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sábado, 25 de janeiro de 2014

Acha que o “mundo” está mudando ou mudou? Pode ficar pior ou melhor.

Acha que o “mundo” está mudando ou mudou? Pode ficar pior ou melhor.




(Verdades doem, mas fazem-nos crescer e se consideradas, nos provocam menos dor do que se as ignorarmos)


Ouve-se muita coisa por aí, principalmente nas redes sociais, onde parece que o íntimo de cada um se expõe mais. São notícias e informações mais humanas, mais emocionais, nem sempre verdadeiras, mas trazem no bojo percepções de uma realidade que demonstra inequivocamente que a humanidade está mudando o seu comportamento. Ouve-se, por exemplo, que a crise de 2008 começou nos EUA; que a China derrubou as economias mundiais com seus preços aviltados e sua moeda propositalmente desvalorizada; que está faltando “homem”, dizem as mulheres; que o clima está mudando por culpa das emissões de gases poluentes que causam efeito estufa; que a corrupção no Brasil aumentou muito depois que o PT assumiu o governo; que em Cuba, sim, é que existe democracia e lá tudo corre bem e o povo é feliz; que a Nova Ordem Mundial é desejável, dizem uns, porque outros se insurgem contra ela, e se dizem muitas coisas mais que nos preocupam, dando a sensação que estamos perdendo o rumo como humanidade, que somos nau à deriva num mar de variáveis tenebrosas. Há quem pense que se cumprem as escrituras e que estamos no limiar do fim dos tempos.


Tudo particularidades de um todo, entrelaçado, interdependente, explicável, como peças de um relógio que devem ser encaixadas para que funcione. No nosso caso, peças de um todo que devem ser ligadas de forma lógica de modo a que possamos compreender o que se passa. E sim, o mundo está mudando e muito. Vejamos se, de forma não linear, conseguimos chegar a alguma conclusão.

Somos, cada um de nós, animais de porte médio, com um regime alimentar predatório e depredatório que é capaz de comer qualquer coisa que se mexa ou abane e cuja nomenclatura nos aponta como “homo Sapiens Sapiens” vivendo num planeta que não estica, não infla. Com tanto sucesso nos desenvolvemos que somos uma espécie numerosa, altamente competitiva entre si mesma, capaz de matar seu semelhante por fome, pela posse de um bem qualquer, por uma droga, por raiva ou prazer. Não é dos currículos melhores, mas foi assim que chegamos ao século XXI e já na primeira década com um numero alarmante: Somos cerca de 7.500.000.000 de pessoas. Não é um grande número comparado ao dos insetos e peixes, e até de gado muar, mas temos um porte que pode comer, e come, todos os insetos peixes e gado se fizéssemos festas de arromba todos os dias... E já nos comemos uns aos outros no tempo em que isso nem era moralmente questionado ou questionável. Nosso currículo vai piorando, como podemos ver, na medida em que nos aprofundamos na analise do que realmente somos... Melhor nem abordar os aspectos da mente, morais e éticos para não piorar ainda mais.


Limitemo-nos ao fato de que somos predadores e estamos num mundo superpovoado de altíssima competição. Luta-se com armas ou desarmados, com sutil astucia por tudo. Quem não tem condições, sucumbe à pobreza, à miséria, à morte.

