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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Quando o fundo do mar aflora e continentes se afundam.

Quando o fundo do mar aflora e continentes se afundam.



É-nos proibido adivinhar o futuro. As leis da física nos dizem exatamente isso. Havia esperanças antes de se descobrirem algumas das leis da Física Quântica, mas depois delas e de Heisenberg, sem sabermos o estado de início de um sistema, não podemos “adivinhar ou calcular” o futuro. Previsões podem acertar uma ou outra coisa, mas por pura sorte.  Podem acreditar. Quem estuda essas ciências sabe disso perfeitamente. Matemática não falha, tão certo como 2+2=4!

Hoje reclamamos muito de algumas coisas do passado que nos pareciam mais “adequadas” ao convívio humano, como rezar antes das refeições, cultivar a pátria, Deus e a família, sermos sempre a favor da polícia, sempre contra os ladrões e bandidos, respeitar os políticos que tanto trabalho tinham para governar a nação, acreditar em todos os sacerdotes por serem pessoas fora de qualquer suspeita, e quem tivesse título universitário era sempre confiável e respeitável. Nossas mães eram umas santas, nossas irmãs também, e nossas filhas. Nossos pais, nossos irmãos, nossos filhos, idem, idem, aspas, aspas. Levávamos uma maçã para nossos professores e isso não queria dizer que os estivéssemos comprando, mas que era um reconhecimento ao seu trabalho. Minha tia um dia me levou, pelo Natal, a casa de minha professora Ermelinda, e levamos-lhe um peru de natal todo confeitado, já pronto, assado.  Eu e meu amigo Dinis éramos os melhores da turma, de modo que isso não era uma compra de benefícios da professora e sim um reconhecimento.  Ela era uma professora sensacional porque ensinava muito bem, e a única coisa que eu lhe devolveria seriam as apalmatoadas que eu apanhei, e foram bastantes, só porque minha tinha lhe tinha dito, na minha frente, para não correr no recreio, e que se eu chegasse suado na sala, para me dar as tais tabuadas na palma da mão aberta. É por isso que ainda hoje eu reluto em dar presentes, para que as pessoas não pensem que as estou comprando com esse costume.


Mas a partir de certa época os filmes de Hollywood começaram a mostrar outro lado da humanidade: Os mocinhos e as mocinhas, heróis dos filmes, eram bandidos! E para meu espanto – só para ver como eu estava defasado do espírito da humanidade, esta coisa amorfa -  as plateias vibravam. Isto foi lá pelos idos dos anos 60, depois que os estudantes de Paris exigiram com barricadas nas ruas e pancadaria entre eles e a polícia, que as universidades e escolas compartissem os gêneros: Masculino e Feminino. Até então, para que as meninas não fossem antecipadamente defloradas, os estabelecimentos de ensino funcionavam por gênero: Escolas de meninos e escolas de meninas.  Estava derrubado o muro que separava a virgindade feminina de ser ou não ser importante.  Longe dos pais que ficavam em suas vilas e cidades do interior, os filhos que iam estudar nas grandes cidades perdiam o “elo” moral que os obrigava a serem fiéis às recomendações paternas. O sexo estava liberado, “sexava-se” mais do que se estudava, e o conceito geral sobre os bons alunos, os primeiros da turma, seguiu a tendência dos filmes de cinema: Eram uns  “cu de ferro”, uns “nerds”, que só pensavam em estudar.  As meninas se divertiam com os “progressistas” e casavam geralmente com os nerds mais sossegados.  Os divórcios surgiram desenfreadamente porque era “difícil conversar” (claro que sim) e havia incompatibilidade de gêneros (ora se não havia...).


De 1960 para cá a tendência da humanidade tem sido a mesma sob várias alegações e sob vários ambientes, e sem a mínima intenção de crítica, mas por pura análise do mundo que nos cerca, pessoas com títulos universitários roubam, matam, já se pode contestar ordens de generais se não concordamos com elas por estarem fora das normas de conduta, úteros podem morrer em batalha, reconhece-se que aborto pode ser uma necessidade vital, que genes humanos podem ser manuseados, que a homossexualidade é fato e humano e que deve ser entendida como natural e normal, que políticos roubam descaradamente acobertados por leis incontestáveis que eles mesmos aprovam e com segurança garantida com policias e exércitos.  Padres pedófilos finalmente são levados à justiça, descobre-se que forças policiais estão corrompidas, que as empresas podem fazer o que querem porque nos dá muito trabalho reclamar de tudo perante juízes que estão do lado dessas empresas e do governo porque geram empregos, que os impostos e os juros bancários estratosféricos estão muitos patamares acima daqueles que geraram revoluções e independência de muitas nações.  E pelas ruas, os bandidos têm aprovação popular desde que não sejam terroristas, o que nos leva a pensar, seriamente, se não devemos revisar o que se entende por “terrorismo” e ampliar o seu conceito.


Em termos de geologia, sabemos que placas continentais derivam aparentemente a esmo sobre o magma, aquela rocha líquida, ígnea, que a partir do centro de nosso planeta suporta todos os continentes. Partes dessa crosta já estiveram no fundo do mar, outras afundam. Quando duas placas se chocam, a zona comum às duas pode gerar montanhas como os Andes, ou uma delas afundar debaixo da outra que a galga. A humanidade é como uma moda geológica... Ora sobe como montanhas, ora afunda, e se hoje está tão desunida como continentes á deriva, pode ser que um dia volte a unir-se como uma Pangeia, que já existiu no tempo dos dinossauros, quando todos os continentes eram um só.




© Rui Rodrigues



Para uma humanidade unida, ver http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

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