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sábado, 21 de dezembro de 2013

As missões



As missões[i]



Lawrence da Arábia existiu. Tinha uma missão: Encontrar o rei Faiçal e saber quais suas intenções a futuro. Lawrence era um oficial subalterno das forças britânicas estacionadas no Cairo. Nessa época, no inicio do século XX, o Egito era um protetorado Inglês, o mundo árabe estava dividido em tribos. Lawrence só tinha a seu favor o fato de ser um sonhador e tinha uma cultura geral muito boa.


Escrevo este texto enquanto assisto ao filme pela terceira ou quarta vez em toda a minha vida. Olho para a tela quando algo me chama a atenção. Para me lembrar, também, de uma época em que eu recebia missões. Nenhuma missão minha falhou. Eu era bom nisso, reconheço, sem modéstia alguma.



Uma delas, eu tinha 27 curtos anos, foi a de assumir uma Filial no Sul do Brasil, com população altamente instruída, alto nível de educação, representando três empresas do maior grupo empresarial da América Latina naquele tempo: O Grupo Lume. As três empresas eram a Conaltour, a Conleasing e a Contal. Em particular, eu era também o responsável técnico, o gerente geral e de construção do edifício mais alto de Porto Alegre: O Edifício Sede da Embratel. Não parecia tarefa fácil, porque a obra estava atrasada, saindo da estimativa de custos. A equipe tinha sido admitida por meu antecessor e era de sua confiança. A pressa para que eu assumisse, face aos atrasos da obra era tal, que fizeram tudo ao mesmo tempo: Mandaram-me para Porto Alegre carregado de procurações para comprar, vender, alugar, fazer o que me desse na telha, abrir conta bancária em meu nome ou no da empresa, enquanto chamavam o anterior gerente para a demissão ao Rio de Janeiro. Meu chefe. O Mário Amêndola sabia o que fazia. Eu é que não estava muito certo de que ele estivesse certo. Não fui sozinho para Porto Alegre. Levei o melhor mestre da empresa, o Miguel Faustino Perez Galan. Na verdade, quase um engenheiro. Ele era espanhol.




 Quando cheguei com a procuração foi uma correria no escritório. Os olhares do engenheiro da obra, do estagiário, da secretária e do office-boy – era toda a equipe que tinha sido contratada – demonstravam todo o receio de serem demitidos. Eu não precisava falar muito. Eles contavam a história toda. Não me interessava muito a história que tinham para contar. Tranquilizei-os e os mantive, mas contei-lhes a nossa história: A minha e a da empresa. A empresa era ainda mais jovem do que eu. Sabíamos muitas coisas, mas nos faltava experiência. Precisávamos trabalhar em conjunto, de forma unida. O escritório era muito grande, um casarão e caro. A primeira coisa que fiz foi mandar retirar um enorme quadro de um alce de farta galhada de cima da parede bem por detrás da mesa vitoriana de ébano do gerente da filial, do que estava sendo substituído. E teríamos que mudar urgentemente de lugar. O transito para a obra era intenso e o escritório ficava longe da obra. Oito dias depois estávamos em duas salas de escritórios com um banheiro, na Borges de Medeiros, a cerca de 20 metros da obra, o edifício sede da Embratel na Avenida Salgado Filho, uma transversal da Borges.  Contratei um chefe de pessoal (um RH), um estagiário de economia para os lançamentos de custos e bancários. Troquei a secretária, a Sônia, que era trilíngue, por uma muito eficiente, esperta, que sabia o suficiente de matemática, escrevia e datilografava muito bem, sem ter a mínima ideia de que acabaria por casar com ela, a mãe de meus dois filhos. Além disso, estudava no primeiro ano de engenharia da PUC. Já tenho uma neta. Ora isto foi em 1972. Eu também não imaginava uma crise do petróleo em 1973-1974. Ninguém imaginava, mas a inflação já estava roendo o meu salário que era atualizado de dois em dois meses. Era um excelente salário, mas eu estava ainda na fase de soltar a bolsa que estivera presa por longos 27 anos. Passaria pelo menos uns dois anos de minha vida gastando tudo o que ganhava para saber o que era o “bom da vida”: Trabalhar para ganhar dinheiro, para gastar... Uma fórmula muito simples, mas que não pode durar muito porque cria o hábito e não se junta nada.

Os problemas da obra e das empresas eram resolvidos todos os dias. Os que esperavam respostas iam para a agenda. Nas paredes do escritório, um enorme cronograma dava conta de cada etapa controlada dia a dia. Quem elaborava os contratos e contratava era eu mesmo. Eu era o meu secretário para assuntos técnicos.  



Apesar de advogados de porta de obra aliciando trabalhadores para causas na justiça, do engenheiro da obra tentar me passar a perna querendo meu cargo, de outro – um argentino - que roubava na obra e que tive de denunciar na polícia, a obra acabou no prazo e dentro dos custos, com a ajuda nos três meses finais de meu padrinho de casamento, o Henrique Rotstein, que veio do Rio. Faltando um par de meses para terminar a obra, fui a convite de outra empresa para S. Paulo. Três meses depois, avisei a nova empresa, já em S. Paulo, que ela iria falir em menos de seis meses e saí dela. A Filial de S. Paulo da Contal me acolheu de braços abertos. Fui morar num prédio de mármore em plena Avenida Paulista.






Dias de sol e chuva, todas as manhãs uma esperança de resolver problemas com as fórmulas que aprendi da vida e algumas que criei, uma motivação diária, minha filha, minha família uma alegria. O futuro estava muito longe. Minha vida profissional tinha começado apenas em 1971, dois anos antes, quando com o paletó pendurado no ombro subi a rampa de acesso á construção do conjunto habitacional da Morada do Sol, em Botafogo, em frente ao Shopping Rio-Sul para pedir emprego.



Por aqueles dias não tinha tempo para pensar em política. Dizia-se que estávamos construindo o Brasil. Pois é... O Brasil tem que ser construído todos os dias sem nos esquecermos da política. Hoje é a política que afunda o Brasil, e como toda a política, sua propaganda diz que não, que o Brasil está bem, cada vez melhor...



Não está não!... Quem tem histórias para contar, tem histórias para comparar... E eu fiz tudo por um partido enorme chamado BRASIL.



