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sábado, 3 de março de 2012

A Relação Marilyn Monroe e Putin


A Relação Marilyn Monroe e Putin

(Sobre as eleições russas de 2012)


Depois de passar por museus da Europa, Estados Unidos e Canadá, a mostra "Quero Ser Marilyn Monroe!" chega a São Paulo. Com abertura neste domingo (4 de março de 2012).

Marilyn, segundo dizem, deitou-se com os irmãos Kennedy e talvez estivesse com um deles na noite em que foi encontrada morta, já em sua casa, vítima de barbitúricos, embora não se saiba qual a mão que os introduziu em sua boca. Assim constou na mídia. Para o povo americano, John Kennedy e Marilyn eram o casal 60, o casal dos bons momentos. Jaqueline Kennedy, era a esposa ideal que cuidava de tudo sem reclamar de Marilyn ou sequer a ela se referir fora do âmbito de sua atuação em Hollywood. Kennedy era o “rei” dos EUA, eleito em eleições limpas, claras, transparentes, inquestionáveis. Como todo mundo trai, ficou claro que também Kennedy deveria trair. Mas o quê ou quem? Evidentemente que traía a mulher, mas não o povo americano. Essa era a imagem que Bill Clinton repetiria décadas depois de forma mais suave, porque nada mais era do que simples “boquete”.

Não creio Marilyn se dispusesse a dormir com Putin ou com Dmitri Medvedev. Falta-lhes caráter e mesmo presença, postura, consistência, conteúdo. Marilyn era loira, mas não era burra, nem ignorante, nem idiota. Quando Marilyn cantou “Happy birthday mr. President”, com direito a orquestra e corpo de baile, representava na verdade o verdadeiro casamento do povo americano com seu rei e sua “rainha”. O povo gostava disso.

O povo russo não tem uma verdadeira primeira dama, nem uma segunda dama, as eleições são questionadas e neste domingo veremos mais uma farsa de uma democracia de araque que permitirá a transferência de poder de Dmitri Medvedev ao mesmo Putin que lha tinha transferido. O processo de votação na Rússia não é informatizado, é repleto de vícios. O que o povo russo tem hoje, é um presidente que gosta muito de uma vodka, nem sempre está sóbrio e dança de modo que tanto agrada a gregos quanto a troianos, mesmo em eventos internacionais onde se apóia no braço de outro presidente, herdeiro de Napoleão Bonaparte, aquele que invadiu a Rússia até os intestinos, durante uma farra durante o inverno... Napoleão adorava um bom conhaque... Sem esposa presente para trair, Medvedev trai o quê ou quem?

Tal como Marilyn, o povo russo também não é burro, nem ignorante nem idiota, mas não enfrentará a polícia pós Perestróica. Alguns irão para as ruas quando souberem que o poder dos que quiseram Putin no governo se perpetuou em Dmitri Medvedev e agora continuará com Putin, novamente, mas serão insuficientes para fazer uma revolução.

A de 1917 se fez porque era grande a fome. O povo russo aprendeu que não adianta revoltar-se, porque os governantes distorcem tudo o que costumam dizer e afirmar.

Aqui no Brasil, Temos uma dama que acumula o posto de Presidente, não temos o primeiro cavalheiro, e ela não bebe. Chora. Chora provavelmente nos momentos em que se vê obrigada – logo ela que é presidente – a nomear os que lhe dizem que devem ser nomeados, escamoteando-lhe as funções. Pelo choro ficamos sabendo que nossa Presidente não pode nomear para os ministérios quem desejaria nomear, mas quem “tem” que nomear...

Será isso, tanto aqui quanto na Rússia o que se chama de Democracia?

Essa grande dama, a democracia, parece ser como Deus... Sabemos que existe, pensamos que existe, não sabemos se existe ... todas essas dúvidas porque não O vemos... Cremos até em Deus, mas nunca O vimos...

Talvez Trivella, o Pastor, possa explicar isso no Ministério da Pesca, onde terá muito tempo disponível. Um dia inventarão um Ministério das religiões e colocarão à frente um pescador de ilusões.

E como sabemos, Putin será novamente eleito na Rússia. Quem não sabe?

Não sou russo, e por ser democrata, estou Putin da vida com isso...



Rui Rodrigues

quinta-feira, 1 de março de 2012

Para quem não conhece Gotham City ...



Para quem não conhece Gotham City...



Bob Kane e Bill Finger são considerados os criadores das histórias em quadrinhos de Batman, ambientadas numa cidade chamada Gotham City, escura, perigosa, onde reinam o crime e a corrupção. O nome da cidade foi criado por Bill Finger ao procurar numa lista telefônica por alguns nomes que fossem interessantes. Encontrou Gotham city, que era um dos apelidos da N. York de hoje, muito antes de ser conhecida como a grande maçã – Big Apple. Gotham City representa o lado sombrio da cidade de N. York. Batman representa a escassez de defensores da lei, porque é apenas um, já que Robin desistiu e desapareceu de cena. Não me admiraria se um dia aparecer uma história em quadrinhos onde Batman cace impiedosamente seu antigo amigo Robin que teria se passado para o lado do crime.

Não creio que Gotham City seja apenas uma ficção sobre uma característica de uma cidade que tem tantas e tão boas outras. Creio que os criadores desta banda desenhada se preocuparam em alertar os leitores para os perigos de se deixar correr solta a corrupção e o crime, tendo apenas um fictício – este sim – defensor, chamado Batman que agia á noite, hora em que tradicionalmente os policiais estão dormindo, descansando, ou se entupindo com um par de cervejas enquanto assistem pela TV a um jogo de football americano. Em qualquer cidade do mundo, o efetivo policial noturno é uma pequena porcentagem do diurno quando deveria ser pelo menos o dobro deste. Curiosamente também, a Polícia Federal não age de forma independente. Tem que ter uma ordem de um juiz para investigar e prender. Se o juiz for corrupto, as ordens jamais serão dadas, ou se dadas, os delinqüentes avisados previamente.