Qual de nós, vivendo pelo menos um par de anos com um companheiro ou uma companheira, fartos um do outro aos limites do insuportável, concorda de ânimo leve em dividir os bens de forma razoável? Muito poucos de nós. Então chamamos advogados que levam sua gorda parte do espólio do casamento morto, tentam dividir os filhos. Coitadas das crianças, porque construirão um mundo ainda mais diferente sem esse tipo de problemas, mas criarão outros. Parece que não podemos viver sem problemas, como se a sua solução fosse o grande motivo de termos algo “importante” para fazer neste mundo.  Como gato escaldado de água fria tem medo, os contratos de casamento cada vez são mais excludentes da divisão de bens, embora a lei se sobreponha aos contratos. Voltar a casar é uma temeridade, um risco, que a maioria de nós não deseja experimentar. Mas o apelo sexual é muito grande, e é preciso dar vazão à vontade dos hormônios que nossas glândulas sexuais produzem. Os encontros consentidos de forma eventual são o mais recente refugio do prazer sexual, já que não é fácil pagar os favores de prostitutos e prostitutas todos os dias ou pelo menos duas vezes por semana. As rendas do trabalho nem sempre permitem isso. Pelo menos na maioria da população mundial. Se os filósofos de antigamente fossem vivos hoje neste mundo que tão bem conhecemos, não diriam apenas: “Não negai ao pobre um prato de comida, um copo de água”, mas acrescentariam “...nem o teu corpo para compartilhar uma noite de sexo”. E, como sabemos, as substâncias produzidas em nosso cérebro durante um ato sexual, são como uma droga que nos remete à felicidade. Há muita gente viciada nisso, e lembrando que somos predadores por natureza, uma parte de nossa espécie usa crianças por serem frágeis, mais fácil de tomar à força ou de convencer como ovelhas conduzidas por pastores. São doentes que precisam de tratamento injetável das mesmas drogas que dão o prazer do sexo.


“Quanto maior a nau”, maior a tormenta, e se analisarmos nossa humanidade convivendo numa bola de terra e água limitada no espaço, podemos entender que cada um queira uma quantidade mínima de bens ou de dinheiro (muito variável de pessoa para pessoa) que possa garantir o seu futuro na velhice quando não puder mais produzir riquezas nem mantê-las, mas nunca se pensa na dificuldade de as mantermos. Então vêm outros predadores em nossa velhice e nos rapam o que guardamos. Não temos mais condições nem de raciocinar direito, nem de revidar, defender as propriedades. De modo geral, a população tende a viver só, a isolar-se, tentando levar a vida como crê que deva ser levada sem que outros lhe venham limitar os movimentos, a forma de pensar e agir.  De seres sociais, estamos nos transformando em seres das cavernas agora mobiladas com um sofá, uma mesa de computador, uma geladeira, pelo menos um ventilador ou um ar condicionado, um modem para se ligar ao mundo, cadeados e trancas na porta para não sermos assaltados. Lá fora da caverna o mundo parece um inferno. No centro das maiores cidades fica impossível caminhar à noite, ao amanhecer ou entardecer. Policiais não dão conta do trabalho. O mundo do crime está aumentando, deixou de limitar-se às ruas, invadiu estabelecimentos comerciais, lares, hospitais, governos. Bandidos estão por toda a parte.


As populações mundiais reclamam dos salários, dos transportes, da saúde pública, do ensino, da segurança e de muitos outros aspectos relacionados com a política. Isso demonstra um grande grau de insatisfação. Não estamos satisfeitos com o mundo em que vivemos, e, a seguirmos assim, a tendência é que cada vez mais se passe a achar que vale mais lutar para mudar, do que morrer sem tentar e continuarmos na mesmice de sempre. Tudo relacionado com a capacidade menor ou maior de ter capital que permita adquirir não bens ou serviços em particular, mas “bem estar”. Não estamos bem. A sensação é que os governos não nos representam, e fazem o que querem.  Mas o que eles realmente querem?