© Rui Rodrigues




















[i] Foram muitas as minhas “missões” em minha vida. Ainda tenho algumas para concluir. O segredo da vida é termos sempre alguma missão a cumprir, desafios. Até hoje não perdi nenhum.  

sábado, 14 de dezembro de 2013

7- O paraíso



7- O paraíso
























O outono chegara alguns dias atrás e ontem chovera. Hoje, com nuvens no céu fiquei em casa. Faria um frango assado, tomaria um copo de vinho, frutas de sobremesa. Fui ao pomar e apanhei umas goiabas, dois limões, um mamão e um cacho de bananas no ponto. Em dois ou três dias tudo estaria maduro. Dei milho às galinhas que me acolheram com ansiedade. Alimentei minha gata. Mesmo com a porta do galinheiro aberta, as três galinhas e o galo não saíram de seu paraíso. Minha gata acompanha-me para onde vou no meu, até para colher frutas. Numa associação simples de ideias, pensei em Adão e Eva no paraíso. Conforme conduzido a aprender na Bíblia como seria o paraíso, o meu não era tão diferente antes de Adão ter perdido uma costela para que se construísse uma Eva. Por aquela época, Adão nem sabia que era imortal. Soube-o bem mais tarde, quando comeu o fruto da árvore da ciência e da vida. Outras árvores deveriam existir no paraíso, como por exemplo, A da Religião e da vida após a morte, a das Artes e Letras, a do Comércio e Indústria, a do amor e amizade, a da navegação e construção e muitas outras. Adão comeu de todas as frutas. Eva também. Os animais eram dóceis e não os molestavam. Claro que o paraíso de Adão era muito parecido com o meu, salvo as exceções, mas como Adão não sabia da única realmente perigosa, posso dizer que ele se sentiria como eu. Nem mais nem menos, exceto pelas idas ao supermercado, e não cultivo a vinha porque o terreno é pequeno e o solo impróprio.
Mas então o que será o Paraíso e onde se situará ou situaria?
Ao que tudo indica, o Paraíso era mesmo aqui na Terra, numa região situada entre um rio que se dividia em quatro: Pichon, Guion. Eufrates e Tigre, todos eles ricos em minerais nobres, como o ouro, o bdélio, o ônix. Havia já uma preocupação com a riqueza ao descrever os rios do paraíso. O taoismo também tem um paraíso: ficaria nas montanhas Kunlun, que se estendem por mais de 3.000 km, e onde ficaria o palácio de jade. Existem outros conceitos de paraíso, porém, quer o Taoismo, quer o judaísmo imaginaram um paraíso neste planeta. No caso do judaísmo, ele deixou de existir quando Adão foi expulso. No caso do Taoismo, ainda existe nas montanhas Kunlun. Seja como for, imaginado em que época tenham existido independentemente dos povos que os imaginaram, os paraísos são uma referência do que seria ideal em confrontação com a realidade que vivemos. O paraíso teria sido um benefício perdido, passível de recuperação de acordo com o comportamento de cada um. Mas é difícil julgar do comportamento próprio e do comportamento de cada um. São muitas, aparentemente, as injustiças com que nos deparamos neste mundo. A ser assim, não me admiraria se todo o ser vivo vier um dia a passar sua existência complementar num paraíso feito à sua vontade.
Almocei o frango assado com molho de laranja e um suco de limão, comi as goiabas e um par de horas depois me encostei na cama e adormeci pensando no paraíso. Então obtive a resposta.
- Nunca houve um paraíso como os descritos nos livros de qualquer religião. Houve “paraísos” sim – disse ele - mas o eram em outras circunstâncias. Para o povo judeu o Paraíso entre o Tigre e o Eufrates, refere-se à civilização babilônica, a qual admiravam, quando Israel não existia ainda e todo o povo judeu vivia em pequenas tribos em pequenas vilas, sendo caçados pelos babilônios para fazerem escravos. Este mesmo povo, o babilônio, invadiu Israel e expulsou toda a classe dominante israelita, incluindo comerciantes, sacerdotes e artesãos para os servirem nas suas cidades. As espadas flamejantes dos anjos eram espadas e lanças do exercito babilônio refulgindo ao sol, tecnologia que o povo hebreu ainda não tinha. O paraíso é uma referência comportamental e de ideal de vida.
E continuou:
- Mesmo nos primórdios da evolução humana, quando os primeiros primatas percorriam a terra em busca de frutas, legumes e caça, havia dias de paraíso e dias de inferno, quando, alternativamente, encontravam fartura e paravam nesse lugar até esgotar as disponibilidades, ou encontravam feras que devoravam algum deles. Feras não fazem carnificinas como os humanos, de modo que não morriam mais do que um ou dois humanos por ataque. Outros povos que viviam nas costas do mediterrâneo ou dos oceanos tinham uma vida um pouco mais tranquila, porque podiam entrar no mar para fugir das feras. Em cada grupo qualquer problema se resolvia, mas a ideia de um paraíso começou quando os humanos se defrontaram com as primeiras grandes e insuportáveis injustiças que causavam imensa dor: o confrontamento entre grupos diferentes de humanos, cada grupo evoluindo de forma a afastar-se de uma língua mãe, de preferências, de hábitos, na forma de pensar. Isto aconteceu quando o território de cada grupo começou a ficar limitado pelo território adjacente de domínio por outro grupo. Adão e Eva representam um desses grupos que deram origem a uma etnia, uma raça, um povo. Entre os primeiros hominídeos coletores e caçadores, até a época em que se formou a primeira etnia judaica, a dos hebreus, decorreram cerca de quatro milhões de anos, ou quarenta mil séculos. Judeus, cristãos e muçulmanos falam do paraíso de formas diferentes de acordo com o seu imaginário. Assim também os Vedas, os Taoistas, xintoístas, budistas, Sioux, Tupis. Todos os povos do mundo sonham com um paraíso primordial, quando a vida não lhes parecia que fosse tão difícil como nos dias de qualquer época. Não pode haver satisfação com injustiça.
E concluiu:
- Haverá um paraíso para cada ser humano e cada animal, e cada planta que tiver o mérito de a ele ter direito. Esse paraíso poderá ser aí mesmo, nesse planeta que habitas, tão lindo, um verdadeiro paraíso que já existe e que alguns daqueles que detêm o poder, teimam em mantê-lo como predadores que escravizam a floresta, dejetam nos rios, lagos e mares, enjaulam a vida. O paraíso pode ser aí, nesse planeta Terra, longevidades de séculos, milênios, eternos até, mas é necessária a vontade da maioria para que governem a Terra como os humanos querem e não como uma meia dúzia no poder quer.


Não me lembro de quando acordei, mas era o sétimo dia e me acontecia pela sétima vez.


₢ Rui Rodrigues


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

OPINIÃO DA MARLENE SOBRE A POLÍTICA ATUAL

Se fizermos uma análise totalmente amadora, claro, nas redes sociais, principalmente no facebook, veremos pessoas que se posicionam como OPOSIÇÃO ao governo petralha. Há manifestações inclusive "em cima" dos atos, são rápidos para responderem, denunciarem, partilharem e nos dão a ideia de uma oposição imbatível!...

Quem olhar pode achar que há poucos com coragem de apoiar o governo e a situação, que a maioria esmagadora é OPOSIÇÃO, ao ponto de ficarmos imaginando se as pesquisas não são compradas, se as urnas não foram e são manipuláveis! Não sou profissional da área, nem sei qual parcela da população abrange todo esse contingente que é OPOSIÇÃO no twiter, facebook, de blogs e de grupos políticos abertos ou fechados aqui no facebook e dos quais até participo em alguns deles.
Mas o que sinto, fora pessoas de peso intelectual e cultural, jornalistas, articulistas, formadores de opinião mesmo, que se expressam na imprensa ou internet é que existe uma certa oposição, com críticas, denúncias, reflexões sobre a conjuntura política atual. Movimentos, petições, apoios, etc, são também encontradas na INTERNET.