Lia Batman quando era ainda garoto e assisti a alguns filmes da série na minha adolescência. A cada filme ou fascículo da série, apareciam bandidos novos, mas Batman continuava praticamente sozinho na luta contra o crime e a corrupção, sinal evidente de que o crime e a corrupção aumentavam desproporcionalmente ás forças da lei. Batman nem era policial, nem teria aposentadoria. Era rico por definição, e contra os que ficavam ricos por corrupção. Naqueles tempos, os ricos eram “legais” e os bandidos ricos eram bandidos.

Deixei de ver filmes e revistas do Batman, na medida em que os criadores também começaram a não acreditar em sua criação. Ficaram desmotivados em nos proporcionar outras histórias e eu em reler as antigas: Era tudo mentira e as histórias estavam mal escritas. Nem Gotham City era assim tão escura à noite, tão soturna. Ricos eram também uns calhordas roubalhões. Os ricos mantinham seu dinheiro em bancos e não ajudavam a cidade com contribuições que lhe permitisse reforçar o treinamento de policiais, aumentar o efetivo policial, dar-lhes mais condições operacionais.

Gotham City era uma mentira que se baseara numa esperança que morrera por evolução da realidade. A realidade se sobrepusera á própria ficção, tornando-se superior a esta em emoção. Para que ler revistas com aventuras de Batman na insegura e soturna Gotham City se essas realidades se liam diariamente nos jornais e telejornais?

Não é necessário que se descreva Gotham City para que saiba como seria na ficção de Bob Kane e Bill Finger... Basta que olhemos para os lados no nosso dia a dia, na nossa noite a noite, assistamos a telejornais em nossas cidades ao redor do Planeta. Gotham city cresceu imensamente...

Lá estão eles, todos eles: o político ladrão que não representa o povo que o elegeu, e que sai imune das acusações guardando o dinheiro que roubou e distribuiu; o policial corrupto que faz guarda a instituições particulares que lhe pagam por fora e chega cansado ao trabalho para o qual é pago pela população; o assaltante que rouba, mata e se perde no meio da multidão e escuridão e tantos outros, no meio de uma população impassível, imobilizada, calada, apática, que tal como nos quadrinhos de Bob Kane e Bill Finger, apenas aparecem para bater palmas quando alguém é apanhado, mas não fazem passeatas pelas ruas para que se administrem melhor as despesas do tesouro nacional.

Gotham City é agora a cidade onde você vive.

Rui Rodrigues

Ai, ai ... Cristina Argentina Kirchner ...



Ai AI... Cristina Argentina Kirchner ...

As coisas não vão muito bem pelo mundo, de modo geral, envolvido que está numa crise econômica que só encontra precedentes na de 1929 – Queda da bolsa de N. York, e nos templos bíblicos quando José teve que emigrar para o Egito...

A bela Cristina Argentina Kirchner ouviu dizer que um barco de guerra inglês tinha entrado nas ilhas Malvinas para operações de treinamento militar. Viu nessa oportunidade o grande momento para esvanecer os problemas internos. Poderia ter feito uma reclamação formal e ficar por isso mesmo, sem nem sequer dar importância para o resultado da reclamação, porque não iria mudar nada no equilíbrio político mundial nem nas Malvinas, nem na Argentina ou na Inglaterra, mas foi mais longe...

Pede boicote aos produtos ingleses... É a teoria do suicídio posta em prática... Critica o boicote americano a Cuba e propõe um boicote à Inglaterra, como se não percebesse como está dividido o poder no mundo e pior, não percebesse o quanto ela mesma se desvia do bom senso... Ademais, a Inglaterra e a União Européia são um dos maiores parceiros comerciais da Argentina... A teoria do suicídio posta em prática não pode ter apoio na sensatez... pelo contrário, parece ato tresloucado, ato para por a culpa de tudo o que acontece de mal na Argentina, no mundo exterior e em particular, na Inglaterra.

A bela Cristina Argentina Kirchner passou a fase de deslumbramento no poder e chegou agora à fase de desespero no poder. A partir daqui é só descida em sua vida política, porque a base deste seu desespero está na constatação de que sua economia  e os atos de seu governo não levarão a Argentina onde os argentinos pensam que seriam levados... Ela vai para o outro lado... E não é por aí que irá reaver as Malvinas.

Rui Rodrigues

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sobre o Parasamba e o direito a desfilar


Coisas das sociedades e organizações sociais
O parasamba

A Rede Globo sempre se posicionou pelos movimentos sociais, pela politicamente correto, embora no campo da política sempre haja quem pense que está do lado “errado”. Minha referência  à Rede Globo no contexto do título desta postagem, tem seu sentido, porque são poucos os atores e atrizes negras em seu elenco, jornalistas em seus jornais de notícias, deficientes físicos em suas reportagens de rua... Ela terá certamente os seus motivos e explicações se desejar explicar...

Entidades internacionais fundaram os jogos paraolímpicos, que tantas medalhas têm dado ao nosso Brasil, e que abriu um corredor imenso na divulgação das necessidades que as sociedades têm para com os seus deficientes visuais, paraplégicos, deficientes físicos em geral.

As ruas e praças do nosso Brasil mostram que  prefeituras, governos ainda não deram a atenção suficiente porque os passeios públicos estão intransitáveis para cadeiras de rodas e invisuais,  até mesmo para quem não têm deficiência física.

Mas o que não entendo são escolas de Samba desfilando na avenida sem que deficientes físicos façam parte de suas alas.

Não acredito que deficientes físicos não gostem de sambar. Estarão as escolas de samba descriminando os seus cidadãos?

Ou samba só vale se for “samba no pé” ?

Que sociedade somos esta ?

Rui Rodrigues

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Malvinas (complementando a atualidade)





Malvinas
(complementando a atualidade)


As Ilhas Malvinas, ou Falkland, têm petróleo. É natural que tanto a Inglaterra quanto a Argentina pugnem pelo seu controle e domínio, porque a ocupação humana das terras deste planeta sempre foram disputadas desde o surgimento das civilizações.