Antes de se inventar o dinheiro, acumulavam-se bois, sementes de trigo, objetos. Manter bois e gado em geral era muito caro, ocupavam muito volume, exigiam muita mão de obra para manutenção. Entre produtores, e consumidores, as trocas eram relativamente fáceis, porque eram praticamente um escambo: trocavam-se coisas por outras “coisas”, como por exemplo, quatro galinhas por um coelho, um copo de vidro tosco por uma galinha, o que fazia com que um coelho valesse quatro copos de vidro tosco... E por isso, para manter a paridade, era necessário conhecer uma lista imensa de bens e as paridades entre si. Começaram então a trocar ouro e objetos preciosos pelos bens, e logo móveis e imóveis, mas andar com tanto peso em ouro para negociar era perigoso: Bandidos e assaltantes sempre existiram. Precisavam de algo mais leve e inventaram o dinheiro leve, em moeda, em cuja face se indicava quanto de ouro cada uma representava. Parece que foi um rei da Mesopotâmia, persa, chamado Ciro (I), que cunhou as primeiras moedas a que chamou de “dinar”[i]  Com estas moedas ficou mais fácil fazer transações comerciais. O capitalismo, baseado no comércio e no acúmulo de capital, é uma velha e ancestral forma de promover as trocas necessárias à obtenção do que nos é necessário. Para isso temos que trabalhar. Sempre foi assim. E nosso salário deveria ser suficiente para, pelo menos, poder adquirir o necessário para comer, vestir, transportar-se e alojar-se.


Não é. Na maioria dos casos não é. Surgiram então as filosofias políticas para tentar equilibrar as sociedades, acabar com as inconvenientes, assustadoras e deprimentes pobreza e miséria. Nenhuma filosofia política conseguiu controlar estes aspectos da espécie humana. No mundo animal, aquele que se esconde do “Homo sapiens sapiens” nas florestas, não há pobres nem miseráveis, pelo simples fato de que sua natureza se equilibra face ao alimento disponível. Mas nós teimamos em manter-nos em níveis populacionais acima daqueles que a “nossa” natureza permite. Não é raro ver-se “gente” que tenta resolver o problema ateando fogo a mendigos que dormem em bancos de praças públicas, a índios, ou perseguir pessoas por qualquer motivo que a “incomode” (a essa “gente”). Muitos, em numero cada vez maior, não pretendem ser nem pobres nem miseráveis, mas não estão psicologicamente preparados para enfrentar as duras diárias de trabalho nem sempre adequadamente recompensado, e partem para o assalto, a bandidagem, o dinheiro fácil, que cobra, como retorno, a vida dos que seguem por este caminho. Dinheiro não é um símbolo. Dinheiro é uma conversão entre o desejo de possuir algo e poder comprar. Sua falta gera frustrações. Dirão os comunistas e os socialistas que tudo é culpa do capital... Não é. A culpa é de nossa ambição desmedida, porque se não houvesse o capital, haveriam bois, gado muar, sementes, galinhas e coelhos para trocar, ocupando espaço imenso em alojamentos, silos, granjas... E nos regimes comunistas e socialistas, cupons de abastecimento, favores... E para comprar um apartamento seria necessário possuir em “caixa” 24.000 galinhas pelo menos... Ao receber o salário, teria que levar para casa pelo menos cento e vinte galinhas abatidas...

Se procurarmos – sem medo – analisar o que se passa neste mundo, podemos finalmente resumir da seguinte forma:

Para sobreviver pela quantidade maior possível de anos, é preciso trabalhar para ter dinheiro, para poder comprar bens e obter serviços, mas como estamos num planeta aparentemente quase lotado para nosso nível de desenvolvimento técnico e moral, ou diminuímos a população, ou reduzimos a ambição, ou nos comemos uns aos outros, pondo fim ao dilema da existência.

O que escolheremos? Tenho uma sugestão... Deixem as decisões de Estado entregues à decisão dos cidadãos em cada país do mundo. Não se julguem senhores políticos, donos da verdade, achando que isto ou aquilo é mais importante para alguém, para alguma coisa, para si mesmos, ou para a população que confiou em vocês... Mudem vossos sistemas políticos para a Democracia Participativa, a real, verdadeira, completa, sem comitês ou intermediários..

http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

É urgente !

© Rui Rodrigues







[i] Daí o nome de dinario – palavra romana para o dinar – e que evoluiu para dinheiro na língua evolutiva portuguesa. 

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