Claro que mesmo votando em massa na OPOSIÇÃO, "fazendo a cabeça" de muitas pessoas, será INSUFICIENTE para ganhar uma eleição, quando lembramos dos milhões que recebem as famigeradas BOLSAS de tudo, que multiplicados por 3 pessoas por bolsa, fazem qualquer poste ser eleito! Os ignorantes não irão da noite para o dia politizarem se, abrirem os olhos e verem que são instrumentos usados e com o POVO PAGANDO A CONTA...
Mas quem faz as leis, quem se pronuncia ou vota, os partidos ditos de OPOSIÇÃO são débeis demais em relação ao rolo compressor que o governo faz com o NOSSO dinheiro, usando descaradamente a máquina a serviço exclusivo da perpetuação no poder. Fora todas as benesses oferecidas aos representantes legais na Câmara e Congresso, basta ver os disparates que votam e legislam! Mudaram algumas posturas logo depois das manifestações nas ruas, mas logo foi "providenciado" BADERNEIROS block tudo, que assustou e espantou as manifestações puras e espontâneas.

Não vejo oposição séria e contundente nos políticos que deveriam representar o povo mas só SE REPRESENTAM...
Temos que pensar de forma pragmática, até baseado nas pesquisas que apontam, junto com a possibilidade da reeleição, um descontentamento e uma vontade imensa de desejo de MUDANÇA e unirmos a oposição que está aí, NÃO HÁ OUTRA, e que haja uma dose menor de orgulho e vaidade e se pense em ganhar o poder para poder tentar fazer as reformas políticas que são necessárias, pois com os políticos que aí estão É IMPOSSÍVEL! Não querem perder as bocas e as vantagens, infelizmente. Desejar que cortem a carne deles é querer demais!
Fico angustiada e tento com as poucas armas que disponho tentar mudar e reverter esse contexto ao meu redor, como uma formiga, embora leve um banho gelado a cada nova descoberta horrorosa diária sobre o que é feito no país!
Proponho união mínima possível entre as oposições que se apresentam para ver se MUDAMOS alguma coisa... Continuo desanimada e triste em relação à política no país, mas também que está difícil aguentar o que temos!

₢ Marlene Caminhoto Nassa

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Em algum lugar... Deve haver...Uma semente.

Em algum lugar... Deve haver...Uma semente.

Dizem que os filósofos apresentam ao mundo teorias novas, e que a humanidade os segue. Não acredito nisso. Não faz sentido. O que faz sentido é o enlaçamento de idéias já existentes, a associação entre elas e a conseqüência do hábito de pensar, raciocinar sobre os enigmas. Ao racionarmos sobre essas idéias, encadeando-as, podemos descobrir uma nova teoria. Aconteceu isso com a descoberta de como manter o fogo aceso depois que um raio tivesse incendiado uma árvore, ou um pedaço de lava expelida de vulcão, tivesse caído ainda em brasa, o suficientemente longe para que um hominídeo a mantivesse acesa. Com o conhecimento do fogo não demorou muito para se obter uma alimentação mais saudável, a fusão de rochas para obter metais, as armas de fogo, e fomos á Lua, a Marte, o universo é nossa casa. Tudo graças a filósofos da matemática, da física, nenhum religioso realmente importante, definitivo. Pelo contrário, atrasaram em muito o nosso progresso por que seguiram crenças desprezando a ciência.

Da mesma forma, nossa civilização começou em meio a um grande medo: O de sermos comidos por feras que polvilhavam este planeta. Já fomos almoço e janta de muitos predadores, e até mesmo por muitos de nossos semelhantes, da mesma espécie. Ainda somos, mas de forma indireta: Quando há corrupção nos governos, menos dinheiro chega aos serviços públicos, a qualidade de vida se deteriora, morrem muitos de nossos semelhantes, principalmente idosos e crianças. Com o advento da agricultura, juntamo-nos aos milhares em cidades. Eram necessárias leis para controlar todas as vontades, permitindo apenas as que fossem determinantes para a continuação dos motivos que nos haviam unido. E criaram-se mecanismos destinados a perpetuar esses laços: A tradição dos costumes, a cultura. Cada povo tem a sua, cada nação uma porção. Foi o cimento das sociedades, do criar e manter as fronteiras.

Filósofos parecem descobrir o que já existia, mas não era visto, percebido, entendido: A vontade de mudar, sempre para melhor, em busca de novas motivações, novos fatores agregadores de sociedades, os olhos postos nas possibilidades de um futuro possível, tentador, até então vedado, castrado, dificultado, impedido. Instituições são sempre refratárias a mudanças, porque se perguntam: Por que razão mudar o que sempre funcionou? Se mudarmos – dizem – nossas instituições correm riscos. Não percebem que não são os filósofos que mudam o mundo, nem os líderes, e que as instituições mudam pelo grande ser, escondido, que muda o mundo: A própria humanidade, por uma vontade própria, intrínseca, a que Freud chamou de “inconsciente coletivo”. Cada sociedade tem o seu, cada nação a sua.

São as “sementes” da humanidade, tal como genes, que evoluem, mudam, se adaptam ao ambiente, à vontade de sobreviver, como antes, e agora de sobreviver e viver tanto quanto nos seja possível, do modo mais agradável. E foi assim que vimos tudo mudar. Primeiro, numa velocidade compatível com a nossa capacidade de raciocinar, ainda limitada. A ciência caminha no ritmo das descobertas, em progressão geométrica. Depois, nos últimos trezentos anos, a uma velocidade mais rápida, porque a eletrônica ainda era incipiente. Agora quase ao ritmo da velocidade da luz, porque a informação está disponível para quase todos os seres que compõem a humanidade e não apenas para protegidos de mosteiros, ou de ricas gentes que podiam pagar universidades. E se fez a luz nas relações humanas. Hoje já percebemos quem nos quer explorar. Sabemos julgar atitudes do que dizem que nos amam, mas é apenas como uma casca da tradição, ou profundamente como desejamos que seja. Aprendemos a dizer sim para os falsos e aproveitadores, pensando eles que se aproveitam de nós, para que nos aproveitemos deles. Contestam-se ordem de superiores militares, contesta-se o casamento, o mundo gay existe, sermos governados de forma unilateral por partidos, grupos, ditadores, está com os dias contados, mas ainda não sabem eles. Acreditavam antes que eram filhos dos deuses, depois que eram ungidos por eles, e agora que os elegemos para nos “representarem”.

Um dia teremos que escolher quem poderá ter filhos. Muitos genes serão perdidos, mas é tal a diversidade, que isso não terá diferença para cada um de nós, perdidos numa infinidade de seres humanos. Fará diferença para a sobrevivência no futuro, mas está tão longe, que para nós, que agora lemos isto, não fará diferença alguma. São as sementes que plantamos que definem o futuro, cada vez mais longe das velhas tradições criadas nas grutas onde os hominídeos se protegiam das feras, ou das cidades cercadas por altas muralhas, algumas tão fracas que nem os sons de trombetas agüentavam. Dizem que quando a invadiram, ninguém vivia na cidade abandonada. Já era pó, e ainda os ventos dos tempos do pó não tinham chegado com a força que agora sopram...