Vivem lá súditos britânicos, com residência fixa, e em dois arquipélagos adjacentes habitam cientistas. È perfeitamente possível que em 1982 os britânicos já soubessem da existência de petróleo. Nesse ano a argentina era apoiada politicamente pelos EUA, que na ocasião apoiavam e incentivavam todas as ditaduras da América do Sul, através de operações como a CONDOR, e de outras influências políticas e comerciais. De qualquer forma, excluindo atos de loucura de uma junta militar, a ocupação das Malvinas pode ter tido uma promessa americana de “interceder” pelos interesses argentinos junto ao governo britânico liderado por Margareth Thacher. A Argentina era governada na ocasião por uma junta militar. Não importavam quem fossem os presidentes, os atos foram sempre matéria de junta militar. É inadmissível pensar que a poderosa Grã-Bretanha permitisse a transferência da ilha para a geografia argentina, sem resistência ou revide, depois de uma ocupação militar sendo ano de eleições no Reino Unido.  Argentina e EUA faziam parte de dois tratados: a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte e a TIAR – Tratado Interamericano de Ajuda Recíproca. Os EUA decidiram apoiar a Grã-Bretanha por muitos motivos previsíveis, dentre eles os laços que unem estas duas nações - que já foram colonizador e colonizado - mas que por questões de segregação racial, mantiveram a tradição, os laços familiares e a cor da pele da classe dominante nos EUA.

Os antagonismos entre Argentina e Reino Unido não são de hoje. Já em 1806 a Grã-Bretanha bombardeara Buenos Aires como atividade da expansão do Império Britânico.  As causas dos atritos remontam também à expansão do território brasileiro apoiado por aliança entre Portugal e Inglaterra desde 1373- a aliança mais antiga do mundo. A América do Sul, por suas riquezas e esperanças de desenvolvimento como uma grande nação, foi sempre do interesse das influências das maiores potências. Como Inglaterra e Espanha já disputaram o poder na Europa envolvendo-se em guerras, esta disputa de certa forma foi trazida pelos primeiros colonizadores espanhóis e portugueses que já disputaram o mundo.

A assembléia da ONU já tratou da questão das Malvinas em 1965, quando adotou a resolução 2065 (seguida por outras), reconhecendo a existência de uma disputa de soberania entre Argentina e Grã-Bretanha e instando as duas partes a buscar uma solução negociada e pacífica. Na Assembléia, não existe direito a Veto. Com o envio de um navio de treinamento de guerra inglês às Malvinas em fevereiro deste ano, a presidente da Argentina Cristina Kirchner levou novamente o problema à Assembléia Geral que reabre em Setembro.

Não teremos uma nova guerra das Malvinas, certamente, mas temos certeza que a ONU continuará no seu caminho descendente de credibilidade por parte da comunidade internacional em resolver conflitos mundiais entre países com sociedades que possuem uma relativa dose mínima de educação e conhecimento... Ou têm o poder de dizer não a todo e qualquer organismo das Nações Unidas.  Já vimos antes a Sociedade das Nações acabar de forma abrupta e melancólica.  

Rui Rodrigues

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um olhar cidadão sobre a greve dos policiais



Um olhar cidadão sobre a greve dos policiais

Até um sacerdote é, antes disso, um cidadão perante o Estado e a Nação. Muitos acham que Estado e nação são a mesma coisa. Seria, sim, se o governo da nação representasse os cidadãos. No entanto, atuam sem consultar os cidadãos, porque crêem ou pressupõem que têm o poder de pensar, adivinhar, julgar, saber ou inventar o que o povo deseja. Na minha modesta opinião somente pode haver certeza de saber o que os cidadãos desejam, perguntando a todos, um a um. Como não se pergunta aos cidadãos, a Nação é o conjunto dos cidadãos, e o Estado, é a Nação acrescida dos governantes e terceirizados, e de todos os que dependem de pagamentos ou favores do governo.

Sacerdotes, médicos, dentistas, engenheiros, fiscais, bombeiros, garimpeiros, atacadistas, comerciantes, embarcados, militares, encanadores, carpinteiros, varredores de ruas, empregadas domésticas, doutores, juízes, vereadores, senadores, deputados, presidentes da república, vice-presidentes, governadores e ministros... E todo e qualquer ser humano que viva no país e dele faça parte, é um cidadão, parte da nação, com os mesmos direitos, ou quase... Há restrições...

Policiais e membros das forças armadas não podem fazer greve...

Então, já não são cidadãos por completo... Falta-lhes algo: O direito de proclamarem sua insatisfação, por exemplo, com os salários.

Vemos vereadores, deputados, senadores... Juízes... Imaginem!... Aqueles que estão no topo da lei, fazendo e aprovando leis, dizendo-nos o que é moral e imoral... Votando os próprios salários... E como votaram!

Pelo amor de Deus... SE não tivessem esses cargos tão altos, poderíamos jurar que não sabem nada de matemática, porque se deram aumentos de centenas por cento e ganham hoje fábulas de dinheiro, mensalmente, dignas de contos das mil e uma noites...

Que dispositivo legal se implementará para que policiais e membros das forças armadas possam reivindicar melhorias de qualquer espécie, como qualquer cidadão?

Com que moral se pode exigir de um militar ou membro das forças armadas que engula o salário que lhes dão e os benefícios que lhes dão, e fiquem calados, inertes, obedientes, e sobretudo dedicados com prazer às suas funções ?

Pra nós cidadãos, como nos sentiremos com uma força policial e militares que estão insatisfeitos com a vida?

Inseguros!
Se todos nós estivéssemos insatisfeitos, diríamos a esses militares para se calarem e pararem de fazer greve porque todos nós estaríamos também no mesmo barco, sofrendo do mesmo mal que enfrentaríamos como nação...

Mas como sabemos, há gente, toda ela do governo, que não está no mesmo barco. Esses, não têm o salário que merecem.

Esses têm o salário que querem!.

Temos duas nações convivendo na mesma nação: a Nação dos que governam, e a grande nação do povo brasileiro, que assiste à deterioração cada vez maior da ética, da moral e do conceito de democracia.

