa

Com a língua quente na minha gruta
A lamber o contorno dos lábios meus
Teus dedos travam uma delicada luta

Ouve se de repente, num instante,
Em forma de espasmo e de gemido meu
Um concerto doce e alucinante

Tiras notas dissonantes com tua batuta
Quando fazes do meu corpo o instrumento teu!