Ainda há tempo para vários tipos de sementes brotarem no seio da humanidade. Uma delas, aquela em que haverá amor – também - sem sexo, sem recompensas, sem contrapartidas, sem obrigações. Ainda não brotaram, mas os filósofos já sabem que existem. Seremos já muito poucos por aqui quando brotarem, a terra quase esgotada. Mas lá fora, algures no espaço, fora de nosso sistema solar, novos costumes, novas vidas, novas culturas, novas sociedades e novas humanidades viverão e hão de gerar novas sementes. Então, e só então, porque a humanidade caminha muito devagar, o Sol crescerá, ficará vermelho e se transformará numa gigante, a humanidade salvaguardada.  


© Rui Rodrigues

domingo, 24 de novembro de 2013

Crônicas de Cabo Frio – A crônica de Gilles [1].

Crônicas de Cabo Frio – A crônica de Gilles [1].

Já disse que não tenho nenhum tio. Gilles Gorge D’Auvergne é um amigo que abandonou a França e veio para Cabo Frio, segundo disse, definitivamente. Sempre achei que a história estava um tanto ou quanto deturpada, mas não entrei nunca em detalhe. Chegou, fui esperá-lo no Rio de Janeiro, trouxe-o para Cabo Frio, apresentei-o a umas amigas e nunca mais o vi... Nunca mais me telefonou até ontem, sábado. Disse-me que queria bater um papo e marcamos um lugar onde se pudesse conversar à vontade sem mesas muito próximas umas das outras. Por isso marcamos em minha casa. Meu tio dormiria aqui em casa porque beberia até quase cair. Haviam-se passado já mais de cinco semanas que chegara e pelo silêncio no decorrer desse período, deveria estar próximo a casar mais uma vez. Assuntos do coração seria o grande tema filosófico da noite.


Eram mais ou menos umas seis e meia da tarde, quase noite, quando chegou de táxi, uma mochila nas costas e outra na mão, uma lanterna enorme pendente do pescoço. –- Vai acampar? Perguntei à queima-roupa sem nem sequer lhe dar as boas-noites. Como típico francês, respondeu-me com outra pergunta, pressupondo que eu tivesse entendido sua resposta que não me deu:
- Você tem dois puçás, não tem?
- Tenho! Três...
- Mas somos só dois e vamos ter as mãos muito ocupadas... Vamos para a praia que eu explico pelo caminho. Só me deixa largar umas coisas na tua geladeira e trocar de roupa rapidinho... E enquanto entrava foi contando o seu plano...
- Estou amando. Quero conversar sobre isso, e trouxe umas garrafas de vinho. Vamos à praia pescar crabes (siris) e vamos fazer uma massa com queijo roquefort para acompanhar... Como não sabia se tinha ou não, passei no supermercado e comprei. A praia não fica longe, não é?
- Não... A cerca de cem metros...
- Pronto! Depois arrumo tudo... Vamos?
Gilles tinha se trocado ali mesmo no sofá, já estava de short, havaianas, tinha guardado o queijo na geladeira, uma camisa de gola-rolê e um boné escrito “Búzios”. Devia tê-lo comprado na Rua das Pedras. Imaginei o que deveria ter a mochila, porque apanhou dois copos de pé, e lá fomos para a praia carregando duas mochilas, um saco plástico forte, dois puçás, uma lanterna. Fomos conversando pelo caminho.


- Conheci a Amélia e fiquei apaixonado, cara! – (Amélia é um nome fictício, porque se eu disser aqui o nome verdadeiro dela, algumas pessoas em Cabo Frio não iriam gostar nada em saber o que conversamos).
- É mesmo?... Que bom... (não era "bom" nem "mau"... Amélia... Bem... Amélia eu conhecia. Como lhe contar a verdade? E pensando bem... para quê contar?)
- Ela é mais nova do que eu, uns bons anos, não é verdade? Eu sei que você a conhece porque ela me disse.
- Sim!... Conheço mais ou menos. Amiga de minhas amigas.
-É... Sim... Ela me cativou, mas tenho minhas dúvidas sobre mais um passo em minha vida. Afinal tenho 75 anos e não me vou iludir mais uma vez. Nem vou iludir a moça. Não é certo?
- Não sei, Gilles! – disse-lhe francamente – Essa coisa de consciência depende de cada um. Um conselho meu seria para mim, para minha consciência, não para a sua. Temo que ao dizer algo tanto lhe possa fazer sentir-se bem como mal, agora ou a futuro. Por isso me vou omitir de lhe dar opinião.

Tínhamos chegado à praia. A luz fraca do ultimo poste de iluminação já ficara para trás há cerca de cinqüenta metros. Gilles acendeu a lanterna, colocamos as havaianas dentro de um saco plástico que carreguei dentro de minha mochila. Gilles então tirou de dentro da mochila uma garrafa de vinho branco. Eu preparei o saco de plástico forte, amarrando-o numa das alças da mochila. Colocaríamos os siris dentro dele. E lá fomos cada um com um puçá numa mão, mochila nas costas, um copo de vinho na outra. Quando provei o vinho, subi aos céus e desci ao mar... Era um vinho que já não está disponível no mercado das “Côtes d’Auvergne”. Um “La Légendaire”. 

De certeza absoluta fizera parte da bagagem do Gilles, porque não há vinho desses à venda nos supermercados do Brasil, e muito menos nos de Cabo Frio. Em termos de Supermercados, Cabo Frio merecia melhor, com mais diversidade. Além disso são extremamente caros a pretexto de ser uma zona turística. Guardamos as taças na mochila depois de acabarmos com a primeira dose, Gilles pegou a lanterna e começamos a caçada aos “crabes”. E Gilles foi falando.
- Mulher quando criança é cercada de todo carinho dos pais. Nós, meninos, somos tratados de forma mais dura. Por isso as mulheres esperam sempre um carinho, um presente, uma consideração, um cuidado carinhoso. São muito sensíveis. Nós as ferimos muitas vezes sem sabermos, porque somos mais brutos. Imagine você, meu amigo, se eu tiver um caso mais sério com Amélia e depois não der certo... Eu sentiria muito e ela também. Mas por outro lado, sinto-me irresistivelmente atraído por ela. OLHA!... ALI... ALI... DOIS CRABES! – gritou Gilles, e passamos-lhes imediatamente os puçás. Continuamos conversando.

(Senti que Gilles só queria desabafar, falar, exorcizar os seus fantasmas, ouvir-se a si próprio e sentir o que suas palavras provocavam em sua intuição, se a alterava, ou se abalava sua consciência. Até mesmo se esta as aplaudia, incentivando-o no  processo do amor. Amélia tinha apenas 45 anos, ele 75 anos, nenhum dos dois era criança. Amélia buscava seu ultimo grande amor na vida, Gilles também, mas esse era um processo de tentativas comuns aos insistentes que buscam neste planeta um paraíso particular. A melhor definição que eu tinha dos dois era que eram “muito experientes” nessa busca. Nos últimos dois anos, Amélia tinha feito três tentativas infrutíferas. Gilles era o que se chama de mulherengo, casara três vezes e nunca mais encontrara o “grande amor redentor”). Já estávamos com quase uma dúzia de siris. Uma “quatorzena” seria o necessário. 