A ditadura voltou. Não aquela das velhas ideologias, mas a que busca lucros, boa vida, prazer, poder...

Bem a propósito, onde anda o ministro das forças armadas que até agora não apareceu na cena? Aquele que se veste com gravatinha borboleta, como os dandys nos anos 60, época de revoluções socialistas, pregando a igualdade e a liberdade para os cidadãos, além de uma vida melhor?

Rui Rodrigues

Você é rico pobre ou miserável? - (Decida...)


VOCÊ É RICO POBRE OU MISERÁVEL? – (Decida...)

Ouvimos falar muito sobre pobreza[1], mas na realidade boa parte da humanidade não sabe o que ela realmente é, como é produzida, e, pior ainda, a propriedade a confiabilidade e a veracidade da definição de “pobre”.

Para o Banco Mundial, pobre é todo aquele que vive com menos de 1 USD (Um dólar norte americano) por dia, embora hajam outros índices que completam a definição de pobreza. Sabendo-se que o custo de uma passagem de Ônibus anda á volta desse valor, constata-se facilmente que um trabalhador iria trabalhar mas não poderia pagar a passagem de volta: Esse dólar por dia só seria suficiente para pagar a passagem de ida. Além disso, não teria dinheiro para roupas, residência, água, energia elétrica, alimentação, diversão.

Mas quem é o Banco Mundial?

O Banco Mundial é uma instituição financeira internacional que fornece empréstimos para países em desenvolvimento para programas de capital. Financiado pelos países mais ricos do planeta, cobram juros, é um grande negócio.
O Banco Mundial é composto por duas instituições: o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID). O Grupo Banco Mundial abrange estas duas e mais três: Sociedade Financeira Internacional (SFI), Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) e Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (CIADI).
Com o limite tão baixo do valor que define como necessário para que se deixe de ser pobre, repito, um miserável dólar por dia, os pobres deixam de ser pobres, pagam imposto de renda, as estatísticas desses países melhoram no conceito mundial, os governos ficam satisfeitos, o Banco engole bilhões de dólares de lucro dos investimentos, lucro esse que cresce a uma taxa média de 20% ao ano... Grande negócio!

A definição de pobreza do Banco Mundial é uma mentira!

A definição pode servir isso sim, para estabelecer um limite á miserabilidade, mas falta o limite superior que defina o que é “não ser pobre”. Quem vive com até um dólar por dia vegeta nas ruas de cidades dormindo no chão, não se locomove, ficando sempre no mesmo bairro, e gasta esse dólar em um pão e uns goles de cachaça para esquecer que é miserável... Basta andar pelas ruas de Paris, Nova York, Rio de Janeiro, S. Paulo, e nem vamos falar nos países asiáticos, do Oriente Médio, nem de África...

Seria razoável definir a pobreza de outra forma: por País, em razão de um salário mínimo regional, o que ficaria mais próximo da realidade. Salário mínimo é o mínimo para não morrer de fome e se sustentar a si mesmo.

As cifras atuais de pobreza, com base no Banco Mundial são de cerca de 1.100.000.000 de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia, e cerca de 2.700.000.000 de pessoas que vivem numa “pobreza moderada” porque ganham menos de dois dólares por dia (3,4 reais, o que coloca todos os que vivem no Brasil com um salário mínimo como “pobres moderados”).

Mais razoável seria dizer que pobre é todo aquele que ganha até 3 dólares por dia, e nesse caso teríamos cerca de 4.000.000.000 de pessoas pobres no planeta, ou seja, sessenta por cento da população mundial é pobre...

Isso mesmo... O mundo é eminentemente pobre e miserável. Os índices que nos mostram são políticos de conivência com os governos. Bancos e governos dividem entre si o botim das verbas públicas e as aplicam como desejam. As propagandas que emitem regularmente visam tranqüilizar a população, como “conversa para boi dormir”.

Se quisermos acabar com este Status Quo da política internacional, devemos ter voz firme e ouvida nas Assembléias e parlamentos nacionais, através de voto pessoal e não representativo como tem sido em países que se “dizem” democráticos.

Isso se faz através da Democracia Participativa[2].

Não podemos esperar que governos “concedam” a seus cidadãos a prerrogativa de falar através de voto nas decisões mais importantes da nação, porque são enormes e ricos os interesses que motivam cidadãos a se candidatarem a falar, no governo, em nome dos cidadãos, mas vemos que usam seu poder para aumentar os próprios salários, dividir verbas, ocupar ministérios que fraudam descaradamente. Esses “representantes”, alguns ministros, aconselham presidências, como por exemplo, a “doar” verbas públicas a Bancos para “salvá-los” das crises – que não existiam, mas que por causa disso, apareceram.

A maioria dos ministros de economia dos países mais ricos veio de instituições bancárias. Isso não é por acaso.

Rui Rodrigues

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012



O que esperamos nós, amantes da ética, casados com a moral?


Parece que ser amante da ética é uma traição á moral com quem somos casados... Ou, se formos casados com a ética, uma traição ao sermos amantes da moral, mas ética e moral são irmãs gêmeas, habitando a mesma ilha de esperança onde vive a humanidade. Não fosse bigamia, para nossos padrões enrijecidos pela tradição, diríamos que seria legal – sob os dois aspectos- sermos casados com as duas...

Assim é na política e em seus efeitos sobre nossas vidas. Amamos a ética e a moral, mas vivemos numa ilha de esperança, cercados de amoralidade e falta de ética, num mar que nos assola as casas, nos destroça o futuro, nos rasga os desejos, nos come os ossos e bebe nosso sangue do nosso trabalho do dia a dia...

