Sócrates,
o filósofo que sabia muito mais que todos, chamou a si, lá do fundo da alma
toda a humildade que podia reunir e disse a célebre frase: “Só sei que nada
sei”. Foi um dos principais fundadores da Democracia.
Mas
desconfio que Sócrates era mais político do que filosofo, embora o sentimento
da Democracia, posto a nu como sistema político, tenha sido de um brilhantismo
e de um heroísmo impressionantemente fantásticos. Ganharia um Nobel hoje, com
todo o merecimento. Ele era Grego.
Ainda
bem que não veio nas caravelas do Cabral, porque se um filósofo do seu porte
declarava que nada sabia, então quem se atreveria a dizer que sabia alguma
coisa? Seriamos um povo dominado pela
humildade, admiração do mestre, e subserviência pela dúvida entre o certo e o
errado.
Discordo
de Sócrates e não me perguntem porque razão, mas quanto a mim, “Só sei o que
sei, e há muitas coisas que não sei”. Há uma diferença, quase um abismo, embora
também com humildade: Não nego o que sei que sei e não o junto politicamente com o que
não sei, generalizando o que não é generalizável.
É
por isso que minha visão do Brasil diverge talvez de muita gente. É que entendo
o Brasil como uma nação que recebeu muito cedo um choque político e amadureceu
em decorrência: De repente passou de colônia a Reino Principal de um Império,
sem esforço algum, lutando uma guerra “externa” que nunca chegou aqui. Já vai
longe a história, mas tentem imaginar a situação: A Europa se destruindo em
guerras, destruição para todos os lados, e há um reino que luta por um dos
lados, mas onde a guerra não chega...E mesmo a independência não foi uma
“guerra”.[1] Dom João VI casou-se no Brasil, e mesmo depois da guerra terminar na Europa, não queria sair daqui. Nossa idiossincrasia se instalou na
forma de resolvermos nossos problemas pessoais, nacionais e internacionais de
forma tranquila e democrática e permanece desde os descobrimentos até hoje. Mas
não se enganem os aproveitadores da história e da nação: Somos um povo que sabe
defender-se com garra e heroísmo.
Até
13 anos atrás éramos a inveja do mundo inteiro, a sexta economia, o povo mais feliz do mundo. Somos
ainda hoje um “reino” onde os piores males do mundo parecem não chegar. Mas
como pode isso acontecer?
Creio
que se pode explicar.
Uma
nação democrática se constitui basicamente de “governo, Povo e... Ambiente”. Sempre
esquecem o ambiente quando definem uma nação. É tempo de falarmos do Ambiente
como parte intrínseca, mas não é apenas o Ambiente da natureza. É mais do que
isso. É o ambiente “geral” da nação, incluindo a economia, as artes, as
ciências, as facilidades de locomoção, a eficiência dos serviços de segurança
pública, de educação, de saúde públicas e tudo em geral de que depende uma
nação para viver em paz, tranqüilidade, com ordem e progresso. E no nosso caso
atual, o governo é “representativo”. Deve governar em razão da vontade da
maioria, para atender seus principais e necessários desejos, e é pelo voto que
se define quem é a maioria e a quem o governo deve “agradar” principalmente,
sem esquecer jamais as minorias porque também são BRASILEIRAS.
Experimentalmente
isto se constata pela forma normal e coerente de colocar uma garrafa em pé pela
base e não pelo gargalo. O bom senso nos diz isso. Há muitos outros exemplos.Então,
em relação ao pensamento de Sócrates, e considerando o exposto para fechar este
tema, o que é que eu sei?
Não
apenas sei que o PT e a base aliada desde que assumiram o Brasil, bonito por
natureza, varonil de encantos mil, mudaram o seu ambiente político, a ponto de
psicologicamente a nação se achar impotente. O estrago foi tão grande no
ambiente geral, que gente boa se transforma em sádicos algozes, gente forte em
masoquistas, o mal assola a nação, e nem vale a pena entrar em detalhes. A
forma de pensar da população está mudando da paz para a raiva e a revolta, é a
inconformação. Estamos nos tornando num povo mais belicoso, mais revoltado. Não
são dores de crescimento, são dores de não crescermos como nação, a nossa que
sempre foi das melhores do mundo.
Nem
no futebol acertamos mais, e o funk destronou o samba. Um dia o desfile será de 'escolas de funk", mas aqui para nós, que
se dane o futebol e o samba, que o que importa é vivermos bem. Vamos colocar
essa garrafa em pé, pela base. É de água, cristalina, pura. Quando estiver em
pé, pode tomar com toda a energia de forma segura, com muita educação para não
se engasgar. Água é saúde!
®
Rui Rodrigues
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