-Olha... Entendo que tudo na vida é um recomeçar. Chorar sobre o leite derramado não adianta nada. Eu mesmo vivi numa região da França que inclui um lugar conhecido como Gergóvia.  Ninguém quer falar de Gergóvia, porque foi uma das vergonhas da França. Tínhamos um rei chamado Vercingetórix, que perdeu a batalha final em Gergóvia para César, o romano. Então a Gália inteira caiu sob domínio romano. Mas a França ressurgiu, não foi? É por isso que eu digo que tudo na vida pode ser recomeçado. O meu problema em particular é o tempo. O meu já é pouco. Mais dez, vinte anos?

- Ué! – disse eu enfaticamente – Se vocês se apressarem ainda podem criar uma criança e quando você bater as botas ela estará adulta com 20 anos. A mim não parece uma má idéia. Vocês são saudáveis, fortes. Não ficarão doentes tão cedo. Dá para investir na idéia de juntarem os trapinhos e resolverem a vossa vida.

Demos uma leve parada. Fomos até a areia. Foi então que reparei que ele vinha arrastando a garrafa na água, tampada, evidentemente, para que a temperatura se mantivesse fresca. Ele me disse como fazia, enquanto a desarrolhava e servia mais uma taça para cada um:
- Arrasto a garrafa pela água e de vez em quando a elevo para que a água em sua superfície se evapore e a temperatura baixe.
Provei o vinho. Estava com temperatura bem mais baixa do que quando a abrira. Contamos os siris. Dezoito. Eram suficientes. Eram agora oito horas da noite. Resolvemos parar a caçada aos crabes e voltar para casa.

Da geladeira, tirou um pedaço de queijo roquefort e começamos a preparar a janta. Às oito e meia a garrafa estava vazia. Havia mais duas na geladeira. Quando o “pene roquefort aux crabes” ficou pronto, a conversa ainda estava como no início. Gilles estava com dúvidas se deveria ou não levar adiante a sua penúltima tentativa de não deixar fugir mais um grande amor em sua vida. Amélia, que eu já conhecia bem, ainda poderia tentar muitas vezes em sua vida. Gilles não. Eu sabia e ele sabia tão bem quanto eu.

A noite tinha esfriado e mesmo depois de tomarmos uma ducha quente, a temperatura convidou-nos a irmos para a área da churrasqueira onde jogamos umas lenhas e acendemos o fogo.

Enquanto traçávamos o jantar, divino, Gilles disse:

- Há algo mais, Rui... A mulher francesa tem fama de ser muito sensual, mas é devido a filmes de Hollywood e em parte ao velho Oeste americano, na época da corrida do ouro. Muitas prostitutas francesas correram para lá, tirando as senhoras idosas do sério, porque lhes desvirtuavam os maridos, fazendo na cama as novidades a que não estavam habituados. O que é uma francesa diferente de uma brasileira? Não há diferenças, a não ser as que encontramos de uma pessoa para outra. A espécie humana é como qualquer outro animal: Todos os indivíduos se assemelham. Um extraterrestre que chegasse a este planeta, se sentiria como nós olhando para indivíduos da Ásia. Parecem todos iguais.  Por isso me pergunto: O que busco eu? Uma mulher diferente, ou um caso diferente?


Fez-se um silêncio. Olhamo-nos e eu encolhi os ombros, balancei a cabeça, dando-lhe a impressão que lhe fazia a mesma pergunta. Isso era um problema que ele tinha que resolver. E como bom cavalheiro, não me tinha perguntado pela vida de Amélia, se tinha muitos namorados, ou mesmo se eu já tinha transado com ela. Isso não interessava. E não mesmo... Ele entendeu.

- Sabes de uma coisa? Amanhã de manhã, a primeira coisa que vou fazer será ligar para ela e combinar um encontro... Vou pedi-la em casamento. Gostaria que você e sua namorada estivessem presentes. Querem ser padrinhos ?

Abri um largo sorriso, despejei o resto da terceira garrafa nas taças e ergui um brinde:

- Até que enfim, velho safado... Tomaste a ultima grande decisão de tua vida... Um brinde ao casamento... Seremos padrinhos. Aliás, vou te contar um segredinho. Minha namorada já tinha falado de vocês. Ela acha que seria ótimo para os dois se tentassem trilhar as vossas vidas de mãos dadas. Santé!...

- Santé!!!! – Disse Gilles – E me deu um grande abraço com direito a palmadas nas costas... – Você foi o cupido que me flechou a mim e a Amélia.

E eu tinha certeza disso.

Continuamos conversando sobre vários assuntos, sempre com o nome de Amélia bailando nos lábios de Gilles por mais alguns minutos. Mon oncle (meu tio) francês foi dormir feliz. Liguei para minha namorada e preparei-a para o encontro do dia seguinte pedindo-lhe a reserva que eu sabia que ela tinha. Sua boca seria um túmulo até que Gilles pedisse Amélia em casamento. Mas é a tal coisa... Esta vida tem muitos caminhos que mudam a cada segundo ou se mantêm no rumo por mais ou menos tempo. Nada é definitivo até que aconteça alguma mudança e quando acontece se tem a certeza de não ser eterno... Mentalmente pedi aos céus para não estragarem a tênue felicidade que de vez em quando nos bafeja, mesmo para os que decidem casar depois de se conhecerem um pouco mais de 30 curtos dias. 

Que sejam muito felizes!

© Rui Rodrigues

Fotos de cima para baixo:

1- Os amigos de Gilles, da região D'Auvergne.
2- Gilles em suas pescarias em Auvergne  
3- Vinho de Bordeaux, sensacional - la Légandaire, de Pierre Desprat. 
4-  Pene de siri com queijo roquefort (salpicado de coentro) 


sábado, 23 de novembro de 2013

O melhor Partido Político.

O melhor Partido Político.



O melhor partido político é o que agrada à maioria da população por consciência e não por emoção ou facciosismo, e possa ser entendido como equilibrado. Dito assim pode parecer vago, mas vejamos o que isto quer dizer:

  1. Se apenas houvesse na política a filosofia do Socialismo e a do humanismo, eu seria humanista, e não socialista. Somos humanidade num sentindo amplo e socialismo nos sugere sociedades em particular. O Brasil é composto de muitas sociedades e se não existissem outros países neste planeta, a humanidade seria representada por todo o povo brasileiro. É apenas um exemplo, e creio que é melhor para todos nós que tenhamos bastantes partidos com “H”, por exemplo, Partido Humanista Brasileiro, mas incrivelmente, não temos nenhum... Nisso todos os partidos políticos estão certos: Nenhum deles é humanista. Todos são “particularistas”, socialistas, e quando alcançam o governo, beneficiam apenas aquelas sociedades “particulares” que os elegeram. Esses partidos não são maioria mas são apenas os que momentaneamente, por uma década, talvez, estiveram, estão ou estarão no governo.