É assim que emprestam nosso dinheiro aos bancos sem vermos retorno; nos cobram juros exorbitantes e nos acabam com as economias de toda uma vida; que elegem ministros que roubam, distribuem verbas como lhes apraz, e se vão ilesos na moral e na ética porque na realidade nunca a tiveram, e sem a terem, não há o que perder; emprestam nosso dinheiro do BNDES para a compra de aeroportos que pagarão se não forem á falência, a titulo de melhor administração; dão aumentos a si mesmos, mas não aumentam os salários dos que trabalham, como se o trabalho de nada valesse, porque distribuí-lo lhes dá maiores benefícios; alteram a constituição e as leis para que não se possa saber o quanto se gasta e como se gasta para as obras da Copa e dos Jogos Olímpicos; permitem que se roubem remédios caríssimos e que independentemente do custo, faltem remédios e médicos para a saúde pública; com as verbas dos impostos, permitem que empresas de saúde privada usem os serviços de saúde pública, já deficiente; usam as verbas das aposentadorias para financiar projetos cujos lucros jamais veremos, afundando cada vez mais a possibilidade de aposentadorias tranqüilas depois de décadas destinadas ao engrandecimento da nação; dizem que greves são ilegais, as daqueles que justamente exigem revisão de seus parcos salários, enquanto outros, sem estar sujeitos à “legalidade” da greve, se aumentam regiamente.

Que engrandecimento é esse? Que democracia é essa? Que estado Novo é esse, o da Nação?

E dão-nos festas pagas com nosso dinheiro, trabalho a cargo de prefeituras, para que nos possamos distrair enquanto nos roubam... E distraídos fiquemos imbecilmente alegres e despreocupados olhando e ouvindo, embevecidos, as propagandas do governo dizendo que somos os maiores do mundo... E sem educação, conhecimento, cultura, são poucos os que percebem que em meia dúzia de anos, as obras deixaram de se fazer por milhões, para passarem a custar bilhões... Uma inflação que não se pode explicar se não usarmos as cifras da corrupção para efetuar o cálculo.

Os maiores do mundo, assim de repente?

Quem acredita nisso?

Nesse mar de marolas sutis e falsas, bordejando uma ilha de esperança, logo virão as ondas fortes e as bravas, aquelas que afundam a esperança.

Por esse tempo, muitos já terão ido à míngua, ainda sem educação e sem estudos, sem infra-estruturas, ainda sem nada do que nossas esperanças nos gritavam que era nosso direito... Deixamos a luta para filhos e netos, com essa imensa porcentagem de nossos jovens fora da escola? Sem educação, nossos jovens não mudarão nada. Serão escravos do sistema, tal como nós, vivendo falsas democracias.

Somos assim tão covardes?

Quem se move?



Rui Rodrigues

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Gostei!- Cadê o perfume novo?


Gostei! - Cadê o perfume novo?...

Os tempos daquela excitação animal, heróica, já se tinham ido sem quase nem sentir. Um dia seu pênis não ficou tão duro como antes, mas não deu muita importância, porque ainda funcionava. Atribuiu o fato à perda do apetite pela esposa, coisa natural, depois de tantos anos fazendo amor. Conhecia todos os aspectos da mulher com quem se casara, todos os recantos, todas as vontades, preferências, cuidados. Talvez esse conhecimento fosse a causa maior de sua perda parcial do apetite. Os carinhos, esses, sim, ainda tinham um valor maior, porque eram mais complexos, envoltos em muitos sentimentos, que não os de puro prazer pelo clímax do gozo.

Um dia saíra de casa com a cabeça cheia de minhocas de tristeza, aranhas de pensamentos de frustração pelo que a longevidade lhe trouxera, vivendo um mundo de saudades de sua juventude e adolescência. Macaquinhos pulavam agitados em seu cérebro, buscando a explicação da vida. Ainda se lembrava como costumava fazer amor muitas vezes sem amor, mas com uma vontade hercúlea de gozar, de sentir a umidade vaginal, símbolo maior de desejo, e do vai e vem de seu pênis, trabalhando forte e incessantemente para lhe dar o prazer de que tanto gostava. Gostava e necessitava. Certo dia, há muito, a umidade ficou menos úmida, e assim foi ficando, cada vez menos úmida, até cessar. A partir daí, pomadas faziam de conta que ainda havia aquele desejo úmido... Não era a mesma coisa. Na rua, dera umas voltas, e quando uma moça bem mais jovem lhe lançou aqueles olhares pagos, ainda relutou preso de um sentimento de vergonha insensata, mas explicável, temendo que a juventude da moça lhe exigisse mais do que lhe poderia dar. Quando finalmente se conscientizou de que o que importava á moça era o pagamento que lhe faria, decidiu-se e deitou-se com ela. Sua mulher jamais saberia desse fato. Afinal, ela era a mulher de sua vida, e essa fugida do cotidiano era como um bálsamo, uma aventura tardia, que nem era inconseqüente, porque sabia que não haveria conseqüências. Ficara três horas com a moça, que entendendo bem a sua idade, não o apressara, cheia de paciência que por momentos o incomodou, porque gostaria que tudo fosse diferente, e não necessitasse de compreensão para ir uma segunda vez ao céu. Quando finalmente conseguiu, sentiu-se um herói, merecedor de estátua, mas mudo. Teria que ficar mudo. Não poderia contar para ninguém sua façanha. Seus amigos não entenderiam. Quem sabe eles mesmos também tinham seus segredos semelhantes ao seu? Não pagaria para saber... Sua vida com a mulher valia muito mais do que esse prazer dúbio e estroncho de contar para os outros suas aventuras bem sucedidas para ganhar o quê? Fama? Respeito? Consideração? ... Não!... Ficaria calado e levaria para o túmulo esse seu segredo.  

