2015- Já vimos este filme antes?
Peço uns
minutos de vossa atenção para alguns aspectos da geopolítica os quais, por
dispersos ao redor do globo podem nos fazer incorrer no erro de pensar que não
estejam inter-relacionados, e mesmo sem estarem, que não tenham alguns
elementos em comum. Não deixa de ser notável como na história os fatos se
sucedem no tempo e a cada fato a história que será fato futuro e não
probabilidade, ora vá para um lado pra para outro, na imensa probabilidade de
opções. Não é como uma árvore onde existem ramos, mas apenas um, o do tronco
principal, se encaminhe sempre para cima, para o topo. Não... Na história,
ramos podem crescer para os lados e tornar-se o tronco principal. Se este se
inclina muito para um lado, e cresce bastante, a árvore não se sustenta e cai.
Imagine
então que nesta conjuntura mundial, seja você o chefe supremo, por exemplo, da
ONU, da OTAN, ou de algum outro organismo que realmente trabalhe para a
manutenção de um estado contínuo de paz no mundo, a OTAN como uma força bélica
de equilíbrio de forças, a ONU como uma força moral desse pretenso equilíbrio.
Teria que se defrontar com alguns problemas fundamentais:
1. A Síria e os rebeldes
– O rei um ditador, os rebeldes um misto de terroristas e patriotas
democráticos.
2. Boko Haram – Um grupo
bem armado que impõe o terror em terras africanas e que atua em diversos
países, raptando pessoas, estudantes, matando, impondo o terror. De onde lhes
vem o dinheiro?
3. ISIS – Bandos armados
de terroristas que degolam pessoas inocentes, queimam pessoas presas em
gaiolas, avançam pelo Norte de África, mas recrutam inocentes crianças e
adolescentes para se juntarem à sua causa que não causa: Dizem atuar em nome de
Alá. Recrutam na Europa adolescentes sem um futuro promissor de trabalho nem de
moralidade, ou simplesmente ávidos de emoção e aventura. De onde lhes vem o
dinheiro?
4. A pretexto de defender
o povo “russo” na península da Criméia, que pertence de fato á Ucrânia, Putín,
que já foi chefe da KGB nos tempos da URSS, anexou a península por decreto. Foi
uma usurpação, um atentado aos direitos internacionais. Não satisfeito, ajuda
“russos” na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia a recuperar as terras
ucranianas que se separaram da ex-URSS e da própria Rússia. Aviões russos de
guerra já invadiram espaço aéreo de Portugal, submarinos russos já invadiram
águas nacionais da Suécia. Sanções impostas à Rússia e uma visita de Merkel e
Hollande para discutir a paz, não deram em nada. Putín é renitente apesar das
sanções.
5. Na fronteira entre
Paquistão e Índia a tensão continua após décadas de conflitos pela posse de
Cachemira. O render da guarda na fronteira é sempre um pavoneamento de
provocações. Volta e meia há conflitos e gente morre.
6. Há décadas que José
Eduardo dos Santos se faz eleger em Angola, com eleições supervisionadas pela
ONU. Não se nota que as populações angolanas tenham melhorado de vida. É uma
democracia com capa de cordeiro e corpo de lobo. Parece-se mais com uma
síndrome de Estocolmo. A ONU sucedeu a uma instituição internacional que foi
“demolida” do dia para a noite. Chamava-se “Sociedade das Nações”. Acabou por
falta de credibilidade.
7. Na Colômbia as FARC,
associadas ao tráfico de drogas, atuam no país há décadas impondo o terror.
Entra governo, sai governo, e mesmo com a ajuda dos EUA, continuam impondo o
terror, como se os governos não se interessassem devidamente pelo assunto.
8. No Brasil, Argentina e
Venezuela (Bolívia só tem expressão internacional pelo tráfico de drogas),
governos mentem descaradamente e dão desculpas esfarrapadas para o declínio de
suas economias que em muito breve não proporcionará o recolhimento mínimo de
impostos para que façam os seus “programas”. Nenhum destes povos melhorou sua
condição de vida, teve melhorias em serviços públicos, educação, segurança, transportes.
O que fizeram foi alterar os índices com que se mede o progresso destas
condições. Os povos sofrem, mas as forças bélicas políticas mantêm a ordem com
a ajuda de alguns canais de mídia escrita ou televisionada. A realidade salta
aos olhos através das redes sociais, às quais a maioria ignorante que apóia
estes governos não tem acesso, ou tem medo de ir para as ruas e reclamar. O
maior numero de mortos pelo regime de governo é atualmente da Venezuela seguida
do Brasil. Governos subtraem verbas dos fundos públicos que, aparentemente, se
destinam exclusivamente à compra de votos para que se mantenham no poder. Nem a recente associação entre Cuba e EUA os
faz demover de seu “bolivarianismo”, tendo sido Cuba a mentora deste movimento
estranho e sem sentido a não ser o da manutenção do poder e a partilha dos
cofres públicos do Brasil em favor do movimento comum.
9. O Oriente Médio é
sempre um problema bélico desde 1948 quando o povo de Israel teve acesso à
terra da qual tinha sido expulso pelo Império Romano, tantos séculos se
passaram até que se fizesse justiça histórica. O problema continua...
10.
A Coréia do Norte – único país do mundo que ainda se diz
comunista – é uma séria ameaça á paz mundial. Já ameaçou com bombas nucleares.
Não se sabe até que ponto teria o apoio da Rússia e da China. Pode ser o menino
mau que, a exemplo do que aconteceu em 1914, dispare sobre o “arquiduque
Carlos” e deflagre uma nova guerra mundial.
11.
Conflitos tribais em vários países africanos com perseguição
a etnias mais fracas geram instabilidade no continente.
12.
Podemos juntar a tudo isto, a Al-Qaeda, a situação no
Iraque, no Afeganistão onde a presença dos aliados não diminui o tráfico de
heroína, conflitos no Iêmen, e muitos outros...
Então, se
fosse você que pudesse fazer algo em algum lugar do mundo (outros conflitos
surgiriam) ou pudesse resolver todos de uma vez só, o que poderia fazer se,
para resolvê-los necessitasse de dinheiro? Onde consegui-lo? Como conseguir a
boa vontade das autoridades mundiais?
A crise de
2008 deixou as nações sem dinheiro, produção de bens em baixa, inflação em
países com governos corruptos e deflação em países com políticos mais honestos
de princípios.
Foi assim
em 1914 e em 1939, datas de inicio da primeira e da segunda guerras mundiais.
Não tenho uma palavra de conforto, e se acreditasse que Deus se mete em
assuntos de guerra, teria que desconfiar olhando a história da humanidade. Não
só Deus não joga dados, como também não se mete em certos assuntos da
humanidade, e me pergunto se terá vontade de interceder em algum deles. A minha
palavra de conforto é:
Lute
enquanto pode para mudar o mundo. Mas lute pela coisa certa. A coisa certa é
garantir a paz, mas não a qualquer custo. Terá que ser ao custo dos que não
entendem economia e querem dar ordens na economia; dos que se dizem socialistas
e desperdiçam verbas em benefício próprio; dos que não têm senso de humanidade;
dos que ganham com as guerras... Esses que têm pagar! E parece estarmos caminhando a passos largos para novos conflitos internacionais a nivel mundial.
® Rui Rodrigues
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