  1. A “humanidade nacional – ou Humanidade brasileira” é uma noção que tem que vir a substituir a de “sociedade (nacional)”, porque esta particulariza e precisamos viver de forma solidária, em conjunto, socialmente, sim, aceitando as diferenças de cada um, mas como uma humanidade nacional, que pode conviver em paz e cooperativamente com todas as sociedades e humanidades nacionais dos outros países. Assim, e apenas como exemplo, vemos partidos cujas siglas diferenciam grupos sociedades, particularizando a sua religião. Não temos partidos como, por exemplo: “Partido Socialista muçulmano” ou “Partido Capitalista Judeu”, ou “Partido Ecumênico Ateu”, aliás, nenhum dos partidos se diz declaradamente “Capitalista”, embora todos eles não prescindam de capital para a propaganda com que pretendem se eleger, nem dos salários que lhes permitirão sobreviver. Já é um sintoma de que não estão sendo sinceros e nos leva a crer que alguns deles sabem que jamais elegerão alguém importante na política, e existam apenas para garantir verbas de certa forma pessoais, porque servem basicamente para lhes manter os salários, um estilo de vida, e mesmo que elejam um ou outro vereador, deputado, senador, são vozes vencidas porque são extremamente ínfima minoria.
Ateus costumam ser os mais pacíficos e ecumênicos habitantes deste planeta. Jamais tentaram impor sua falta de religião, jamais pegaram em armas para impô-la e nunca mandaram ninguém para fogueiras, antes de, convenientemente, lhes expropriar os bens. Partido bom é o que não tem religião, ou é extremamente ecumênico, permitindo todas as outras sem beneficiar nenhuma delas em particular. Religião é coisa de cada um, e existem centenas de religiões.


  1. Presidentes, Reis, ditadores, primeiros-ministros, líderes populistas e outros cargos de mesma força política, como Ayatolás, Secretários-Gerais, detêm um poder praticamente ilimitado, porque para certas questões como a declaração de guerra, nem precisam consultar a população. Isso é fruto de democracias, regimes, filosofias políticas de representatividade: Os políticos dizem que representam o povo e este obedece. Nada lhe é perguntado. Divergências são contidas por forças armadas leves ou pesadas, ou mesmo destrutivas.  Há uma ilusão, generalizada, que vereadores representam os cidadãos junto a deputados e senadores para defendê-los. Evidentemente que é um tipo de trapaça: Os vereadores são indicados pelos partidos políticos, são representantes destes, Na verdade, quem manda mesmo nas nações são os partidos políticos que se entendem entre si usando de todos os meios “democráticos”. O povo é a vaca do leite. Leite é dinheiro. Com ele se compra queijo.



  1. Aqueles partidos com ranço comunista da década de 60 são povoados por cidadãos que não gostam de dinheiro. Não sabem como usá-lo, como mantê-lo. Acham que tudo deve ser dividido irmãmente.  Dividido sim, irmãmente nem entre irmãos. Dos cerca de 90 países que já foram comunistas neste planeta, só restam dois, dominados por dois líderes que mais parecem amantes da boa vida de palácio com poder e sobremesa, do que filósofos políticos. Hoje têm medo de perder o poder e virem a serem julgados sumariamente em público pelas mortes que já provocaram em nome de um sistema político que impõe ao povo uma filosofia a ferro e fogo, como o fizeram Mao Tse Tung e Stalin, por exemplo. E o que é o capital senão cupons de regime comunista que em vez de distribuírem a carência, a falta, distribuem o que podem e esteja disponível – e há muita disponibilidade – para quem trabalha e tem seu salário? Se não se pode viver como rico, viva-se como pobre, mas cuidado... O capitalismo extremo é mais danoso ainda do que o mais leve dos comunismos, e não existe comunismo leve. Partido bom é o que promove o capitalismo, mas o mantém dentro de padrões humanistas. Juros altíssimos é usura. Quem não sabe disso? No entanto há países que se dizem socialistas e apóiam o capitalismo extremo. São partidos oportunistas, de ocasião, de arribação. Daí ao totalitarismo é um passo. Depois haverá choro e ranger de dentes entre os militantes, mas será tarde: Estarão sendo explorados e quem tinha dinheiro já abandonou o país. Fica o nada para dividir entre todos...

  1. Partido bom, é um partido humanista, participativo, de comportamento ecumênico ou ateu, que saiba gerir o sistema produtivo, baseado no capital.

Se desejar saber o que é um sistema participativo, viaje até a Noruega, a Finlândia, a Suécia, a Suíça, a Islândia que são de democracia participativa onde até as constituições foram votadas popularmente item por item... Ou até a Alemanha, a Espanha, a Itália, Portugal, a Rússia, a China, a França... E escute as suas reclamações. Eles sabem o que é “partidarismo”, “socialismo”, “comunismo”, desperdícios de capital por aqueles que amam o dinheiro e se dizem comunistas ou socialistas... Amam o dinheiro dos capitalistas e o distribuem desirmanadamente enquanto o há disponível.

Para maiores detalhes, consultar http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/


© Rui Rodrigues  

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O quente e o frio - Divagações!

O quente e o frio.

Somos aparentemente bem adaptados ao calor e ao frio. Mas resta uma dúvida: Somos mais adaptados ao calor ou ao frio?

Se sentirmos muito calor, podemos tirar a roupa para esfriar a nossa temperatura interna, passar o dia na piscina, usar ares condicionados e ventiladores, comer sorvetes, beber muita água e aproveitar o escorregar dos corpos suados para fazer um bom sexo... Mas num forno, assamos e não há como resistir.


Se, pelo contrário, sentirmos muito frio, podemos cobrir-nos com montanhas de cobertores, taparmos todas as entradas de ar, tomar sopas bem quentes, nos escondermos debaixo de edredons e até aproveitarmos a situação para termos uns momentos de bom sexo, e como desprezar uma lareira, um vinho, um tapete macio na sala para não ralarmos nossos joelhos quando aproveitarmos o momento para fazer um bom sexo... Mas nos Alpes, nos Andes, no Pólo Norte ou Pólo Sul, acabada a energia, é uma questão de tempo: Viramos corpos congelados e no futuro seremos descobertos por um aquecimento global e dirão:


- Pessoal! Vejam como eles faziam sexo naquela época... Olhem para isto... Cabeças junto com pés... Coisa que não se viu em Pompéia quando retiraram do solo toda a massa de poeira de vulcão solidificada. A erupção do Vesúvio pegara de surpresa toda a população e aquela poeira moldou os cadáveres, preservando-os para a posteridade. Nas paredes das casas azulejos mostravam cenas de sexo absolutamente explícito, como se fossem histórias de cordel. Já se pichavam paredes naquela época, e nota-se que havia casas de prostituição, mas o número 69 escrito em letras romanas (LXIX), não lhes sugeria mais do que o velho e tradicional papai e mamãe em várias posições, variações sobre a mesma particularidade do tema.