Quando chegou em casa, sentiu-se um traidor alegre. Olhou para a cachorrinha que acolhiam em sua casa, e viu recriminação em seu olhar. Como a cachorrinha poderia saber? Talvez o faro de cheiros novos que os humanos não podem perceber. Afastou a idéia, mas quando a gata da família veio cheirar-lhe as calças, as mãos, temeu que também ela percebesse o seu ato impensado. Impensado, não. Ele pensara muito antes de receber os favores da moça. Decidira-se pelo último grito do guerreiro, algo que serviria para testar suas verdades, saber se sua aparente apatia sexual era fruto da longeva convivência com a mulher, ou se estava realmente ficando decrépito, senil, velho, um cacareco... Tirara sua dúvida, adquirira a verdade... Mas o que fazer com ela? Isto é, com a verdade e com a sua mulher? Era evidente que sua mulher não tinha culpa da natureza humana, quer física, quer moral. Ele também não tinha esse tipo de culpa, ou pelo menos não deveria ter. Que culpa poderia ele ter da falta de umidade vaginal de sua mulher? Que culpa ele poderia ter se a natureza o dotara de um apetite sexual que ainda estava vigente com essa sua idade já tardia? Afinal de tudo, o que era o amor? Certamente convivência, o lado a lado, o companheirismo, e sexo. Muitas vezes pensara no companheirismo com a sua mulher, ela gostando de umas coisas preferencialmente, e ele de outras, e das reticências no relacionamento que haviam causado. Mas apesar de tudo, sentia-se culpado. Esse sentimento de culpa ele tinha. Se contasse à mulher, o casamento poderia acabar, apesar dela ser extremamente compreensível, mas o descortinar da verdade, abriria as portas para que sua mulher tivesse também suas aventuras... E pensando bem, nada mais justo!... Decidido a morrer justo, apesar de culpado, abraçou a idéia de contar á mulher a sua aventura, explicando os motivos... Se sua mulher optasse por ter suas aventuras, correria o risco. Afinal, ele era um sujeito justo, que se sentia culpado, e queria morrer justo, com suas contas expiadas em vida...

Quando a mulher, vendo o cachorro e a gata o olhou nos olhos e se aproximou dele, sentiu um calafrio na espinha... Será que até ela percebera o seu pecado?

- Gostei! Cadê o perfume novo? – perguntou-lhe a mulher, sentindo umas réstias de perfume diferente no ar, que ele exalava.

Então, ele contou. Muito se discutiu naquela noite. À beira de um ataque cardíaco, fizeram confissões. Quando ele soube que ela o traíra com um homem mais novo, a quem ajudava até financeiramente de vez em quando, a dor veio lancinante. Era um ataque cardíaco sem dúvida. Ainda teve uns momentos breves de raciocínio consciente voltado para sua vida pregressa antes de apagar definitivamente.

Nos dias seguintes, mas já no velório, a viúva contava para suas amigas mais íntimas o quanto seu marido a enganara durante toda a vida, aquele safado, mentiroso, machista. Logo ela, que tanto o amara.

Rui Rodrigues

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As festas de Aniversário de Belinha


As Festas de Aniversário de Belinha



Percorrendo a NET, encontrei um site interessante sobre as festas de aniversário[1]lembrei-me imediatamente das festas de Belinha, minha amiga desde a minha velha infância. Envelhecendo juntos, acompanhei de certa forma todos os seus aniversários e com a minha velha mania de comparar tudo o que conheço, percebi que há uma relação entre a evolução do conhecimento e os atos que praticamos. No contexto das mudanças de comportamento sociais que vimos verificando, na medida do progresso da humanidade, as festas de aniversário também mudaram. E muito!

Belinha nasceu na década de 40 do século passado. Por essa época não se esperava viver mais do que sessenta anos. Hoje já se fala em expectativa de vida acima dos oitenta. Como Belinha adorava comemorar aniversários, por vezes imaginava como seriam suas comemorações quando tivesse mais de setenta anos. De lá para cá (da década de 40, do século passado), muito mudou na forma como Belinha passou a prever suas festas de aniversário.


Belinha não sabia que a origem de Aniversário – palavra que significa “tudo aquilo que volta todos os anos”, tem origem latina, nem que era um costume no Egito antigo para qualquer cidadão e na Grécia apenas para homenagear deuses e reis. Não sabia nada da origem dos costumes, mas gostava do ambiente da festa desde a emoção dos preparativos até receber os presentes e comemorar com farta mesa cheia. Depois odiava ter que ajudar a limpar tudo e verificar que alguns presentes ela detestava desde o abrir do pacote ou do embrulhinho, tudo muito decorado, mas com pouco conteúdo. Nessas ocasiões ficava com a sensação de que o doador do presente não gostava dela.  Talvez até a odiasse, e assim, no ano seguinte já nem o convidaria, mas antes, gozava da sua vingança particular: Ia a seu aniversário, e dava-lhe um presente pior do que ele lhe tinha dado. Para saber que presente seria mais odiado, pedia a amigas que sondassem junto da “vítima”. Foi perdendo amigos, fazendo outros, mas as festas de aniversário foram mudando ao longo dos anos, exatamente porque temos a mania de comparar o que damos com o que nos dão, o que fazemos com o que nos fazem. È uma medida seletiva para separar os “amigos” dos “inimigos” dos ‘indiferentes. Estes quase nunca eram convidados.  

Belinha viu muita gente que se dizia comunista cantar o “parabéns pra você” sem saberem que esta música tinha sido criada pelas irmãs americanas Mildred e Patrícia Smith Hill em 1874 para as crianças de uma escola. Também não sabiam que em 1923, o título da canção fora alterado para “happy birthday to you” – parabéns para você- depois de ser editada em livro. Muito menos ainda sabiam que a música recebeu uma versão brasileira: A rádio Tupi promoveu um concurso em 1942, para que as pessoas escolhessem uma letra que se encaixasse na melodia original. A letra escolhida, entre cerca de cinco mil participantes, foi a de Bertha Celeste Homem de Mello.

Belinha tem memórias inesquecíveis de muitos de seus aniversários, na forma como evoluiu este tipo de festa ao longo das décadas de sua vida. Nos primeiros anos gostava dos aniversários pela festa e pelos presentes. Depois pela convivência, pelos presentes e pela festa. Mais tarde, preferia a festa e os presentes, depois apenas os presentes e hoje fez aniversário na cama do hospital (está internada) comemorando com um pequeno bolo individual, com uma velinha maior nele espetada, e uma enfermeira, eu e dois parentes cantando “parabéns pra você”... Nenhum dos outros seus amigos convidados foi ao hospital comemorar o seu aniversário. Lembrou-se então de um dia em que viu uma amiga (surdamente não se suportavam) enfiar o dedo “fura-bolos” no seu bolo de aniversário pensando que ninguém estava vendo. Evidentemente essa amiga nunca ficou sabendo que “aquele” pedaço do bolo que ganhara de Belinha no aniversário de 1958, levara uma dedada do “pai de todos” que previamente ela passara em sua bunda.