Naquela época não havia fogões, por isso a posição de “fogareiro” não existia. Quem tivesse prepúcio pequeno não ia à sauna, a não ser para ver o dos outros. Quem tinha o prepúcio muito grande não ia por causa do assédio dos que o tinham pequeno. Já as mulheres, tal como hoje, só temiam o tamanho dos seios, se grandes ou pequenos, coisa a que homem nunca deu muita importância (Angeline Jolie tirou os dela e não foi por greve de peito ao marido), porque o fruto proibido, é mais, bem mais em baixo. Quanto a Pompéia, apesar da fama de gostarem muito de sexo, nenhum casal estava trepando na hora do churrasco. 


Detive-me um pouco no tema do sexo, porque sem ele não há descendência. Eu nunca vi um espermatozóide transando com um óvulo dentro de provetas para fazer nenéns quase artificiais, mas não deve levantar nem prepúcio de defunto, nem fazer mulher tremer as pernas, abri-las e beijar loucamente. E foi graças a essa sexanagem toda, ao longo dos séculos, milênios e alguns milhonêmios que chegamos até aqui, discutindo o que parece uma coisa sem importância: O quente e o frio, qual deles o melhor. Por aqueles tempos, há centenas de milhares de anos, o homem já tinha povoado o hemisfério norte e sofria agora uma enorme, tremenda glaciação. Como sobreviver com os campos eternamente cobertos de neve, a caça muito rara, poucos e raros frutos e verduras somente em alguns poucos lugares onde havia apenas alguns dias de verão? Foi um processo de seleção que obrigou à diminuição do tamanho dos grupos. As renas passaram a ser a alimentação básica assim como os peixes, os salmões que subiam os fiordes e os rios para terem seus momentos de transa e procriarem. Que transa triste a dos salmões: A fêmea põe os ovos numa depressão que provoca no fundo dos rios, com as barbatanas, põe os ovos e os salmões machos ficam do lado, observando e brigando para ver quem ejaculará em cima deles... Nenhum contato pessoal, nenhum beijo... Nada... Ainda pior do que transa entre galo e seu harém de galinhas. Só a espécie humana é capaz de transar decentemente nos reinos da natureza e ainda fazer propagandas que para vender sugerem explicitamente o sexo. Sexo não só procria como vende produto adoidado. Não consigo me imaginar, eu e minha mulher, ao vendermos nosso apartamento para comprarmos outro, anunciarmos a venda e no dia marcado abrirmos a porta da garagem, e lá estarmos os dois, transando freneticamente com direito a gritinhos e fingimento de gozo, em cima de uma cama com um cartaz imenso, dizendo: - Já transou numa casa maravilhosa como esta?


Os dias de verão no planeta são mais longos no que se refere a iluminação e calor acima dos trópicos de câncer e de capricórnio, mas na zona tórrida e até bem perto dos trópicos, o calor cansa, queima a pele, as praias se enchem de gente e nem á noite se pode trepar na praia mesmo dentro de água, que não aparece uma criancinha precoce e grite para todo o mundo:

- Olha mãe... Eles são mais divertidos que você e papai trepando... Eles estão trepando dentro d’água e ela está de cabeça para baixo... É o velho LXIX romano aquático, uma modalidade que pode passar aos jogos olímpicos daqui a bastantes anos de aulas de sexo nas escolas, universidades, cozinhas, quartos automóveis e alcovas. Só tenho uma preocupação: Quando o sexo ficar tão banal como calçar um sapato, e a traição deixar de ser traição para passar a ser um direito inalienável dos cidadãos, vamos nos divertir com quê?

Querem saber?

De repente o calor e o frio não têm a mínima importância... E, além disso, indo para a Lua, transar sem a força da gravidade, flutuando na câmara de uma estação espacial, deve ser tremendamente incômodo... Camisinhas cheias flutuando no espaço numa orgia, misturadas com bolinhas de champanhe pode até ter um lindo visual para a comemoração da passagem de mais um ano novo no espaço, mas faltarão os fogos de artifício e as velhas perguntas excitantes e tradicionais:

- Escuta... Olha bem para mim, bem dentro dos meus olhos... Você está me traindo?

Mas mais falta ainda, o não haver necessidade de fazer ou ter que ver uma cara de traíra como a da Ideli Salvatti dizendo:

- EEEEuuuuuuu ?...  Usando helicóptero de serviços públicos ???????... Imagina!!!!!



₢ Rui Rodrigues

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O tempo e “levando a vida na flauta”

O tempo e “levando a vida na flauta”



Há quem se preocupe com cada passo que dá na vida, com cada resposta a estímulos, meça cada passo que dá visando o futuro. Por outro lado, há quem não se preocupe tanto, num meio termo entre a postura anterior e o “levar a vida na flauta”...

Levar a vida na flauta não é pejorativo, apenas um modo de vida, muito comum na juventude, quando não nos preocupamos muito com o futuro. Sempre achamos que o mal de hoje se pode consertar amanhã, muito parecido com o pedir desculpas, ou a absolvição dos pecados toda vez que vão à missa e se confessam. Quem lucra é o padre que fica sabendo da vida de todo mundo...

Isto tem muito a ver com o tempo, como o percebemos e como ele influi em nossas vidas. Para quase a totalidade da humanidade, o tempo é como um rio cuja água passa e não volta, e na qual não existe equipamento, um barco a motor, por exemplo, que nos possa levar nesse rio a uma velocidade maior do que a da água, e nem voltar contra a corrente. Nossas ações se desenvolvem no mesmo ritmo do rio, passando por onde ele passa, sem a mínima hipótese de nos aproximarmos das margens, dar uma pausa, descansar, e voltar ao ritmo da corrente.

No entanto, todos os dias – ou quase todos - conseguimos nos evadir do tempo. Não é voltar atrás no tempo, nem viajar para o futuro no tempo. Simplesmente nos evadimos dele, nos alheamos, e isso acontece quando dormimos. Quando despertamos, parece que o tempo “passou” por nós, e aquele jogo a que íamos assistir na TV já passou porque “acordamos” tarde.

Mas, acordados, tomamos a cada instante a decisão para o segundo seguinte, mesmo que de forma automática, como autômatos, segundo um plano maior que se submete a outro ainda maior e finalmente ao maior de todos, que é viver. Explico.

Traçamos o percurso previamente para sairmos de casa para irmos a uma consulta médica, mas no caminho teremos que passar pela padaria, comprar pão, porque ao sair do consultório teremos que ir aos correios apanhar uma encomenda e na volta, por outro caminho, não passaremos pela padaria. O plano maior é o “viver” cada dia. Para este, tivemos, como em todos os dias de nossa vida, que estabelecer um plano, o melhor que pudemos escolher para o nosso viver naquele dia, visando o futuro. A “automação” é o caminhar até a padaria, ao consultório, aos correios, cuidados ao atravessar a rua, com ladrões de rua, buracos nas calçadas.

Mas uma vez tomadas as decisões, efetivadas as ações correspondentes, o tempo passou, já foi, já era, estão feitas, não há como voltar atrás e desfazê-las mesmo que quiséssemos. Levar a vida na flauta é não nos preocuparmos com nada disso, viver apenas cada dia sem nos preocuparmos com o futuro porque tudo se conserta, se repara, nesse rio do tempo. A única coisa que parece diferente nessa característica temporal são os rodamoinhos.