Em 1973 diziam que havia uma crise de petróleo, e os presentes foram uma desgraça de tão fracos e ruins. O problema é que belinha em 1972 já tinha dado presentes caros e bons a seus amigos, e voltaria a fazê-lo em 1974, depois de passada a crise. Quando chegou a moda de convidar para aniversário em casa de festas, cada convidado pagando o seu consumo, Belinha aderiu, mas a assistência ficou selecionada entre os que arranjaram uma boa desculpa para não ir, e os que não tinham como se desculpar. Foi assim durante alguns anos. Belinha jura que em algum dia da próxima década, as festas de aniversário estarão fadadas a ser comemoradas por raras famílias apenas para as crianças. Muitas aniversariantes se encheram de tantos panos de prato, outros de tantos frascos de Bozzano com dois enes. Um fenômeno que fez muitos homens detestarem loção para barba porque se viram obrigados a suportar o mesmo cheiro anos a fio porque era isso que recebiam em todos os dias 24 de dezembro e nos dias de seus aniversários, não importa de que ano.

Belinha prevê também o fim das festas de Natal, porque muitos já acham que pagam uma parcela muito alta, na divisão das despesas, para festa tão “pobre”. Festas de Natal percorreram o mesmo caminho das festas de aniversário, quase sempre passado na casa do Patriarca. Embora atualmente se passe também na casa das Matriarcas – quando se comemora – os presentes são sempre questionáveis, achando uns que deram muito e outros que receberam pouco. Peru passa voando muitas 

 vezes cheirando a chester apressado, e o resto é decoração com muitas frutas. Muitos já não acreditam em Jesus ou têm muitas dúvidas sobre religião, família e amizades. Outros questionam que não há bebidas alcoólicas e uma grande parte virou vegetariana. Todos dizem que largaram o cigarro mas fumam lá fora ou saem apressados para satisfazer o vício que agora tem que viver escondido por ter sido escorraçado dos hábitos sociais. 

A maioria está ocupada na Internet, filhos jogando videogames, maridos e mulheres ora com dor de cabeça ora com sono. A solidão é a grande onda do século XXI. Melhor do que passar por cenas como aquela de 2001, quando a família toda quase saiu na tapa porque as comadres se zangaram e as verdades se descobriram, mas nem assim sobrou comida na mesa... Natal igual àquele, nunca mais.

Rui Rodrigues   

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Queda dos três prédios no Rio de Janeiro


A queda dos três prédios


Assistimos a algo inusitado no filme que nos passam todos os dias na cidade do Rio de Janeiro, um filme construído com as imagens dos acontecimentos que despertam interesse da população e são amplamente reportados em programas de TV, jornais, revistas, conforme nos dizem ter entendido os “fatos”.

Nada disso precisava ter acontecido, assim como outros desastres de construção do passado, como o do elevado Paulo de Frontin, na década de 70, por exemplo. Falta algo em nossos órgãos relacionados com a normalização e fiscalização da engenharia como um todo e de sua execução. O sistema é aberto e permissivo. Leis existem. Exigências e Normas, também. Exigem-se plantas, memoriais de cálculo, tudo aparentando um controle e uma segurança confiáveis, mas não se fiscaliza. Mas temos o CREA e o CONFEA.

O CREA, por exemplo, exige a filiação dos engenheiros para que possam exercer a profissão. Os engenheiros registram-se, pagam anuidade. Para que uma obra, mesmo de reforma, possa ser executada, é necessário que a empresa construtora contribua para o CREA.

Mas contribuir para quê?

O que proporciona em troca o CREA aos seus afiliados, às empresas de engenharia?  Consultoria técnica? Verificação dos projetos? Aprovação dos projetos ? Laudos técnicos? Fiscalização da execução? Apoio legal aos seus membros? Ou um prédio onde se pode tomar cafezinho e bater um papo na Avenida Rio Branco, como é o caso da 5ª Região?

Parece que nada disto é proporcionado pelo CREA nem pelo CONFEA, que continuam arrecadando contribuições sem sabermos para que sirvam essas arrecadações. Pior do que isto, é que não existe nenhuma outra entidade que verifique os projetos e sua execução, que cuide da engenharia nacional como os cidadãos merecem, principalmente aqueles que vivem em morros que podem desabar; que passam sobre bueiros que podem explodir; que passam debaixo de viadutos que caem sobre veículos e pessoas, de prédios que desabam porque foram construídos com areia do mar.

Não existe a engenharia preventiva no Brasil. As Prefeituras têm atribuições sobre a engenharia e a arquitetura que não lhes cabe.

A corrupção é muito grande e todos sabem disto. Jogar a culpa na lei é idiotice. Se a lei não cuida, votaremos novas leis, ou alteraremos as leis que não atendem a cidadania.

Quem pagará os prejuízos morais e materiais dos que perderam a vida, se feriram, ou perderam o seu patrimônio, o seu emprego, porque três prédios caíram do dia para a noite, por erros técnicos acumulados?

Quem aprovou os projetos? Quem fiscalizou?

Rui Rodrigues

Teoria do caos

Uma borboleta voando pode mudar sua vida?
Todos os grandes matemáticos, usando a Teoria do Caos, dizem que uma borboleta batendo as asas no Brasil pode provocar um tufão na Indonésia. É que todas as coisas no universo estão, de certa forma, ligadas, e o bater de asas de uma borboleta pode provocar uma reação em cadeia que termina gerando um tufão.
Se isso pode acontecer, então porque é que não pode fechar sua empresa? Ou mudar sua vida? Já parou para pensar nisso? São tantas variáveis acontecendo na vida que a maioria das pessoas simplesmente desiste de tentar escolher seu destino.
Chuck Yeager foi o primeiro humano a quebrar a barreira do som voando no seu Bell Aviation X-1. Na época muitas pessoas diziam que a ‘barreira’ era impenetrável, e que ele e seu avião desintegrariam assim que atingisse a velocidade Mach 1 (a velocidade do som).
É claro que a barreira não era impenetrável coisa nenhuma. Era apenas um mito. Anos mais tarde, na sua biografia, Yeager escreveu que “a verdadeira barreira não estava no céu, mas na nossa cabeça – no conhecimento e experiência dos vôos supersônicos”.
Da mesma forma, vemos todos os dias pessoas voando baixo, vagarosamente, porque acham que existe alguma ‘barreira’ para uma performance melhor. Uma barreira que os impede de crescer. E, geralmente, colocam a culpa em fatores externos.
Mas a sua vida não precisa ser assim. Você não precisa viver de susto em susto, de crise em crise, sempre apagando incêndios, sempre perguntando o que virá pela frente, sempre voando baixo.
Como assumir o controle, então?
Já faz algum tempo que sabemos que o futuro será diferente do passado. Mas insistimos em nos recusar a acreditar que nossa vida será diferente do que esperamos que ela seja. A maioria de nós ainda acredita que o futuro será uma continuação do presente, como uma estrada reta que se perde no horizonte.
De acordo com Alvin Toffler, é uma percepção linear, previsível, de que A leva a B que leva a C. Só que a prática mostra que o futuro não é uma continuidade do presente, mas sim uma série de descontinuidades. E o pior é que nossa educação, ao invés de ajudar a quebrar essas ‘barreiras’, na verdade acaba reforçando-as. As escolas foram desenhadas com a certeza de que todos os problemas do mundo já foram resolvidos, e que o professor conhece todas as respostas.
Então, a função do professor passa a ser a de apresentar os problemas aos alunos, e depois as respostas. Nos ensinam as perguntas e as respostas, mas não a pensar. Por isso a dificuldade quando as perguntas mudam.
Para agarrar o futuro você precisa largar o passado. A única forma de impedir que sua vida seja uma sucessão de descontinuidades é tendo uma estratégia de vida. Senão você é jogado de um lado para outro, de acordo com o vento ou a maré. Ou uma borboleta batendo as asas. E não consegue nunca ir de A para B ou C. Como diria Toffler, não precisamos que nos ensinem apenas como fazer alguma coisa, mas sim a imaginar o que é possível fazer.
É como quando o primeiro avião conseguiu voar. A partir desse momento mudou completamente o contexto do desenvolvimento da aviação. Cada avião que caía provava aos cínicos, de forma evidente, que era impossível fazer um avião voar. Mas quando ele finalmente voou, tudo mudou. As mesmas informações começaram a ser interpretadas de um modo diferente. As quedas passaram a ser vistas como evidências dos erros, de como as coisas não deveriam ser feitas. As pessoas simplesmente começaram a pensar de forma diferente.
A mesma coisa aconteceu com Chuck Yeager e a velocidade do som. As barreiras estavam apenas na cabeça – no conhecimento e na experiência. Bastou alguém dedicar-se a derrubar essas barreiras através de uma boa estratégia para provar que estavam erradas.
Se você quer quebrar suas próprias barreiras e voar alto, precisa de uma estratégia. Estratégia de vida começa com uma proposição diferente de valor, de missão pessoal.
É uma forma de definir um território onde você é de alguma forma único. Estratégia é fazer escolhas. Principalmente, escolher o que fazer diferente, e também o que não fazer. Por isso mesmo você é obrigado a escolher, já que não dá para ser ou fazer tudo.
Esse é outro ponto que deve ficar muito claro: para ter uma boa estratégia você tem que aprender a dizer não. Todos os dias aparecem nas nossas vidas novas propostas de negócios, muitas altamente tentadoras. Uma pessoa sem estratégia vai acabar distraindo-se ao perseguir negócios que parecem lucrativos, mas que na verdade não têm nada a ver com a estratégia a longo prazo, nem com sua missão de vida. Acabam sugando recursos, tempo e energia, desviando-se da sua missão, confundindo ainda mais sua vida.
As melhores estratégias sempre levam a um objetivo maior. Se não tiver um objetivo bem claro em mente, começará a tomar decisões que inevitavelmente diminuirão sua eficiência. A essência da estratégia é estabelecer limites. A pessoa sem estratégia está disposta a tentar qualquer coisa. Principalmente, copiar os outros. Você tem que fazer menos coisas, mas fazê-las muito melhor. Você tem que encontrar e desenvolver vantagens, e não apenas eliminar desvantagens. Criar diferenças, e não apenas copiar. Esse é o segredo!
Para terminar, a grande dúvida: vale a pena ter uma estratégia num mundo que muda constantemente? Ela não será uma camisa de força, uma corrente que produz rigidez e inflexibilidade?
Algumas pessoas podem pensar: “As coisas estão mudando rapidamente, então preciso mudar rapidamente também. Logo, não posso ter uma estratégia, porque ela me tornaria mais lento”.
Acontece que grandes conquistas só são alcançadas por pessoas com objetivos claros e estratégias definidas. Pessoas que não apenas imaginaram voar alto ou quebrar barreiras, mas também bolaram planos para chegar lá.
Por isso, Michael Porter defende justamente a idéia contrária: uma boa estratégia, na verdade, acelera o processo, porque permite que você tome decisões de acordo com seus objetivos. Peguemos um exemplo com a tecnologia: não adianta comprar todas as bugigangas e novidades tecnológicas que aparecem se isso não tem um objetivo muito claro. Você não vai aumentar sua produtividade simplesmente porque tem mais aparelhos disponíveis. Você tem que saber para onde quer ir e, com base nisso, tomar as decisões.
Resumindo: ter uma estratégia é ser diferente. Você não é apenas mais uma pessoa – você está ali para trazer algo novo para o mundo, para mudar o mundo, para mudar para melhor a vida das outras pessoas. Uma vez que você tenha sua estratégia claramente definida, todas as perguntas serão fáceis de responder: ou ajudam você a alcançar seus objetivos, ou não. E finalmente você terá controle da sua vida.

By Raúl Candeloro, escritor e palestrante.