Os rodamoinhos podem viajar mais rápido do que a água (o tempo), virem de águas que já passamos, mas que jamais poderão vir de águas pelas quais ainda não passamos de volta para as nossas águas, como se vindos do futuro. Esses rodamoinhos são situações que nos parecem idênticas de tão semelhantes. Mas nossa memória nem sempre nos responde como desejaríamos, e quem vive a vida na flauta pode surpreender-se: Passar duas vezes ou três pelo mesmo tipo de momento problemático ou de momento de satisfação.

Mas há uma particularidade fundamental e muito importante no tempo. O tempo não é apenas “o tempo”, aquele que medimos no relógio. Pouca gente sabe disso, mas o tempo não pode ser separado do espaço em que vivemos, do universo. Os dois, tempo e espaço são inseparáveis. E assim como o espaço se encontra mais ou menos comprimido, em função da gravidade, assim o tempo se encontra igualmente mais ou menos comprimido. Tudo o que existe pode mudar de aspecto ao longo do tempo (e do espaço), mas jamais o deixará, nem que seja num pequeno átomo, ou partícula dele, então inidentificáveis, depois de alterados no nível de átomo ou partícula de átomo. Vale dizer que uma vez mortos, continuamos no espaço-tempo por algum tempo de forma identificável (podemos até saber qual o DNA de alguém falecido), mas na medida em que nossos corpos se decompõem, deixamos de ser identificáveis. Passamos a fazer parte do pó da história, do pó do espaço tempo.

E o que levamos da vida? Nada! Nem roupas, nem dinheiro, nem bens, nem memórias. Nada!  Aquilo a que chamamos espírito existe sim, e vive em nosso corpo, mais exatamente em nosso cerebelo. É a “ânima”, a alma, a vida, que vive enquanto vive, desde o nosso aparecimento (nascimento) até a morte, construindo dia a dia o dia seguinte. Cada dia depende do que fizemos no dia anterior. Para onde a alma vai depois da morte do corpo?

Não sei!... Não sabemos realmente. Acreditamos apenas no que dizem os livros escritos. Se formos Vikings, acreditaremos que poderemos ir para o Valhala. Se formos Taoistas, que vamos para um dos 25 mil céus até que um dia nos possamos transformar num rei de jade. Se formos judeus, vamos para o Xeol. Muçulmanos? Para o paraíso. Cristãos? Para o céu. Quem recebe espíritos, por curiosidade, não os tem recebido nem do Xeol, nem do Paraíso, nem dos 25.000 céus do Tao.

Somos crentes do dia anterior, das crenças e tradições do passado, dos rodamoinhos do rio do tempo, que guardamos em nossas lembranças com ou sem fé.  Somos todos 99,9 por cento iguais, mesmo sendo em numero já tão grande como sete bilhões e meio de seres vivos, mas ainda nos julgamos sensivelmente diferentes pela cor da pele, pelas preferências sexuais, pela forma do corpo, pelas preferências políticas. Mas raciocinemos:


Olhemos um grupo de pessoas, todas “diferentes”, a bordo de uma cesta de balão que se prepara para alçar vôo pelos ares... E vamos subindo, olhando para o grupo que ficou em terra... Subindo... Subindo... E a certa altura, não saberemos quem é gordo, magro, negro, branco, índio, judeu, português, Flamengo, brasileiro, presidente, inteligente...

Se Deus existir e não estiver aqui embaixo, perto de cada um ou dentro de cada um de nós, então para ele seremos todos iguais. Sem defeito, sem virtude, caminhando no espaço-tempo, cada dia em função do anterior, construindo um futuro que se transformará em pó.

Carpe diem, mas não na flauta! 



© Rui Rodrigues

Salomé e os presos que se passavam por políticos

Salomé e os presos que se passavam por políticos



Bah, tche... Hoje eu vou falar com a Dilma, que anda tão calada nos últimos dias, mas desta vez é para lhe perguntar como pôde ter amigos assim tão frescos... Eles eram terroristas fortes, brabos, matavam a torto e a direito, quer dizer, a direito e a direito, e poucos de esquerda. Só quando queriam ir para a direita, assim como Máfia mata os delatores... Agora estão presos e reclamando muito.  Dizem eles que lá na prisão estão mais apertados que uva em cacho, mais apertados que bombacha de fresco.. E tem um com uma reclamação genuína... Está Mais ansioso que anão em comício com a sua pressão alta... Quer refresco, ir para casa ficar preso... Se fosse assim, como 40% da população brasileira tem pressão alta, e a carcerária também, iam quase todos para casa.. Prisão não pode ser igual a pimenta em rabo de pobre ou SUS na veia de pobre. Vamos ver se consigo falar com ela.. 

--Trimmm.. Trimmmm... (Ela  não tem telefone celular. Ainda ta no fixo... Ela nem sabe usar celular, nem cozinhar, nem escreve ou faz conta. Ela não faz nada. Só assina. Adora assinar, tche)

-Alô Dilma... Mas bah, tche... Sou eu... Salomé... Estás ocupada?... Não? .. Para quê que te liguei? ... Mas bah, tu não soube ainda que prenderam os teus amigos e os amigos do Lula? ... Aliás... Onde anda o Lula? Ainda procurando o dedo que ele cortou lá na prensa do ABC pra ganhar seguro e não trabalhar? Se ele um dia soubesse que ia ser presidente tinha era mandado colocar mais um – o sexto dedo – só para contar dinheiro...

-Não, tche,... Dilma.. Mas bah.. Claro que estou brincando, mas mais sério que defunto tche... Lula é... Mas também... Sim... Mas está mais rico que Ali Babá e os 40 ladrões antes de dar a sua parte ao pessoal do INSS lá das Arábias.. Não é, tche?..

- Os advogados estão tratando disso.. Sei, tche... Sei.. 61 milhões de reais... Só para os advogados... E Dilma, me diz, tche... De onde sai todo esse dinheiro para advogados? Dos partidos, do teu bolso, da fundação Lula, do bolso deles, do próprio mensalão ?

- Sim.. Tens toda a razão, porque se discordo de ti tu fica mais irritada que noivo com ejaculação precoce em dia de núpcias... Mas que o Lula está rico, está, que os mensaleiros estão todos ricos, também estão, não me venhas com onda artifical de piscina que isso não cola comigo Somos amigas há muito tempo... Mas te liguei sobre a frescura dos presos.. Ainda não me respondeste, tche...

- Ah.. nem ouvi me dizeres isso.. Que não conhecias nenhum deles.. Mas o Genoino e o Zé Dirceu não andaram contigo matando gente, assaltando bancos, raptando embaixadores? Não foi tche ???

Mas.. Mas bah.. A la Pucha... Ela se irritou e desligoum tche . Deve ter ficado mais branca que perna de freira, tche.. Aposto que vai pegar a moto dela hoje à noite e sair voando as trança até o presídio... Esse caso dela com o Genoino e o Zé Dirceu é muito antigo... Amor de bica sempre fica...



RR